Itália
Embora a oposição ataque sempre o governo e existam divergências no seio do próprio governo, em todo o arco parlamentar não se ergueu uma única voz, quando o Primeiro Ministro Conte expôs as linhas de orientação da política externa, na Conferência dos Embaixadores (em 26 de Julho), o que prova o amplo consenso multipartidário.
Conte definiu, antes de tudo, qual é o fundamento da posição da Itália no mundo: “O nosso relacionamento com os Estados Unidos continua qualitativamente diferente do que temos com outras Potências, porque é baseado em valores, em princípios partilhados, que são o próprio fundamento da República e parte integrante da nossa Constituição: a soberania democrática, a liberdade e a igualdade dos cidadãos, a salvaguarda dos direitos humanos fundamentais”.
O Primeiro Ministro Conte não só reitera que os EUA são o nosso “aliado privilegiado”, como também afirma um princípio orientador: a Itália considera os Estados Unidos como um modelo de sociedade democrática. Uma mistificação histórica colossal.
Estes são os “valores partilhados” sobre os quais a Itália baseia a sua relação “qualitativamente diferente” com os Estados Unidos. E, para demonstrar como ela é profícua, Conte assegura: “Encontrei sempre no Presidente Trump, um interlocutor atento aos legítimos interesses italianos".
Interesses que Washington considera “legítimos” enquanto a Itália ➢ Permanecer associada à NATO, dominada pelos EUA ➢ Seguir os EUA, de guerra em guerra, ➢ Aumentar a sua despesa militar, a seu pedido, ➢ Colocar o seu território à disponísição das forças e bases USA, incluindo as nucleares.
Conte procura fazer crer que o seu governo, habitualmente designado como “soberanista”, tem um amplo espaço autónomo de “diálogo com a Rússia com base de aproximação NATO de duplo binário” (diplomático e militar), uma abordagem que, na realidade, segue o binário único de um confronto militar cada vez mais perigoso.
A este respeito - refere ‘La Stampa’ [2] - o Embaixador dos EUA, Eisenberg, telefonou ao Vice Presidente Di Maio (considerado por Washington o mais “confiável”), pedindo esclarecimentos sobre as relações com Moscovo, em particular do Vice Presidente Salvini (cuja visita a Washington, apesar dos seus esforços, teve um “resultado decepcionante”).
Não se sabe se o governo Conte vai passar no exame. Sabe-se, no entanto, que prossegue a tradição, segundo a qual, em Itália, o governo deve ter sempre a aprovação de Washington, confirmando qual é a nossa “soberania democrática”.
Sem comentários:
Enviar um comentário