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26 de julho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO 25.2 - FEDERALISMO, O PLANO B PARA A UE. E QUAL É O PLANO C?
Há quem com sinceras preocupações sociais opte como solução para os problemas da UE o federalismo. Diga-se desde já que neste aspecto estão em muito má companhia, por detrás deste conceito perfila-se gente do mais tenebroso – e perigoso - ideologicamente, a requentados demagogos, ilusionistas da política que sem pejo têm feito sempre o contrário do que dizem, são as suas inevitabilidades, a chantagem política sobre o eleitorado, a forma de autoproclamados indefectíveis democratas driblarem a própria democracia, isto é, a vontade do povo.
Só a verdade é revolucionária – lembremos. E tudo neste tema se faz para escondê-la ou adiá-la, começando por tentar iludir os problemas da dívida que aflige praticamente todos os países da UE.
Sob o conceito do federalismo europeu encerram-se ideias e concepções muito diversas, desde boas intenções baseadas na filantropia e solidariedade até princípios profundamente reaccionários de total domínio e repressão de interesses financeiros sobre os povos.
Contudom o mais aparente do federalismo  é afinal dizer que se quer mudar a prática da UE sem alterar nada: as mesmas pessoas, os mesmos preconceitos anti-Estado, as mesmas ideologias políticas, os mesmos tratados, que teriam no entanto de ser profundamente reformulados. Tarefa que se começasse agora com boa vontade de todos – algo no domínio da mais ingénua utopia – estaria concluída no mínimo dentro de uns bons 5 anos para entrarem em vigor. Isto é, quando pelo caminho que vai, a UE estará – é de prever - em situação tal que a configuração federal não será aplicável nos moldes que os bem-intencionados conjecturam.
Pois bem, então que federalismo? O que o sr. Trichet (porta voz de que interesses?) disse em Aachen ao receber o prémio Carlos Magno (ver 25.1 – “União” Europeia - julho.2011) Ou o modelo norte-americano?
Sem entrar em detalhes históricos de como foi alcançado (uma sangrenta guerra civil) digamos que na Europa não haverá nada que se assemelhe. Porquê? Porque teríamos em Portugal, na Grécia, nos países Bálticos, na Polónia ou na Irlanda, benefícios sociais equivalentes aos da Alemanha, da Bélgica, da Holanda, pagos pelo Estado Federal. Seria necessário que o salário hora fosse idêntico – pelo menos em termos de poder de compra (PPS) no espaço europeu. Seria necessário que os serviços sociais públicos, pensões, forças armadas, parte federal do ensino e da segurança, etc., fossem mantidos pelo Estado Federal e não contribuíssem para aumentar a dívida de cada Estado. Seria necessário que o sistema de impostos fosse igual em toda a UE. Além disto implicaria que os consumos federais (nos EUA o maior cliente a nível nacional) fossem distribuídos de forma a favorecer regiões mais desfavorecidas e PME (como nos EUA está previsto). Implicaria além disso que os juros da dívida fossem iguais para todos os Estados. O FED não empresta aos bancos a 1% para estes cobrarem ao Estado conforme melhor acharem com os álibis que melhor entendem, pois o mercado serve para tudo, menos para proteger as populações dos predadores financeiros.
O federalismo é uma fuga em frente contando com a boa vontade alheia, algo que se tem mostrado mais que duvidoso. Com as ideias de avanço para o federalismo expressas nos tratados da UE e do Euro foram aceites condições que desarmaram os países mais frágeis perante a prepotência da finança e dos países mais fortes. Isto já era evidente desde a entrada na CE que conduziu de forma acelerada à desindustrialização e à degradação da agricultura e pescas no nosso país. Pode dizer-se que aqueles tratados foram uma espécie de novos Munique (1939). Sabemos o que aconteceu então. Agora o que se impõe aos países vitimas daqueles tratados é algo que encontra paralelo no tratado de Versailles (1919). Eis a História a repetir-se, com a farsa da solidariedade e dos ideais europeus.
Que relação de forças existe para conseguir um federalismo consequente que permita o livre desenvolvimento e desempenho em condições de igualdade a todos os Estados, quando a Europa é dominada por fundamentalistas neoliberais e interesses usurários? Quando a Alemanha convoca primeiro a França e o fundamentalista Trichet, dita-lhe as condições e estes vão depois perante o Conselho apresentar factos consumados. Os demais membros, no papel de títeres e tartufos, vêm cá para fora aplaudir.
Diz-se que “o combate tem de ser feito a nível europeu”. Trata-se de mais um espantoso jogo de palavras. Combate para conseguir o quê? Os valores que o governo PS pôs em prática? Os do FMI e do BCE? Combate com quem? Com gente submetida à burocracia de Bruxelas? Onde está o povo neste processo, pela parte dos que tudo fizeram para evitar a discussão e que se referendassem aqueles tratados?
Trata-se da parte de alguns de nada dizerem para irem enganando toda a gente com frases onde cada qual ponha os seus desejos. São os habituais tartufos para os quais a palavra serve para esconder o pensamento, e aqueles em que na sua deliquescência ideológica se permitem inconsequências nas quais não têm a mínima intenção de perseverar. Aceito contudo que haja quem sincera e consequentemente veja no federalismo uma via para a resolução do projecto europeu. Porém como, se nem sobre uma simples renegociação da dívida de países à beira do desastre tal vontade se vê, limitando-se a adiar a resolução dos problemas de fundo, como acreditar que se atinja com esta gente um federalismo solidário entre Estados – e não formas camufladas de colonialismo, que é o que o sr. Trichet e a Dona Merkel têm em vista?
Renegociar dívidas não é nada do outro mundo, como gente submetida aos interesses oligárquicos vocifera. Desde o final da 2ª guerra mundial houve cerca de centena e meia de renegociações de dívida – sendo o primeiro país desta série a renegociar justamente a Alemanha Federal – renegociações que se processam no presente (ver Dívidas I – Maio.2011).
Portanto, a questão a colocar acerca do federalismo como solução para os problemas da UE, é a seguinte: se o almejado federalismo, que reconstituiria a utopia europeia não se concretizar, se vingar o “federalismo” “Merkle-Trichet”, isto é, se falhar o plano B, qual será então o plano C?
OS MINISTROS TÉCNICOS E A TÉCNICA DOS MINISTROS
Os elogios dados pelos comentadores do costume ao elenco do novo governo – de ideias velhas – pareceram mais ao estilo de adeptos do clube antes do jogo, do que analistas políticos, mas isto já não espanta. Hão-de mais tarde encontrar justificações para os desaires e novas promessas de forma a manter o apoio dos adeptos. O costume.
Muito se extasiaram perante os curricula técnicos dos diversos elementos e considerou-se uma qualidade relevante “não serem políticos”. Passemos por alto terem com isto demonstrado ou não fazer a ideia do que seja fazer política ou a habitual fórmula de distorção para tornar a realidade opaca (ver “Política e Políticos” - Março.2011), assim o que me ocorreu foram os textos do “Pequeno Dicionário” sobre burocracia e burocratas, neste blog (“Burocracia I e II” – Abril.2011).
“Os países deixaram de ser governados pelos seus eleitos. Uma clique de burocratas a mando dos “novos senhores do mundo” – na expressão de Jean Ziegler – dirige de facto os povos com a imposição de regras, directivas, resoluções que apenas servem o interesse de uma mais que restrita camada de bilionários. Quem são estes burocratas?
Foram óptimos alunos em escolas de prestígio, apreenderam incriticamente tudo o que lhes foi leccionado, preencheram os curricula com pós-graduações, seguiram ciclos de formação dados por enaltecidos gurus das mesmas escolas. Tudo na óptica da especialização e da eficiência amoral, antihumanista. Diga-se que isto custa largas dezenas de milhares de euros ou dólares, só acessível a uma restrita camada social. Claro que há o endividamento para quem não pode tanto – sabemos o resultado.
Tudo para quê? Para criar, na expressão de Stanley Shapiro, antigo reitor da Universidade de Vancouver, “idiotas de terceira geração” *, ou seja, especialistas licenciados, que se diplomam em MBA, seguem cursos de doutoramento dados por outros especialistas, que por sua vez tiveram percurso idêntico, nenhum deles tendo sequer experiência da economia real e muito menos da vida do cidadão trabalhador comum”.
Nas ilusões tecnocráticas de alguns destes ministros não é difícil encontrar o desígnio de “pôr ordem no país”. Um país que no fundo desprezam, que consideram infectado pelo “vírus” do 25 de Abril e para cuja cura será necessário que se submeta às suas técnicas de amputação neoliberais.
Sem mais comentários, que cada um de avalie por si como o desempenho de cada ministro se enquadra nesta configuração.
*- Citado da revista “L’ Éxpansion” dos anos 90, numa entrevista a Thomas Gerrity, prof. da Universidade da Pensilvânia.

25 de julho de 2011

As mesmas manhas os mesmos tiques e o prosseguimento e intensificação da mesma política

Na tomada de posse o Primeiro Ministro não hesitou em apresentar uma medida- extinção dos governadores civis- enquanto Paulo Portas olhava a assistência para ver o efeito do anúncio.
Sócrates tinha feito o mesmo com as férias judiciais...
Apenas marketing.
Depois tivemos o número das viagens de avião em turística com o Primeiro a afirmar que a notícia não tinha saído do seu gabinete e a tentar fazer-nos crer que a comunicação social soube por acaso! Como se não o tivesse feito para que se soubesse.
A medida pode não ter saído do seu gabinete, até era conveniente que assim fosse. Mas alguém acredita que a informação não saiu do governo?
A seguir tal como Sócrates e Durão Barroso lá veio o número do Défice que não se sabia... e as trapalhadas do "Colossal" para justificar o imposto extraordinário levando uma boa parte do subsídio de Natal que tinha jurado não o fazer...Quem tanto criticou o aumento de impostos para reduzir o défice e quem considerou estúpido retirar o subsídio de Natal , não está nada mal, não senhor.
Com este imposto o que o governo pretende é assegurar uma almofada para depois o ministro das Finanças , que só lhe faltam umas asas para parecer um santinho poder dizer que até ultrapassaram as metas fixadas. Sócrates fez o mesmo e até afirmava que ainda estava para aparecer um primeiro ministro que tivesse reduzido o défice como ele!
E o seu ministro das Finanças também compunha a imagem de santidade que não partia um prato.
Mais recentemente temos o episódio da Caixa com a nomeação dos boys isto é dos Varas do PSD e do CDS. A Caixa apesar de só ter um accionista- o Estado- vai ficar com dois Presidentes e com mais três administradores do que tinha! Lá entra Nogueira Leite com a sua Ligação a José de Melo nos negócio da saúde sabendo-se que o governo quer que a Caixa aliene as suas participações nesta área... E entre outros o advogado de negócios, Pedro Rebelo de Sousa ,que até defende um processo da Compal contra a Caixa ! Também o custo do aumento do número de Administradores já não conta.
Paulo Portas Já não vocifera contra os salários e o laxismo das administrações das Empresas Publicas.
Uma vergonha!

23 de julho de 2011

Declaração de Honorio Novo na A.R.

Quinta 21 de Julho de 2011
Senhora Presidente
Senhoras e Senhores Deputados

Quero juntar a voz do PCP à indignação do País contra o colossal aumento do preço dos transportes públicos, (média de 15%), que o Governo anunciou.

Esta é mais uma das medidas previstas no Memorando da Troika que os senhores do Governo e os senhores do PS esconderam do Povo e do País durante a campanha eleitoral.

Centenas de milhares vão agora defrontar-se com a violência inaceitável destes aumentos brutais. Há trabalhadores que podem mesmo não ter dinheiro para pagar transportes e ir trabalhar. Centenas de milhares de portugueses vão agora começar a confrontar-se com as consequências reais das malfeitorias que PS, PSD e CDS negociaram e acertaram com a troika para submeter o nosso País e os seus trabalhadores.

Desenganem-se, porém, o Governo e os partidos da Troika porque um dia destes, como dizia o Poeta pode ser que o “Povo queira um mundo novo a sério”!

Senhora Presidente
Senhores Deputados

O Governo PSD/CDS brindou o País com dois exemplos claros de má gestão e delapidação de dinheiros públicos.

Invocando o Memorando da Troika, o Governo aprescindiu dos direitos especiais que o Estado detinha na GALP, na EDP e na PT, dando “uma borla” à custa dos contribuintes, (nas palavras de Campos e Cunha), aos accionistas privados destas empresas.

O valor económico das acções douradas não é o seu valor facial. Longe disso. O valor real destas acções pode ser estimado em muitos milhões de euros, tem a ver com o poder de influenciar a gestão empresarial que lhes é atribuída. Quando essas empresas foram privatizadas, elas foram vendidas abaixo do preço de mercado por causa dos direitos especiais do Estado. Por isso, no momento em que, por mera opção ideológica, o Governo decide prescindir desse poder, o mínimo que se exigia era defender o interesse público, isto é, o Governo só deveria prescindir dos seus direitos se os accionistas pagassem o verdadeiro valor económico das acções douradas.

Como dizia há dias Octávio Teixeira, esta operação constitui um verdadeiro crime económico contra os interesses do nosso País!

O segundo acto de má gestão e delapidação do património tem a ver com a privatização do BPN, ontem concluída.

Conhecem-se as responsabilidades do Governo PS que decidiu intervir no BPN e deixar de fora um vasto património do grupo SLN/BPN que deveria ter servido para evitar que a factura da acção mafiosa do “bando do BPN” penalizasse os portugueses e o País. Por isso o PCP votou contra a “nacionalização das acções representativas do capital social do BPN”, no que aliás foi apenas acompanhado pelos Verdes.

Mas não foi necessário esperar pela Troika – nem pelo seu memorando - para se perceber o que o então Governo PS mais o PSD e o CDS queriam afinal fazer com o BPN.

A estratégia comum foi sempre clara: transferir para o Estado as consequências das fraudes e crimes de gestores, banqueiros e outros amigos que ao longo de anos se aproveitaram do BPN e voltar depois a entregar o banco limpo a um qualquer grupo privado. A ideia síntese dos partidos da troika, era, (e é), muito simples: nacionalizar os prejuízos, privatizar os lucros!

Primeiro o Governo do PS lançou um concurso para a privatização, que ficou deserto porque que o preço (180m€) e as condições não satisfaziam os apetites privados. Queriam o banco mais limpo e ainda mais barato! Para isso o Governo PS criou três veículos com o “lixo” do BPN, com um valor facial de 3900m€ dos quais 1800m€ incobráveis. Estes até já estão nas contas de 2010, agravando o défice em 1,0% do PIB, aí se juntando aos prejuízos no BPP, 450 m€, 0,3% do PIB.

Agora é o Governo da direita a seguir as pisadas do anterior, a tentar vender o BPN de qualquer forma e maneira, sem qualquer preço base, se necessário retalhado às fatias, uns balcões para um lado, outros para outro, uns créditos para aquele, parte dos trabalhadores para um outro e, claro, mais umas largas centenas de trabalhadores no desemprego.

O valor dos prejuízos que o País já pagou pelo BPN é de 1800 milhões a que se devem somar os 600m€ de aumento de capital que ontem foi exigido por um concorrente. Só que a procissão ainda vai no adro e é possível que o valor final suba bem acima dos 5000 milhões se atendermos às garantias que o Estado continua a dar à Caixa para emprestar ao BPN e agora também às empresas criadas para receber o seu lixo.

Por isso não surpreendem as fugas de informação que anunciam um Orçamento Rectificativo que contemple este e outros apoios à banca e ao sector financeiro.

Nada disto preocupa os partidos da troika. Longe vão os tempos em que Paulo Portas, Assunção Cristas ou Hugo Velosa exigiam saber os prejuízos que o País vai pagar com a falsa nacionalização do BPN.

O BPN tem 1600 trabalhadores e mais de 230 balcões. Recuperado, com marca nova e gestão própria, o BPN podia relançar-se e obter as rentabilidades normais da área financeira. O BPN devia ser um novo banco público vocacionado para áreas específicas, com potencial para poder pagar ao Estado – a todos nós - os prejuízos que os partidos da troika transferiram e querem continuar a transferir para o bolso dos portugueses.

Por isso nos opomos à privatização do BPN.

Por isso voltamos a denunciar hoje mais este acto de delapidação do património e de transferência dos prejuízos privados da banca para o bolso dos trabalhadores e do Povo.

22 de julho de 2011

Ainda a Cimeira-Uma opinião

(,,,)
Por : François . L.
Blog de P. J.
(,,,)
La question essentielle n’est pas posée, et il y est encore moins répondu : quels sont les gisements possibles du développement économique, comment celui-ci peut-il être financé et peut-il contribuer au rééquilibrage économique nécessaire au sein de la zone euro, combiné à la mise sur pied d’une Europe sociale, ce volet qui n’a jamais été construit ?

La dynamique qui vient d’être crée est toute autre. Elle va avoir comme conséquence de devoir abonder le FSFE, dont les moyens actuels ne suffiront pas aux nouvelles tâches qui lui sont imparties, au fur et à mesure que la crise européenne va se poursuivre et impliquer de nouveaux plans de sauvetage. L’allégement de la charge de remboursement des pays qui en bénéficient déjà n’y suffira pas, d’autres pays importants sont déjà sur le pas de la porte.

Du faisceau de raisons qui vont les rendre nécessaires en émerge une principale, élémentaire dans sa simplicité : les mesures de rigueur qui se généralisent et s’accentuent plongent l’Europe globalement dans la récession. L’Allemagne constate d’ailleurs que sa croissance a commencé à diminuer, en raison du recul de ses exportations en Europe, de loin son premier client. Rien n’est prévu pour s’y opposer, sauf une éventuelle simplification de l’accès aux fonds structurels européens pour les pays de la zone des tempêtes, pas chiffrée et pour cause : le budget européen fait déjà l’objet d’une bataille de chiffonniers en ces temps de disette.

Que les apports des pays membres du FSFE soient en cash ou sous forme de garanties, ils vont alourdir le poids de la dette de ceux qui y contribuent. François Fillon, vient d’annoncer que la dette française allait augmenter d’ici 2014 de 15 milliards d’euros, sans affecter le déficit, en raison des engagements pris dans le cadre de ce nouveau plan. Comme déjà relevé, les pays entrés dans la zone des tempêtes ne pourront plus participer à l’effort, laissant à un nombre de plus en plus restreint de pays une charge de plus en plus lourde. Par ailleurs, le taux de 3,5% auquel le FSFE va prêter aux pays en difficulté – ainsi que dorénavant pour des prêts de précaution, destinés à anticiper les crises – est à peine supérieur à celui dont ils bénéficient actuellement sur le marché obligataire, rendant de ce second point de vue également fragile tout l’édifice financier.

Enfin, le FSFE va devoir assumer ce dont la BCE s’est délestée afin d’améliorer son bilan et affirmer son indépendance et procéder à des achats obligataires sur le marché secondaire, afin si nécessaire de tenter de stabiliser les cours. Pour mémoire, la BCE y a consacré à ce jour 74 milliards d’euros.

Pour renvoyer à une problématique chère aux économistes, il y a donc une grande asymétrie de traitement entre les banques et les Etats. Ce qui n’est pas franchement nouveau, mais s’intensifie. Derrière son apparence équilibrée, mettant en avant la participation des banques, le nouveau plan est en réalité un véritable trompe-l’oeil. Il est destiné à justifier la poursuite de la stratégie de la rigueur, après l’avoir ajustée.

Quant au temps qu’il va permettre de gagner, cela dépendra de l’utilisation des outils qui viennent d’être décidés, du calibrage qui va en être effectué et va demander des semaines. Dans un premier temps, les marchés ont signifié que l’insolvabilité de la Grèce devait être reconnue, et non pas niée. Mais, dans un second, ils vont attendre, mais pas longtemps, que les paroles se traduisent en actes, que les Etats réduisent comme promis leurs déficits et réalisent leurs réformes structurelles.

Quant à ce qui pourrait permettre d’éviter que l’Espagne et l’Italie – à propos desquels François Baroin vient de reconnaître que « l’on est passé à côté du précipice »- rejoignent la zone des tempêtes, ils restent sur leur faim.

21 de julho de 2011

Uma regonociação da dívida encapotada

Afinal a diminuição das taxas de juro e o alargamento dos prazos de pagamento sempre eram necessários e possíveis. Quando o fogo começou a rondar a Itália e a Espanha o "Directório" das grandes potências tomou medidas. Até se reuniu de véspera à porta fechada com o Sr Trichet mostrando a bela democracia desta Europa comandada pelos mega bancos...
Para Portugal estas medidas representam um certo alivio sobretudo se os montantes forem reduzidos isto é se não for apenas um alongamento no tempo do serviço da dívida.
Mas como se mantém toda a política restritiva o afundamento da economia vai continuar e o regresso aos mercados estará sempre condicionado.
No geral tratou-se de resolver a dívida privada á custa da da dívida pública ,isto é dos contribuintes.
Publicamos uma opinião que esperamos traduzir em breve.




L’actualité de la crise : OUF, LES BANQUES SONT SAUVÉES ! par François L.
21 JUILLET 2011 |
Billet invité.Blog de P. J.

Les places boursières ont fait connaître leur verdict, les valeurs financières ont rebondi avant même que le sommet de Bruxelles ne soit terminé. Les banques en sont les premières bénéficiaires, BCE compris, tandis que les Etats ont pris sur le dos une charge supplémentaire, si l’on regarde de plus près les mesures adoptées.

Certes, ne fonctionnant pas, la stratégie initiale a été assouplie : les conditions dans lesquelles le nouveau prêt va être accordé à la Grèce vont être plus favorables en termes d’échéancier et de taux. Le montant de la dette du pays, de 350 milliards de dollars, devrait être un peu diminué, si les banques choisissent l’option qui leur est proposée d’une vente de leurs titres au Fonds de stabilité financière. Enfin, l’accès de la Grèce aux fonds structurels européens va être facilité, afin de donner un petit peu de mou dans la laisse. La pente est moins raide, mais la stratégie reste la même.

Par un jeu de vases communicants, ce que la BCE voulait stopper – soutenir la dette souveraine des pays en difficulté par des achats sur le marché secondaire – le Fonds de stabilité financière financé par les Etats va pouvoir s’y engager. Ses missions sont élargies, et il aura également la possibilité d’aider à la recapitalisation des banques, ainsi que de réaliser des prêts préventifs aux pays menacés, sur le mode de ceux que le FMI a lancés. Ce sont bien les Etats qui, via le Fonds, prennent le relais et s’engagent.

Les banques, pour leur part, ont chassé le spectre d’une taxe bancaire qui les menaçait et se voient offrir trois options, telles que l’Institute of International Finance les a elles-mêmes présentées au sommet. Sans entrer dans les détails, qui d’ailleurs ne figurent pas dans le texte de l’accord, trois solutions s’offrent à elles : vendre au Fonds et au prix du marché leurs obligations, les échanger contre des obligations à trente ans dans des conditions non précisées, ou bien rouler leur dette lorsqu’elle arrivera à échéance. Dans ces deux derniers cas, la dette ne sera pas réduite mais profilée, c’est à dire étalée dans le temps. Les incitations correspondantes ne sont pas mentionnées, ce qui est bien dommage ! En résumé, les banques font une bonne affaire, soit en acceptant de faire la part du feu en contrepartie de garanties pour l’avenir, soit en repoussant à plus tard un risque qui était imminent.

Le concert de soulagement et de satisfaction que l’on va entendre va atteindre le Portugal et l’Irlande, dont les conditions de prêt devraient être alignées sur celles dont la Grèce va bénéficier. Mais il est bien précisé que, dans son ensemble le plan destiné à la Grèce est « unique », c’est à dire qu’il n’est pas destiné à un autre pays.

C’est là où les choses vont se compliquer, mais n’anticipons pas… Quel est l’enjeu ? Qu’un nombre de plus en plus réduit de pays européens soutiennent un nombre de plus en plus grand d’autres pays en difficultés. A vouloir tous les plonger dans la récession, c’est cette logique qui va se poursuivre.

La Grèce ne fera qu’un défaut sélectif, si les agences en conviennent ainsi, et ce ne sera pas la fin du monde qui était annoncée, car les banques européennes sont sauves. Reste le cas des grecques, qui trouvera sa solution. Le Fonds de stabilité européen garantirait les titres grecs détenus par les banques grecques et pris en pension par la BCE, tant que les agences maintiendraient un défaut sélectif. Cela permettrait qu’elles continuent de recevoir les liquidités qui leur sont indispensables pour ne pas couler et déclencher un cataclysme dans le pays, et au-delà…

Mais l’Italie et l’Espagne restent en situation d’attente, pour elles rien n’a changé.

20 de julho de 2011

A mascarada dos stress Testes

Do ponto de vista dos "investidores"




Nous méritons de faire faillite...
Cécile Ch.


... et cela pourrait nous arriver plus vite que prévu

Nous méritons de faire faillite. Oui, nous, l'Union européenne, la zone euro, la France. Nous le méritons, même si franchement je n'ai aucune envie de voir une telle chose se produire.

Mais nous le méritons. Nous avons des dirigeants absurdes. Des menteurs. Regardez les résultats des derniers stress tests bancaires.

Mensonge 1 : les banques européennes sont en bonne santé
Nous savions déjà que la méthode était discutable – ne pas prendre en compte les conséquences de la faillite d'un Etat sur la solidité des banques européennes alors que c'est justement le problème n°1 auquel nous sommes confrontés en ce moment.

20 banques devaient être recalées – sur 99 testées. Mais ce ne sont que 9 malheureuses petites banques qui échouent à cette mascarade de stress tests : 1 banque autrichienne, 1 allemande, 2 grecques et 5 espagnoles. Et encore, elles n'auraient besoin "que" de 2,5 milliards d'euros supplémentaires pour être hors de danger.

C'est un mensonge, tout simplement. Un mensonge parfaitement organisé et pensé par les autorités européennes. Les banques européennes ont dans leurs coffres pour environ 100 milliards d'euros de dettes grecques, portugaises et espagnoles.

Qu'avons-nous à gagner à une telle forfaiture ? Absolument rien, car personne n'est dupe.

Ce que les dirigeants de la zone euro veulent à tout prix cacher, c'est que la situation financière des banques européennes est telle qu'elles sont en fait maintenues en vie par la BCE.

La BCE joue le rôle de grand salvateur dans cette affaire. Elle soutient les banques grecques, espagnoles, irlandaises. Elle empêche le Portugal, l'Italie, l'Irlande, la Grèce et l'Espagne de faire défaut.

Comme nous vous l'expliquions lundi dans la Quotidienne, la BCE danse sur un volcan en éruption. Ses réserves et fonds propres ne représentent que 4,3% de ses actifs. Or ces actifs ne font pas rêver : de la dette des PIIGS, des créances pourries d'à peu près toutes les banques de la zone euro. Il suffirait que la valeur de ces actifs chute de 4,3% pour que la BCE soit en situation de faillite.

Combien faudra-t-il à votre avis pour que les dettes souveraines des pays périphériques de la zone euro perdent 4,3%, ou que les créances douteuses que les banques européennes ont confiées à la BCE s'effondrent ? Il y a de grandes chances pour que la BCE soit déjà en faillite.

Mensonge 2 : le problème grec pourra être résolu – et la zone euro sera maintenue
Si vous écoutiez l'interview de François Baroin ce matin sur France Info (écoutable ici), vous aviez l'impression qu'en fait tout allait bien. Alors certes, il y avait encore quelques – toutes petites – discussions entre les différents Etats européens sur les modalités d'aide à la Grèce, mais des broutilles.

Pour résumer l'intervention de notre ministre des Finances :
- la Grèce ne fera pas défaut
- les pays européens sont en grande partie d'accord sur ce qu'il faut faire pour aider la Grèce
- les banques seront volontaires pour participer à ce second plan d'aide à la Grèce
- la stabilité de l'euro sera maintenue

Et quant à savoir si les contribuables – en particulier français – allaient devoir payer pour la Grèce, notre ministre des Finances n'a tout simplement pas répondu.

Si c'était la résolution de la crise grecque était si simple, nous ne serions pas en train d'en discuter plus d'un an après. Ce qu'oublie de dire Monsieur Baroin, c'est que le problème ne se cantonne évidemment pas à la Grèce.

Imaginons que nous payons effectivement la facture grecque, aurons-nous les moyens – ne parlons pas de l'envie, elle n'est déjà pas très forte pour la Grèce – de sauver les autres pays en détresse financière ?

Les Européens peuvent s'agiter autant qu'ils veulent, se plaindre de l'excessive sévérité ou de l'injustice des agences de notation, la réalité est la suivante : la crise souveraine est contagieuse. Espagne, Portugal, Irlande, Italie... et bientôt, la France ?

Mensonge 3 : la France ne peut pas perdre son AAA
Car de plus en plus d'observateurs anglo-saxons soulignent la fragilité de la situation française.

C'est ce qu'explique mon collègue Matthew Lynn dans le dernier numéro de la version britannique de M.W. L'euro, qui devait favoriser les exportations tricolores, n'a en fait pas eu l'effet escompté sur notre économie.

La preuve, notre balance commerciale déficitaire. Comme le rappelle Le Monde, notre déficit commercial atteint des records : "Le déficit commercial de la France s'est encore creusé en mai, battant un nouveau record pour la troisième fois depuis le début de l'année, à 7,42 milliards d'euros contre 7,17 milliards en avril, en données corrigées des variations saisonnières, ont annoncé les Douanes jeudi 7 juillet".

Le déficit de la France atteint 90% du PIB et devrait augmenter à 95% en 2012. Ce qui signifie que contrairement aux Italiens par exemple, au lieu de réduire notre endettement, nous l'augmentons.

Selon la Banque des règlements internationaux, la France est d'ailleurs le quatrième plus gros émetteur de dettes au monde (après les Etats-Unis, le Japon et l'Italie). Inquiétude supplémentaire, une grande partie de notre dette (37%) est détenue à l'étranger – ce qui est bien plus que pour l'Italie (24%), les Etats-Unis (19%) ou le Japon (1%).

Ces détenteurs étrangers – des fonds essentiellement – risquent d'être les premiers à paniquer en cas de menace sur la notation française et ainsi faire exploser le rendement des obligations françaises : c'est l'engrenage fatal que nous connaissons bien maintenant en Europe.

La conclusion de Matthew Lynn ? La France pourrait être le prochain domino européen à tomber, et le prochain pays à perdre son AAA. Le vacillement de la France a de grandes chances d'être fatal à la monnaie unique dont nous sommes pourtant les créateurs.

Protégez-vous !

Ab situação do BCE

Notre stress test de la BCE M.W.
Au 31 décembre 2010, les actifs de la BCE s'élevaient à 1 900 milliards d'euros. Ses capitaux et réserves à 82 milliards. Ce qui nous donne un ratio de 23/1 -- ce qui veut dire que si la valeur des actifs de la BCE chute de 4,3%, elle fera faillite.

Toute la question maintenant est de savoir ce qui compose les actifs de la BCE pour déterminer leur probabilité de perdre quelques petits pourcents de valeur.

44% de ces actifs sont composés d'asset-backed securities (ABS) -- soit 480 milliards d'euros -- et d'"instruments financiers non-négociables" -- 360 milliards d'euros. Derrière ces termes barbares se cachent en partie les actifs pourris (crédits et titres hypothécaires essentiellement) que les banques européennes ont refourgués à la BCE en 2010. Evidemment, ils lui ont été vendus à leur valeur nominale, pas leur valeur du marché -- forcément en forte baisse. Dans les coffres de la BCE se trouvent aussi les actifs (toujours pourris, sinon cela n'a aucun intérêt) vendus par les banques irlandaises en échange d'euros. Ces créances sont normalement garanties par l'Etat irlandais lui-même mais on voit mal comment il pourrait payer en cas de problèmes.

Les 56% restants sont composés de tout un tas de choses pas vraiment ragoûtantes : 106 milliards de prêts à la Banque centrale irlandaise, 46 milliards à celle du Portugal et 44 milliards à celle d'Espagne, etc. Et enfin, 90 milliards d'actifs grecs -- soit 4,7% du total des actifs et donc plus que les capitaux propres et de réserves de la BCE.

De quoi nous rassurer sur la situation financière de la BCE, non ? Esta é também uma razão por que o BCE nem sequer quer ovir falar bem reestruturação. A traduzir.

18 de julho de 2011

A CRISE PARA OS TRABALHADORES - COMO SE ESTÁ A DESTRUIR A ECONOMIA
Como disse Confúcio, só verdadeiramente nos vemos pelos olhos dos outros. Os ensinamentos que este artigo contém para a situação portuguesa são evidentes, em particular com governantes fundamentalistas da religião neoliberal. As semelhanças com a situação portuguesa e de uma forma geral da UE não são obviamente mera coincidência.
Para passar a mensagem culposa para o comum dos cidadãos são chamados à comunicação social os legionários do neoliberalismo. Depois de se especializarem a convencer as pessoas a aproveitarem as oportunidades do “mercado”, agora estão bem ao estilo do “fascismo sorridente” a convencê-las a serem pobres sem protestar.
Recordemos que os “ricos” a que o autor se refere são os High Net Worth Individuals, indivíduos com pelo menos 1 milhão de dólares de "activos investíveis e os High Net Worth Individuals, com 30 ou mais milhões de dólares de activos investíveis, isto é, em acréscimo a outros valores de património como a sua residência primária, obras de arte, colecções, etc.
Mas este artigo tem mais uma virtude: mostra que mesmo nos EUA, para além da censura ao que não se insere no pensamento único, podemos dizer como Galileu: “e apesar de tudo a Terra move-se”.

COMO OS MAIS RICOS ESTÃO A DESTRUIR A ECONOMIA – por Shamus Cook
O Presidente Obama tem prometido a recuperação económica. A evidência desta recuperação, foi-nos dito, manifestar-se-ia nos lucros que as grandes empresas fariam na sequência das massivas entregas de dinheiro. Em breve, assegurou-nos o Presidente, as grandes empresas cansar-se-iam da acumulação de dinheiro em caixa e iniciariam a prosperidade, seguida por aumentos dos salários e benefícios. Era ou tomar os desejos pelas realidades ou engano consciente. A recente queda do mercado de acções afundou qualquer esperança numa recuperação conduzida pelas grandes empresas.
Os Democratas combatem a recessão com os mesmos métodos que os republicanos usaram para a criar. Permitindo que os ricos de forma imprudente dominem a economia dando-lhes massivos apoios. Esta estratégia, designada geralmente como reaganomics ou “economia do pinga para baixo” (Trickle Down Economics) é agora a religião tanto de Democratas como de republicanos não importa qual seja o espetáculo de competição para os média crédulos ou cúmplices.
Quando se tornou óbvio mesmo para o Presidente que a recuperação económica nunca existiu para além das contas bancárias dos mais ricos, questões têm de ser respondidas. Por que razão ninguém em qualquer dos partidos previu as desastrosas consequências dos entregas de fundos às empresas e bancos? Não só o défice dos EUA aumentou drasticamente como às mesmas grandes empresas que causaram a recessão foi-lhes dado reforço para prosseguirem as suas acções destrutivas assegurando que continuarão sem serem limitadas.
No seu livro “Crise Económica”, Nouriel Roubini afirma que ambos os partidos apenas atiraram dinheiro para os bancos em vez de os punirem, criando uma condição de “risco imprevisível” (“moral hazard”), significando que os bancos assumem que novos planos de salvamento virão se destruírem de novo a economia – demasiado grandes para falirem, lembram-se? Roubini explica como os bancos “demasiado grandes” se tornaram ainda maiores e como os salários da Wall Street baseados no curto prazo continuam sem regulação.
Essencialmente os grandes bancos e ricos investidores estão a ter empréstimos baratos do Fed e investir no estrangeiro em mercadorias com a previsão de altos lucros. Diz Roubini “O risco é que estão a plantar as sementes da próxima crise (…) esta bolha de activos é totalmente inconsequente com uma fraca recuperação económica e com fundamentalismo financeiro”.
A bolha criada pelo investimento em mercadorias está a elevar os preços do petróleo, dos alimentos e outros produtos básicos causando maior sofrimento às famílias trabalhadoras. Esta bolha especulativa era previsível mas foi ignorada por ambos os partidos, a partir do momento em que eles proclamaram que a bolha era um sinal de recuperação.
Outro economista de referência Paul Krugman, também admite que o aperto letal dos ricos na economia e na política dos EUA está a causar sofrimento para todas as outras pessoas.
“ Longe de estarem prontos a gastar mais na criação de empregos, ambos os partidos estão de acordo que é tempo de cortar despesas – destruindo postos de trabalho neste processo. (…) cuidando apenas dos interesses dos rentistas – ricos investidores - aqueles que despenderam largas somas de dinheiro no passado, muitas vezes de forma insensata, mas que são agora protegidos das perdas à custa de todos os outros” (10.junho.2011).
(Contudo) isto não é apenas “má política” como liberais como Krugman gostam de afirmar, mas a agenda dos mais ricos. Grandes empresas e grandes investidores gostam de desemprego elevado. (…) Desemprego elevado cria uma pressão para a descida dos salários, permitindo que os trabalhadores que permanecem com emprego trabalhem mais duramente e assim aumentar os lucros. Esta dinâmica combinada com a especulação sobre mercadorias foi a base para a recuperação das grandes empresas, enquanto que os trabalhadores não tiveram qualquer benefício. (…) Como as despesas em consumo representam 70% da economia dos EUA, políticas como esta asseguram que outra crise é inevitável.
(…) Assim os ricos têm uma situação duplamente ganhadora (“win-win”): obtêm sem encargos fundos públicos, o que aumenta o défice e como o défice é demasiado alto os ricos querem juros mais altos para investirem em Títulos do Tesouro. Em qualquer das hipóteses a classe trabalhadora paga a factura.
Esta insanidade não pode ser parada por meios convencionais, pois os políticos dos dois partidos são surdos e mudos a tudo que não soe a dinheiro para as grandes empresas. (…) O movimento sindical tem um papel especial a desempenhar para alterar estas políticas – acordadas por ambos os partidos.
A política de cortar programas sociais para conter o défice pode ser substituída por uma campanha nacional coordenada pelos sindicatos exigindo: “Impostos para os mais ricos!” (Tax the Rich!) Esta exigência pode resolver quer o problema dos défices quer da crise de criação de empregos com um massivo programa de trabalhos públicos baseado nos impostos sobre as grandes empresas e mais ricos para os níveis pré-Reagan. E isto faz sentido devido às crescentes desigualdades e espectacular concentração de riqueza no topo. Os trabalhadores organizados necessitam trazer para a rua as massas populares de todo o país para chamar a atenção e pressionar o governo a responder às suas exigências.
Recentemente o presidente da AFL-CIO Richard Trumka falou a favor de um movimento sindical forte e independente. Esta direcção tem de ser seguida em vez de acreditar nos Democratas. O movimento sindical deve agir unido para lutar e exigir medidas políticas específicas que possam concretamente reflectir-se na crise que enfrentam milhões de trabalhadores.
(*) www.counterpunch.org. - The Crisis for Working People How the Rich are Destroying the Economy By Shamus Cooke June 13, 2011. Shamus Cooke is a social service worker, trade unionist, and writer for Workers Action He can be reached at shamuscooke@gmail.com.

15 de julho de 2011

AS AGÊNCIAS DE RATING  E …”OS INFORTÚNIOS DA VIRTUDE” (*)
Sim, é de sadismo que se trata quando falamos de “agências de rating” – sadismo dos usurários sobre os povos que lhes foram submetidos em nome da uma inconcebível doutrina económica ao serviço de insaciável finança especulativa.
O que se passa é o resultado lógico de “Privatizar o planeta”, título de um texto de Noam Chomsky (ver “Repartição do Rendimento II” neste blog) leva-nos a recordar a infâmia – que outro nome dar? - de fazer depender a economia dos Estados, de organismos tão desacreditados sob todos os aspectos como as famigeradas “agências de rating” ao serviço da usurários.
Foi aqui que nos levaram as políticas do “bom aluno”, de fazer o “trabalho de casa” e das tais políticas que pretendiam ser financeiramente “virtuosas”.
Acontece simplesmente o espectável. Desde há um ano, sempre que foi aprovado um novo PEC aumentaram os juros. Os bons alunos – da alquimia neoliberal - nada queriam ver. Apetece dizer como naquela história, salvo erro contada por Galbraith: “É a economia, estúpido!”.
As mesmas vozes do arco neoliberal, que a si mesmos se consideravam responsáveis e todos os demais irresponsáveis, criticam agora como beatas pudicas fingindo-se escandalizadas as “agências de rating”, fazem mesmo piedosos actos de contrição por não terem considerado os desastres à vista de todos, contidos nos tratados da UE, aceites e aplaudidos sem reservas. Os que com arrogância afirmavam: “é assim,pronto”, agora mostram-se muito admirados, ao verem que: “afinal, é assim…”
Lembremos então que: “Só os idiotas é que se lamentam”.
 Dizíamos, em “Usura”: A usura transformou-se na actual idolatria. Um dos 10 mandamentos cristãos refere-se ao respeito devido ao Sagrado Nome de Deus. Para o neoliberalismo a este mandamento apõe-se o “sagrado nome dos mercados financeiros”. Ainda recentemente ouvimos severas admoestações tornadas públicas por políticos que ocupam e que ocuparam dos mais elevados cargos da Nação, por se criticar ou chamar pelo seu nome os usurários que assolam os povos. Trata-se de casos de completa prostração mental e ideológica perante a usura.
No entanto, tudo leva a crer que o actual rebate de pudor lhes vai passar tão depressa como passaram as repetidas promessas sobre a regulação financeira tão apregoadas, designadamente nas reuniões do G 20, quando rebentou a crise. Veja-se o que se passa (“Repartição do Rendimento” e “União” Europeia”). Os fingidos escrúpulos sem qualquer tradução em factos que de algum modo alterassem a situação, não passam de mais um aspecto da tática de conformismo e mistificação com que se iludem as pessoas. A isto se dedicam agora também sem memória do passado recente os candidatos a liderar o PS.
Todo este monumental embuste seria ridículo se não representasse a tragédia de uma guerra contra os povos feita em nome de "um punhado de oligarcas egoístas que têm mais rendimento e riqueza do que pode ser gasto durante toda uma vida” (Paul Craig Roberts).
Quanto às agências, elas próprias se explicam: “The downgrade serves to tighten the screws yet further on the Greek government. Regardless of what European officials do, Moody’s noted” (1)
E assim acontece, pois os juros sobem, independentemente das inócuas e nada sinceras declarações dos responsáveis europeus.
Depois de hora e por todo o lado se ter e continuar a proclamar a necessidade de políticas orçamentais “virtuosas” e de austeridade, o resultado é o desastre com ou sem acordos com “troikas”, seja na Irlanda, na Grécia, na Espanha, na Itália, nos países Bálticos, na Hungria, etc.
O que se passa em relação às medidas aplicadas aos países com economias fragilizadas, disse-o uma jovem da pequena nobreza, depois de perder os pais e ficar pobre. O tipo de “virtude” que lhe era proposto ao chegar a Paris nos tempos da monarquia de Versailles, fê-la concluir: “o que se propõe na vida é afinal exercer a virtude para encontrar alguém que não a ama senão para a destruir".

(*) Título de um livro do sr. Donatien Alfonse François, mais conhecido por marquês de Sade
1 - Europe's New Road to Serfdom By MICHAEL HUDSON June 3 / 5, 2011 – www.counterpunch.org

14 de julho de 2011

Comentários breves

O Cardeal Patriarca disse há dias que o novo imposto lhe parecia justo porque atingia todos.Mesmo deixando de lado o facto de o governo não englobar no novo imposto os rendimentos de capital como os dividendos, o que só por si nos dá a medida da justiça deste imposto,a questão é outra.
Qual a razão porque em vez de um imposto sobre os rendimentos do trabalho o governo não lança um imposto extraordinário sobre os lucros do sistema financeiro? E por que é que não faz pagar á banca de IRC aquilo que paga qualquer pequeno ou médio empresário?
Será que depois e se conhecer o âmbito deste imposto o Cardeal mantém a mesma posição?
A igreja que vive nos palácios é diferente da igreja das catacumbas, ou seguindo Proudhon ,pensa-se de maneira diferente num palácio e numa choupana....Mas neste caso é demais....

13 de julho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 25 - “UNIÃO” EUROPEIA - O ACTUAL CAMINHO PARA A SERVIDÃO
Deixai, o vós que entrais, toda a esperança / Estas palavras eu vi em letreiro escuro / Por cima de uma porta escrito” . – (A Divina Comédia – Dante – canto III – 3)
Se Dante voltasse agora ao Inferno aí veria também justamente o Tratado de Lisboa.
As dívidas dos Estados tornaram-se numa arma – é de uma guerra que se trata – contra os povos. Como é que tal foi conseguido? De uma forma muito simples: impondo um sistema fiscal em que a grande riqueza é praticamente isenta por via da livre circulação de capitais; tornando inócua uma regulação financeira que é feita no interesse dos comportamentos que devia regular; acresce todo um processo de privatizações, negociatas – como as PPP – corrupção, nepotismo. A partir daqui diaboliza-se o Estado – chamado a pagar os desmandos dos especuladores – culpando as pessoas por usufruírem demasiados direitos e usa-se a dívida para arrecadar mais lucros com juros especulativos em benefício do capital financeiro.
Desta forma, “O sistema fiscal (da UE) opera como um sifão drenando rendimento para os bancos franceses e alemães que compram títulos do tesouro com crescentes prémios de risco” (1).
O que se designa hipocritamente por “resgate” não passa de uma guerra de classe aumentando impostos, reduzindo prestações sociais e vendendo bens públicos. “Os banqueiros por seu lado estão ansiosos para realizar empréstimos destinados a financiar compras de bens públicos (…) e outras oportunidades monopolistas”, (1). Para o grande capital europeu estes “resgates” ou “ajudas” da UE são excelentes, pois permitem obter  liquidez suficiente para comprarem ao desbarato bens públicos e novos monopólios, levando os lucros para onde mais lhes interessar. Além de, como diz M. Hudson: “A guerra dos credores contra os devedores torna-se uma guerra de classe com vistas à depreciação do preço do trabalho”.
Neste sentido, quer a Grécia, Irlanda, Espanha Portugal e o resto da Europa vão regredir nas reformas democráticas e movem-se para uma oligarquia financeira. O objectivo financeiro é curto-circuitar os parlamentos exigindo um “consenso” para que os credores sejam postos em primeiro lugar acima da economia no seu todo (…) a definição rigorosa de “mercado livre” tornou-se agora planeamento centralizado – nas mãos de banqueiros centrais. É este  o novo caminho para a servidão a que o “mercado livre” financeirizado conduz”. “Livre para os monopolistas imporem os seus preços aos serviços básicos, livres de regulação e medidas de anti-trust, livre de limites ao crédito para proteger devedores e acima de tudo livre de interferência dos parlamentos eleitos”.
Recordemos a forma arrogante e caluniosa como os epígonos do que conduziu a esta política – e em particular a anterior bancada governamental – à falta de argumentos tratavam quem alertava para o caminho de desastre que se trilhava. Eis o que se passa actualmente na falsamente designada UE:
“Como uma conquista militar o objectivo (financeiro) é ganhar o controlo do país, das suas infraestruturas públicas e impor um tributo. Isto envolve  ditar leis aos seus súbditos e colocar o planeamento social e económico em mãos centralizadas. Este ataque não está a ser feito por uma nação, mas por uma classe política cosmopolita”. “Os parlamentos nacionais são mobilizados para imporem os termos da rendição aos planeadores financeiros. Quase se pode dizer que o seu ideal é reduzir parlamentos a regimes locais fantoches”.
A ideia de que a solução dos problemas actuais consistiria num aprofundamento de medidas de teor federalista fica sem qualquer espécie de fundamento se atentarmos nas palavras de Trichet interpretando o pensamento federalista dos que dominam a UE. Em 02.junho.2011, ao receber o prémio Carlos Magno em Aachen, após mencionar que governos e oposição se deviam unir para implementar programas de “ajustamento” para “defesa da zona euro como um todo” – é caso para questionar: onde ficam afinal os interesses de cada povo? – acrescenta a seguinte ameaça: “Mas se um país mesmo assim não ficar a salvo, penso que todos concordarão que uma segunda fase deve ser diferente (…) dando às autoridades da zona euro uma muito maior autoridade na formação das políticas económicas se estas continuarem fora do caminho correcto. Uma directa influência bem acima da vigilância reforçada que está actualmente considerada”.(1)
Segundo Trichet estas medidas tornar-se-iam compulsivas se os governos não as aceitarem ou não as cumprirem, “tomando as autoridades europeias as decisões aplicáveis à economia em causa”. Designadamente, sobre as principais despesas do governo e elementos essenciais á competitividade do país”. 
M. Hudson considera estas declarações um “golpe de estado” financeiro apunhalando a longa história de um ideal europeu, segundo ele referindo-se em particular à Grécia, mas que é de facto a tarefa dos governos dos países mais frágeis – ditos socialistas ou não - é: “fazer o que os coronéis gregos e seus sucessores conservadores não conseguiram: colocar os trabalhadores perante reformas económicas irreversíveis”.
Repare-se que nem nos federarais EUA estes critérios são aplicados! Aqui não se trata de federalismo mas de colonialismo interno! (2) Esclarece-nos M. Hudson: “Esta é a resposta republicana para o Michigan. Tomar a gestão das cidades em crise conduzidas por minorias desfavorecidas, remover os seus governos democraticamente eleitos do poder e usar poderes extraordinários para impor austeridade”.
Eis as políticas que se escondem por detrás do “federalismo”. Aos que mesmo no sector progressista crêem nesta solução, apenas podemos recomendar: Cautela, aquela gente não tem escrúpulos, está apostada em destruir o que por toda a Europa foi obtido com as sucessivas derrotas dos fascismos.
1 - Europe's New Road to Serfdom By Michael Hudson June 3 / 5, 2011 – www.counterpunch.org. As citações do discurso de Trichet são também retiradas deste artigo.
Michael Hudson is a former Wall Street economist. A Distinguished Research Professor at University of Missouri, Kansas City (UMKC), he is the author of many books, including Super Imperialism: The Economic Strategy of American Empire (new ed., Pluto Press, 2002) and Trade, Development and Foreign Debt: A History of Theories of Polarization v. Convergence in the World Economy. He can be reached via his website, mh@michael-hudson.com
2 – Em “O pequeno dicionário crítico” – 20.3 Dividas III, escrevemos que se tratava do processo neocolonial em curso, o PNEC.

8 de julho de 2011

O Casino

LE CONSENSUS DES ÉCONOMISTES, POURQUOI S’EN PRÉOCCUPER ?
8 JUILLET 2011 par PAUL J.
Ce texte est un « article presslib’ » (*)

La Bourse américaine perd en ce moment un peu moins d’1%. Pourquoi ? Parce que le consensus des économistes quant à la création d’emplois au cours du mois de juin aux États-Unis était de 125.000 et qu’elle ne fut en réalité que de 18.000. Pour ajouter à la déprime, les chiffres d’avril et de mai ont été corrigés à la baisse d’un total de 44.000.

Je consulte ces chiffres et ces prévisions mensuels relatifs à l’emploi américain depuis l’époque où j’ai commencé à travailler dans la finance aux États-Unis en 1998. Je n’ai pas souvenir que le consensus des économistes quant à la valeur de ce chiffre de la création d’emplois ait jamais coïncidé avec le chiffre réel, ni même s’en soit jamais approché de manière significative.

Pourquoi alors publier ce chiffre du consensus des économistes dans les jours qui précèdent celui où il sera véritablement connu ? Je ne vois qu’une seule explication possible : pour provoquer la surprise le jour-même, qui fera bondir la Bourse à la hausse ou à la baisse, selon que les économistes se sont plantés par excès de pessimisme ou d’optimisme.

Pour faire bouger la Bourse dans un sens ou dans l’autre, on est prêt à tout, même à attacher de l’importance à ce que prédisent des économistes qui jouent aux fléchettes pour déterminer le chiffre de la création d’emplois.

Un « casino » disait déjà John Maynard Keynes en 1936. Rien n’a changé !

(*) Un « article presslib’ » est libre de reproduction numérique en tout ou en partie à condition que le présent alinéa soit reproduit à sa suite. .

7 de julho de 2011

Sem crescimento não há solução

Sans croissance, pas de salut pour la Grèce

Il est bizarre d'observer que l'Union européenne et le FMI passent beaucoup de temps à mettre en place un programme de soutien financier aux pays en difficulté de la zone euro, mais réfléchissent peu aux conditions du maintien d'une croissance suffisante dans ces pays. Or, sans croissance, ceux-ci ne pourront pas rééquilibrer leurs finances publiques.
Que faire, dès lors, pour rétablir la solvabilité de l'Espagne, de la Grèce ou du Portug al ? On sait que la solvabilité n'est pas une notion précise : un pays peut toujours être solvable, en ce qui concerne sa dette publique, s'il accepte une très forte baisse de ses dépenses publiques et une très forte hausse de sa pression fiscale, c'est-à-dire s'il accepte un excédent budgétaire primaire très élevé. Le problème est donc politique et social : quel effort budgétaire peut être collectivement accepté ? A partir de quel moment un excédent budgétaire primaire implique-t-il de renoncer à des dépenses publiques indispensables (infrastructures, éducation) ou d'accroître la pression fiscale à un niveau qui tue la demande et les incitations à investir ?
Ces interrogations résument assez bien le problème auquel sont confrontés les pays périphériques de la zone euro : s'ils ont un taux d'endettement public élevé, s'ils sont soumis à des taux d'intérêt élevés sur les marchés financiers et s'ils ont une croissance faible, l 'excédent budgétaire primaire qu'ils devraient mettre en place est hors d'atteinte, et le défaut (la restructuration de la dette avec perte pour les prêteurs) sera finalement la seule solution. Prenons l'exemple de la Grèce : compte tenu de son niveau d'endettement (160 % du PIB), des taux d'intérêt qui en découlent et de son entrée en récession, l'excédent primaire nécessaire serait de 30,4 % du PIB ! Il faudrait par exemple une pression fiscale de 40 % du PIB et des dépenses publiques (hors intérêts sur la dette) de 10 % du PIB. Or, dans les épisodes de correction budgétaire les plus sévères (Canada, Suède, Finlande, Italie, Danemark..., dans les années 1990, Brésil dans les années 2000), on a vu des excédents budgétaires primaires de 3 ou 4 points de PIB, jamais plus.
Le plus urgent dans le cas de la Grèce était donc de lui permettre d'obtenir des financements à des taux d'intérêt beaucoup plus bas que les taux d'intérêt d e marché. C'est chose faite, avec deux tranches de prêts de l'Europe et du FMI. Le problème du coût du financement a été résolu.
Mais pas celui de la croissance, l'oubliée du plan de soutien. Que se passe-t-il en Grèce ? La politique budgétaire est si restrictive que l'emploi recule (de 5 % en un an) ; la hausse du chômage fait baisser le pouvoir d'achat des salaires par tête (de 4 % en un an) : le pouvoir d'achat de l'ensemble des salaires versés a reculé de 9 % en un an : l'économie grecque est entraînée dans une spirale dépressive qui l'empêche d'améliorer ses finances publiques, faute de croissance. Le même destin guette, à un moindre degré de gravité, l'Espagne : dette publique de 70 % du PIB, taux d'intérêt, sur les marchés financiers, supérieurs à 5 % ; croissance nominale ne dépassant pas 2 %... Dans son cas aussi, l'excédent budgétaire primaire nécessaire (2,5 points de PIB) devient très élevé. La faiblesse de la cro issance vient aussi, en Espagne, du recul des salaires : le pouvoir d'achat du salaire par tête y a baissé de 4 % en un an.
Alors que faire ? On vient de le voir, aider un pays à se financer à des taux d'intérêt faibles ne sert à rien si la faiblesse de la croissance lui interdit de stabiliser son taux d'endettement public et de redevenir solvable. Il faudrait donc, d'abord dans une optique de court terme, éviter que la réduction du déficit public demandée au pays soit si brutale que la croissance s'effondre ; il serait bien plus intelligent de demander aux Grecs de ramener leur déficit public à 3 % du PIB en 2020, et non en 2013 ou 2014. L'ordre efficace serait d'abord le retour à la croissance, puis la réduction du déficit public. Ensuite, dans une logique de long terme, il faut éviter de détruire le potentiel de croissance du pays : si le taux d'investissement chute, la productivité ralentit ; si le chômage est durablement élevé, le capital humain est entamé et la croissance potentielle diminue : ces deux évolutions s'observent malheureusement aujourd'hui en Grèce et en Espagne. La préservation de la croissance, dans un pays qui a un déficit public important à corriger, est essentielle.

Sans croissance, pas de salut pour la Grèce Patrick Artus est directeur de la recherche et des études de Natixis. La chronique du Cercle des économistes reprendra jeudi 1er septembre.
DEDICATÓRIA
O tema “Repartição do Rendimento”, é dedicado “com muita honra e prazer” - tal como os forcados antes da pega - aos srs. comentadores que se debatem com dúvidas existenciais sobre “como pagar a dívida” (já aqui escrevemos sobre “Dívidas”) e “como sair da crise”, “como obter o dinheiro que nos falta” – a quem, aliás?
Em bom estilo hamletiano, questionam-se, não perante a caveira do “pobre Yorik”, mas perante o tecido produtivo nacional, que com a ajuda da sua sapiência e dos seus “bons conselhos” e das suas “inevitabilidades”, chegou ao estado em que está. O que é certo é que nada previram e tudo apoiaram do que era evidente serem erros grosseiros ou fraudes, mas tendo sempre razão (no final do jogo)…e continuam.
Até Júlio César há mais de 2 000 anos compreendeu que a única forma de recuperar a depauperada economia de Roma era anular parte das dívidas e reduzir os juros com que a oligarquia usurária (o patriciado) oprimia artesãos, agricultores e cidadãos em geral. A grande descoberta da “nova economia” é: primeiro pagas as dívidas, depois recuperas a economia. Como isto não se tratasse de um elementar absurdo, de uma contradição nos termos.
Claro que estas palavras não chegarão aos etéreos limbos onde cintilam, pois como diz certo fado “pobre de mim pouco valho”, recomendo porém a consulta de autores, como Joseph Stiglitz, Paul Craig Roberts, Jaques Sapir, James Petras, Samir Amim entre outros e de sítios já citados neste blog, que os poderão esclarecer. É que, segundo Montaigne (1533-1592) nos seus Ensaios, devemos distinguir entre “mentir” (por má fé) e “dizer mentiras” (por ignorância), de forma que quando se passou a recente campanha eleitoral a repetir que não havia alternativas seria conveniente clarificar com que modelo de mentira se está a alinhar.
E já agora um desafio, dado que só por excepção palram com contraditório: contestem os autores referidos. Porém, sem usar argumentos à sr. Pétain em 1940. Leiam, por ex. De Gaulle que mostrou que nunca devemos aceitar dilemas impostos – as inevitabilidades…- há sempre uma terceira hipótese.
Esta analogia não será tão despicienda como pode parecer à primeira vista. O que está a ser imposto à Grécia, a Portugal, à Irlanda e não só, é a entrega da economia e da sua condição política e social de países independentes a uma potência estrangeira – ou a uma aliança de potências estrangeiras – era e ainda é noutras circunstâncias, obtido e imposto pela guerra. E também, srs. federalistas europeus, tão silenciosos nestes casos, que parece terem metido a viola do ceguinho no saco para não incomodar a sua dama: será este o caminho para a sua Europa federal ou para o IV Reich germânico, à custa dos mais fracos?
O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 24.2A REPARTIÇÃO DO RENDIMENTO – I I (*)
Certo escritor do séc. XVIII regressava a Paris após ausência de uma dezena de anos, ficou chocado com o aumento das desigualdades: aumentara o luxo gritante dos que se passeavam de coche perante o olhar dos cada vez mais miseráveis cuja consolação parecia ser apenas olha-los: “a miséria para aliviar o desgosto corria em multidão a divertir-se nas novas avenidas que a política e a cobiça tinham construído sob as falsas muralhas da grande cidade. O luxo daqueles que se passeavam apenas de carruagem não parecia feito senão para contraste. As duas extremidades (sociais) eram alternadamente e reciprocamente espectáculo e espectadores”. Estava-se em 1767…e trata-se de um escritor já citado nestes textos. Compare-se com os dias de hoje, com a absurda mediatização de caricatos “casamentos reais” (!) ou com as inqualificáveis e ridículas revistas sobre as andanças do “jet-set”.
“Com maior ou menor detalhe todos sabem dos tremendos contrastes que apresenta o capitalismo na sua crise actual, quando a opulência e acelerado enriquecimento dos ricos convive com o empobrecimento das grandes maiorias sociais”. “No que respeita aos banqueiros a era da contenção salarial terminou. Em 2010, enquanto no mundo continuava a sua queda livre para o desemprego em massa, as execuções hipotecárias e o empobrecimento generalizado da população a retribuição média dos responsáveis dos 15 maiores banco europeus e dos EUA aumentou uns 36% alcançando uma média anual de 9,7 milhões de dólares (segundo o Financial Times) (1) Em Portugal o vencimento médio  dos presidentes das empresas do PSI 20 foi em 2009 de “apenas” 1 130 000 euros, ou seja, 209 vezes o salário mínimo no caso de um trabalhador precário.
“Sob a aparência de uma crise financeira, esta crise é com efeito fundamentalmente uma crise da repartição dos rendimentos” (Jacques Sapir – www.legrandsoir).
Uma das mais importantes funções dos impostos deve ser a de assegurar a redistribuição do rendimento. Vimos na parte I como a sob acção do neoliberalismo esta redistribuição se processou em sentido contrário empobrecendo de uma forma geral os assalariados.
As ilusões da “prosperidade partilhada”, da “solidariedade”, de “criar mais riqueza para melhor a distribuir” foram miragens com que se foi minando a redistribuição do rendimento e a insegurança dos assalariados. O endividamento foi uma forma de camuflar a redistribuição do rendimento a favor dos grandes detentores de capital, obtendo também assim fabulosos lucros, acabando cinicamente por responsabilizar as pessoas que se deixaram – e deixam – seduzir pelas suas mistificações.
Segundo o economista James Galbraith, antes da crise, os rendimentos obtidos fora do salário representavam 40% do rendimento doméstico dos norte-americanos. Na realidade, tudo o que ocorreu nos últimos 25 a 30 anos sob o neoliberalismo veio também neste caso confirmar Marx: “O crédito medeia, acelera e eleva a concentração de capital. (O Capital – Livro II – Tomo IV – p. 255)
Ora, qual é a proposta actual, apresentada como “realista”, “responsável”, “corajosa” do sistema?
Responde o vice-presidente da famigerada Goldman Sachs (acusada de fraude pela Câmara de Valors Mobiliários dos EUA – recorde-se): “A opinião pública deve aprender a tolerar a desigualdade como meio de uma maior prosperidade para todos” (Lord Griffiths, vice-président de Goldman Sachs, The Guardian, 21 octobre 2009 – citado por Jérôme Duval – Austérité et prospérité en temps de crise www.legrandsoir – 18.11-2010).
De facto, uma maior prosperidade – mas não para todos. “Goldman Sachs um dos maiores artífices da crise actual está mais rico que nunca: Acaba de anunciar 17,5 mil milhões de resultados, como o seu presidente Lloyd Blankfein recebendo 12,6 milhões de bónus enquanto que o seu salário base mais que triplicou” (Noam Chomsky – Privatizing the Planet – www.counterpunch.org 22-04-2011).
Os salários e bónus dos financeiros da Wall Street já estão acima do nível anterior à crise. Em 2006 o seu total foi de 130 milhões de dólares; em 2007 devido à crise foi “apenas” de 117 milhões (pelo que o governo teve de acudir em socorro destes necessitados…) sendo em 2010 – segundo o Wall Stree Journal de 144 milhões de dólares! Entretanto, aumenta o desemprego, a pobreza e o endividamento nos EUA e por todo o lado onde se seguem estas políticas. Segundo cálculos do Economic Report of the President para 2007 em termos reais os ganhos salariais eram inferiores aos de 1973. Eis o resultado “da maior prosperidade para todos”.

Em Portugal esta “prosperidade” também se traduz-se no empobrecimento do país e da sua população. Em 3 anos, entre 2008 e 2010, saíram do país 54 987 milhões de euros (Banco de Portugal, Boletim Estatístico - Junho de 2011) por pagamento de juros, transferência de lucros de empresas privatizadas (um aspecto nunca referido pelos srs. comentadores…) e saídas para off-shores sem pagar imposto – ou seja, cerca de 30% da dívida (líquida) do País em 2010 - que não serviram para investimento, criar emprego, dinamizar a produção, redistribuir o rendimento: terão ido fundamentalmente engordar a especulação.

 “Em 1976, 1% da população mundial detinha 20% da riqueza; em 2007 dominava 35% da riqueza total. A operação de salvamento Bush-Obama levou à recuperação económica, não da “economia em geral”, mas restringiu-se a reforçar ainda mais a riqueza dos multimilionários. O sector “dinâmico” formado por capitalistas parasitas, emprega menos trabalhadores, não exporta produtos, paga impostos mais baixos e impõem maiores cortes nas despesas sociais para os trabalhadores produtivos". (2)

 “Em 1980, os dirigentes das maiores empresas norte americanas ganhavam em média 42 vezes que a média dos outros trabalhadores; em 2001, 531 vezes mais. Talvez a estatística mais espantosa é que entre 1980 e 2005 mais de quatro quintos do aumento total do rendimento nos EUA foi parar ao 1% mais rico (“Quando o sonho americano se transforma em pesadelo” – Aram Aharonian Alainet – www.rebelion org – 15-01-2011).
Por sua vez o insuspeito J. Stiglitz (Nobel de Economía 2001) afirmou: “Dado que uma quarta parte do todo o rendimento nos EUA vai para a 1% da população, só há uma maneira de recolher mais impostos: agravar mais os mais ricos (www.rebelion.org – 31-03-2011)
Notemos que Portugal tem o triste privilégio de ser com os EUA dos países da OCDE mais desiguais. É pois estranho – ou talvez não – que este aspecto nem sequer seja equacionado pelos comentadores.
Em 2008 o número de bilionários (mais de 1 000 milhões de dólares) era de 793 com um património total de 2 4000 milhões de dólares. Em 2010 (com a crise!) aquele número passou para 1 210 com um património total de 4 500 milhões de dólares. Mais que o PIB da Alemanha… (www.catdm – Les chiffres de la dette – 2011).
Isto é, o desemprego, a pobreza, a austeridade aumentam; os povos são chamados a transformar em valor, capital fictício resultante da especulação fraudulenta ou simplesmente inconsequente…mas não há alternativa?
Calcula-se existirem 10 milhões de pessoas (3) em todo o mundo, com pelo menos US$1 milhão de “activos investíveis”, isto é, em acréscimo a outros valores do seu património como a sua residência primária, obras de arte, colecções, etc, num total de 39 biliões de dólares (milhões de milhões) (3) ou seja bastava um imposto de 0,2% sobre estes activos – e só estes! – para acabar com a fome e as condições subhumanas neste planeta, porém “seria um grave erro tributar o capital” (Trichet). Erro? De que ponto de vista? Do ponto de vista dos direitos humanos?

* - Como dissemos este tema é dedicado aos srs. comentadores, conforme dedicatória que se segue.
1 – Atílio Boron – www.rebelion.org – 21.junho.2011

2 - (James Petras - http://resistir.info/ . 30.março.2011 - James Petras, a former Professor of Sociology at Binghamton University, New York, owns a 50 year membership in the class struggle and is co-author of Globalization Unmasked (Zed). He can be reached at: jpetras@binghamton.edu)

3 – 3,1 milhões na América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico 3 milhões cada, resto do mundo 0,9 milhões. Segundo o World Wealth Report da Capgemini e da Merrill Lynch Wealth Management – em Desigualdades Recuperação económica para poucos por Rick Wolff -  Professor de Economia na Universidade de Massachusetts - O original encontra-se em http://mrzine.monthlyreview.org/2010/wolff290710.html Este artigo encontra-se em http://resistir.info/