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26 de abril de 2013

Mais uma vez a Banca

Depois de Chipre temos a Eslovénia !
O salvamento dos banqueiros e o desendividamento da banca continua a ser feito à custa dos povos
Notícia do L, Echos. Fr



La Slovénie pourrait avoir besoin de 4 milliards

Le récent sauvetage de Chypre a alimenté les spéculations selon lesquelles la Slovénie pourrait être le prochain pays à avoir besoin d’une aide internationale . Le déficit public devrait nettement se dégrader pour atteindre 5,1 % du PIB cette année, contre 3,7 % en 2012. Au total, la Slovénie pourrait avoir besoin de 4 milliards d’euros. Récemment, l’OCDE publiait une étude sur le pays dans laquelle elle jugeait indispensable que la Slovénie mette en place des « réformes de grande envergure » afin d’éviter « les risques de récession prolongée et de restrictions d’accès aux marchés de capitaux.
Le nouveau gouvernement de centre-gauche d’Alenka Bratusek, mis en place en mars après l’ adoption d’une motion de défiance contre Janez Jansa , va présenter d’ici le 9 mai à Bruxelles un programme de réformes centré sur la restructuration des banques.



Confrontée à une grave crise bancaire, la Slovénie voit sa plus grande banque publique, NLB, s’enfoncer dans les difficultés. Elle a en effet annoncé qu’elle allait de nouveau appeler ses actionnaires à l’aide, via une augmentation de capital de 367 millions d’euros pour renflouer ses caisses


24 de abril de 2013

Mais uma manipulação

Tal como no tempo de Sócrates  as mesmas manhas


Execução Orçamental do 1º trimestre do ano
1.     Antes de mais é inadmissível que a informação oficial com a síntese da execução orçamental de Março seja divulgada no sítio da DGO às 19,30h, mas antes disso pouco depois das 18,00h já estava nas redacções dos jornais, rádios e televisões um comunicado do Ministério das Finanças com a leitura cor-de-rosa que o Ministério queria fazer passar e que os órgãos de comunicação social engoliram de bom gosto. A hora da disponibilização da informação da DGO, às 19,30h, também não foi por acaso. É que desta forma a leitura aprofundada dos nºs já não ia a tempo dos telejornais. Isto é uma vergonha e terá de ser por nós veementemente denunciado.
2.     Fazendo a leitura da Síntese da Execução Orçamental dos três 1ºs meses do ano afinal qual é a conclusão que se poderá fazer dela?
a.     A leitura do quadro 2 – Conta Consolidada da Administração Central e da Segurança Social (pag. 5 da Síntese) é um bom auxiliar para a análise deste 1º trimestre do ano. Neste quadro para além de podermos analisar a evolução da principais rubricas da receita e da despesa, podemos também comparar essa evolução com a variação implícita no Orçamento de Estado para 2013 e dessa forma verificar se a evolução registada se aproxima daquela que está implícita no OE para 2013. Ora o que nós verificamos é o seguinte:
                                               i.      o saldo global segundo os critérios de desempenho do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) agravou-se passando de um défice de -445,7 milhões de euros no 1º trimestre de 2012 para -1335,3 milhões de euros no 1º trimestre de 2013;
                                             ii.     A receita corrente aumentou no 1º trimestre do ano apenas 1,4%, quando de acordo com o OE para 2013 deveria ter aumentado 8,5%, isto é a receita corrente está 1 036,5 milhões abaixo do previsto no OE. Para esta evolução muito contribui o facto da receita dos impostos directos tendo subido ter ficado aquém do previsto em 110 milhões de euros e da receita dos impostos indirectos (em especial o IVA) não só não ter subido, como ter ficado aquém do previsto com uma queda de 5% (menos 264 milhões de euros do que o previsto para o 1º trimestre do ano). Para além disso, a queda no emprego fez com que a descida das contribuições para a segurança social em relação ao previsto tenha sido de 209 milhões de euros. Como se tudo isto não bastasse, também as outras receitas correntes caíram no 1º trimestre do ano 7,75 quando a previsão era de que tivessem subido 8,1%. A receita efectiva acabou por ter crescido neste 1º trimestre apenas 1,3% quando a previsão era de que tivesse aumentado 2,7%. O Estado acabou por arrecadar menos 204 milhões de euros do que tinha previsto, isto apesar do enorme aumento da carga fiscal (cerca de 30%) sobre os trabalhadores, aprovada com o OE para 2013.    
                                            iii.     Do lado da Despesa Consolidada da Administração Central e da Segurança Social o que se verifica é que esta subiu 7,1% no 1º trimestre quando as previsões apontavam para uma subida de 2,9%. Gastou-se no 1º trimestre mais 653,8 milhões de euros do que se tinha previsto para este período no OE para 2013. Dentro as rúbricas da despesa destaca-se a subida dos juros (+150 milhões de euros do que o previsto), a subida das despesas com aquisição de bens e serviços (+ 102 milhões de euros do que o previsto), a maior queda das despesas de capital (+ 127 milhões de euros do que o previsto) e a maior despesa com transferências correntes do que o previsto (+434 milhões de euros).
                                            iv.     Os resultados deste quadro são bem elucidativos da situação que vivemos: as receitas do Estado estão praticamente estagnadas no final do 1º trimestre (+1,3%) apesar do enorme aumento de impostos, enquanto as despesas sobem muito mais do que o previsto (+7,1%), porque o Estado vê subir as despesas com juros e com os apoios sociais (entre os quais o subsídio de desemprego +14,5% +92,6 milhões de euros).  
b.     A leitura dos dados hoje divulgados pela Direcção Geral do Orçamento permite constatar já um claro desvio entre as previsões de evolução da Receita e da Despesa inseridas no Orçamento para 2013 e a execução verificada no 1º trimestre do ano. Três meses passados desde o início do ano o fosso entre as previsões e a realidade começa desde já a crescer de forma muito preocupante.
c.     A evolução verificada nos saldos da Administração Local que de um superavit de 25,1 milhões de euros no 1º trimestre de 2012 passou para um déficit de 110,2 milhões de euros e na Administração Regional que de 18,7 milhões de euros de excedente passou para um excedente de apenas 3,7 milhões de euros, são outros motivos de preocupação nestes resultados agora divulgados.
d.     Curiosamente ou talvez não os melhores resultados neste 1º trimestre registaram-se na execução financeira do Serviço Nacional de Saúde, que passou de um déficite de 65 milhões de euros no 1º trimestre de 2012 para um excedente de 28 milhões de euros no 1º trimestre de 2013. Lamentavelmente este resultado deve-se à subida das receitas com taxas moderadoras (+ 57,5%, + 6,9 milhões de euros ) à subida da receita com venda de bens e serviços correntes (+68,8%, + 12,8 milhões de euros) e à descida da despesa com fornecimentos e serviços externos (-3,9% - 66,7 milhões de euros), dos quais 43,1 milhões de euros resultaram de uma menor despesa em produtos vendidos em farmácias. Quanto mais se degradarem os serviços públicos de saúde e se aumentarem as taxas moderadoras, melhores serão os resultados financeiros do Serviço Nacional de Saúde mas bem pior estarão certamente a esmagadora maioria dos portugueses.
3.     Concluída esta leitura percebe-se a preocupação do Ministério das Finanças com a tentativa de confundir a opinião pública através da emissão de um comunicado à imprensa que procura mistificar a realidade. Mas os dados estão aí e provam bem que esta política que tem vindo a ser prosseguida leva o país à ruína.
4.     Os dados da execução orçamental mostram claramente a necessidade de se interromper rapidamente as políticas que têm vindo a ser seguidas sob pena da espiral recessiva em que estamos metidos se vir a aprofundar ainda mais, com mais desemprego, mais recessão, mais défice orçamental e mais dívida pública a sucederem-se uns atrás dos outros.
5.     O PCP reafirma uma vez mais que só com a rejeição do Pacto de Agressão, só com a ruptura com a política de direita, só libertando o país dos interesses do grande capital, só com a urgente demissão deste Governo e a com a devolução da palavra ao povo, Portugal poderá ter futuro. O país precisa de uma outra política, de uma política patriótica e de esquerda.
LJ.Lourenço 23/4



23 de abril de 2013

ORA ABÓBORA PARA A UGT…


O novo líder da UGT afirma ser contra a política do governo, ou melhor, contra “ a austeridade pela austeridade” – o que quer que isto queira dizer, que é rigorosamente nada – mas também está contra a demissão do governo. Em resumo, e mais claramente: o governo (este!) deve governar, mas mudar de política.
Consta que os japoneses têm várias maneiras de dizer não, mas nenhuma delas é NÃO. Assim está o novo líder da UGT, que segue aquela espécie que infesta a comunicação social: o “vulgaris" comentador. É do género “austeridade, mas assim, não”, como nos presenteou já o PS”.
Que belo apoio o governo adquiriu - embora de forma não inesperada - quando nas suas próprias hostes a desagregação é evidente, e só se mantém para levar as malfeitorias até ao fim aguardando no final a costumada recompensa daqueles a quem verdadeiramente servem.
Ou seja, o condutor não respeita sinais, erra nos caminhos, danifica motor e carroçaria, é nitidamente incompetente – ou trabalha por conta das oficinas… - põe em perigo a segurança dos passageiros: que fazer? Não se muda de condutor e vai-se dando bons conselhos para guiar, um poucochinho melhor.
Dizer a um fanático do neoliberalismo como o sr. Vítor Gaspar para mudar de política, ou melhor, fazer austeridade sem ser “pela austeridade” – que raio quer isto dizer?! – é o mesmo que dizer a um heroinómano para “continuar a consumir, mas moderadamente.”
Como é que um governo que além da troika e do capital financeiro, não respeita nada nem ninguém, que considera a Constituição um obstáculo ao seu objetivo de destruir completamente o país com “reformas estruturais”, que não cumpre nenhum acordo da concertação social – mesmo com as mistificações da UGT –– muda o que quer que seja na sua política.
Como é que um governo que mandou os portugueses emigrar, e considera que os desempregados só o são por não terem qualificações ou não quererem trabalhar – na voz de um secretário de Estado – deve na opinião do líder de uma central sindical continuar até ao fim da legislatura?!
Afinal quem é que está “amarrado a deliberações partidárias”?
Como diria, mestre Aquilino Ribeiro: “Ora abóbora, sr. Carlos Silva!”

18 de abril de 2013

O bando dos três


A resposta de Coelho, Portas & Gaspar

A resposta do governo ao chumbo do Tribunal Constitucional veio mostrar que afinal sempre era possível voltar às parcerias público privadas e negociar os contratos leoninos!
O que se pergunta é : porquê só agora?
O chumbo do TC já teve pelo menos este efeito positivo.
No entanto, o governo lança a campanha com todos os seus comentadores de serviço: não mais impostos, corte nas despesas! 
Ou seja, não tocar nos intocáveis (banca, grandes grupos económicos) e passar aos despedimentos e redução de salários na Função Pública.
Com o argumento de que é preciso atrair capital estrangeiro até começam a preparar a opinião pública de que a troika estará disposta a que se diminuam os impostos sobre as mais valias e os dividendos!
Uma forma de atrair capital estrangeiro e de atrair capital português  dizem ,pois das 20 mais cotadas no PSI-20, dezanove têm as sedes suas holdings fora do país para pagarem menos impostos!
A ideia argumentam (Lobo Xavier à cabeça) é fazer de Portugal uma plataforma de investimentos internacionais... como a Irlanda...

Mais um sofisma.
A Irlanda fala inglês, está situada no meio da Europa, ao lado da Grã- Bretanha e é sobretudo uma plataforma do investimento americano na Europa e dos ex-emigrantes irlandeses nos EUA.
Como sempre também estes senhores dirão  que estas medidas de redução de impostos sobre o capital  «terão pouca importância nas receitas do Estado»!!! 
Lata não lhes falta...
Os pobres que paguem a crise!

Notas


Afinal a dívida privada sempre existe!

E nós a pensarmos que só havia dívida pública!
Segundo o FMI as cotadas não-financeiras de Portugal e Espanha estão entre as empresas mais endividadas dos países desenvolvidos.
 Os cálculos do FMI apontam para que, em Portugal, as 41 cotadas analisadas tenham em média cerca de 47% dos seus activos em dívida. E se juntarmos a estas a Banca então o quadro ainda é mais negro...

A especulação.
 Os “mercados” isto é os grandes bancos, companhias de seguros e fundos; isto é os especuladores exigem uma taxa superior para emprestar a Portugal a um ano do que à Alemanha a dez!
Grande União Europeia !!! 


COLÔMBIA – UM PAÍS AMIGO…


- Em 20 anos 250 000 “desaparecimentos”. Entre 2005 e 2010, 34 467.
- Numa vala comum perto de um aquartelamento militar, encontrados 2 000 cadáveres
- Opositores políticos e rebeldes barbaramente torturados e assassinados
- Milhares de sindicalistas mortos
- Aldeias bombardeadas pela aviação
- Jovens sequestrados na rua, levados para a floresta, mortos e vestidos com vestes de rebeldes
- Militantes dos direitos humanos assassinados em plena rua
- Impunidade absoluta para os assassinos
- Mais de 600 000 pessoas deslocadas entre 2010 e 2011
- Em 13 anos 3,6 milhões de camponesas expulsos violentamente das suas terras
- Nos últimos 20 anos os camponeses foram despojados de cerca de 6,6 milhões de ha.
- Em 2012 o governo declarou 17,6 milhões de ha como reserva estratégica para empresas mineiras. O governo chama a isto a sua “revolução agrária”.
- A pobreza nas zonas rurais atinge 64,3% da população. Nas cidades 45,5%
- Colômbia é um dos países mais desiguais do mundo.
- Desde junho 2011 foram assassinados 60 líderes camponeses do movimento que reclama a restituição das terras presente em 400 municípios do país
Nunca este regime foi considerado pela “comunidade internacional” (eufemismo da comunicação social para “NATO”) como violando os direitos humanos.
A Human Rights Watch considera este país uma “democracia imperfeita”, mas Cuba “uma ditadura”, embora o último jornalista e sindicalista mortos em Cuba ocorresse no tempo do ditador Batista, outro amigo.
Ninguém ouviu na comunicação social os puros defensores dos direitos humanos (os mesmos que apoiam a troika por cá) preocupados com a Colômbia, mas recorde-se o que disseram da Líbia, dizem da Síria, etc.. Normal, a Colômbia é um país amigo…do imperialismo.
Só não se entende o porquê de certas pessoas na comitiva do PR...
Dados referidos em  -  http://revistacepa.weebly.com/uploads/1/3/3/7/13372958/sin_anestesia.pdf   



17 de abril de 2013

Dois anos de troika


Dois anos de troika

Os resultados falam por si :

. Mais desemprego. 

. Uma recessão acumulada de mais de 5,5% do PIB.

. Uma queda acumulada do investimento de 25%.

. Um aumento da dívida pública de cerca de 50 mil milhões (+ 30 pontos percentuais).

. Um aumento de 2 040 milhões de euros em juros anuais de dívida pública!

E ninguém os atira ao rio Tejo?


A confissão


Uma confissão do Gaspar


Numa audição parlamentar de Orçamento e Finanças, em 15 de Fevereiro (ver Público de 16.02.013), Victor Gaspar rejeitou a ideia de que as recentes intervenções do Estado nos bancos sejam um bom negócio. “Rejeitaria liminarmente que estas operações são um bom negócio para o Estado! E acrescentou: “ O bom negócio para o Estado é que o sistema bancário assegure a sustentabilidade pelos seus próprios meios e que os recursos dos contribuintes não sejam para aí chamados!”.
É a confissão de que os contribuintes têm estado a sustentar a banca.
Nessa mesma audição o ministro defendeu que os spreeds da banca tinham de baixar rapidamente!
Foi o que se viu. Nada foi feito e recentemente o Barclays confessou que tem havido cambão entre os banqueiros na fixação dos spreeds.
Até agora está tudo muito calado, desde o Banco de Portugal, sempre conivente com os banqueiros até à dita autoridade“concorrência”.
O Estado vai garantir que os bancos farão tudo para reanimar o crédito à economia dizia Passos Coelho (15.04.2013)
Três dos quatro bancos intervencionados foram dos que mais reduziram o crédito às empresas.
Viva a banca privada!

Os banqueiros Continuam a rir !


Continuamos a pagar o desendividamento da banca!

A banca continua a ser um sorvedouro de recursos. Em Portugal e na Europa.
O resto no essencial são tremoços.
O 1.º Ministro diz que a banca que inclusivamente foi capitalizada pelo governo deve agora financiar a economia! Um dos banqueiros diz-se perplexo! Só lhe faltou dizer que não aguenta!
 A banca privada é um luxo para o nosso  país. O que recebe em benefícios do OE, o que não paga de IRC, o que leva em comissões, o que leva em spreeds nada justificados, o que tem transferido para a segurança social sem as devidas provisões, o que tem levado ao Estado nas PPP's, o que custa o BPN, o BPP, o BANIF, o BCP e o que vai custar o escândalo dos contratos de Swap com as empresas públicas, explica em grande medida o descalabro da situação e das contas públicas.

Ontem no Parlamento Europeu o presidente do BCE afirmou que a melhoria do sector financeiro com a concessão de uma linha de crédito de um bilião de euros aos bancos – que permitiram evitar graves problemas, não está a passar para a economia real. Os bancos continuam a restringir o crédito às empresas e às famílias,rematou.. Estamos conversados!
Há uns dias (10/04/2013) a agência de rating Moody's veio dizer que o sistema bancário português ainda necessita de 8 mil milhões de euros ( o dobro do que o governo quer cortar nos salários pensões e funções sociais do Estado). Afirmou ainda que o crédito mal parado aumentou mais do que o esperado devido à recessão! Acrescentou também: " o “que é positivo é que sabemos que 6 mil milhões de euros estão disponíveis para recapitalizar o sistema bancário caso seja necessário!"
No mesmo dia o FMI, pela voz de Christine Lagard, vem dizer que a prioridade da zona euro deve ser continuar a limpar o sistema financeiro, seja através de recapitalizações seja encerrando bancos (onde necessário). Afirmou ainda que « em particular na periferia muitos bancos ainda estão numa fase precoce de reparação...
Tudo dito!
Se juntarmos a estas declarações o caso de Chipre, então na próxima crise política no país, a corrida à banca vai ser um ver se te avias...

14 de abril de 2013

QUEREMOS SER COMO A IRLANDA?!


Neste governo dos “profissionais competentes” a mentira tornou-se uma forma de gestão corrente. Para os propagandistas o (único) problema do governo é que as explicações das suas políticas não são bem dadas. Segundo eles o povo persiste em não querer entender a sua "pedagogia". Nisto se revela a desconexão do real que esta gente atingiu.
Aliás a sua “pedagogia” não vai além da do camponês que queria ensinar o seu burro a deixar de comer. Sabemos o que aconteceu ao pobre a animal, sabemos o que está a acontecer ao país, com sucessivas e profundas quebras no consumo e no investimento. 
Mas o Gaspar não está satisfeito, quer à nossa custa ganhar a medalha de bom comportamento da troika.
Vem isto a propósito da mentira sempre repetida pelo primeiro-ministro e sequazes, com conteúdo de ameaça, que se não fizermos o que o governo diz seremos como a Grécia (para lá caminhamos e rapidamente) e fazendo o que quer seremos como a Irlanda:
Pois bem, vejamos os “êxitos” da Irlanda que tão bem está que pediu mais anos de moratória sob o colonialismo da troika. Por cá o mesmo, como um êxito. Dizia um intelectual de direita francês que “só são colonizados, os colonizáveis” – uma boa forma de desculpabilizar o colonialismo e imperialismo. Aqui fica este registo, que prova o desprezo que a direita europeia tem pelos “colonizáveis” das outras direitas.
Mas vamos aos êxitos da Irlanda. Base de dados AMECO (Comissão Europeia)
Desemprego – Em 2007, 4,7%. Em 2012 – oficial: 14,8%, como emigração massiva.
Investimento (FBCF) - Em 2007 – 46,7 mil M€; 2012 – 19 9 mil M€ (41,9% de 2007) (preços constantes)
PIB - Em 2007 – 156,9 mil M€; 2012 – 133,4 mil M€. (menos 15%) (preços constantes)
RN – Em 2007 – 144,2 mil M€; 2012 – 113,4 mil M€ (preços correntes). Em termos constantes a queda será de cerca de 40%. Resultado das políticas de deflação fiscal e livre circulação de capitais, que o governo de cá quer acelerar para “atrair capitais”.
Dívida pública - Em 2007 – 47,2 mil M€; 2012 – 191 mil M€. Sempre a crescer, com a AMECO a prever para 2014 – 207,4 mil M€.
RN/capita - Em 2007 – 36,9 mil €; 2012 – 28,1 mil € (preços correntes).
Ah! Mas a balança de bens e serviços, passou de um excedente 17,1 mil M € em 2007; para 39,5 mil M €.
Os resultados estão à vista e o sucesso é para a especulação e as transnacionais que fazem da Irlanda entreposto, com empobrecimento acelerado da população. Este o futuro que o governo quer vender aos portugueses.
O neoliberalismo é como as drogas pesadas, de que a Irlanda tomou em “overdose”.
Pois é, o ideal deste desgoverno é fazer do nós como o tal burro do camponês.

9 de abril de 2013

AVE DA ORDEM DOS COMENTADORES: DE QUE ESPÉCIE?


O Sr. Gomes Ferreira na SIC, acerca do parecer do Tribunal Constitucional: “qualquer escritório de advogados demoraria muito menos tempo a dar um parecer”
Já chegámos a isto?! “Qualquer escritório de advogados” a produzir textos com força constitucional que obrigam órgãos de soberania!
O quê? Agora também o Tribunal Constitucional pode ser “privatizado”?!
O ódio à Constituição e/ou a vontade de ficar bem na fotografia neoliberal, leva-os a isto.
Pode dizer-se que é uma maneira de falar de gente assumida como economista e politóloga. Mas não, é muito pior: é uma maneira de pensar, pois está-se a admitir que as tarefas de um Tribunal Constitucional, poderiam ser realizadas – com vantagem?! - por um “qualquer escritório de advogados”.
E isto é que é grave, são insidiosas formas de populismo que procuram todas as vias para destruir conceitos democráticos e suas instituições.

4 de abril de 2013

OS PAPAGAIOS TELEVISIVOS


Acerca do exemplo da Argentina
O papagaio fala mas é (neste aspeto apenas) um ignorante: repete o que ouve ou induzem a repetir. Curiosamente nas televisões pululam os papagaios televisivos.
Um destes papagaios, apresentado como sendo da espécie “politólogo”, repetia a versão do governo sobre as consequências da decisão de inconstitucionalidade do OE – ou parte – pelo TC, que levariam o país para o caos, agora que estamos no “bom caminho” das “reformas” e das boas avaliações da troika e da “confiança dos mercados”. Que iriam dizer os mercados?! Credo!
Para esta gente os “mercados” – punhados de multimilionários especuladores – estão acima dos países e dos povos. Ao que chegámos! Uma espécie de entidade sobrenatural, deus Baal que exige sacrifícios humanos.
Nesta arenga o papagaio “politólogo” ameaçou com o exemplo da Argentina e do caos com pessoas a assaltar lojas, sem comer, sem emprego, etc., se atuais políticas não prosseguirem. Contudo, aqui para o tal “caos” já só falta – e mesmo assim…- assaltar lojas.
Argumentar com a Argentina para defender esta política é mentir descaradamente: ignorância e/ou má-fé. A jornalista ouvia caladinha, com um leve sorriso, pois o dinheirinho é escasso e os empregos ninguém os vê. Mas se alguém falasse contra a troika não tinha grandes hipóteses de prosseguir.
Falar na Argentina, para defender esta política é pura imbecilidade. O que levou aquele país ao caos foi justamente a política neoliberal que culminou num mentiroso como Carlos Menem, que envolveu o país em sujas negociatas. Os ministros das finanças fantasiavam promessas iguais às de cá – eram fundamentalistas neoliberais apadrinhados pelo FMI, atrelaram o peso argentino ao dólar, a bem da finança, com altos juros, baixa fiscalidade e livre transferência de capitais. Consequência: a destruição da indústria, depois de toda a economia e o colapso económico e social. O que a Argentina comprova é o resultado das políticas em curso.
Os argentinos resolveram estes problemas forçando com os seus protestos a demissão de 3 presidentes da república até haver um governo que cessou os pagamentos aos credores e iniciou a renegociação da dívida.
A Argentina teve depois taxas de crescimento de 8%. Tudo ao contrário do que perorava o “papagaio” – com ofensa para as simpáticas aves que…não mentem.
O processo de renegociação não foi porém levado tão longe como podia e devia – sem auditoria cidadã – a partir do impulso popular, designadamente nos montantes. Assim, atualmente o peso dos juros está a constituir uma grave limitação ao desenvolvimento, representando o serviço de dívida em 2012, 12% do PIB (chiffresdeladette_2012 – www.cadtm)
Este recado serve também para o PS cujas anunciadas intenções de renegociação da dívida são incompletas. Sem rever montantes, no que constituem a chamada dívida ilegítima-odiosa, não se vai longe.
Esta a lição que devemos tirar da Argentina e compar com uma renegociação correta como a do Equador que também anulou montantes – e os credores aceitaram…e piaram baixinho.
O pior é que papagaios há muitos por essas televisões.