15 de novembro de 2025

Como iniciar uma guerra contra a Rússia? Algumas ideias.

 O RUSI, think tank do Ministério da Defesa do Reino Unido, dedica-se a produzir ideias algumas verdadeiros disparates belicistas. Um deles, fala do inverno mais rigoroso da Ucrânia: "Com Donbass em perigo, a Europa deve pressionar a Rússia imediatamente."

A tese principal é que o aumento da pressão sobre a Rússia irá empurra-la para um cessar-fogo sem concessões do lado ucraniano. As sugestões sobre como proceder são projetadas para arrastar a Europa para uma guerra direta contra a Rússia. É para aqui que os belicistas nos empurram. Nas campanhas eleitorais o tema é escamoteado exceto para confrontar os que defendem negociações para parar a guerra.

Em primeiro lugar, o Estreito da Dinamarca deve ser fechado: "Para os parceiros internacionais da Ucrânia, a questão é se estão dispostos a igualar a campanha da Ucrânia contra a infraestrutura petrolífera da Rússia com uma pressão real sobre a economia russa. Significa atacar a frota paralela da Rússia: centenas de petroleiros decrépitos, operando sob pavilhões de conveniência, muitas vezes sem seguro ou tripulações treinadas. Isso exigirá impedir 80% das exportações marítimas de petróleo russo que transitam pelo Estreito da Dinamarca e a ameaça de sanções secundárias contra os portos onde os navios da frota fantasma descarregam."

"Alguns governos europeus – incluindo a Dinamarca – citaram o Tratado de Copenhaga de 1857, um acordo internacional que estabeleceu o trânsito da navegação comercial em águas dinamarquesas, como um impedimento legal a esta ação. Mas isso não é um obstáculo real. Os países que têm uma costa báltica, excluindo a Rússia, poderiam assinar um novo tratado exigindo que os navios atendam a certos padrões de seguro e certificação para serem autorizados a navegar no Báltico, por exemplo, por razões de proteção ecológica. Como os navios envelhecidos da frota fantasma não atendem a esses requisitos, tal tratado os proibiria de entrar no estreito."

Que ótima ideia! Mas quem aplicaria tal absurdo e como? Nem a Rússia, nem qualquer país não pertencente NATO, reconheceria tal tratado. Os navios não segurados em Londres, ou seja, a "frota fantasma", continuariam a navegar, mas seriam acompanhados por forças navais russas. Que país estará disposto a atacar uma fragata russa protegendo um comboio de "navios fantasmas"? Com que base jurídica?

Argumenta-se também que a Ucrânia não tem problemas de recrutamento (!) mas precisa receber melhor treino pelas forças da NATO: "A Ucrânia tem pessoas suficientes para continuar lutando. Não há problema de pessoal. Mas o número de infantaria pronta para o combate nas FAU vem diminuindo há quase dois anos. Em algum momento, atingirá um nível que tornará impossível manter a frente, a menos que haja uma mudança na abordagem de Kiev para a geração de forças. "

"O desafio é menos sobre sequestrar pessoas das ruas e mais sobre melhorar a qualidade e capacidade da infantaria ucraniana, treinar e integrar-se nas brigadas de combate. Há mais pessoas servindo nas FAU hoje do que em qualquer momento da guerra, mas as forças armadas não são capazes de treinar seu pessoal para desempenhar funções de combate na linha de frente. Para resolver esse problema crescente é preciso estabelecer rotação das brigadas e permitir que unidades melhores ajudem a treinar os menos capazes."
"Esta é uma área em que os parceiros internacionais da Ucrânia podem dar um contributo significativo (...) É verdade que a presença de instrutores europeus na Ucrânia seria um alvo atraente para a Rússia. Mas a Rússia teve sucesso limitado em atacar instrutores ucranianos, então é claramente um risco gerível e pode desempenhar um papel fundamental na constituição de unidades que a Ucrânia precisa para manter a linha defensiva."

Com mais de 160.000 deserções somente este ano na Ucrânia, é duvidoso que um melhor treino se traduza de alguma forma em mais tropas ucranianas na linha de frente. Quem concordará em enviar esses instrutores para a Ucrânia? Qual é o plano após a morte de dezenas deles devido ao inevitável ataque de mísseis russos que se seguirá à sua implantação?

Outra "ideia" é força aérea: "A Polónia e a Roménia com acordo da Ucrânia poderão combater as ameaças aéreas sobre o espaço aéreo ucraniano que se aproximam da fronteira da NATO, tal como Israel intercetou drones iranianos no espaço aéreo jordano. Dessa forma, a coligação europeia poderia projetar poder aéreo na Ucrânia no curto prazo."

Poder aéreo na Ucrânia derrubando drones de 50 000 dólares com mísseis de 2 milhões? Ou é para bombardear posições russas? É quantos minutos um piloto tentando isso poderia sobreviver?

As três medidas apresentadas: o fecho do Estreito da Dinamarca para a Rússia, introduzir instrutores ocidentais na Ucrânia e fazer intervir força aérea na Ucrânia, destinam-se apenas a aumentar drasticamente o deflagrar de um conflito direto com a Rússia.

Fonte - Como iniciar uma guerra contra a Rússia? Think Tank do Reino Unido dá algumas ideias

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