Linha de separação


30 de dezembro de 2011

Um Presidente com quem se pode contar!

Uma notícia seca dizia-nos ontem que Cavaco Silva não enviou o Orçamento de 2012 para o Tribunal Constitucional.
 Para quem tivesse dúvidas aí está  a confirmação de que as críticas do Presidente ao Orçamento não passam de palavras sem consequência . São palavras para alguém que não quer ficar mal na fotografia .
Uma expressão de demagogia e de populismo barato muito habitual nesta personagem.
Para quem jurou defender e fazer cumprir a Constituição não está nada mal.
Daquí por uns dias vamos vê-lo também a chamar  a atênção dos portugueses para a expressiva saída de lucros e a explicar -nos em tom professoral que o produto interno bruto (PIB) se afasta cada vez mais do rendimento nacional (RN). Que a riqueza criada no país fica cá cada vez menos. E mais tarde com todo o descaramento até  afirmará que ELE o Grande Cavaco já nos tinha avisado!
Sobre a sua resposabilidade nas privatizações manterá o devido silêncio

26 de dezembro de 2011

Blá , Blá, Blá

Quem entendeu a comunicação natalícia do 1º Ministro? A vacuidade , a opacidade e nenhuma resposta aos problemas dos portugueses e do país. Confiança, confiança e mais confiança . Blá, blá ,blá.
O que prometeu ? Reformas estruturais o que descodificando significa contra- reformas, regressão social e concentração de  riquesa. Já vimos o  que significavam as "goduras" do Estado, roubo do subsídio de férias e do Natal, diminuiçao dos salários dos trabalhadores da função pública , privatização de funções sociais do Estado que sejam apetitosas para o grande capital.
 Democratizar a economia , outra promessa. Mas o que esperar de um governo que não passa de uma  corrente de trasmissão dos interesses do capital financiro e um vassalo submisso ao Directório das Grandes Potências ?



O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –38.3 – MERCADOS IV – MERCADO E SOCIALISMO

Á falta de outros argumentos é recorrente acusarem-se as orientações políticas progressistas de serem contra “o mercado”, como se isto fosse a mais nefasta das heresias, um sacrilégio face à actual sagração da dogmática neoliberal. Tal argumentação persiste na linguagem social democrática/socialista para justificar o abandono do que diziam ser os seus princípios. Uma argumentação no mínimo bacoca de quem não tem mais nada para dizer.
Na realidade “o mercado” na visão neoliberal não se tornou absolutamente nada respeitável. Porquê? Que o digam os povos sujeitos às “inevitabilidades” das austeridades, mas deixemos a revista "The Economist" esclarecer (1): “Democracia e mercado livre não trouxeram longa vida aos russos. Entre 1989 e 1994 a taxa de mortalidade aumentou 45% e a esperança de vida caiu para níveis idênticos aos do Quénia (…) Isto significa que cada mês morrem mais de 20 000 russos que sob o comunismo poderiam esperar viver muito mais”. O título do artigo era sugestivo: “Finalmente livres para morrer”. Ressalvando a confusão do autor entre o que seja comunismo e sociedade socialista, o texto é esclarecedor.
Ora, do ponto de vista teórico, pensamos que nada permite afirmar que exista qualquer preconceito contra o mercado na teoria marxista, existe sim e muito justificadamente, contra o domínio do mercado por entidades que o controlem em benefício exclusivo dos interesses privados.
Como vimos, há várias estruturas de mercado relacionadas com o modo de produção, o que não existe é, com a actual configuração económica, nada que se possa definir de forma rigorosa como o “mercado livre” donde teoricamente derivaria a eficiência económica – isto sem falar na social, que a teoria liberal não contempla senão com vagas e meras intenções de preceitos morais, como o “capitalismo ético” ou a “economia social de mercado”, para não falar nas “terceiras vias”.
Quando Atílio Borón escrevia “para os pobres o mercado” (www.rebelion.org – 22.09.2010) queria com isto dizer que os países, as empresas, os consumidores mais frágeis – sem poder de mercado – são efectivamente postos numa competição em que os países dominantes, o grande capital e a finança, controlam os dados quer como clientes quer como vendedores.
Parece-nos também que nas sociedades socialistas terão sido cometidos erros por não se ter em devida consideração um correcto funcionamento do mercado e dos seus mecanismos, bem como da formação dos preços.
Contudo, podemos afirmar que até aos anos 60 do século passado, foram seguidas na URSS orientações que mostravam a necessidade de correcto funcionamento do mercado em termos socialistas. Uma resolução do Conselho de Ministros no pós-guerra, procurava corrigir situações sem dúvida também resultantes do período que se atravessara. Aí se defende o desenvolvimento do comércio cooperativo e a produção de alimentos e outros bens de amplo consumo pelas empresas cooperativas: “as empresas de consumo e industriais – dizia-se – não competem com o comércio estatal/urbano que adquiriu uma situação de monopólio em detrimento do próprio comércio. A falta de uma sã concorrência entre o comércio estatal e o cooperativo entrava a extensão do comércio de produtos agro-pecuários e de artigos de amplo consumo”. (2)
Não cremos que se tratasse de uma orientação vazia de sentido, já que em meados dos anos 50 na URSS o sector cooperativo artesanal e industrial integrava 114 000 oficinas e médias empresas industriais, 100 gabinetes técnicos, 22 laboratórios e 2 institutos de investigação. (2)
As orientações posteriores nos anos 60 no sentido da concentração empresarial não melhoraram como sabemos nem a eficiência nem o dinamismo económico.
Em socialismo continuam a existir relações monetárias e mercantis e a exercer-se a lei do valor. O conhecimento das leis económicas que prevalecem nas diversas fases de evolução da sociedade socialista é essencial para garantir a correspondência entre as forças produtivas e as novas relações de produção.
A planificação não pressupõe, pois, a eliminação do mercado, isto é, as relações de troca baseadas na oferta e na procura, mas exerce um controlo e corrige a anarquia da produção que se gera espontaneamente na economia e que no caso de se expandirem “livremente” conduzem ao agravar dos desequilíbrios e desigualdades, às crises, á formação de estruturas monopolistas e ao domínio das transnacionais.
A eficiência trazida pelo mercado não conduz ao crescimento sustentado e equilibrado da economia. Apenas segue as orientações do maior lucro. Nos países com atrasos estruturais ou sujeitos a crises económicas, as deficiências não podem ser ultrapassadas apenas pelas forças de mercado: a planificação deverá ser parte essencial do desenvolvimento.
Há sectores básicos e estratégicos que pela sua natureza constituem monopólios naturais. As empresas destes sectores quando nacionalizadas constituem um factor de expansão e dinamismo económico, o que foi provado quer no socialismo quer em em países capitalistas mais avançados até aos anos 80 do século passado (ver Menos Estado – maio.2011). A questão reside na forma como estas empresas se integram no contexto geral do tecido económico, quais os estímulos no sentido da melhoria da qualidade e da produtividade da economia nacional. Mas isto é uma tarefa do plano económico, não do mercado.
A planificação ou o planeamento económico, se se preferir, pode ser reaccionária e burocrática ou revolucionária e democrática. Reaccionária e burocrática se for entregue ao grande capital e subordinada aos seus interesses, é o caso de certas formas classificadas de keynesianismo ou do memorando da troika e das directivas económicas da UE.
Será revolucionária, se as estruturas sociais e económicas forem alteradas colocando o poder político democrático em condições de subordinar o poder económico; será democrática se a planificação for realizada com a participação e o controlo dos trabalhadores - de todos os seus escalões - e a sua motivação moral e material.

1 – “Free at last to die” – The Economist, 21.setembro.1996, p.37.
2 – Leonid Abalkim - Revista Internacional – julho.1988 – p. 31 e 32

23 de dezembro de 2011

O Luteranismo trotskista e a EDP

O BE é uma caldeirada ideológica , um misto de trotskismo , luteranismo e albânianismo , cujo resultado se traduz numa sopa social democrata auto apelidada de honesta e de esquerda como se rotulou em entrevista há uns anos Miguel Portas. O cimento desta amalgama é o preconceito anti- comunista e o vezo anti PCP.
Agora em relação à privatização da EDP, quem os ouve fica com a ideia que a grande questão em causa não é a privatização da EDP empresa estratégica, mas o facto de ter sido a China a vencedora da privatização. Fica-se com a ideia que se fosse a Alemanha da SrªMerkel o BE acharia que ficaria em boas mãos, ficaria num país mui respeitador dos direitos humanos...
Hoje na antena 1 Miguel Portas teve um lapso revelador. Ao comentar a privatização da EDP , disse a certa altura que até o PCP tinha algumas dúvidas sobre a privatização.
Dando - se conta da enormidade da falsificação corrigiu dizendo que  o PCP era contra , mas deixou ficar "o até".
 Pela nossa parte  consideramos que a privatização da EDP é um crime contra a economia nacional e os interesses nacionais qualquer que fosse o vencedor da privatização;  Brasil ,  China ou  a Alemanha.

22 de dezembro de 2011

A política do BCE- duas sugestões de leitura


Pour sauver l’Europe, la BCE doit monétiser, par Ambrose Evans-Prichard
19 décembre 2011
« Cette crise est une crise monétaire, provoquée par une banque centrale immature qui a tué une reprise fragile en augmentant son taux directeur cette année, a laissé s’effondrer l’offre de monnaie à une vitesse vertigineuse dans le sud de l’Europe, et provoqué ainsi une récession complètement inutile. » Evans-Pritchard pointe le dégonflement rapide de la masse monétaire en Italie (graphique) et s’inquiète du risque de déflation, qui serait pourtant une raison suffisante - selon son mandat - pour que la BCE s’engage dans une politique monétisation massive. Si elle ne le fait cependant pas, c’est uniquement parce que l’Allemagne ne veut à aucun prix favoriser une inflation qui grignoterait son avantage comparatif. « Tout le monde doit être crucifié pour maintenir l’inflation endogène allemande sous les 2% », conclut-ilYou are all wrong, printing money can halt Europe's crisis – Telegraph Blogs
Telegraph.co.uk

E ...
O CAPITALISMO ASSISTIDO  de F.L blog P.J.
(...) Le prêt de 489 milliards d’euros de la BCE n’a pas longtemps enthousiasmé les marchés. Après une brève envolée, il s’est produit le contraire de ce qu’il était espéré : l’ampleur même de l’opération et des besoins qu’elle a révélée a amplifié les craintes des investisseurs, sur le thème “nous en sommes donc là ?”.
Deux constatations découlent de cette opération, l’une évidente et l’autre plus masquée. La première est que le système bancaire européen – puisque l’attention est focalisée sur lui – est devenu un zombie : une créature ayant seulement l’apparence de la vie. Une aide permanente lui est devenue nécessaire, en substitut des mécanismes de marché qui lui permettaient auparavant de fonctionner. Induisant une question qui n’est pas encore posée et qui ne devrait pas tarder à l’être : qu’en sera-t-il à l’échéance de trois ans du prêt de la BCE ? Devra-t-il être renouvelé et entrerons-nous ainsi dans une nouvelle phase du capitalisme, le capitalisme assisté ?
La seconde remarque est que la BCE est devenue la bad bank de la zone euro, acceptant en garantie des actifs (le collatéral) en étant de moins en moins regardante sur leur qualité, tout en mettant en avant la décote qu’elle opère pour se prémunir de tout risque en les accueillant, sans faire preuve à cet égard d’une quelconque transparence. La finance a décidément besoin de zones d’ombre : il y a sa face visible et sa face cachée. Le parler allusif des banquiers centraux et l’obscurité voulue de leurs bilans sont sur la tranche.
Le tour de passe-passe qui vient d’être opéré sous nos yeux est donc la création – non revendiquée – d’une bad bank pour toute la zone, qui vient suppléer celles qui ont déjà été crées en plus modeste en Irlande et en Allemagne, imprimant une trajectoire que le gouvernement espagnol aimerait bien suivre pour sa part.
Le nombre des établissements ayant demandé à bénéficier de ce prêt est connu – 523 banques – mais leur identité ne l’est pas. On croit toutefois savoir que les banques italiennes ont été particulièrement bien servies. Selon Reuters Thomson, une douzaine d’entre elles, dont les plus importantes, auraient demandé et obtenu 116 milliards d’euros à elles seules, soit plus du quart de l’ensemble des prêts accordés. Mais il est intéressant de noter, selon ces informations, que les banques auraient beaucoup utilisé du collatéral garanti par l’État. Ce qui signifie deux choses : qu’il est de mauvaise qualité, puisqu’une telle garantie s’impose, et que c’est en dernière instance l’État qui prend le risque. Ni vu, ni connu : la bad bank est adossée aux États, comme il se doit....
La BCE vient de magistralement délivrer deux leçons. La première est que le système bancaire dont elle a la charge est garanti une fois pour toute de toute faillite. Le spectre de Lehman Brothers s’est à nouveau manifesté et la banque centrale a répondu “plus jamais cela !”. Sans s’interroger outre mesure sur les conséquences de sa protection, ou bien sur les conclusions que vont en tirer les banques, désormais certaines de ne pas être abandonnées à leur triste sort, toutes indistinctement pourvues d’un label “Too big to fail” (trop importantes pour faire banqueroute) que l’on croyait réservé aux plus importantes, en vertu durisque systémique.
Nous entrons décidément dans un nouveau stade d’assistanat du capitalisme financier, où se révèle un étrange paradoxe : le rôle attribué à l’État est d’une main restreint, afin d’étendre le terrain de jeu de la finance, mais son apport est sollicité de l’autre main afin de conforter le système financier, via les garanties qu’il accorde et les facilités de la BCE. Il en découle que le rôle parasitaire de la finance s’accroît, si l’on considère son prélèvement accru sur des budgets publics diminués.
Deuxième leçon, la BCE est placée dans une étrange situation, nous jouant un rôle de composition. Drapée dans son refus intransigeant de financer les États, réfugiée derrière la défense de sa vertu et de son acte de baptême, la BCE pratique en réalité déjà une création monétaire déguisée. Jean-Claude Trichet avait pour la faire passer inventé la fiction d’achats sur le marché secondaire destinés à permettre le fonctionnement de sa politique monétaire, en les assortissant d’opérations d’assèchement de liquidités pour des montants correspondants dont le détail n’est pas connu ; que va bien pouvoir trouver Mario Draghi, qui sort de son coffre près d’un demi millier de milliards de dollars comme si de rien n’était ? Si ce n’est pas de la création monétaire, cela n’en est pas loin, car rien n’interdira de renouveler dans trois ans cette opération, pour permettre le roulement de cette nouvelle dette destinée à refinancer les précédentes…
Nous en sommes là !

A transfererência do fundo de pensões dos bancarios

Um comentário que nos chegou :

E eu, mal intencionado empedernido, a pensar  que esta operação era extremamente favorável à banca, quando me surge o Prof. António de Sousa com o seguinte esclarecimento considerando o Acordo "bem vindo".Salientou em seguida que, devido à operação, "a banca registará prejuízos muito significativos este ano e será afectada nos capitais próprios" para de seguida "lamentar que esta operação de transferência tenha ocorrido nesta fase, em que os activos não estão tão valorizados, mas a banca atendeu à necessidade do País e cooperou".Só lhe faltou invocar os superiores interesses do País!!!
Assunto: Transferência de parte dos Fundos de Pensões da banca H. A.




A demagogia do PS

O Secretário Geral do PS diz e repete que o  país não pode estar somente sujeito a austeridade que é necessário o crescimento económico.
 O país precisa de facto de uma política de crescimento económico e de emprego ,mas o que todos gostávamos de ouvir era no concreto como é que o PS concilia o acordo com a troika que assinou, com uma política de crescimento e emprego .
O PS está totalmente  comprometido com o essencial da política deste governo , mas no discurso manifesta grandes divergências...
Enquanto o PS não repudiar o acordo que fez com a troika a sua prática e o seu discurso oposicionista  não passam de pura demagogia e folclore eleitoralista...

Comentários soltos

O Primeiro Ministro nesta quadra natalícia voltou a repetir que 2012 será mau- ele e Cavaco não dizem mau ,dizem que vai ser exigente-mas que espera que 2013 já seja de recuperação ! Recuperação de quê?
Do emprego não é. e da  dívida pública também não , pois estaremos com uma dívida maior. E quanto ao crescimento económico ,se o houver , ele será tão débil que no quadro do afundamento e fragilização do aparelho produtivo o que se poderá dizer é que estamos em estagnação e mais distantes da média europeia.
O objectivo  de apontar 2013 como o ano da luz ao fundo do túnel é  fomentar a resignação e a passividade. É só 2012 depois voltamos a respirar... Uns aldrabões encartados.
 No fim de 2012 se não conseguirmos ir aos mercados, e se estivermos na fossa, o que é que se devia fazer ao Primeiro Ministro , ao Presidente da  Republica e ao farsante do ministro das finanças.?

Notinhas

O BCE vai alimentar a Banca Europeia com umas notinhas natalícias ,nada maias nada menos do que 500.000 milhões pelo prazo de três anos à taxa de 1% ! A banquinha precisa de ser estimada. O impagável Constâncio-e não ganha mal- diz que agora não há razões para a banca não financiar  as empresas e a economia...
O BCE também facilitou nas garantias exigidas , os ditos colaterais. Assim a Banca portuguesa ,por exemplo, pode comprar mais dívida pública recebendo do Estado 5 / 6 % e ir ao BCE com esses títulos da d'ivida como garantia contraindo empréstimo a 1%.  E depois, pela voz do presidente da Associação Portuguesa de Bancos- outro rapaz que não será mal pago- dizer com toda a neutralidade técnica , que a banca fez mais um favor ao Estado português !
O Estado paga 5/6 % recebe menos lucros como accionista do BCE  que empresta apenas a 1% e ainda tem de ficar agradecido!

21 de dezembro de 2011

Uma representação da crise

Ver neste sítio: http://www.slideshare.net/apexgroupe/apex-dettecrise , uma explicação didatica da crise

Não quererão eles o Gaspar e o Àlvaro

Depois dos homens da Golden Sachs em Itália e  no BCE temos agora o ex- presidente do falido banco Lemanh Brothers para a península Ibérica, Luis de Guindos a ser nomeado ministro da economia do novo governo espanhol. O sistema financeiro e dentro deste o que mais se evidenciou pelas trafulhices, continua ao comando...
Não quererão eles o nosso ministro das finanças admirador do Friedman e o nosso ministro da economia que nos prometeu uns milhões de reformados vindos do norte da Europa para nos tirar da crise?
Era uma emigração qualificada no quadro do pensamento do nosso primeiro...

20 de dezembro de 2011

A DEMOCRACIA NA AMERICA…

Não se trata de falar sobre o clássico de Alexis de Tocqueville (publicado em 1835). Trata-se do que envergonharia os “pais fundadores”, mas parece não incomodar os submissos cortesãos deste lado do Atlântico que só veem o que lhes dizem para ver…
Já aqui dissemos que o neoliberalismo era, do ponto de vista teórico, escolástica, do ponto de vista político, neofascismo (Neoliberalismo – abril.2011). Recentemente o “Pequeno Dicionário” procurou mostrar como a “economia de mercado” tinha derivado para o neoliberalismo e se tornou incompatível com a democracia capitalista, também designada democracia burguesa, constituindo uma forma de impor paulatinamente, por via dita “reformista”, vivências fascistas. Pelo que ocorre nos EUA podemos ver o que o grande capital e seus servidores têm em mente.
Recentemente o site www.legrandsoir.info apresentou uma entrevista com Glenn Greenwald e Amy Goodman. (1). Segundo Greenwald o princípio da igualdade perante a lei foi abolido e substituído por uma justiça com dois níveis que oferece uma impunidade quase absoluta à classe política e financeira. Classe esta que é responsável pelas gigantescas fraudes e generalizada escroqueria que conduziram à atual crise e não apenas pelas escolhas económicas erradas. Contudo não houve praticamente nenhum inquérito criminal e ainda menos ações judiciais ou condenações.
Compare-se esta situação com a violência policial e as 2 500 prisões feitas aos manifestantes Occupy Wall Street (que a obediente comunicação social ignora). Greenwald diz que a lei é utilizada para proteger os criminosos que se escondem nos edifícios da Wall Steet daqueles que apenas se limitam a exercer os seus direitos constitucionais de liberdade de palavra e associação.
Simultaneamente,  o procurador Eric Schneiderman de Nova York está a ser sujeito a pressões por parte da administração Obama para conseguir um acordo que torne imunes os grandes bancos de todos os prejuízos causados por fraudes hipotecárias. Claro que são os mesmos bancos e sociedades que financiam a campanha do presidente…
Um outro aspeto posto em destaque no referido artigo é o relativo ao vice-almirante McConnell diretor dos serviços de informação, tendo a seu cargo a coordenação das 16 agencias de espionagem do país. Na realidade, como antigo dirigente da Booz Allen - um dos maiores fornecedores militares privados – empenhou-se em privatizar número crescente de tarefas estatais em matéria de segurança nacional e vigilância. É fácil compreender o défice democrático que isto representa.
Neste momento os EUA são o maior Estado-prisão do mundo. Mais presos que na China ou na Índia. Entre 1972 e 2007 o número de presos quintuplicou passando de 93 a 491 por 100 000 habitantes. Um estudo referido na revista USA today mostra que 30,2% dos jovens com menos de 23 anos terão penas de prisão.
A situação a que a democracia norte-americana chegou está bem expressa num texto também do www.legrandsoir.info da autoria de Ralph Lopez (2) sobre a lei agora aprovada no Senado que autoriza a detenção militar de cidadãos americanos suspeitos de terrorismo. Os termos são de tal maneira vagos – diz R. Lopez – que pode atingir pessoas embarcadas num navio de ajuda humanitária a Gaza, um manifestante que bloqueie a circulação ou qualquer pessoa acusada de ter um discurso que constitua “ajuda material” ao terrorismo. Segundo a revista USA today “a legislação negaria a todas as pessoas acusadas de terrorismo – incluindo cidadãos norte-americanos - o direito a um processo e autorizaria a sua detenção por período indefinido”.
Acontece que com uma detenção militar não é um juiz que decide da detenção ou da acusação de terrorismo, mas sim um comandante militar que pode mesmo não levar em consideração as conclusões dos seus próprios peritos, jurídicos ou outros. Nestas condições com a autoridade do presidente (ou em quem ele delegar) é possível a detenção militar sem acusação e sem processo de qualquer cidadão norte-americano.
São referidos, como exemplo, mesmo sem esta lei, os casos de José Padilla, 3 anos num buraco em Goose Creek na Carolina do Sul ou de Bradley Manning submetido a isolamento de mais de um ano numa célula de 2 por 3 metros, sem abertura exceto uma pequena porta e sem luz natural. A Bradley não foi permitido fazer exercícios físicos na cela, tendo apenas direito a uma hora de “passeio” por dia para andar às voltas em 8 numa outra cela. Além disto foram-lhe-lhe administrados antidepressivos. A decisão deste tratamento é independente de opiniões médicas e compete ao comandante militar.
O soldado Bradley Maning fez 24 anos em 19 de dezembro e está preso há 19 meses, por ter comentado a ilegalidade e a imoralidade da guerra no Iraque. A única explicação para esta violência é Bradley estar a servir de exemplo para atemorizar os seus concidadãos.
Segundo um senador a lei em aprovação aplica-se aos cidadãos dos EUA e o seu campo de ação é o mundo inteiro. Ou seja os cidadãos dos EUA podem agora ser tratados como os detidos iraquianos ou afegãos. Portanto, diz Ralf Lopez, qualquer norte-americano subitamente acusado de “terrorista” pode ficar à mercê de um comandante militar, sem poder apelar para um advogado, a família, amigos ou para 230 anos de jurisprudência.
Um antigo membro duma equipa de transporte de prisioneiros da CIA, nas famigeradas detenções secretas e transportes ilegais, descreveu os procedimentos seguidos como uma cuidadosamente coreografada rotina de tratamentos humilhantes e dolorosos com o objetivo de tirar toda a dignidade ao prisioneiro e destruir o sentimento de inviolabilidade de cada um.
A lei aprovada no Senado por 93 votos contra 7 (3 democratas, 3 republicanos, 1 independente) será agora discutida com a Câmara de Representantes, temendo-se que fique ainda pior.
“São assassinos, são terroristas, são insurrectos”, declarou James Inhofe, senador republicano falando dos prisioneiros capturados ao acaso e nunca julgados.
“Deve-se comparar estes procedimentos com o prescrito na declaração de direitos dos EUA, conclui Ralf Lopez, se o mundo continua a fazer como se nada se passasse, estejamos ao menos conscientes do que tudo isto significa”.
O ódio fascista reveste-se de várias roupagens: sejam as “ideias subversivas”, seja o argumento racial, seja  como agora na pátria do sr. Obama, o “terrorismo”, tem sempre o mesmo objetivo: ao lado da finança e dos monopólios contra o povo trabalhador.
 As desigualdades atingiram nos EUA o ponto máximo desde que há estatísticas: 400 cidadãos dos EUA possuem mais que os 160 milhões mais pobres (52% da população); 48% da população vive abaixo do limiar de pobreza, número que sobe para 57% no que se refere a crianças.
E dizer que os EUA podiam ser um país maravilhoso, mas não é. Guess why?

1 - Glen Greenwald é autor do livro With Liberty and Justice for Some : How the Law is Used to Destroy Equality and Protect the Powerful - URL de cet article 14986 - http://www.legrandsoir.info/glenn-greenwald-s-exprime-sur-la-justice-americaine-a-deux-vitesses-sur-le-programme-d-assassinat-suivi-par-obama-et-sur-le.html http://www.democracynow.org/2011/10/26/glenn_greenwald_on_oc...
2 - USA today - By Donna Leinwand Leger, USA TODAY – 19-12-11 "Arrest is a pretty common experience," says Robert Brame, a criminologist at the University of North Carolina-Charlotte and principal author of the study.
3 - 15 décembre 2011 Désormais, nous sommes tous des Bradley Manning. Etats-Unis  Le Sénat autorise la détention militaire indéfinie et sans procès pour tous. (Oped News) http://www.legrandsoir.info/etats-unis-le-senat-autorise-la-detention-militaire-indefinie-et-sans-proces-pour-tous-oped-news.html

19 de dezembro de 2011

As rivalidades inter-imperialistas

" A guerra das moedas "
Depois das agências de rating terem baixado a notação de vários bancos franceses, no seguimento da Cimeira europeia e da recusa da Inglaterra a assinar os acordos , alguns economistas , mais ligados ao poder, bem como o primeiro- ministro, ministro das finanças eo governador do banco central desencadearam uma campanha contra essas agências afirmando designadamente que em relação aos índices fundamentais a economia francesa está melhor que a britânica pelo que a haver  uma baixa de notação para a França, teria de haver também para a Inglaterra...
 Ontem foi a vez da Inglaterra ao anunciar em mais uma campanha de descredibilização do euro que está  a preparar a retirada de cidadãos britânicos de Portugal e da Espanha num cenário em que eles fiquem sem acesso às contas bancárias.
Fonte oficial  do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico afirmou : " Temos planos de contingência para qualquer tipo de situação na zona euro" e não especificamente focado em Portugal e Espanha...
As contradições e rivalidades sobem de tom...

O que eles não dizem

Portugal

Eles dizem que o país vai empobrecer, que em 2012 o PIB vai baixar acentuadamente.
Com este discurso querem dar a ideia de que tudo isto está previsto, que até são eles que afirmam que vamos ter tempos difíceis, para terem credibilidade.
Que credibilidade?
A de que a sua política é necessária e inevitável. E de que esta política de austeridade é limitada. Em 2013 como eles dizem já estaremos a crescer e a ir aos mercados para nos financiarmos.
Um engodo. Porquê? Porque eles não dizem que mesmo com os dados oficiais de instituições, como a OCDE , o país vai cair em 2011 e 2012 – 5% e que em 2013 o país continua praticamente em estagnação – crescimento de 0,5.
Quer dizer, mesmo nos dados oficiais, Portugal vai chegar ao fim de 2012, mais pobre, com mais desemprego, com mais actividade produtiva aniquilada e, coisa que eles não dizem, mais endividados. Quer dizer levam à prática uma política contraccionista em dose de cavalo e no final ainda estaremos mais endividados.
Na verdade, segundo o programa da troika, Portugal que tem hoje uma dívida pública de 106% do PIB, e paga de juros 4,2% do PIB, chegará ao fim de 2012 com uma dívida de 111,8% do PIB e a pagar taxas de juro no montante de 2,8 do PIB. E no final de 2013, esta dívida já estará em 115% e o montante das taxas de juro em percentagem do PIB será de 5%!

16 de dezembro de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –38.3 – MERCADOS E DEMOCRACIA

D. Ferreira Leite afirmou que era necessário suspender a democracia para resolver os problemas económicos, leia-se, dos “mercados”. O Sr. Passos Coelho considera que após a aprovação do programa do governo caduca o programa eleitoral e respectivas promessas. No mesmo sentido poderíamos referir declarações de vários comentadores que não escondem o desprezo por qualquer iniciativa popular na defesa dos interesses e direitos colectivos. Para esses comentadores a massa da população não passa de gente ignorante, tendencialmente parasitária. Estas declarações e comentários não são lapsos de linguagem ou fora do contexto, muito pelo contrário definem a ideologia que norteia a política atual
A mentira tornada estratagema eleitoral, a manipulação informativa, o crescente descrédito dos responsáveis políticos, o aumento de riqueza de uns quantos, a par da crescente pauperização da maioria, mostram como o atual sistema económico que está a ser imposto é incompatível com o processo democrático.
O objetivo da democracia capitalista – também dita, burguesa – era promover uma tolerável repartição do rendimento que atenuasse os efeitos da apropriação da mais valia.
Uma regressão na repartição do rendimento representa sempre, quaisquer que sejam os argumentos, uma regressão na democracia. Com efeito, a maioria tenderá a pretender uma melhor repartição do rendimento criado e que os sacrifícios, quando houver que os realizar sejam proporcionados e realmente equitativos, mas quererá também mais segurança quanto ao seu emprego e nível de vida, mais e melhores serviços sociais. Os “mercados” na política atual sobrepõem-se a tudo isto. O processo de destruição daqueles objetivos é designado por “ajustamentos estruturais”.
A democracia tem portanto um efeito perverso sobre a chamada “economia de mercado” que legitima a desigualdade como processo económico. Ora, parece incontestável que, mesmo sem se cair no igualitarismo, o aumento das desigualdades representa menos democracia.
Os “mercados”, segundo os seus próceres, têm de estar ao abrigo das “más escolhas” dos eleitores, isto é, a democracia não pode sobrepor-se nem limitar os “mercados”. Para pôr esta política em prática nos países em desenvolvimento recorreu-se à conspiração, aos golpes de Estado, ao terror fascista, à invasão (ver “A engrenagem” outubro.2011). Na UE este processo está a ser realizado com a imposição de tratados espúrios, não referendados, preconcebidamente tortuosos e a uma burocracia de alto nível, não eleita, ao abrigo do escrutínio político. Organizações internacionais como o FMI e a OMC fazem parte do esquema, melhor dizendo, da engrenagem.
A derradeira proposição dos partidos social-democratas/socialistas – o poder político sobrepor-se ao poder económico - desapareceu nas suas contradições, oportunismos, clientelismos. Desapareceu, na ilusão de que democracia e mercado seriam complementares, reforçando-se mutuamente. Democracia e mercado só podem ser vistos como complementares se se ignorar que existe algo que se classifica como luta de classes. Mas como disse um multimilionário da Wall Street: “ela existe e nós estamos a ganha-la”.
A “economia de mercado” constitui um sistema ideológico em que a política se subordina ao “mercado”,isto é, os interesses gerais aos grande capital e à finança especuladora.
O atual neoliberalismo foi o objetivo a atingir pela “economia de mercado” para o qual toda a interferência do Estado na economia é uma imperfeição que reduz a eficácia. Serviços sociais (saúde, educação, transportes públicos), sectores estratégicos (energia, telecomunicações, etc.) têm de ser retirados da esfera pública, pois são oportunidades de lucro e consumidoras de recursos. Todos os recursos têm de estar nas mãos do capital privado para o mercado funcionar e ser “perfeito”.
A “economia de mercado” assume que os desequilíbrios e ditas “disfuncionalidades” resultam da interferência do Estado. Sendo assim, o papel dos governos é garantir que o poder de mercado se sobreponha ao poder da democracia. Neste sentido vão as declarações do Ministros das Finanças, da Economia e seus Secretários de Estado.
O “Estado Social” é agora visto como uma imperfeição a que se deve se não pôr termo, reduzir ao mínimo. As políticas orçamentais são impostas do exterior, com a conivência dos monopolistas nacionais  e políticos ao seu serviço, como forma expedita de anular o poder e os anseios democráticos. Na UE aplicam-se políticas sem ter em conta as diferentes características e estruturas económicas dos diversos países e o seu grau de desenvolvimento: o mercado tudo nivelaria. O que ocorreu porém não foi como num sistema de vasos comunicantes, mas sim como um rolo compressor guiado pelos mais fortes.
O desmantelamento das funções do Estado é defendido permanentemente em nome do “despesismo” e sob o sofisma de querer “redefinir as funções do Estado” e “saber o que queremos como funções do Estado”. Esta lenga lenga, destina-se a criar uma espécie de mistério para esconder as intenções de anular a Constituição e adormecer a consciência cívica para mais uma machadada no processo democrático. De nada valem as vãs promessas de solidariedade e a mistificação dos “sacrifícios equitativos”, o individualismo sem máscara do neoliberalismo opõe-se a essas premissas.
Sob o neoliberalismo, os povos estão cada vez mais a ser governados por instituições supranacionais cujas reais implicações das suas medidas escapam aos povos, pois são-lhes escamoteadas. Cada avanço no primado do mercado e consequentemente do “poder de mercado” tem-se traduzido num recuo da democracia: é como se a democracia de sufrágio universal e proporcional tomasse um sentido censitário, isto é: o peso dos votos proporcional à posse de riqueza, já uma evidência nas eleições nos EUA.
A regressão democrática verifica-se também na repressão dentro das empresas, na chantagem económica e na pressão ideológica, nas tentativas de limitação do direito à greve, nas acções provocatórias montadas.
São estas as consequências de um falseado “jogo democrático” tolerado pelos partidos social-democratas/socialistas em que o poder económico se apropria das bases fundamentais da democracia e em que as políticas visam garantir os interesses dos especuladores e dos oligopolistas.

11 de dezembro de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –38.2 – MERCADOS II

Os povos semitas adoravam o deus Baal, também designado por Moloch, ao qual eram feitos sacrifícios humanos. No ventre do colosso de metal com cabeça de touro, ardia então uma fogueira para onde eram lançadas crianças e adolescentes para obter os seus favores. Conta-se que estando Cartago cercada pelos romanos de Cipião, na cidade-estado se faziam sacrifícios a Baal: o monstro reverberava, com o metal em brasa, mas sem sucesso.
Vivemos o tempo de um novo deus que domina a Humanidade e ao qual são oferecidos sacrifícios humanos: dão-lhe o nome de “mercados”.
Fome, pobreza, devastação ambiental. Por razões derivadas da pobreza extrema morrem cada dia 50 000 seres humanos, 18 milhões por ano, a maioria dos quais crianças, segundo a OMS. A Unicef atribui a morte de 5 milhões de crianças por ano apenas a causas derivadas da subalimentação São os sacrifícios que os povos fazem na vã tentativa de atingirem aquela espécie de paraíso que seria o “mercado perfeito”.
Os teólogos da designada “economia de mercado” dizem que a criação e a repartição de riqueza é feita de modo eficiente pelo mercado, contudo como a vida mostra o mercado a que se referem tem sido o grande gerador de desigualdades e crises económicas, sociais, ambientais. Os que detêm maior poder de mercado orientam esta repartição no seu interesse.
Tal como noutras religiões, a do mercado promete recompensas para os fieis seguidores, ameaça com castigos para os incumpridores. São assim postos em prática “Planos de Ajustamento Estrutural”: que consistem em privatizações, inclusive de serviços sociais criando monopólios privados; na forçada integração no mercado mundial, com a tónica posta nas exportações, desprezando o mercado interno, liquidando a produção nacional em vastas áreas. Este fator destrutivo do tecido económico e social está hoje à vista de todos não só nos países ditos em desenvolvimento, mas atingindo as economias Europeias mais frágeis.
Por meio destes esquemas e da dogmática que assiste a doutrina neoliberal da “economia de mercado”, monopólios e oligopólios (forma mitigada de monopólio) actuam livremente (é esse o objetivo) com a concorrência subvertida por acordos tácitos ou não. Verdadeiramente o mercado concorrencial apenas existe para as PME, mas o que estas vêem não é o mercado como os teólogos do mercado dizem: é uma simulação organizada pelos oligopólios que controlam tecnologia, crédito, fornecedores e consumidores, determinando os preços e a procura.
Cerca de 200 gigantescas transnacionais dirigem o essencial da economia em praticamente todo planeta. Estas empresas pertencem a seis países: Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Suíça. O seu volume de negócios era superior ao PIB de todos os países fora da OCDE; 147 grandes transnacionais controlam direta ou indiretamente 40% da riqueza mundial. Um punhado de oligarcas comanda efectivamente os destinos do mundo e das pessoas, são escassas centenas de homens, em conluio, tal como os patrícios romanos. E no entanto, vão-nos dizendo que o mercado é como o ácido que decapa e corrói as rendas e os monopólios...
Podemos assim compreender o que significa a palavra “mercados”: trata-se do planeamento feito por oligopólios que se determinam com apoio dos governos apenas em função dos seus estritos interesses, porque nem na teoria nem na prática reconhecem outros. Salários, preços, distribuição de rendimento, condicionamento dos consumidores e dos governos, tudo é estabelecido em conformidade com o que mais lhes convenha. As tecnologias mais avançadas e mais lucrativas são eles que as dominam, pois só eles dispõem dos capitais para o efeito.
Que racionalidade e eficiência trouxe o mercado? Que racionalidade existe para quem vive na pobreza, sem meios e sem emprego? Uma economia que não assegura a subsistência e a segurança para os indivíduos e as famílias poderá falar em valores e remeter o assunto para escolhas ou culpabilizar as pessoas quando o desemprego, a miséria, a fome alastram pelo mundo?
Os teólogos do neoliberalismo falam como se o mercado fosse uma abstracção metafísica, um conceito fora da matéria social e dos interesses particulares. Os mercados financeiros, paradigma do mercado livre, tornaram-se no exemplo mais evidente da falta de racionalidade e da ineficiência.
Eis um exemplo da eficiência da “economia de mercado”. É relatado que se vai proceder ao despedimento de cerca de duas centenas de trabalhadores de uma fábrica que fecha. A empresa deslocaliza-se para um país onde os “custos salariais” são inferiores e, obviamente, os lucros maiores. O comentador  faz um ar desolado (estará?), mas diz que são “as duras leis do mercado”. O mercado da política de direita é isto: dureza para uns, mais lucros para outros.
A “economia de mercado” não passa, pois, de um esquema económico que não existe na realidade, dominado por empresas gigantes que controlam os mercados tanto do lado da oferta como da procura. Os economistas ao serviço desta ideologia ganharam a arrogância intelectual que o poder do dinheiro lhes facultou impondo as suas teorias na política e no ensino. Afinal sabiam tudo, não previram nada. Ou temos de considerá-los ignorantes ou coniventes com as fraudes e as mentiras que desencadearam as crises Os economistas do sistema pretendem apenas justificar a ordem existente ou nem isso, apenas convencer as pessoas a não pensar, a conformarem-se na base de inevitabilidades.
A economia de mercado é a economia que resulta do processo de manipulação e condicionamento dos desejos das pessoas, pela sedução ou pela força; ora através de técnicas da psicologia aplicada atribuindo-se isso à sua livre escolha, ora pela repressão. Nos países mais ricos, a compulsão não se faz directa e abertamente, faz-se ao nível do subconsciente. É como um vírus insidioso que adormece e destrói o pensamento crítico.
A partir do momento que o Estado se torna uma entidade que não deve interferir no mercado os interesses colectivos e as necessidades sociais são subvertidos pelos interesses privados mais poderosos.

10 de dezembro de 2011

Um indicador claro

As chamadas medidas de austeridade são  sempre apresentadas como atingindo todos com equidade.
Não há governo que não encha a boca com a sensibilidade social. As medidas que tomam são sempre justas e têm sempre em conta os mais desfavorecidos...Quando questionados dizem- nos sempre que o capital é tão atingido como os rendimentos do trabalho.... Blá Blá Blá.
Assim sendo como explica o PS o PSD o CDS  e os seus governos que Portugal continue a ser o país mais desigual da União Europeia, tal como mais uma vez nos reveloua OCDE ?
Há algum mistério nisto ?

9 de dezembro de 2011

Agora,não serão só os bancos e os Estados

SEGUROS


As companhias de seguros que têm estado muito "caladinhas ", mas que há muito se sabia da sua situaçãodifícil ,designadamente em matéria de activos com carteiras de de títulos de valor muito duvidoso, são também agora alvo das ditas agências de notação. A S&P colocou em vigilancia negativa a Allianz,Aviva, Axa ,Generali,Cnp assurances...

Notícia de L.Ech.

L'agence d'évaluation financière Standard and Poor's (S&P) envisage d'abaisser jusqu'à deux crans la note de l'assureur mutualiste Groupama SA, s'inquiétant de l'affaiblissement de sa situation financière, selon un communiqué publié vendredi.

Un abaissement de deux crans, de "BBB" actuellement à "BB+", ferait basculer Groupama dans la catégorie dite spéculative, qu'évitent certains investisseurs. S&P prévoit de se déterminer quant à l'évolution de la note de l'assureur dès la semaine prochaine, selon le communiqué.
L'agence craint que "la situation financière et le niveau de solvabilité réglementaire ne soient davantage affaiblis dans un contexte de marché très difficile, au point qu'ils ne soient plus compatibles avec une note BBB".
S&P mentionne notamment l'effacement de 50% de la valeur des obligations d'Etat grecques et les provisions liées aux participations de Groupama dans des institutions financières, comme Société Générale (dont l'assureur détient 4,25% du capital).
L'agence indique évaluer actuellement les conséquences du plan stratégique élaboré par la direction pour redresser les finances du groupe.
S&P s'intéresse en particulier à l'issue des négociations en cours avec la Caisse des dépôts concernant la cession de la participation de Groupama dans la foncière Silic (44%).
Si l'agence venait à considérer que ces négociations ne trouveront pas de conclusion à court terme, elle pourrait abaisser la note de Groupama de deux crans.
L'affaiblissement de la situation financière de Groupama depuis l'été a entraîné la révocation du directeur général Jean Azéma fin octobre.

O diktat alemão

O  acordo  da Cimeira europeia de ontem é um acordo de submissão dos países da zona euro às exigencias da Srª Merkell.
Um acordo que vai prolongar a recessão, agravar a situação social das economias dos países perifericos e que está longe de constituir uma barreira à especulação dos ditos mercados.
Um salto para um federalismo institucional sem meios financeiros. nem medidas de slolidariedade ou de compensação. Não há a dita bazooka financeira, nem o emprestador de último recurso mesmo de forma indirecta através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, ou do novo mecanismo o MEEF.
Este novo Fundo fica com um limite máximo de 500 mil milhões de euros - imposição alemã-e o reforço do FMI  também ontem decidido não tem que se conheça os financiadores que se vão chegar à frente.
Da Cimeira também ficou claro que aquela rapaziada tudo fará para que os povos não tenham voz directa sobre o assunto. A democracia é uma subtileza desnecessária.
A Cimeira garantiu também que os privados não pagarão futuros imcumprimentos ou anulações de dívidas. Os especuladores gostaram e as bolsas subiram... No futuro as idas ao mercado dos diversos países da UE não irão ficar desertos , mas naturalmente com juros agiotas ! Ainda por cima garantido que alguém pagará .

8 de dezembro de 2011

Quem tinha razão ?

Quando o BCE aumentou a taxa directora em maio e novamente em junho  os comentadores de serviço
alinharam na justificação de que  o crescimento na europa era sustentado e que a ameaça era a inflação.
Dissemos e repetimos que o crescimento era muito débil, que os problemas no essencial se mantinham , que a questão cental era o crescimento economico e não a inflação e que o aumento da taxa directora era um erro e um impulso  à recessão económica.
Agora que  a estagnação é uma evidência e uma nova recessão espreita, o mesmo BCE  já cortou a taxa directora em novembro e hoje novamente , anulando os aumentos anteriores.
Ao mesmo tempo  tomou mais medidas para ajudar a liquidez da banca.
A Autoridade Bancaria Europeia reviu em alta as necessidades de capitalização da banca estimando as necessidades em 114,7 milhares de milhão de euros para atingirem os rácios de capital até julho. 26,2 milhares de milhão para a Espanha ,15,4 para a Itália ,13,1 para a Alemanha, 7,3 para a França ...
E quem paga ,mais uma vez, é o zé!
Veja-se o extrato do artigo de L.C. sobre as medidas do BCE: (...)

Les nouvelles dispositions sont de trois ordres, une fois décidée aujourd’hui une baisse de son taux directeur à 1% : un allongement de la durée de ses prêts à 36 mois (trois ans), un assouplissement des conditions d’éligibilité du collatéral apporté par les banques en garantie de leurs emprunts, en raison de la pénurie précédemment évoquée, ainsi que l’abaissement de 2% à 1% du niveau des réserves obligatoires des banques, le montant que les banques doivent placer à la BCE lorsqu’elles accordent un prêt. Cela fait suite à la mise à disposition de dollars, suite aux accords déjà intervenus avec les autres banques centrales, dont la Fed, pour suppléer à la défaillance des fonds monétaires américains, qui se sont retirés du marché par prudence.
Au final, la BCE se substitue aux marchés, pour le temps qui faudra et les montants qui seront nécessaires, aux meilleures conditions. Il est anticipé que les problèmes rencontrés par les banques seront de longue durée.
D’autres dispositions ont été prises ou sont en passe de l’être, afin d’aider au renforcement des fonds propres des banques. On a déjà fait état de la réévaluation de leurs modèles internes permettant de pondérer le risque de leurs actifs, afin de déterminer la valeur de leur engagement et partant, le ratio exprimant le rapport entre celui-ci et leurs fonds propres. Mais il serait question de revenir si besoin est sur l’exigence – formulée par l’Autorité européennes des banques – de valoriser la dette souveraine au prix du marché. Dans les deux cas, il s’agirait donc d’améliorer le ratio des banques, non pas en renforçant leurs fonds propres mais en améliorant comptablement la valeur des actifs qu’elles détiennent.
En dernière ligne de défense, et si nécessaire, il ne restera plus comme seule issue que d’apporter aux banques un soutien public. Les Français ont comme d’habitude expliqué que cela ne serait pas nécessaire, tandis que les Allemands réactivaient le Soffin, le fonds précédemment mis en place à cet effet, qui pourrait procurer aux banques des garanties allant jusqu’à 400 milliards d’euros. Bruxelles a entretemps prorogé l’activation des règles relatives aux autorisations d’aides publiques aux banques.
Que constater, si ce n’est que les deux faces de la crise de la dette, publique et privée, se contaminent réciproquement ? Elles ne bénéficient pas du même traitement, mais leur effet conjugué va faire encore plonger davantage l’économie dans la longue période de récession qui s’annonce, les États n’ayant plus de marge de manœuvre.
Quant à la dette publique, un nouveau montage financier est parallèlement à l’étude, afin de créer un pare-feu – la nouvelle expression en vogue – au cas où les choses tourneraient mal pour l’Italie et l’Espagne. Il est dorénavant question d’un double contournement. Non seulement le FMI serait utilisé afin d’éviter que la BCE ne soit en première ligne, mais la contribution de celle-ci ne serait plus sollicitée, les banques centrales nationales suppléant au financement du FMI à sa place, qu’elles appartiennent ou non aux pays de la zone euro. On voit toutefois mal la Bundesbank souscrire à ce montage, alors que Mario Draghi vient de refroidir les espoirs de tous ceux qui espèrent vainement en la BCE et avaient interprété ses propos précédents comme une ouverture, qu’il a aujourd’hui démentie ! Ce que la BCE fait pour les banques, elle ne le fait pas pour les États, mais les marchés ne s’en satisferont pas. L.C.


A Islândia

A Islândia depois de recusar pagar os juros agiotas e de prender os banqueiros não só continua a ter acesso aos mercados como apresenta índices de crescimento economico e de desenvolvimento social muito supertiores aos da maioria dos países erropeus. O povo não foi nas chantagens do capital financeiro nem se assustou com os burocratas de Bruxelas. E mandou às malvas os doutos economistas e os comentadores de serviço propagandistas das inevitavilidades.
Ver:
/http://enpositivo.com/2011/12/la-revolucion-islandesa-consigue-triplicar-el-crecimiento-del-pais/


Gracias a la revuelta social
Islandia triplicará su crecimiento en 2012

En Positivo


Consiguió acabar con un gobierno. Encerró los responsables de la crisis financiera a la cárcel. Empezó a redactar una nueva Constitución hecha por ellos y para ellos. Y hoy, gracias a la movilización, será el país más próspero de un occidente sometido a una tenaz crisis de la deuda. Es la ciudadanía islandesa, cuya revuelta en 2008 fue silenciada en Europa por temor a que muchos tomaran nota. Pero lo lograron.
Gracias a la fuerza de toda una nación, lo que empezó siendo crisis se convirtió en oportunidad.

Una oportunidad que los movimientos altermundistas han observado con atención y lo han puesto como modelo realista a seguir.

Desde En Positivo, consideramos que la historia de Islandia es una de las más buenas noticias de los tiempos que corren. Sobre todo después de saber que según las previsiones de la Comisión Europea, este país del norte atlántico, cerrará el 2011 con un crecimiento del 2,1% y que en 2012, este crecimiento será del 1,5%, una cifra que supera el triple que la de los países de la zona euro. La tendencia al crecimiento aumentará incluso en 2013, cuando está previsto que alcance el 2,7%.

Los analistas aseveran que la economía islandesa sigue mostrando síntomas de desequilibrio. Y que la incertidumbre sigue presente en los mercados. Sin embargo, ha vuelto a generar empleo y la deuda pública ha ido disminuyendo de forma palpable.

Este pequeño país del periférico ártico rechazó rescatar a los bancos. Los dejó caer y aplicó la justicia sobre quienes habían provocado ciertos descalabros y desmanes financieros.

Los matices de la historia islandesa de los últimos años son múltiples. A pesar de trascender parte de los resultados que todo el movimiento social ha conseguido, poco se ha hablado del esfuerzo que este pueblo ha realizado. Del límite que alcanzaron con la crisis y de las múltiples batallas que todavía están por resolver. Sin embargo, lo que a En Positivo nos parece digno de mención es la historia que habla de un pueblo capaz de comenzar a escribir su propio futuro, sin quedar a merced de lo que se decida en despachos alejados de la realidad ciudadana. Y aunque sigan existiendo agujeros por llenar y oscuros por iluminar.

La revuelta islandesa no ha causado otras víctimas que los políticos y los hombres de finanzas. No ha vertido ninguna gota de sangre. No ha sido tan llamativa como las de la Primavera Árabe. Ni siquiera ha tenido rastro de mediática, pues los medios han pasado por encima de puntillas. Sin embargo, ha conseguido sus objetivos de forma limpia y ejemplar.

Hoy por hoy, su caso bien puede ser el camino ilustrativo de los indignados españoles, de los movimientos de Occupy Wall Street y de quienes exigen justicia social y justicia económica en todo el mundo.

7 de dezembro de 2011

O Plano para contornar a ratificação dos tratados e a vontade dos povos

As  cooperações reforçadas
Através do mecanismo das cooperações reforçadas e de mecher apenas no anexo do tratado de Lisboa
pretende-se alterar os tratados e evitar a consulta aos povos.Mais um golpe formal para evitar as delongas da democracia...
E como vão confessando o objectivo é o de tornar o Euro moeda de resrva internacional disputando terreno ao dólar. As economias dos países mais débeis que aguentem. A Alemanha quer tudo.Mas esquecem-se que há o outro lado do atlântico,e que sem o BCE se transformar em credor de último recurso quer directamente ,quer indirectamente financiando o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira a  ssituação vai continuar a gravar-se..Sem crescimento economico e sem a reestruturação das dívidas, o desendinvidamento público e privado vai ser cada vez mais difícil.

Les propositions de Van Rompuy, plus ambitieuses que celles de Paris et de Berlin

Le président du Conseil européen, Herman Van Rompuy, qui a consulté l'ensemble des chefs d'Etat et de gouvernement européen, propose dans un document de 5 pages envoyé hier à toutes les capitales un plan de sortie de crise qui inclut les propositions franco-allemandes mais va plus loin. Ainsi fait-il référence à un nouveau «  pacte budgétaire » (« fiscal compact »), l'expression utilisée la semaine dernière par le président de la Banque centrale, Mario Draghi... Le document classe les mesures entre les «  faciles  » et les plus «  difficiles », fonction du temps que voudront ou non se donner les dirigeants européens. Obliger chaque Etat membre de l'Union à avoir une « règle d'or », la Cour de justice contrôlant leur bonne adoption, pourrait aller vite. De façon plus ambitieuse, l'application de sanctions automatiques souhaitée par Angela Merkel et Nicolas Sarkozy nécessite une réécriture de l'article 136 des traités, explique-t-il, et donc une négociation plus longue.

« Coopérations renforcées »

Pour aller plus loin, Herman Van Rompuy rappelle le mécanisme des «  coopérations renforcées  » pour permettre à la zone euro d'intégrer davantage les politiques fiscales et sociales de ses Etats membres et il défend la perspective d'aller à terme vers des euro-obligations. «  Un tel processus soulignerait le caractère irréversible de l'euro, donnerait une perspective de long terme aux questions de financement et renforcerait le rôle de l'euro comme monnaie de réserve mondiale  », dit-il dans le rapport. «  En même temps, cela représenterait aussi un mécanisme très puissant pour la discipline budgétaire.  » Enfin, il suggère d'accélérer la mise en place du fonds de secours permanent, d'aligner ses règles sur celles du FMI, y compris ses règles de vote, d'affirmer une nouvelle fois que le cas grec est unique, comme le souhaitent Paris et Berlin. Il propose en sus que ce fonds soit une institution de crédit, soit doté d'une capacité de prêts supérieure à 500 milliards d'euros et soit accompagné par le renforcement du FMI via des prêts bilatéraux européens.
A. B. L Ech.

O Milagre do BPN


E o milagre do BPN!

Em letra gorda dizem-nos (Diário Económico de 6/12/2011) que o BIC vai pagar 40 milhões de euros pelo BPN!
Em letras pequenas e na mesma notícia dizem-nos que o “Estado vai realizar no BPN um aumento de capital de 550 a 800 milhões de euros, antes da transferência para o BIC, de forma a equilibrar os rácios de solvabilidade do Banco”.
E é claro que quem é o “Zé”!
O subsídio de Natal para os amigos de Cavaco e do PSD!
Depois vêm falar-nos das gorduras do Estado!

O dito milagre da Irlanda !


O milagre da Irlanda!

Soube-se ontem que no mesmo dia em que a Itália apresentou o seu plano dito de austeridade o governo Irlandês  apresentou também mais um plano de aperto do cinto aos mesmos do costume. O chamado “reforço de austeridade” a que a Irlanda foi obrigada vai levar a novos cortes da despesa em 2,2 mil milhões de euros e ao aumento de impostos em 1,6 mil milhões de euros no quadro do Orçamento de 2012.
Os maiores cortes onde se vão verificar? 
Como sempre, os maiores cortes são nos sectores da saúde, segurança social e educação.
E os propagandistas do milagre Islandês remeteram-se ao silêncio, não dizem nada?

6 de dezembro de 2011

Para memória futura...

Na entrevista ao jornal Público do passado domingo, o Sr. Primeiro Ministro afirmou que "..Há um excedente de 2 mil milhões de euros para injectar na economia". Tal frase na actual conjuntura de profunda crise, deixou muitos portugueses admirados. Afinal, pensaram esses portugueses, temos um Governo que no actual contexto extremamente adverso, conseguiu desencantar 2 mil milhões de euros para injectar na economia. Que maravilha!

Bem vistas as coisas aquilo que o Sr. Primeiro Ministro pretende fazer é tão só desviar do Orçamento da Segurança Social estes 2 mil milhões de euros que irão ser transferidos com os fundos de pensões da Banca Privada. Ao fazê-lo estará naturalmente a descapitalizar a Segurança Social, aqual se vê sem este dinheiro, mas mantem a responsabilidade de pagar a partir de Janeiro próximo as pensões de reforma de cerca de mais 27 mil pensionistas bancários.

É claro que estes 2 mil milhões não são precisos de imediato, mas a verdade é que se ficassem na Segurança social seriam objecto de aplicação financeira, que renderia juros até serem necessários, sendo desviados pelo Governo para amortizar dívidas das administrações públicas, são gastos de imediato.

Para memória futura, quando os detractores do Sistema de Segurança Social Pública e Universal, vierem argumentar com a sua insustentabilidade, teremos de lembrar-lhes esta e outras decisões destes Governos que, mais do que os desequilíbrios demográficos a que vimos assistindo, contribuiram para a degradação financeira da Segurança Social.

5 de dezembro de 2011

FUGA PARA A FRENTE


Rebelión- Josetxo  Ezcurra.

O Directório das grandes potências pensa que se dá resposta à crise com medidas institucionais , no caso concreto,  com a fuga para a frente no federalismo. Mais uma ilusão. É mais um passo para o reforço do domínio dos grandes , mais um passo  para uma União Europeia cada vez mais anti- democratica que fará rir os especuladores , os ditos mercados. Ainda não perceberam que sem crescimento. sem reestruturação das dívidas, sem uma mais justa distribuição do Rendimento Nacional e sem uma alteração da política do BCE quer monetária - euro menos valorizado - quer quanto aos Estados- compra directa da dívida dos Estados não há resposta m´nima à crise. As políticas de austeridade , de redução dos défices a mata cavalos , conjuntamente com novas medidas contraccionistas e federalistas são um bom coctail para a recessão e o aumento do desmprego

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –38.1 – MERCADOS I

O Sr. Ministro da Finanças justifica a insanidade que constitui o atual OE, com: “ganhar a confiança dos mercados”. O mercado ou “os mercados” são assim transformados numa espécie de entidade sobrenatural à qual nos devemos submeter. Do ponto de vista teórico, há nisto algo de irracionalidade medieval.
Os mercados são estúpidos, irracionais, egoístas e imprevisíveis? São. Os mercados são necessários? São. A competitividade avalia-se no mercado? Sim. Podemos entregar a política económica e social às orientações e à confiança que os mercados definem? Nunca. Em que ficamos?
De facto, há diferentes formas de “mercado” com características muito diferentes: o mercado do mono e oligopolista e o mercado das MPME.
O mercado é uma realidade. Desde que exista compra e venda de bens ou serviços, há o que podemos chamar actividade mercantil. Mercado livre é aquele em que os preços podem reagir livremente à oferta e à procura. Aquilo a que se chama o mercado livre torna-se justamente no seu contrário, se não houver outros princípios que o regulem em função dos objectivos de toda a sociedade, isto é sociais.
Já Adam Smith escrevia em “O Sentimento Moral que “onde não houver enquadramento moral, sensibilidade, ética, o mercado acabará por dominar todos os outros sectores e por fim devora-se a ele próprio”. É justamente o que ocorre.
Certo comentador dizia feliz da vida – lá saberia porquê – que os políticos estão a fazer o que os mercados indicam. Os mercados estão a obrigar os políticos a tomar decisões em vez de ser o contrário! – referia deliciado e contente perante os garrotes de austeridade, desemprego e pobreza que “os mercados” impõem.
Na realidade, o mercado não é uma entidade abstracta, a “economia de mercado” funciona em função dos interesses dos que detêm e controlam o poder económico, encobrindo-se com a metáfora do “mercado”: “O mercado é uma organização social. Os resultados do mercado reflectem a conduta dos participantes humanos no mercado” (1) Por outras palavras o mercado não funciona sob nenhuma mão invisível, mas de acordo com as relações de produção existentes na sociedade. “O mercado foi transformado de uma abstracção numa forma de vida e converteu-se em actor em lugar dos seres humanos que nele operavam “.Há que compreender que a regulação regula a conduta humana, não o mercado. Há que compreender que o problema da regulação é ser realizada por seres humanos defeituosos. Há exemplos intermináveis de reguladores – por certo governos inteiros – que são dominados pelos interesses privados que supostamente deviam regular”(1)
Sob a capa ou a ilusão do mercado livre, livre de regulação acrescente-se, dá-se origem aos grandes grupos oligopolistas que acabam por iludir essa mesma concorrência e controlar factores de produção determinantes para toda a economia (energia, comunicações, crédito, etc.).
Além disto há uma questão não incorporada na teoria: a corrupção, a fraude. E no entanto são o derivado da lógica capitalista do máximo interesse individual.
Como não existe nem mercado nem concorrência perfeita é ilusório esperar que a eficiência seja obtida pelo livre jogo do mercado. A concorrência é imperfeita na medida que os agentes económicos disponham de diferentes poder de mercado (caso dos mono e oligopólios, carteis, etc.).
Querer explicar os mecanismos económicos pelo mercado é esconder o real funcionamento da economia, e o que está por detrás dos mercados como se fossem uma entidade independente da estrutura social, um absoluto a que tudo se deve subordinar.
Quando as ciências não tinham suficientes conhecimentos para explicar os fenómenos eram introduzidos conceitos relativamente abstractos e contraditórios, como o “flogisto” (explicava a chama) ou o “éter” (explicava a propagação de ondas no vazio), ou os “humores” na medicina, os “espíritos” na alquimia, etc.
As explicações que remetem para os “mercados” não vão muito mais longe: são a linguagem da crendice. Então o que provoca as crises? Por que existe desemprego? Por que não há investimento? Para tudo isto: o mercado! Mas não perguntem quem controla os mercados, quem define as regras e porquê. Estas questões não são postas.
O mercado aparece como um postulado que não se questiona e sobre o qual se constrói a economia política do sistema: a maximização do lucro, independentemente dos custos sociais.
A eficiência económica baseada na maximização do lucro exige que nenhum dos intervenientes disponha de maior poder de mercado que os demais, ou seja, o designado “mercado perfeito”. Não sendo assim, a orientação dada pelos preços de mercado não será eficiente, muito pelo contrário, estaremos a afastar-nos da eficiência económica quer ao nível de cada país quer ao nível global.
Mas mercado perfeito em relação a quê? Restringindo direitos sociais? Dominado por oligopólios? Perante a pobreza, as crises sociais e ambientais que avassalam o mundo serve-se o “pão da mentira” e vai-se parafraseando a rainha santa: em vez de “são rosas senhor” dizem-nos “é o mercado senhores”.
Dizem que os problemas sociais serão resolvidos de forma eficiente pelo mercado, nunca com a interferência do Estado e que o mercado é como o ácido que corrói as rendas e os monopólios.
Falso. O que vemos, muito pelo contrário, é que com o álibi do mercado aumenta o poder dos oligopólios e da finança especuladora à qual tudo se subordina, reduzem-se salários, eliminam-se apoios sociais. O Estado é efectivamente a única entidade que pode – sublinhamos que pode – contabilizar custos sociais. Todas as outras entidades só podem contabilizar custos privados. E o resto, sim, são mitos e processos de alienação.

1 - Paul Craig Roberts fue editor del Wall Street Journal y secretario adjunto del Tesoro en el gobierno de Ronald Reagan. Su último libro, How the Economy Was Lost, ha sido publicado recientemente por CounterPunch/AK Press. Se le puede contactar en: paulcraigroberts@yahoo.com. Fuente: http://www.counterpunch.org/roberts07152010.html (citado de www.rebelion.org)