Linha de separação


16 de dezembro de 2025

A russofobia: um jogo perigoso

 A Europa entrou jogo muito perigoso. Continua a colocar-se de fora de negociações e a sabotar propostas que não correspondam à rendição da Rússia e levem ao prolongamento da guerra.

Segundo Emmanuel Todd a UE é russofóbica, belicista, com uma agressividade renovada pela sua derrota económica face à Rússia. A UE tenta arrastar os povos europeus para uma verdadeira guerra. Uma guerra estranha em que foi adotado o sonho hitleriano de destruir a Rússia.

Em 1997, Bzersinski, influente conselheiro de segurança nacional defendia virar a Ucrânia contra a Rússia e colocá-la sob a influência do Ocidente. É esta estratégia que a UE segue, embora os EUA com Trump tenham estabelecido outras prioridades estratégicas.

A UE/NATO definiu como política de segurança que a Rússia atacará a Europa se vencer na Ucrânia, embora não haja qualquer evidência em declarações de responsáveis russos que o justifiquem, nem é estimulado internamente um clima de expansionismo ou supremacia racial.

Merz diz que se a Ucrânia cair, Putin não vai parar pois quer restabelecer as fronteiras da União Soviética. Merz aponta analogias entre 1938 com a entrega dos Sudetas aos nazis e o Donbass aos russos. É uma analogia espúria. 

Os nazis tinham como política o "espaço vital" e a etnia alemã não era alvo de perseguição em nenhum país. Pelo contrário, a etnia russa no Donbass e não só, foi alvo de perseguições desde 2014 e não existe da parte da Rússia interesse em conquistar territórios que lhe seriam hostis, de que não necessita para matérias primas e sem capacidade para os gerir, ao contrário do que os nazis assumiam.

Na UE/NATO falam numa guerra com a Rússia, mas são incapazes de apresentar uma proposta de segurança coletiva na Europa (a Rússia fê-lo em 2021). Desde 2007 que as afirmações de Putin são ignoradas ou desprezadas nos media como "para consumo interno", o que mostra bem a incapacidade de políticos e comentadores assumirem a realidade.

Falam em guerra, mas que ideia têm do que isso significaria? O que Putin disse sobre o conflito na Ucrânia devia fazê-los pensar: "Isto não é uma guerra". É talvez a frase mais dramática sobre um potencial conflito europeu. Na Ucrânia não foram usados Oreshnik apenas um sem ogivas para demonstração), Poseidon, Avangard, armas nucleares táticas. A questão é: como querem lidar com um país que dispõe de mais de 6000 bombas nucleares e uma tríade de vetores para o seu lançamento de muito difícil ou mesmo em vários casos impossíveis de intercetar.

Os imaturos e os incompetentes caracterizam-se por não preverem as consequências das suas ações. A mobilização e movimentação de tropas para fazer face à ameaça russa, o seu abastecimento numa guerra prolongada seria uma tarefa fabulosamente cara, difícil e uma tragédia sobre todos os pontos de vista.

Merz aponta quatro medidas para fazer frente à Rússia: assistência à Ucrânia enquanto precisar, unidade na UE, apoio à NATO o máximo possível e investir enormes fundos na nossa própria capacidade de defesa."

A Europa não tem um plano para a Ucrânia nem para o fim da guerra nem capacidade para pagar a reconstrução do que foi danificado - os ativos russos não chegam nem a metade do necessário além das consequências de os utilizar. Podem multiplicar-se em reuniões e propaganda, dar abraços a Zelensky, tudo isso é inconclusivo. Os "amigos da Ucrânia" apenas garantem que continuará a ser destruída e uma geração a perecer nos campos de batalha, enquanto comentadores e comentadoras falam em que não se pode dar razão ao agressor.

O quadro seguinte evidencia algumas das fragilidades militares da UE/NATO e dos constrangimentos para a sua resolução. O como e quanto é a questão a seguir.

Fragilidades europeias

Sem resolução a médio prazo

Com resolução

Disponibilidades financeiras

x


Dificuldades logísticas

x


Dificuldades abastecimento de materiais

x


Dificuldades abasteci. de combustíveis

x


Capacidade de produção de armamento


Difícil a médio prazo

Desenvolvimento de novas armas


Difícil a médio prazo

FA dos países em comando único


Difícil, complexo

Apoio popular para ações militares

x


Unidade de aliados

x


As dificuldades logísticas para abastecimento de matérias primas e combustíveis mostram uma quase impossibilidade de manter ativo um conflito de duração prolongada.

O conflito na Ucrânia mostrou o atraso tecnológico dos países da UE/NATO face ao que mais avançado a Rússia produz . A possibilidade de desenvolverem mísseis, força aérea, meios de defesa aérea, etc., levaria em alguns casos pelo menos uma década dado o potencial atual dos seus arsenais. Mas não têm ideia de quanto custa nem quando estará pronto. Isto é, não existe nenhum plano com objetivos, prazos, custos, especificações, fornecedores qualificados, etc.

Tanto na Ucrânia como no Médio Oriente contra os Houthis e ainda mais contra o Irão ficaram visíveis as fragilidades do armamento ofensivo e defensivo dos EUA e o seu atraso relativamente ao que mais avançado os seus adversários desenvolveram.



Sem comentários: