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29 de abril de 2011

Desde 2007 as ajudas aos bancos europeus custaram aos Estados mais de 69 mil milhões de euros

Os défices e as dívidas de uma dezena de países europeus aprofundaram-se em 2010 por causa dos apoios concedidos aos bancos. Segundo os números compilados pelo Eurostat, a França é o país que, pelo contrário, mais ganhou com esses apoios.

Em 2008 e 2009, o défice global da União Europeia aprofundou-se em 0,1% do PIB por causa dos diferentes apoios concedidos.
Em 2010, a situação ainda se agravou mais com um “buraco” de 0,4% do PIB da União Europeia. O custo desses apoios atingiu cerca de 44 mil milhões de euros, cerca de três vezes superior à do ano anterior (15 mil milhões). Em três anos, o custo ultrapassou os 69 mil milhões.

Estes números não contemplam as medidas tomadas pelos bancos centrais, os apoios ao sector não financeiro e as medidas mais gerais de apoio à economia. 

Situações muito diversas

As situações divergem muito de país a país. Sem surpresa é a Irlanda, onde as intervenções se concentraram em grandes bancos, como o Anglo Irish Bank e a Irish Nationwide Building Society,  quem mais sofreu com o impacto sobre o défice do país, na ordem de 20.7% do PIB. No total o custo destas diferentes ajudas está avaliado em quase 36 mil milhões de euros desde 2009, o ano das suas primeiras intervenções. É quase metade do custo total registado nos 27 países da União entre 2007 e 2010.




Outros exemplos: as ajudas públicas aprofundaram o défice da Alemanha em 0,4% em 2010 e engordaram a sua dívida de 9,5% do PIB. Em Portugal, o impacto é de 1% sobre o défice e 2,1% sobre a dívida.

Uma mão cheia de países, como a Alemanha, a Irlanda ou o Reino Unido, devem ainda gerir os activos tóxicos alojados em carteiras específicas ou nos bancos públicos.

O Eurostat sublinha aliás que “nalguns casos”, as medidas de intervenção não têm um impacto imediatamente mensurável sobre o défice. O organismo convida as autoridades de estatística de cada país a vigiar as futuras evoluções destas intervenções e de as registar se houver necessidade disso “como despesas do Estado que têm impacto sobre o défice“.

Em todo o caso, uma dezena de países souberam tirar o cavalinho da chuva. “Em certos países europeus, os défices públicos foram ligeiramente reduzidos graças às intervenções dos governos, resultantes da alta de rendimentos gerados pelos pagamentos dos custos de garantia e os encargos de juros dos instrumentos financeiros adquiridos pelos Estados (empréstimos e títulos de dívida)”, sublinha o Eurostat.

A redução mais importante do défice ocorreu na Dinamarca com uma subida de 0,3% do PIB sobre o período 2008-2010.

Em França, a redução do défice é da ordem de 0.1% como na Bélgica, Espanha, Eslovénia e Suécia.

Em montantes absolutos, a França fica mesmo à cabeça dos países da União para quem as ajudas constituíram um ganho financeiro com um total de 2,4 mil milhões de euros que vieram reforçar o orçamento do Estado entre 2008 e 2010. 

(a partir do texto escrito pela jornalista Rejane Reibaud)

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