11 de dezembro de 2025

A Europa em delírio tremens imperialista

 A abstinência do mundo unipolar imperialista e neocolonial, em que era tudo rosa - tinto de sangue e miséria por esse mundo - e muita "democracia liberal", levou a Europa (UE/NATO) a um estado de delírio (1) incapaz de lidar com o mundo real. A Rússia não foi derrotada, o Putin - incarnação do mal - teve o apoio de 80% da sua população em eleições, apesar da guerra - situação que não se aplica a Kiev.

Fazem reuniões, abraços, beijinhos a Zelensky quando vai pedir dinheiro, multiplicam-se em declarações. Mas é uma forma de disfarçar como necessitam de intervenção democrática urgente. Merz tem 16% de aprovação, Macron e Starmer andam pelos 11 ou 12%. Em vez do crescimento económico os países vivem em estagnação, incertezas económicas e despedimentos em grandes empresas.

Sonham com o regresso dos neocons ao poder nos EUA, mas o delírio não lhes permite perceberem que isso não alteraria o fundamental: os EUA não têm dinheiro nem capacidade para as guerras que os belicistas estão sempre prontos a apoiar contra a Rússia, contra a China, contra o Irão, até contra a Venezuela apoiam.

A questão é que os EUA têm uma dívida federal de 38,46 milhões de milhões de dólares, 121,63% do PIB, dívida que custa em juros 968 mil milhões por ano - mais que os gastos militares de 930 mil milhões. Porém, incluindo as dívidas dos Estado e locais a dívida total atinge 131,6% do PIB. O défice da Balança Comercial é de 1,1 milhões de milhões de dólares. Socialmente as coisas não estão melhor: há "apenas" 14,15 milhões de desempregados, mas 28, 26 milhões de empregados a tempo parcial; sem abrigo contabilizam-se 735 mil pessoas, mais de 37 milhões de pobres, 119 527 mortes por droga. (2)

O país "mais poderoso do mundo" tem pés de barro, aparentemente as ditas elites parecem ter consciência disso. A Europa não tem discernimento para o compreender a situação em que se encontram ou pelo menos para a assumirem e alterarem. É o caso de certos alcoólicos que reconhecem a gravidade do vício mas são incapazes de o abandonarem.

O PIB da UE é cerca de 18 milhões de milhões de euros, uma dívida total de 14,76 milhões de milhões de euros (cerca de 82% do PIB). A CE apresentou um plano para apoio à Ucrânia em 2 anos de 137,7 mil milhões de euros (68,85 mil milhões por ano). Este valor pode servir para o défice do Orçamento de Estado de Kiev, mas não inclui os custos designadamente de fornecimento de gás e eletricidade, reposição de armamento; reparação de infraestruturas e parte das despesas com as Forças Armadas. Sendo o Orçamento da UE 285,7 mil milhões de euros, 68,85 corresponde a 24% do deste Orçamento. Como é que a UE vai funcionar assim seria necessário explicar.

Mas não é fácil, para além das palavras os principais países da Europa têm graves dificuldades financeiras com elevados endividamentos em relação ao PIB. O Reino Unido 115,6%; França 125,7%; Alemanha 74,8%; Itália 163,2%; Espanha 126,9% a que podemos acrescentar a Grécia 200%, ou a Bélgica 119,2%.

A CE a começar pela chefe Leyen, quer que vão aos mercados buscar dinheiro para apoiar Kiev e usar os ativos Russos congelados. Mas vários países demarcam-se desta ideia e, segundo o Financial Times, o BCE recusa-se a apoiar o pagamento de 140 mil milhões de euros para a Ucrânia usando ativos russos, pois viola a sua missão. A Europa não tem dinheiro para a guerra, mas não querem a paz. Querem um Minsk 3 para rearmarem a Ucrânia e recomeçar a guerra, dizendo que foram atacados.

A Ucrânia luta para evitar o colapso financeiro, oferecendo uma troca de títulos para reestruturar 3,2 mil milhões em custosas garantias vinculadas ao PIB. O governo está sob pressão para finalizar o acordo antes do final do ano, pois enfrenta uma lacuna de financiamento de 136,5 mil milhões de dólares entre 2026 e 2029, dependendo do apoio de ajuda ocidental e do FMI. (Financial Times)

É neste cenário de delírio que a Alemanha quer tornar-se a potência militar dominante da Europa (com que dinheiro?) e segundo o SG da NATO, Rutte, no próximo ano, "os países da NATO pretendem gastar 1000 milhões por mês em compras de armas dos Estados Unidos para a Ucrânia". É urgente uma cura de desintoxicação de belicismo nesta UE e NATO que certas esquerdas defendem em nome dos "valores europeus". Quais?

1 - O delírio tremens é uma complicação grave da abstinência alcoólica, caracterizada por confusão mental, alucinações e agitação severa, que requer tratamento médico imediato.
2 - U.S. National Debt Clock : Real Time



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