18 de outubro de 2025

Os capangas de Trump

Carlos Coutinho

 Leio e oiço nos noticiários que o secretário, ou ministro, da Defesa dos EUA, um tal Pete Hegseth, transformado em agente de vendas de Trump, apelou ontem aos aliados da NATO a que aumentassem as suas aquisições de armamento norte-americano para, de seguida, o doarem de borla à Ucrânia, o país em guerra governado por um ator polivalente que, já há mais de um ano, instalou a respetiva família num apartamento de luxo nos Estados Unidos.

   Hegseth invocou a Lista de Requisitos Priorizados para a Ucrânia (PURL, em inglês),  antes de entrar para uma reunião de cariz expansionista com os seus colegas ministros da Defesa, em Bruxelas. 
   Arengou o governante norte-americano:
   “Obtém-se a paz quando somos fortes, não quando se usa palavras fortes ou se abana os dedos. Obtém-se quando se tem capacidades fortes e reais que os adversários respeitam.”
   Com os seus homólogos a fazerem que sim com a cabeça, caninamente, o governante de Washington fez questão de, com todos a ouvir, avisar Moscovo, sem adiantar mais detalhes, de que os seus aliados natistas “imporão custos à Rússia pela sua agressão contínua”, se a guerra na Ucrânia não acabar em breve. 
   É mais que óbvio que o Kremlin também dispõe  neste jogo, de trunfos que nós nem imaginamos e que não hesitará em jogá-los, se a ameaça passar a facto. Assim como também é mais que obvio que Portugal, cada vez mais obediente aos desígnios de Bruxelas, vai contribuir com mais 50 milhões de euros para o negócio trumpista, o que, de resto, não é mais do que aprofundar a prática marcelista, costista, montenegrista, coelhista e almirantista, como um galo ficou sem crista, num pais à beira-mar plantado, onde os poucos que têm muito, mesmo muito, são poucos e os muitos, mesmo muitos, que têm pouco, cada vez menos, são cada vez mais, em casa, na saúde, na educação, na qualidade de vida, nos rendimentos e até nos constitucionais direitos, liberdades e garantias.  
   De registar, com a maior perplexidade, que, um mês antes, na base militar de Quantico, na Virgínia, o governante achou natural que Trump rebatizasse o Departamento da Defesa  como  Departamento da Guerra. Falava para centenas de generais, almirantes e outros oficiais, instando-os a retomarem a plenitude da identidade “guerreira” de outrora. 
   E frisou: 
   “Vocês matam pessoas e partem coisas para ganhar a vida. Não são politicamente corretos e não pertencem sempre, necessariamente, a uma sociedade educada.” 
   Terminou chamando-lhes “os melhores da América” e instou-os a afastarem-se do “lixo tóxico” e a executarem ordens superiores, sem medo de errar, que tanto ele como o Presidente Trump vão estar lá, para lhes proteger as costas”.

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