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30 de junho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 23.2 – SALÁRIO DE SUBSISTÊNCIA - II
Há quem defenda a política de direita em nome dos seus interesses, em nome das suas ilusões ou da sua alienação, mas há também os que a defendem por ódio à emancipação dos trabalhadores. O que se conhece sobre o ataque aos salários, às prestações sociais, aos direitos dos trabalhadores, o tratamento quase ignominioso dados aos desempregados, resultante das medidas do FMI e da UE; o que está subjacente nas declarações de responsáveis políticos (como as da sra. Merklel) e de representantes do grande patronato, configura a mensagem que o convicto aristocrata grego Teógnis deixou para os fascismos e neofascismos através dos séculos: “Esmaga com teu tacão esse estúpido povo, faz-lhe sentir a vara, põe-lhe sobre a nuca um jugo penoso e pesado”.
Com efeito, o sistema apenas permite que os lucros sejam restaurados através de uma crise quando grande número de pessoas são lançadas para o desemprego pela forma como a produção é “racionalizada”, recursos produtivos permanecem inúteis e os níveis de vida classe trabalhadora são drasticamente cortados por empresários e governos”.(1)
Por acção das políticas neoliberais, cuja consequência inevitável é o contínuo agravamento das condições económicas e sociais, traduzido pela trágica realidade do “memorando de política económica” do FMI, BCE, CE para Portugal, os salários desceram e continuarão a descer, muito abaixo do nível de subsistência. O que significa decadência quer em termos económicos quer sociais e civilizacionais. Dados relevantes desta situação são a permanência em casa dos pais (como referimos na 1ª parte) e o baixo nível demográfico que não permite sequer a manutenção do efectivo populacional.
Conformados com todo isto, governantes e propagandistas do sistema, congratulam-se em todos os tons pela redução dos salários. Porquê? Pelo deus mercado, pela usura, pela ganância neoliberal. Nas suas teses o salário e o emprego baixarão tanto quanto necessário para garantir que as cotações estejam em alta.
O operário ideal é o que não possa saber o que seja fazer greve. Tenta-se pelos constrangimentos da subsistência e do desemprego impor de forma informal a lei Chapelier – que em 1791 proibiu as associações de operários e só revogada em 1881. Na realidade, para poder controlar as pessoas o sistema procura retirar-lhes na prática os seus direitos, mantê-las na sua dependência quanto á satisfação das suas necessidades essenciais, procurando que na sua luta pela subsistência seja interiorizada a lógica dos que as dominam, que essa seja a sua realidade.
É isto que o capitalismo na sua fase senil tem para oferecer. “Vê-se que as primeiras ilusões da burguesia são também as últimas” (Marx – Miséria da Filosofia)
Não deixa de ser curioso como semeadores de visões e ilusões falam consecutivamente para os desempregados se dedicarem a actividades de microempresas no comércio, etc. Houve quem afirmasse que era óptimo haver lojas abertas toda a noite, pois haveria sempre pessoas que quereriam comprar coisas às cinco da manhã…O problema do desemprego seria assim resolvido pela iniciativa individual dos desempregados. Isto além de completa insensibilidade social revela total ignorância do processo económico - ao menos podiam consultar o quadro que o sr. Quesnay elaborou no séc.XVIII.
Esquecem uma coisa simples, menos salários representa menos consumo e que o comércio por si não cria valor ou uma parte muito reduzida conforme as operações que preste no valor total do produto. Logo não se vê como poderiam subsistir essas pessoas, ainda por cima em situações de concorrência acrescida e sem acesso ao crédito. Sob a acção da crise fecharam por dia dezenas de pequenas e micro empresas. Sem pudor empurram as pessoas para estes labirintos generalizando alguns sucessos individuais. Não é intelectualmente sério argumentar com excepções face às centenas de milhares de desempregados. Há inclusivamente quem considere que há desemprego porque as pessoas não querem trabalhar. Como dizia um amigo meu: não sei se são estúpidos por serem maus, se são maus por serem estúpidos.
Para onde se caminha com este rumo? Para um salário de equilíbrio económico? Não, que isso corresponderia à intervenção do Estado numa estratégia antimonopolista garantindo o aumento da produção e o aumento dos salários. As políticas recessivas do neoliberalismo, são disto a antítese, são a monopolização da economia, a crise, as falências, o desemprego, a saída dos lucros para paraísos fiscais e em busca de rendimentos especulativos. O resultado destas políticas conduziu os salários abaixo do nível de subsistência necessário para a reprodução da força de trabalho em termos de uma economia de reprodução alargada, ou seja, em termos de desenvolvimento económico e social sustentável.
A situação, mesmo para jovens licenciados, seria ainda mais dramática se não fossem as ajudas dos pais. Que acontecerá, se o rumo não for invertido, quando não poderem mais contar com estes apoios? Que podem esperar as gerações mais novas e as futuras desta insanidade que é o neoliberalismo?
O aumento das qualificações, não gerou nem segurança nem melhores condições de vida: com este modelo de sociedade, se aumentou a oferta do mercado de trabalho, logo fez diminuir o seu preço – é o que se passa com a nova geração de licenciados.
A degradação da situação social e em particular a laboral traduz-se na pobreza e na precariedade: nos finais de 2010, cerca de 37% dos trabalhadores ganhava menos de 600 € de salário mensal líquido; apenas 34% tinham salários superiores a 900 € mensais; cerca de 1/3 dos trabalhadores estava em situação precária, com a perda de direitos, inclusive os mais elementares, que isto representa. No entanto, o Relatório do Banco de Portugal de Outono 2010, registava (pág.81) “forte desaceleração dos custos unitários do trabalho no contexto de um crescimento significativo da produtividade por trabalhador”.
Vinte por cento da população vive abaixo do limiar da pobreza, número tendencialmente crescente. O que a intervenção estrangeira vem exigir sobre as leis do trabalho considera sem pejo os trabalhadores como “coisas” em absoluto descartáveis e sem direitos: “Pôr no mesmo pé os custos de fabrico de chapéus e os custos de manutenção do homem é transformar o homem em chapéu”. (Marx – Miséria da Filosofia).
A seguir – Repartição do Rendimento

29 de junho de 2011

Um Programa com o aplauso da Banca e Seguradoras privadas

A música celestial dos comentadores neoliberais


Praticamente em uníssono os comentadores encartados, porta-vozes da CIP e dos grandes grupos económicos e da Banca, mostram grande entusiasmo com o Programa do governo e suas medidas, continuam a carregar nas tintas negras da situação económica, para que o povo tenha essas medidas como necessárias e inevitáveis!


Um, enaltece o "emagrecimento do Estado". Mas trata-se do emagrecimento do Estado ou da engorda de certos privados à custa dos contribuintes?


Outro, sublinha a "intenção reformista do governo". Mas estamos perante uma intenção reformista ou de conta reforma, reaccionária e conservadora?


Outros ainda afirmam que as «medidas vêm com 20 anos de atraso!» Mas se olharmos para elas sem preconceitos o mínimo que se pode dizer é que cheiram a mofo e a ranço do 24 de Abril.


Todos sublinham que temos de ser diferentes da Grécia!!!


É caso para lembrar o slogan: «todos diferentes, todos iguais».


Este é o programa da Banca, da CIP, dos grandes interesses económicos e dos credores. A factura tem um destinatário - os trabalhadores e o povo!


Reparem que sobre a Banca ou as grandes fortunas não há nenhum agravamento!!! A questão é que com as medidas anunciadas o estrangulamento da galinha (economia) vai avançar e com ele a quebra da actividade económica e das receitas. E quanto à recuperação da competitividade com um euro - moeda forte - vai ser muito complicado como a té a Troika o reconhece.


Para ajudar à festa o aumento da taxa de juro do BCE recentemente tomada vai penalizar ainda mais a dinamização da actividade económica. Sem crescimento económico que se veja não há saida possível.


Só por ingenuidade se pode pensar que os "mercados" em 2013 nos irão dar o beneficio da dúvida! Estamos a seguir o caminho da Grécia! Não aprendemos nada!


Concluindo: com a ortodoxia neoliberal deste Programa e com o euro, moeda forte podem começar a preparar o funeral da economia portuguesa.






28 de junho de 2011

A Grécia e os Banqueiros

Los banqueros se preparan para dominarem a Grecia: los socialdemócratas votan por el suicidio nacional


Michael Hudson
CounterPunch


Traducido del inglés para Rebelión por Germán Leyens




La lucha por el futuro de Europa se está librando en Atenas y otras ciudades griegas que se resisten a las exigencias financieras que son la versión en el Siglo XXI de un ataque militar directo. Sin duda, la amenaza de supremacía de los bancos no es el tipo de política asesina de la economía que proporcione oportunidades para mostrar heroísmo en la batalla armada. Las políticas financieras destructivas se parecen más a un ejercicio en la banalidad del mal, en este caso las conjeturas favorables a los acreedores del Banco Central Europeo (BCE), la UE y el FMI (incitado por el Tesoro de EE.UU.).
Como señaló Vladimir Putin hace algunos años, las reformas neoliberales colocadas en manos de Boris Yeltsin por los Harvard Boys en los años noventa, llevaron a que Rusia sufriera tasas de natalidad más bajas, esperanza de vida más corta y emigración –la mayor reducción del crecimiento de la población desde la Segunda Guerra Mundial. La huída de capitales es otra consecuencia de la austeridad financiera. La “solución” al problema de la deuda de Grecia propuesta por el BCE es por lo tanto contraproducente. Solo sirve para que el BCE gane tiempo para apoderarse de más deuda del gobierno griego, dejando que todos los contribuyentes de la UE paguen la cuenta. Para evitar ese traspaso de las pérdidas de los bancos a los contribuyentes, Angela Merkel en Alemania ha insistido en que los dueños privados de bonos deben absorber parte de la pérdida que resulta de sus malas inversiones.

Los banqueros tratan de obtener una ganancia inesperada utilizando el martillo de la deuda para lograr lo que hacía la guerra en el pasado. Exigen la privatización de activos públicos (a crédito, con deducción tributaria para los intereses de manera que quede más flujo de efectivo para pagar a los banqueros). Esta transferencia de tierras, servicios públicos e intereses como botín financiero y tributo a las economías acreedoras es lo que hace que la austeridad financiera se parezca a la guerra en su efecto(....)
A mi amigo David Kelley le gusta citar el comentario sarcástico de Molly Ivins: “Es difícil convencer a la gente de que la estás matando por su propio bien”. El intento de la UE de hacerlo no tuvo éxito en Islandia. Como los islandeses, los manifestantes griegos están hasta la coronilla de docta ignorancia neoliberal de que la austeridad, el desempleo y los mercados en contracción son el camino hacia la prosperidad, no a más pobreza. Por lo tanto hay que preguntar ¿qué motiva a los bancos centrales a promover a administradores con estrechez de miras, que siguen las órdenes y la lógica de un sistema que impone innecesarios sufrimientos y desperdicio, todo para continuar con la banal obsesión de que los bancos no deben perder dinero?

Hay que concluir que los nuevos planificadores centrales de la UE (¿No es lo que Hayek dijo que era el Camino a la Servidumbre?) actúan como guerreros de clase al exigir que todas las pérdidas sean sufridas por las economías al imponer la deflación de la deuda y al permitir que los acreedores se apoderen de activos. Como si esto no empeorara el problema. Esta línea dura del BCE está respaldada por el secretario del Tesoro de EE.UU., Geithner, evidentemente a fin de que las instituciones estadounidenses no pierdan sus apuestas en juegos de derivados que han emprendido.(...)

Na Versão original:
June 24 - 26, 2011

Only a Referendum of the People Can Stop Them Now
Bankers Gear Up for the Rape of Greece, as Social Democrats Vote for National Suicide
By MICHAEL HUDSON

The fight for Europe’s future is being waged in Athens and other Greek cities to resist financial demands that are the 21st century’s version of an outright military attack. The threat of bank overlordship is not the kind of economy-killing policy that affords opportunities for heroism in armed battle, to be sure. Destructive financial policies are more like an exercise in the banality of evil – in this case, the pro-creditor assumptions of the European Central Bank (ECB), EU and IMF (egged on by the U.S. Treasury).(...)

http://www.counterpunch.org/hudson06242011.html

27 de junho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 23.1SALÁRIO DE SUBSISTÊNCIA - I
A noção de salário de subsistência aparece agora de forma recorrente devido às imposições - e imposturas – do neoliberalismo e correspondente submissão à finança internacional e seus agentes.
O salário de subsistência corresponde ao necessário para manter e reproduzir a força de trabalho e tem um conteúdo histórico e social. Isto é, o salário de subsistência não será o mesmo em Portugal, na Bélgica, na Suíça, na Índia ou no Brasil. O salário de subsistência não é, pois, o mínimo fisiológico para um trabalhador se manter vivo e operacional, durante um certo tempo. Isto estaria ao nível do campo de trabalhos forçados. Nem na escravatura será  este o paradigma que se verifica. E dizemos “verifica”, pois, como a seu tempo veremos, a escravatura ainda existe.
O salário de subsistência consistirá no necessário para vestir, alimentar, alojar adequadamente um casal de trabalhadores e no mínimo – para garantir a reprodução da força de trabalho – os seus dois filhos. Tem além disso em conta hábitos sociais de consumo ou lazer que se transformaram em necessidades. “É totalmente indiferente se do ponto de vista fisiológico um meio de consumo é necessário ou não, basta que em conformidade com o hábito um tal meio de consumo se torne necessário” (Marx).
Um outro aspecto a considerar é que na medida em que se reduzem as prestações e os direitos sociais o salário terá de ser mais elevado para o mesmo nível de existência. É o caso dos custos com a saúde, educação, transportes (existência e facilidade de transportes públicos), etc. A própria segurança no emprego e na terceira idade importa, sendo necessário que o trabalhador caso não disponha desses direitos, tenha o necessário para garantir justamente a sua manutenção e a da sua família em previsíveis condições futuras. Consideremos por exemplo, um casal de operários, o salário conjunto, no caso de ambos trabalharem, deveria corresponder ao necessário para a existência de aparelhagens e de contratações para a facilitação e a realização dos trabalhos domésticos, caso contrário a sua jornada de trabalho não seriam oito horas, mas ficaria ao nível do que havia no século XIX – e em muitos países neste século XXI, sob o efeito da globalização neoliberal que coloca trabalhadores e trabalhadoras ao nível da smiescravatura.
Falámos em reprodução da força de trabalho e num casal de operários. O seu salário deverá então corresponder à formação de dois novos operários? As coisas não podem passar-se exactamente assim. Isto seria verdade numa sociedade sem desenvolvimento tecnológico e sem crescimento, isto é, de reprodução económica simples e não de reprodução alargada. Nas condições de reprodução alargada e desenvolvimento tecnológico os filhos destes operários terão de ter em crescente proporção uma licenciatura ou no mínimo uma formação escolar mais alargada. O salário do casal terá portanto que permitir custear as despesas com esses estudos, que serão crescentes na medida em que se reduzem as prestações sociais.
Portanto a noção de salário de subsistência é tanto uma questão social como um importante elemento do desenvolvimento económico.
A afirmação de que “pobreza, gera pobreza” é, como se vê, assim justificada.
Não só em Portugal, mas genericamente na UE a generalidade dos jovens de hoje não dispõe, nem de salário nem segurança para constituir família, criar e manter adequadamente dois filhos. Vivem na dependência dos pais e na precariedade com salários de miséria. É assim que na UE em 2008 cerca de 46% dos jovens continuavam a viver em casa dos pais, apesar de mais de metade ter um emprego a tempo inteiro ou parcial. Em Portugal a percentagem de jovens entre os 18 e os 34 anos que viviam com os pais ronda os 59%. Além disto na UE o risco de pobreza dos jovens eleva-se a 15,7 % e 35,8 % dos jovens com emprego tinham contratos a prazo. Em Portugal esta percentagem ultrapassava os 50 por cento. Como se vê, a "flexibilidade” traduz-se pela redução das condições de subsistência.
Pela mão subserviente dos governos que se submetem à finança internacional – mesmo com o qualificativo de “socialistas” (1) os salários foram levados para níveis inferiores ao de subsistência. Esta a trágica realidade traduzida no “memorando de política económica” do FMI, BCE, CE para Portugal.
Não pode, infelizmente, ser mais oportuna esta passagem de F. Engels, na sua “Crítica ao Programa de Erfurt”, em 1891: “É possível que a organização dos trabalhadores e a sua resistência oponham uma certa barreira ao crescimento da miséria. Mas o que aumenta certamente (em capitalismo) é a incerteza da existência”.
1- Ver neste “dicionário” – tema 2 – “Socialismo do século XXI”
A seguir – Salário de Subsistência – II

24 de junho de 2011

Prosseguir o roubo adiar soluções

Eles Já ensaiam o corte de 36% da dívida da Grécia.


« La plus sérieuse menace qui pèse sur la stabilité financière dans l’Union européenne vient de l’interaction entre les vulnérabilités des finances publiques de certains États membres et le système bancaire, avec des effets de contagion potentiels dans l’Union et au-delà » a déclaré Jean-Claude Trichet, au nom du Comité des risques systémiques dont il est le président. L’inquiétude pointe après les menaces, l’amenant à entrer dans le vif du sujet de la situation des banques.

Tardivement mais non sans à-propos, le régulateur européen suprême des banques, l’EBA (European Banking Authority), vient de demander aux 90 banques pour lesquelles des stress tests sont en cours de remettre leur ouvrage sur le métier et d’inclure de manière impromptue dans leurs simulations l’éventualité d’une décote de 36% sur la dette grecque.

Devant l’imminence du danger, une réunion a été improvisée avant le sommet européen, regroupant outre Angela Merkel et Nicolas Sarkozy, Jean-Claude Trichet, George Papandréou, Jean-claude Juncker, Herman Van Rompuy et José Manuel Barroso. A part réaffirmer sous une forme dramatisée de grands principes dont toute la difficulté réside dans leur mise en musique, on ne voit pas très bien ce qu’ils vont pouvoir décider.

Ils ne peuvent au mieux que boucher les trous financiers immédiats de la Grèce pour convaincre le FMI, qui se fait tirer l’oreille, de faire de même. Ils en sont là, à régler les problèmes à la petite semaine." LC. Blog de P.J.

23 de junho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 22.2INICIATIVA – II
Fala-se que “só a iniciativa privada é que cria riqueza”. A primeira questão é compreender o que entendemos por riqueza e por iniciativa.
Quando a Espanha inundou a Europa com o ouro trazido das “Índias Ocidentais” conseguiu várias coisas, menos tornar-se mais rica: os preços dos bens mais simples foram multiplicados várias vezes arruinando os que viviam do seu trabalho. Teria criado riqueza? A Espanha atravessou uma enorme crise, económica e social. Os campos despovoaram-se, Castela perdeu mais de metade da população, Toledo encerrou todas as suas fiações de lã. Os 400 tecelões de Sevilha ficam reduzidos a 50. Na serra Mestra, os rebanhos de ovinos passaram para menos de um terço.
O desenvolvimento desastroso das ideias monetaristas/neoliberais conduziu a resultados semelhantes nos países que adoptaram ou foram obrigados a seguir os seus dogmas. O significado de riqueza é a posse de bens, não a posse de dinheiro! Como é possível que isto tenha escapado aos actuais gurus que vão intoxicando a opinião pública? O dinheiro é um mero equivalente, um meio de troca, pode servir de entesouramento, mas o seu valor só se realiza quando se troca por bens, ou serviços equivalentes, isto é, por valor-trabalho. A única riqueza real é a criada pela força de trabalho e – note-se – pela forma como esta é remunerada.
Passemos por agora à questão da iniciativa. O próprio significado da palavra contradiz o “privado”. Iniciativa é o acto pôr em prática um plano ou uma ideia; é a qualidade da pessoa que está disposta a empreender algo. Uma organização é tanto mais dinâmica, com capacidade de progredir e evoluir quanto mais e melhor seja capaz de incentivar e aproveitar as iniciativas dos seus trabalhadores ou colaboradores. O que não há é “iniciativa privada”. Há capital privado e há pessoas com ideias inovadoras, com ou sem capital próprio, que as procuram pôr em prática. A partir do momento em que a ideia passa à prática deixa de ser privada, melhor dizendo, individual, passa a ser esforço colectivo, trata-se do carácter social da produção. Não faz sentido falar em “iniciativa privada”. A produção, a criação de riqueza, é social. A iniciativa pode existir como ideia, a partir deste momento a sua concretização depende de todo um conjunto de contribuições colectivas.
Existe sim um outro elemento: a capacidade de liderança para pôr a organização a funcionar eficaz e eficientemente. Diga-se que o primeiro papel do líder será congregar vontades à volta de objectivos mutuamente assumidos – as iniciativas. A visão do líder, a capacidade de prever e dar solução a dificuldades e alteração de circunstâncias são qualidades fundamentais da liderança, não se trata é de “iniciativa privada”. O empreendorismo, o esforço individual, é socialmente necessário, em capitalismo, em socialismo, em qualquer outro sistema económico e social, porém a competência e o talento só se realizam na organização. O eufemismo “iniciativa privada”, resulta da má consciência das malfeitorias resultantes do capitalismo, crismando-o de “iniciativa privada”, misturando na mesma designação conceitos muito diversos.
Pode-se falar em iniciativa individual no caso da criação artística ou mesmo artesanal. Mas só no acto de criação, pois o livro, a pintura exposta, a escultura, a música tocada, exige outras iniciativas de carácter social, o contributo de organizações de carácter social. “Cada homem é um elo indispensável numa cadeia de efeitos, cujo começo nada mais é que uma ideia” (Marx – Filosofia da Miséria – p.66 – citando o economista Bray)
Sem prejuízo, de considerarmos que numa economia dinâmica tem de haver lugar para várias formações económicas: públicas, privadas, cooperativas – excepto, frisemos mais uma vez, para o capital rentista e a especulação – o sentido do que apontámos na primeira parte mostra que o Estado não só pode ser – como foi - gestor eficiente.
Na realidade, o Estado é a única entidade capaz de definir e contabilizar os custos e benefícios sociais dos investimentos. Se a acção do Estado se guiar por um plano económico coerente e por critérios sociais, o investimento público é mais valioso, pois o lucro da empresa privada vai repartir-se entre reinvestimento e aumento do consumo capitalista. Isto significa que se piora a relação acumulação - consumo e as desigualdades na repartição do rendimento relativamente ao investimento público.
O investimento privado é também valioso e pode substituir-se ao investimento público em muitos casos, devendo ser apoiado na medida em que contribua para os objectivos macroeconómicos definidos pelo plano económico e social. Contudo, na realidade actual apesar do aumento dos lucros dos bancos e das grandes empresas o investimento reduz-se, as diferenças entre o PIB e o RN mostram que é cada vez maior a parcela de riqueza que abandona o país.
O problema da “iniciativa privada” entregue aos princípios neoliberais, dá origem ao feitichismo do dinheiro, expresso no actual poder financeiro incapaz de fazer face às tempestades que desencadeou, na livre circulação de capitais, na isenção de impostos que beneficiam, passando então em vez de serem socialmente controlados a controlar todos os aspectos da existência: quer éticos, quer materiais, impondo a ditadura de uma certa classe de grandes detentores de capital e seus agentes, por mais formalmente correctas que pareçam as instituições democráticas.
O problema das críticas de ineficiência ao sector empresarial do Estado foi que este passou a depender de cúpulas que defendem interesses alheios aos objectivos de toda a sociedade.
As ideias que hoje nos vendem como inquestionáveis têm apenas escassas décadas, que em termos económicos e sociais se revelaram retrocessos civilizacionais - como temos visto.
O futuro, pela acção dos povos, se encarregará tal como no passado de as remeter para o lixo da história. Esperemos para bem de todos que o mais rapidamente possível.
A seguir – Salário de subsistência

22 de junho de 2011

Sem vergonha!

O "Sistema Financeiro" ganha em todos os tabuleiros.
Depois de terem dito o contrário,o Presidente do Euro-grupo surpreendeu esta semana os mercados ao afirmar que o futuro Mecanismo Europeu de estabilidade(M.E.E.) não será credor privilegiado nos casos da Grécia ,Portugal e Irlanda.
Este é o resultado da pressão do lobby bancário!
Isto significa que o novo mecanismo M.E.E. a entrar em vigor em 2013 no caso do incumprimento de um daqueles países a quem emprestou o dinheiro não será credor prioritário.Entre os accionistas da banca e os contribuintes a U.E. com todo o descaramento preferiu privilegiar a banca.A Exposição da banca à dívida dos países periféricos vai diminuindo aumentando a do BCE e a dos contribuintes.Segundo cálculos de seguradoras de crédito a exposição de cada família da zona euro em 2014 vai mais que triplicar em relação a hoje.Sem vergonha!

20 de junho de 2011

Vídeos da Conferência de imprensa do movimento " Por um protecionismo europeu"

http://www.protectionnisme.eu/Le-protectionnisme-plebiscite-par-les-Francais_a132.html

Conférence de presse "Les Français, le protectionnisme et le libre-échange": les vidéos

Voici les vidéos de la présentation du sondage par l'IFOP, des interventions d'Emmanuel Todd, Jacques Sapir, Jean-Luc Gréau, Hervé Juvin et Philippe Murer ainsi que des questions de le salle lors la conférence de presse "Les Français, le protectionnisme et le libre-échange"


http://www.protectionnisme.eu/Conference-de-presse-Les-Francais-le-protectionnisme-et-le-libre-echange-les-videos_a134
http://www.marianne2.fr/Crise-de-l-Europe-reinventer-le-protectionnisme-2-2_a207354.htm
O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO - 22.1INICIATIVA - I
O apresentador ouve com um sorriso delicado – por vezes deliciado – um dos habituais entrevistados dizer displicente: “Quem cria riqueza é o empresário” ou assertivo: “Só a iniciativa privada é que cria riqueza”. Veja-se a que é que o neoliberalismo reduziu o que em economia se designa por forças produtivas.
É evidente, que estas, noutras circunstâncias insólitas, afirmações destinam-se a argumentar a favor da retirada do Estado dos sectores básicos e estratégicos da economia e privatizar tudo o que de alguma forma possa dar lucro. A tese é no mínimo indecorosa.
É caso para perguntar, então o que aconteceu na então UE/CEE – para não irmos mais longe – até à década de 80 do século passado? Vejamos: já com as economias há muito recuperadas do pós-guerra, o sector empresarial do Estado era ainda determinante nos principais países. Em 1982, na RFA, o SEE representava 12,5% do VAB de todas as empresas; na Bélgica 15% do total da FBCF; na França 31,7% da FBCF e 16,5% do PIB de todos os sectores de actividade (excluindo o financeiro); no Reino Unido (1985) 12% do PNB e 20% da FBCF; Itália 25% do VAB de toda a economia e 49,7% da FBCF. Como é que se pode dizer que a gestão pública é por definição ineficiente?
Actualmente privatiza-se com os visíveis resultados de destruição global das sociedades mergulhadas em profundas crises económicas e sociais.
Não há em apoio daquelas afirmações, nenhum argumento nem prático nem teórico. Muito pelo contrário, antes do totalitarismo neoliberal dominar as nossas sociedades, prestigiados economistas, de organismos internacionais privilegiavam o investimento público em particular nas economias com maiores atrasos estruturais e problemas de desenvolvimento económico.
E. S. Mason escrevia: «em muitas áreas subdesenvolvidas a empresa privada parece ser uma candidata bastante fraca para assumir as pesadas responsabilidades do desenvolvimento; o mercado livre concebido como organismo central na orientação da utilização dos recursos deixa muito a desejar» (Economic Planning in Underveloped Areas, Fordham University press, New York 1958, pág. 61)
Em Industrial Planning (Nações Unidas, 1969, pág.2) afirma-se: «em vista das tremendas barreiras levantadas ao desenvolvimento económico seria irrealista imaginar que a expansão industrial ocorrerá espontaneamente. A rigidez estrutural e outros obstáculos encarados por muitos países em desenvolvimento não podem ser ultrapassados apenas pelas forças do mercado, a planificação é uma parte essencial do desenvolvimento industrial nesses países».
Pretender corrigir esta situação por meio de incentivos ao lucro não é eficaz, pois «a ajuda trazida às forças do mercado livre, graças a diversas medidas de origem governamental, constitui sem dúvida uma estratégia. O seu efeito é contudo insuficiente, porque ela não garante a realização de objectivos precisos num tempo dado» (I.Sachs e K Lasky, Industrialisation et productivité, Nações Unidas, Junho, 1972, pág. 35).
Os políticos do neoliberalismo proclamam a «função social» do capitalismo e da privatização da economia. Porém, como conciliar este piedoso objectivo com o facto de o sistema só funcionar baseado na taxa de lucro e funcionar «tanto melhor» quanto mais alta for essa taxa?
Quanto ao mito da eficiência privada, aí estão os resgates das dívidas bancárias, das fraudes financeiras, em suma, da usura fomentada por instituições financeiras a seu comando, aceites de forma subserviente pelos governos que se colocam na sua dependência, ao seguirem os seus critérios.
O preceito de privatizar tudo o que possa dar lucro foi levado ao cúmulo de se transformarem serviços de carácter social e colectivo em actividades monopolistas e rentistas de que são exemplo as PPP. As consequências têm sido desastrosas. Parte-se do princípio, dogmático aliás, que o interesse colectivo seria melhor desempenhado pela empresa privada. Sendo uma negação da própria teoria económica e de toda a lógica do funcionamento da empresa capitalista, na realidade o que ocorre nestes casos é o lançamento de impostos de forma directa ou indirecta sobre os cidadãos através dos preços de monopólio e respectivas rendas.
O que é um perfeito disparate em termos económicos e sociais tornou-se um disfarce para manobras de corrupção, favoritismo, desleixo, incompetência.
Esclareça-se que não nos move qualquer preconceito contra a empresa capitalista ou empresa privada – os termos correctos para “iniciativa privada”. Pelo contrário, as empresas privadas devem ser apoiadas pelo Estado, na medida em que contribuam para os objectivos macroeconómicos devidamente definidos e planeados. É justamente desta ausência que se queixam muitos empresários. Devemos também distinguir as diferenças fundamentais e estruturais que existem no sector capitalista entre as MPME e as grandes empresas de cariz mono ou oligopolista e o capital financeiro especulador. O conceito de renda e de mercado monopolista estabelece esta diferenciação. A confusão ideológica que se estabelece procura disfarçar a diferença de interesses entre uns e outros. Os interesses das MPME encontram-se face ao neoliberalismo muito mais próximos dos trabalhadores, que constituem afinal o seu principal mercado, do que do capital rentista e especulador, que estrangula estas empresas no crédito e nos factores de produção.
Poderá dizer-se que o Estado como gestor é ineficiente. Os dados iniciais demonstram o contrário. Na verdade, a eficiência – ou a ineficiência - dos seus serviços e resultados tem que ver em primeiro lugar com a ideologia política dominante. Depois com a competência e honestidade dos seus dirigentes, com os seus objectivos pessoais. São conhecidos os casos de responsáveis de cargos públicos negociarem com entidades privadas vindo posteriormente a ocupar elevados cargos nessas empresas. A alegada ineficiência do Estado é o resultado deste ser entregue a pessoas cujos preconceitos ideológicos e interesses pessoais subordinam a sua acção aos interesses privados do grande capital monopolista e financeiro.
A seguir – Iniciativa II

A Chantagem sobre a Grécia ou puro bluff

Mostrando ,mais uma vez, o que entendem por solidariedade europeia e coesão económica e social da União os ministros das finanças do Euro declararam que só será libertada a nova fatia do empréstimo à Grécia se o parlamento grego aprovar o novo plano de privatizações e de austeridade.Se não aprovar a Grécia irá à falência dizem...Puro bluff.
Aqueles senhores sabem muito bem que uma falência do Estado Grego causará prejuízos enormes aos seus mega bancos e ao BCE.E poderia ser o Titanic do EURO!
Vejamos o que sobre isto pensam os "Investidores" internacionais.

La Grèce, le Lehman Brothers de l'Europe ?
Depuis quelques jours, l'inquiétude se fait plus vive dans la presse. La faillite de la Grèce pourrait-elle avoir les mêmes conséquences pour la zone euro que Lehman Brothers sur la finance en 2008 ?

Car un défaut grec aura forcément des répercussions dans toute l'Europe.

Trois points de similitudes principaux font trembler les marchés :

1. La dette grecque est partout en Europe. Pour rappel, voici le niveau d'exposition au risque grec de différents pays. Les banques italiennes détiennent pour 1,6 milliard d'euros de dettes grecques, les britanniques pour 2,4 milliards, les françaises pour 10,5 milliards et les allemandes pour 16 milliards.

Au total, les banques européennes détiennent pour 36,5 milliards d'euros d'obligations grecques. Une somme qui n'inclut pas les 47 milliards d'obligations grecques achetés par la BCE dans sa tentative désespérée de redonner confiance aux marchés.

Au final, c'est plus de 83 milliards d'euros d'obligations grecques qui ont contaminées le système bancaire de la zone euro, et plus si on compte les pays européens comme la Roumanie ou la Bulgarie.

2. Les produits structurés seront le véhicule de la contagion. Via les CDS, les assurances contre le défaut qui vont se déclencher si la Grèce est soupçonnée de faire faillite. Ce qui signifie en clair que les banques vont devoir ses assurances. Or le montant des CDS grecs (5 milliards d'euros) est à peu près équivalent à ceux de Lehman en 2008 (5,2 milliards de dollars).

3. Les prêts interbancaires vont chuter. Ces prêts forment la base du système bancaire. En 2008, ils avaient dramatiquement ralentis. Les banques, touchées de plein fouet par les conséquences de la faillite de Lehman Brothers et les subprime, avaient cessé de se prêter les unes aux autres de crainte de n'être jamais remboursées. Qui mieux qu'une banque pour connaître les difficultés d'une autre banque. Et c'est exactement ce qui peut se passer en cas de faillite de la Grèce.

Comment vous protéger de ce risque de contagion ?
La première protection, vous la connaissez forcément : l'or.

17 de junho de 2011

A verdade sobre a Grécia- uma opinião

PAR NICOLAS BARRÉ
La vérité sur la Grèce

ECRIT PAR

Nicolas BARRE
Directeur délégué de la rédaction L Echos
Arrêtons de tergiverser et de faire comme si les peuples européens étaient incapables de comprendre. En démocratie, cacher la vérité sous le langage technicien des experts finit un jour ou l'autre par produire le pire. Il est donc temps de regarder la vérité en face sur la crise grecque et dire clairement ce qu'elle signifie pour l'Europe. On ne peut pas engager des dizaines de milliards d'euros d'argent des contribuables européens, supprimer en même temps des postes dans les lycées et croire que « cela passera ». Cela passe déjà mal en Allemagne et cela commence à coincer ailleurs.
Vérité sur la Grèce, d'abord. Il faut arrêter de se raconter des histoires, même dans le meilleur des scénarios, elle ne pourra pas rembourser toutes ses dettes. Une étude de l'excellent think tank européen Bruegel le démontre chiffres à l'appui.(...)

Uma nova Farsa

Uma opinião sobre a crise

L’actualité de la crise : UNE NOUVELLE FARCE NOUS EST COMPTÉE, par F. l.
17 JUIN 2011


Au déni s’ajoute le désarroi.

Les différentes manières dont il est rendu compte de la crise européenne actuelle renvoient en droite ligne à l’incapacité dont font preuve les autorités européennes à la résoudre. L’alarmisme est de rigueur, mais les analyses sont quant à elles désarmantes.

Il y a ceux qui mettent exclusivement l’accent sur les responsabilités des Grecs, sans distinction, et énumèrent tous les manquements dont ils ont fait preuve et les réformes structurelles profondes qu’ils doivent réaliser séance tenante. Ou bien ceux qui privilégient comme grille d’analyse les égoïsmes et les affrontements nationaux - les Allemands ceci, les Grecs cela – et pronostiquent le retour des protectionnismes et du nationalisme. Ou bien encore ceux qui voient dans la construction imparfaite et incomplète de l’Europe les causes du désastre actuel, auxquelles il faut désormais remédier.

Le point commun de toutes ces analyses est comme on le voit de tout simplement occulter la crise financière, pourtant omniprésente et visible comme le nez l’est au milieu du visage.

L’éditorial du Financial Times illustre à merveille le premier cas, évoquant une crise qui représente « une opportunité qui n’arrive qu’une seule fois en une génération pour les politiciens grecs, les chefs d’entreprise, les syndicalistes et en général la population de s’unir afin de nettoyer les putrides écuries d’Augias de l’État grec contemporain.»

Dans un genre plus cru mais tout aussi imagé, l’éditorialiste du quotidien allemand à grand tirage Bild – qui mène campagne contre la paresse des Grecs et l’implication allemande dans le financement de leur sauvetage – avertit les Grecs qui manifestent leur colère envers leur premier ministre, l’Europe et l’Allemagne qu’ils ne doivent pas « mordre la main qui les nourrit ».

Jean-Pierre Jouyet, président de l’Autorité française des marchés financiers, prédit de son côté « soit le début de la fin, soit le début d’une nouvelle intégration européenne », expliquant que « le problème grec révèle qu’il y a un hiatus très fort entre une monnaie unique (…) et une organisation économique et financière de l’Europe qui n’est pas assez forte ».

De manière significative, il n’aborde le sursaut européen qu’il appelle de ses vœux que sous l’angle purement institutionnel, occultant toute réflexion sur la stratégie qui devrait être suivie en matière économique, financière… et sociale. Tout comme Jean-Claude Trichet qui se cramponne à sa seule grille fiscale comme remède universel (n’ayant plus de remède monétaire à sa disposition).

Le deuxième point commun décelable dans toutes les réactions et commentaires, c’est de prédire des catastrophes terribles si la crise grecque n’est pas résolue, allant du cataclysme submergeant les banques et l’économie grecque, à la contagion atteignant d’autres pays, jusqu’à l’éclatement de la zone euro pour les plus pessimistes (ou les plus lucides). Mais si les effets sont bien envisagés, les mécanismes qui en seraient à l’origine ne le sont pas… Et pour cause, car il faudrait intégrer dans l’analyse ce qui précisément y fait défaut : la crise financière elle-même, qui n’a pas de solution dans le cadre de la stratégie choisie de protection à tout prix du système bancaire.

Rien ne permet non plus de comprendre, à lire les médias, les raisons pour lesquelles les Européens ne parviennent pas à se mettre d’accord entre eux et avec la BCE. En France, la discrétion est de rigueur sur l’alignement gouvernemental avec la politique soutenue par cette dernière, car il faudrait parler de la situation des banques nationales, encore un tabou.

Tout le monde voit l’Europe au bord du précipice, le marché obligataire et la valeur des CDS grimper en flèche, et ce serait sur des questions somme toute secondaires de modalités et non pas de principes que les discussions achopperaient ! Il nous est même annoncé, dans le grand désarroi ambiant, que non seulement le sommet des chefs d’État et de gouvernement ne sera pas en mesure d’aboutir à une solution – la question étant reportée à la réunion du 11 juillet prochain des ministres des finances – mais qu’il faudra peut-être même attendre septembre pour que le problème soit résolu.

Que l’on ne s’étonne pas, dans ces conditions, que non seulement la crise financière européenne rebondisse et atteigne de nouveaux pays de plein fouet, mais également que ce qu’il est désormais coutume d’appeler la classe politique – peut-être en raison de sa professionnalisation à l’extrême – enregistre partout de nouvelles et profondes désaffections.

A la suite de leur rencontre de ce vendredi matin à Berlin, Angela Merkel et Nicolas Sarkozy sont convenus qu’il fallait « une solution rapide » à la crise, sans définir d’échéance. C’est bien le moins qu’ils pouvaient déclarer, la chancelière ajoutant que la participation des créancier privés au plan de sauvetage devait se faire « sur une base volontaire », ce qui ouvre grand la porte à la poursuite des négociations avec les banques et aux compensations qu’elles vont réclamer… et obtenir.

La participation des créanciers est une nouvelle farce qui nous est comptée.Blog de P.J.

16 de junho de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO – 21.2 – ECONOMIA DE SUCESSO II – AS 3 CRISES

Consta que estando Constantinopla cercada pelos otomanos, se discutia nos seus fóruns qual seria o sexo dos anjos. O termo ficou e é aplicável às discussões nos areópagos sejam dos G7, dos 8 ou dos 20, seja nas gongóricas reuniões do Conselho Europeu, face às 3 gravíssimas crises que o mundo tem de enfrentar e resolver: a crise económica e financeira, a crise social, a crise ecológica.
Nenhuma das medidas que permitiriam resolver estas situações é compatível no quadro do desenvolvimento capitalista que impõe os lucros monopolistas, o processo rentista e especulador, a livre circulação de capitais e impede a intervenção do Estado na esfera produtiva e o planeamento económico democrático.
O esgotamento dos recursos naturais imporá alterações drásticas no modo de vida e no funcionamento das sociedades. Trata-se do fim da era da energia barata (peak oil); do esgotamento dos recursos naturais como a água, as florestas, os solos férteis, a pesca, que afectará milhares de milhões de pessoas. Mil milhões de seres humanos numa centena de países estão já ameaçados pela desertificação. A biodiversidade declina rapidamente; calcula-se que 24 000 milhões de toneladas de solo fértil são perdidos todos os anos pela erosão. Muitos minerais fundamentais atingem o ponto de esgotamento, implicado a sua extração cada vez maior dificuldade e maiores custos. Para tudo isto o sistema capitalista não tem soluções: devido às leis do seu funcionamento, ignorando custos e benefícios sociais, funcionando em função do lucro privado, precisamente em sentido contrário do que seria desejável e necessário.
A incompreensão do que são custos e benefícios sociais e, por consequência também ambientais está bem expressa pela afirmação de um dos homens mais ricos de Portugal, que se congratulava por ser possível – nos seus supermercados – colocar pescado fresco do Chile em 36 horas ou frutos tropicais em 9 horas, transportados de avião. Para ele e quem pensa como ele a economia de sucesso é isto, que represente desemprego na pesca e na agricultura nacionais, défices da Balança Comercial e consequente endividamento do país que tão superlativamente criticam, não parece ser relevante. E serão ainda menos, os custos ambientais de tal “eficiência”.
“É um dogma do capitalismo “laissz-faire” (leia-se neoliberalismo) que os lucros medem o ganho que a sociedade obtém de um investimento. A aceitação deste ponto de vista parece permitir aos capitalistas reclamarem o aplauso da sociedade à medida que enchem os bolsos. Assim não pode ser negado como intolerável hipocrisia a teoria de que os lucros medem o ganho social e não apenas o ganho privado (…) Os lucros são um mecanismo quase essencial de sinalização para guiar as decisões de investimento – mas podem ou não ser um bom mecanismo. Será bom se de forma aproximada a despesa medir os custos sociais e as receitas os benefícios sociais”. (I.M. Little e J.A Mirless – Project Appraisal and Planning for Developing Countries, Heinemann Educational Books, Londres 1977 p.18). (1)
A questão é na sua essência simples. Não há solução para estas crises no sistema capitalista. As propostas apresentadas – imposições – são confessadamente apenas para resolver os problemas financeiros da banca. São propostas que pretendem resolver os problemas com as medidas que lhes deram origem. Fazer as mesmas coisas à espera de resultados diferentes configura um quadro de insanidade mental (um mundo dirigido por loucos…) caso não se tratasse de puro dogmatismo para uns, de oportunismo para outros, de ganância sobretudo para os que controlam estes. Vemos títeres criticarem aquilo que efectivamente defendem e praticam, enunciarem promessas de reformas e fazerem apelos à ética, palavras vazias de conteúdos concretos com que se tenta iludir incautos.
Será então o sistema imune à ética e às reformas no sentido de resolver as suas 3 crises? Sim, porque o problema não reside em razões práticas, mas teóricas. O sistema teria de deixar de ser aquilo que a sua natureza implica. Foi por isso que o keinesianismo (ver temas 6 e 7) teve de ser abandonado.
Parece pela evidência dos factos que a questão de reforma ou revolução está ultrapassada. O sistema mostrou ser irreformável, muito pelo contrário, o que se designa por reformas são tão-somente retrocessos civilizacionais de décadas, largas décadas em muitos casos, cuja tendência é a generalização do trabalho sem ou com um mínimo de direitos: trabalho smiescravo. O mito social – democrata de criar mais riqueza para melhor a distribuir, sem ter em conta as relações de produção, cai pela base com a livre circulação de capitais, o domínio dos paraísos fiscais e dos critérios de especulação financeira
A “economia de sucesso” ao longo das últimas décadas consistiu basicamente na espoliação das riquezas nacionais de cada país em benefício de uma camada de bilionários e multimilionários e no empobrecimento geral. Esta “economia de sucesso” mostrou-se incapaz de avaliar a realidade, de prever o futuro próximo e apontar adequadas medidas além de mais austeridade. “A austeridade leva ao desastre” (Joseph Stiglitz). Sim, para a população trabalhadora e para os países dominados, mas de sucesso para a finança.
Ao encarar retrospectivamente essa crença no decurso das audiências no Congresso no passado Outono, Alan Greenspan disse : “Deparei-me com um erro”. O congressista Henry Waxman pressionou-o, dizendo: “Por outras palavras: você descobriu que a sua visão do mundo, a sua ideologia, não era correcta, não funcionava”. “Exactamente, precisamente”, disse Greenspan. Estas palavras deveriam ser motivo de reflexão, mas não só: é necessário que se pense também na razão pela qual não são abordadas nas discussões, nas análises, no ensino.
A adopção desta filosofia económica defeituosa tornou inevitável que tivéssemos chegado ao ponto em que nos encontramos actualmente Na realidade, esta “economia de sucesso” não é apenas um erro, é um logro, é uma tragédia. E sendo assim, é necessário encontrar outras formas de avaliar o sucesso que não se expressem exclusivamente no lucros privados, mas sim prioritariamente nos benefícios sociais.
1- O prof. Little foi vice-presidente da OCDE; o prof. Mirrless, de Oxford, dedicou-se à investigação do desenvolvimento económico em países menos desenvolvidos. As ideias que estes autores apresentam, tal como outros em publicações da ONU e mesmo do Banco Mundial, são hoje totalmente escamoteadas pelo totalitarismo financeiro vigente.
A seguir – Iniciativa

15 de junho de 2011

Um ponto de vista dos "investidores"

Tradução de texto anterior M. W. : (....) O que é que se vai passar ?

A S&P previne todas as opções analisadas até agora para salvar a Grécia (alongamento da duração dos reembolsos ou trocas mais ou menos voluntárias de obrigações) serão consideradas como um incumprimento de pagamentos. A Zona euro está encurralada. Logo que a Grécia opere uma reestruturação da A análise de Investidoressua dívida (seja ela ligeira ou dura), o incumprimento de pagamento será estabelecido.

Apesar disto, todo corre pelo melhor, se se acreditar na última nota (L'HEBDO CREDIT de segunda-feira 30 de Maio de 2011) de Natixis qui se debruçou sobre o caso dos CDS Subs dos seguradores:
"concluímos que a exposição dos seguradores à dívida soberana dos países em dificuldade é limitada. É certo que as tensões sobre a dívida dos países periféricos se repercute sobre as acções e assim, indirectamente, sobre os seguradores mais expostos aos mercados de acções como Generali, que entre outras sofrem da perspectiva negativa infligida pela S&P à dívida soberana italiana. Esta em nada põe em causa a nossa confiança..."

Na vida real, muitas empresas vão fazer batota. Em primeiro lugar os bancos gregos que deixaram de ser solváveis. De seguida, será a vez dos bancos europeus. No quarto trimestre de 2010, os bancos franceses por exemplo estavam expostos à dívida grega em 56,7 mil milhões de dólares, segundo os dados da BRI. Depois a Grécia arrastará na sua queda a Irlanda e Portugal. Os CDS (credit default swaps), esses seguros anti-falência dos Estado, desencadeiam-se normalmente em cascada, o que acabará de laminar a Zona euro.

Por outro lado, como nos ensina o Financial Times, um incumprimento da Grécia observado pelas agências de notação forçará muitos fundos de investimento a desembaraçarem-se dos créditos gregos. Muitos de entre eles, com efeito não têm simplesmente o direito de deter obrigações de um país em incumprimento.

Antes de lá chegar, as empresas começam já a sofrer da crise do crédito soberano subprime. A Espanha está de novo sob pressão. A Telefonica a gigante das telecons já foi obrigada a anular a entrada na Bolsa de Atento. Ao mesmo tempo, o banco Santander, também ele espanhol, não conseguiu encontrar comprador para a metade das suas dívidas aquando de uma recente emissão de obrigações. Mesmo quando estas empresas são particularmente sólidas.

A língua de pau não adormece os contribuintes
"Reestruturação", "incumprimento", "bancarrota", são termos que os políticos europeus baniram do seu vocabulário desde há meses. Contudo as populações estão cada vez menos enganadas sobre o que as espera. Uma sondagem realizada pela Harris para o Financial Times publicada hoje mostra que os receios sobre as dívidas públicas se reforçaram. 42% dos Britânicos interrogados consideram que o seu país entrará em incumprimento dentro de 10 anos. Mesmo nos nossos vizinhos alemães, famosos pelo modo como gerem os défices orçamentais, 31% dos sondados pensam que é provável que o seu governo seja incapaz de reembolsar o dinheiro pedido emprestado. Os números sobem em relação à sondagem precedente de há um ano. Em França, somos 52% a calcular que o Estado fará incumprimento nestes 10 anos.

Um conselho, em matéria de gestão de obrigações europeias, sigam a estratégia do fundo soberano finlandês. Se esta última afirma ter uma visão positiva a longo prazo da Zona euro, decidiu reduzir a parte que representa as suas dívidas lavradas em euro na sua carteira. O seu objectivo : reforçar-se nos mercados emergentes.

A grécia nas garras dos especuladores

A guerra Euro/Dólar
Tradução de texto anterior
A Grécia nas garras dos especuladores
A agência de notação S,P. baixou a notação da dívida soberana grega a pretexto de que esta vai ser reestruturada. De imediato o euro desvalorizou-se em relação ao dólar!A factura segue dentro de momentos endereçada ao povo grego. Até quando?

S & P baixou a notação da dívida soberana grega a longo prazo para CCC

A agência de notação entende que o país corre o risco cada vez maior de ter de reestruturar a sua dívida de uma maneira que qualifica incumprimento.

A Standard & Poor's baixou na Segunda-feira a notação a longo prazo de três níveis para CCC, entendendo que o país corre o risco cada vez maior de ter de reestruturar a sua dívida de uma maneira que qualifica incumprimento.

Uma partição dos custos da dívida com os privados por meio de uma troca de títulos ou de uma prorrogação dos prazos será considerada de facto um incumprimento, explica a S&P.

A notação grega está apenas a três furos "D", a notação mais baixa atribuída pela S&P.

Antes do abaixamento ocorrido nesta Segunda-feira, a notação grega a longo prazo da S&P era de "B".

A perspectiva é negativa, sinal de que é esperado um novo abaixamento de agora a 12 ou 18 meses.

A S&P precisa que este novo abaixamento terá sem dúvida repercussões sobre as notação que atribui aos quatro principais bancos gregos: National Bank of Greece , EFG Eurobank Ergasias e Piraeus Bank .

O comunicado da S&P traduziu-se imediatamente pelo apagamento dos ganhos do euro contra o dólar. Alguns instantes depois do anúncio, o euro trocava a $1,43570 quando valia $1,43680 mesmo antes.

Os futuros do petróleo também acusaram o golpe. O Brent, até lá orientado para a alta, passou para o vermelho enquanto que o WTI acentuava as suas perdas, perdendo mais de dois dólares pelas 16h50 GMT. Les E.

A análise de Investidores

M. W. : (....)Qui va y passer ?
S&P prévient que toutes les options envisagées jusqu'à maintenant pour sauver le soldat grec (allongement des durées de remboursement ou échanges plus ou moins volontaires d'obligations) seront considérées comme un défaut de paiement. La Zone euro est coincée. Lorsque la Grèce opèrera une restructuration de sa dette (qu'elle soit légère ou dure), le défaut de paiement sera avéré.

Malgré cela, tout baigne dans le beurre, si l'on en croit la dernière note (L'HEBDO CREDIT du lundi 30 mai 2011) de Natixis qui s'est penché sur les cas des CDS Subs des assureurs :
"nous concluons que l'exposition des assureurs à la dette souveraine des pays en difficulté est limitée. Certes, les tensions sur la dette des pays périphériques se répercutent sur les actions et ainsi, indirectement, sur les assureurs les plus exposés aux marchés actions comme Generali, qui en outre souffre de la perspective négative infligée par S&P à la dette souveraine italienne. Ceci ne remet nullement en cause notre confiance..."

Dans la vraie vie, de nombreuses entreprises vont trinquer. En premier lieu les banques grecques qui ne seront plus solvables. Ensuite, ce sera le tour des banques européennes. Au quatrième trimestre 2010, les banques françaises par exemple étaient exposées à la dette grecque à hauteur de 56,7 milliards de dollars, d'après les données de la BRI. Puis la Grèce entraînera dans sa chute l'Irlande et le Portugal. Les CDS (credit default swaps), ces assurances anti-faillite des Etats, se déclencheront normalement en cascades, ce qui finira de laminer la Zone euro.

En outre, comme nous l'apprend le Financial Times, un défaut de la Grèce observé par les agences de notation forcera de nombreux fonds d'investissement à se débarrasser des créances grecques. Beaucoup d'entre eux n'ont en effet tout simplement pas le droit de détenir des obligations d'un pays en défaut.

Avant d'en arriver là, des entreprises commencent déjà à souffrir de la crise du crédit souverain subprime. L'Espagne est à nouveau sous pression. Le géant des télécoms Telefonica a ainsi été contraint d'annuler l'introduction en Bourse d'Atento. Dans le même temps, la banque Santander, elle aussi espagnole, n'a réussi à trouver preneur que pour la moitié de ses dettes lors d'une récente émission obligataire. Alors même que ces entreprises sont particulièrement solides.

La langue de bois n'endort pas les contribuables
"Restructuration", "faillite", "banqueroute", des mots que les politiciens européens ont bannis de leur vocabulaire depuis des mois. Les populations sont néanmoins de moins en moins dupes sur ce qui les attend. Un sondage réalisé par Harris pour le Financial Times publié aujourd'hui montre que les craintes sur les dettes publiques se renforcent. 42% des Britanniques interrogés considèrent que leur pays fera défaut dans les 10 ans. Même chez nos voisins allemands, réputés pour leur maîtrise des déficits budgétaires, 31% des sondés pensent qu'il est probable que leur gouvernement soit incapable de rembourser l'argent emprunté. Des chiffres en hausse par rapport au précédent sondage il y a un an. En France, nous sommes 52% à estimer que l'Etat fera faillite dans les 10 ans.

Un conseil, en matière de gestion d'obligations européennes, suivez la stratégie du fonds souverain finlandais. Si ce dernier affirme avoir une vision positive à long terme de la Zone euro, il a décidé de réduire la part que représentent ses dettes libellées en euro dans son portefeuille. Son objectif : se renforcer sur les marchés émergents.

14 de junho de 2011

Tradução de texto já publicado

Relatório; A China e o Dólar: Agência de Rating da China diz que os EUA estão a incumprir
Por: AFP

Junho 10, 2011 "AFP" – Uma Agência de Ratings chinesa acusou ou Estados Unidos de não estarem a cumprir (os compromissos) da sua dívida massiva, disse na Sexta-feira a media estatal, um dia depois de Pequim ter recomendado a Washington que ponha a sua casa fiscal na ordem.

"Na nossa opinião, os Estados Unidos já estão em falta," disse segundo o Global Times, Guan Jianzhong, presidente da Dagong Global Credit Rating Co. Ltd., a única agência chinesa que dá anotações soberanas.

Washington já tinha incumprido nos seus empréstimos ao permitir enfraquecer o dólar em relação a outras moedas – diminuindo a riqueza dos credores incluindo a China, disse Guan.

Guan não respondeu de imediato aos pedidos da AFP para comentar.

O governo dos EUA ficará sem espaço para gastar mais em 2 de Agosto a não ser que o Congresso eleve o limite para empréstimos para além de $14.29 triliões – mas os Republicanos estão a recusar apoiar tal gesto até se alcançar um acordo para cortar no défice.

A Agência de Ratings Fitch na Quarta-feira juntou-se à Moody's e Standard & Poor's para avisar que os Estados Unidos podiam perder o seu rating de primeira classe se falhasse na subida do limite do crédito para prevenir incumprimentos nos empréstimos.

Um abaixamento (da anotação) pode elevar fortemente os custos dos empréstimos dos EUA, piorando a já má posição fiscal do país, e enviar ondas de choque pelo mundo financeiro, que desde há muito tempo considerou a dívida dos EUA um ponto de referência de investimentos seguros.

A China é de longe o maior detentor da dívida dos EUA e no passado levantou preocupações sobre os massivos esforços de estímulos lançados pelos EUA para espevitar a economia que poderiam levar à multiplicação da dívida que corrói o valor do dólar e as acções do Tesouro.

Pequim cortou as suas garantias de acções e obrigações do Tesouro dos EUA pela quinta vez consecutiva para $1.145 triliões em Marco, menos $9.2 biliões do que em Fevereiro e 2.6 porcento menos do que no pico de Outubro de $1.175 triliões, mostraram dados dos EUA no mês passado.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, na Quinta-feira recomendou aos Estados Unidos para adoptarem "medidas efectivas para melhorar a sua situação fiscal".

Dagong tornou-se famosa malhando nas suas três rivais ocidentais, dizendo que elas causaram a crise financeira ao falharem em revelar correctamente o risco.

A agência chinesa, que tenta construir um perfil internacional, deu aos Estados Unidos e a várias outras nações anotações mais baixas do que receberam das três grandes.

13 de junho de 2011

A Grécia nas garras dos especuladores

A agência de notação S,P. baixou a notação da dívida soberana grega a pretexto de que esta vai ser reestruturada. De imediato o euro desvalorizou-se em relação ao dólar!A factura segue dentro de momentos endereçada ao povo grego. Até quando?

S & P abaisse la note souveraine grecque à long terme à CCC

L'agence de notation juge que le pays risque de plus en plus de devoir restructurer sa dette d'une manière qu'elle qualifierait de défaut.

Standard & Poor's a abaissé lundi la note grecque à long terme de trois crans à CCC, jugeant que le pays risque de plus en plus de devoir restructurer sa dette d'une manière que l'agence de notation qualifierait de défaut.
Un partage de la charge de la dette avec le privé par le biais d'un échange de titres ou d'une prorogation des échéances serait considéré comme un défaut de facto, explique S&P.
La note grecque n'est désormais plus qu'à trois crans du "D", la note la plus basse attribuée par S&P.
Avant l'abaissement survenu ce lundi, la note grecque à long terme de S&P était à "B".
La perspective est négative, signe qu'un nouvel abaissement est attendu d'ici 12 à 18 mois.
S&P précise que ce nouvel abaissement aura sans doute des répercussions sur les notes qu'elle attribue aux quatre principales banques grecques: National Bank of Greece , EFG Eurobank Ergasias et Piraeus Bank .
Le communiqué de S&P s'est immédiatement traduit par un effacement des gains affichés par l'euro contre le dollar. Quelques instants après l'annonce, l'euro s'échangeait à $1,43570 alors qu'il valait $1,43680 juste avant.
Les futures pétroliers, eux aussi, accusent le coup. Le Brent , jusque là orienté en hausse, est passé dans le rouge tandis que le WTI accentuait ses pertes, abandonnant plus de deux dollars vers 16h50 GMT.Les E.
CRIMES DE GUERRA DA OTAN NA LÍBIA  – por Susan LINDAUER (1)
(Traduzimos apenas parte de um importante artigo sobre a situação na Líbia. A idoneidade da autora e do site de onde foi retirado, não nos oferece contestação. Referem-se os crimes dos rebeldes apoiados pela OTAN que a comunicação social ignora e passou a acusar as tropas governamentais. O artigo refere ainda a reunião de 2000 chefes tribais em Tripoli para elaboração de uma nova Constituição e o apoio ao governo bem como a resistência à ocupação e ao terrorismo dos mercenários às ordens da OTAN. Apenas uma questão: que é feito do humanismo social-democrata do PS? Terá naufragado na Jugoslávia, ou no Iraque, ou nos voos com prisioneiros da CIA, por exemplo?)
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É uma história que a CNN não vai cobrir. Tarde na noite pontapés na porta na cidade de Misurata. Soldados armados arrancam jovens líbias da cama com as suas armas. Embarcam as mulheres e as adolescentes em camiões, os soldados atiram estas mulheres para sessões de violações colectivas por rebeldes da OTAN – ou então violam-nas perante os seus maridos ou pais. Quando os rebeldes OTAN acabam o seu desporto de violação, cortam as gargantas das mulheres.
Segundo relatos de refugiados as violações são além disto actos correntes nas cidades sujeitas aos rebeldes e fazem parte de uma estratégia militar organizada.
Joanna Moriarty que faz parte duma delegação de investigação internacional, visitando Tripoli esta semana relata igualmente que os rebeldes da OTAN foram de casa em casa em Misurata, perguntando às famílias se apoiam a OTAN. Se as famílias respondem pela negativa são mortas logo ali. Se as famílias respondem que querem alinhar no combate, os rebeldes da OTAN adoptam para os aterrorizar uma atitude diferente. As portas das “casas neutras” são completamente fechadas e soldadas, relata Moriarty, ficando as famílias reféns no seu interior. As casas líbias são tipicamente protegidas por grades. Assim quando as portas são soldadas os habitantes líbios são encerrados nas suas próprias casas onde as forças da OTAN podem estar seguras que famílias inteiras morrerão lentamente de fome.
Isto passa-se diariamente. Não são acontecimentos isolados. E os soldados de Kadhafi não são responsáveis. Na realidade, as famílias pró-Kadhafi e “neutros” são a presa destes ataques. É provável que a OTAN tenha pretendido tirar partido destes acontecimentos na esperança de os imputar às forças de Kadhafi. Estes ataques contudo começam a ter um efeito contrário.
(…)
Os refugiados observaram soldados dos Estados Unidos, britânicos, franceses e israelitas na proximidade dos soldados rebeldes atacando civis.
“As sessões de violação” são os exemplos mais obscenos da perda de controlo moral da OTAN. Um pai em lágrimas disse à delegação de investigação como há cerca de duas semanas os rebeldes da OTAN tinham visado sete famílias diferentes, raptando uma jovem virgem em cada família pró-Kadhafi. Os rebeldes foram pagos por cada jovem raptada da mesma forma que são pagos por cada soldado líbio que matem – como soldados mercenários. Meteram as jovens em camiões e levaram-nas para um edifício onde foram fechadas em compartimentos separados.
Os soldados da OTAN continuaram a beber álcool e a embriagar-se. Então o líder disse-lhes para irem violar as virgens segundo o modo de violação colectivo. Quando acabaram de violar as jovens, o líder da OTAN disse-lhes para lhes cortarem os seios e trazerem-nos. Assim o fizeram enaunto as jovens estavam vivas e gritando de dor. Todas as jovens morreram de morte atroz.
(…)
O pai desolado falou numa convenção de operários, assistida pela delegação de inquérito internacional. Chorava abertamente, como qualquer de nós o faria.
_________________
1 - Susan Lindauer - ex-correspondante américaine pour la Libye aux Nations Unies.
Article paru 7 juin 2011 sur http://www.veteranstoday.com/2011/0...
Traduction copyleft Jean-Luc Guilmot - 11 juin 2011
Susan Lindauer a couvert la Libye aux Nations Unies comme correspondante américaine de 1995 à 2003 et a initié des pourparlers pour le Procès de Lockerbie. Lanceuse d’alertes sur les événements du 11-Septembre, au même titre que la turco-américaine Sibel Edmonds, elle est l’auteur du livre Préjudice Extrême : L’histoire terrifiante du Patriot Act et les dissimulations du 11/9 et de l’Irak qui relate son calvaire en tant que deuxième Américaine non arabe à avoir été inculpée au travers des lois Patriot Act, et à avoir dû faire face à des accusations secrètes, des preuves secrètes, des témoignages secrets d’un jury d’accusation, ainsi qu’à des menaces de détention illimitée.
URL de cet article 13964 12 juin 2011

10 de junho de 2011

A China e o Dólar

China Ratings House Says US Defaulting: Report

By AFP

June 10, 2011 "AFP" -- A Chinese ratings house has accused the United States of defaulting on its massive debt, state media said Friday, a day after Beijing urged Washington to put its fiscal house in order.

"In our opinion, the United States has already been defaulting," Guan Jianzhong, president of Dagong Global Credit Rating Co. Ltd., the only Chinese agency that gives sovereign ratings, was quoted by the Global Times saying.

Washington had already defaulted on its loans by allowing the dollar to weaken against other currencies -- eroding the wealth of creditors including China, Guan said.

Guan did not immediately respond to AFP requests for comment.

The US government will run out of room to spend more on August 2 unless Congress bumps up the borrowing limit beyond $14.29 trillion -- but Republicans are refusing to support such a move until a deficit cutting deal is reached.

Ratings agency Fitch on Wednesday joined Moody's and Standard & Poor's to warn the United States could lose its first-class credit rating if it fails to raise its debt ceiling to avoid defaulting on loans.

A downgrade could sharply raise US borrowing costs, worsening the country's already dire fiscal position, and send shock waves through the financial world, which has long considered US debt a benchmark among safe-haven investments.

China is by far the top holder of US debt and has in the past raised worries that the massive US stimulus effort launched to revive the economy would lead to mushrooming debt that erodes the value of the dollar and its Treasury holdings.

Beijing cut its holdings of US Treasury securities for the fifth month in a row to $1.145 trillion in March, down $9.2 billion from February and 2.6 percent less than October's peak of $1.175 trillion, US data showed last month.

Foreign ministry spokesman Hong Lei on Thursday urged the United States to adopt "effective measures to improve its fiscal situation".

Dagong has made a name for itself by hitting out at its three Western rivals, saying they caused the financial crisis by failing to properly disclose risk.

The Chinese agency, which is trying to build an international profile, has given the United States and several other nations lower marks than they received from the the big three.

A Grécia e os seus salvadores-tradução de texto já publicado

A Grécia e os seus salvadores...
Uma Opinião
01/06 17:00
Grécia: a esperança de uma ajuda financeira relança o euro

Na Quarta-feira, parecia que a Grécia se aproximava de um acordo com a Europa e o FMI tendo em vista uma nova ajuda financeira, que lhe permitiria no imediato evitar a cessação de pagamentos.

Fontes próximas das discussões entre representantes da Grécia, do Fundo Monetário Internacional, da Comissão e do Banco Central Europeu, declararam que a última estimativa da situação orçamental grega poderia ser alcançada até Sexta-feira.

Um responsável grego diz-se optimista em ver a "troïka" a autorizar uma nova fatia de 12 mil milhões de euros, adiantados no seguimento do programa de assistência financeira de 110 mil milhões de euros acordados há um ano com o FMI e a União Europeia.

"Haverá maneira de aprovar o pagamento da quinta fatia. As negociações com a troïka serão concluídas hoje (Quarta-feira) ou amanhã, ou no mais tardar na Sexta-feira", declarou esse responsável sob anonimato.

O ministério alemão das Finanças por seu lado acalmou as inquietações dos que temiam ver o FMI arrastar os pés para pagar a sua parte da ajuda e deixar a Europa preencher a diferença.

"Parece que todo o mundo chega progressivamente a um consenso que envolverá provavelmente uma mistura de ajuda suplementar, de austeridade acrescida e de implicação do sector privado", comentou Gilles Moec, economista na Deutsche Bank.

Estes sinais tranquilizadores permitiram ao euro subir ao ponto mais alto de quatro semanas face ao dólar, que por seu lado estava penalizado pelas más estatísticas americanas.

EM DIRECÇÃO A UMA AGÊNCIA DE PRIVATIZAÇÃO
O governo alemão disse que esperava que as discussões se completassem até ao fim de semana, o mais tardar no início da semana seguinte.

Numa deslocação em Singapura, a chanceler alemã Angela Merkel sublinhou que a estabilidade da zona euro era primordial, mas acrescentou que Berlim decidirá apenas depois de estar publicado o relatório dos inspectores europeus destacados na Grécia.

Um novo plano de ajuda de alguns 65 mil milhões de euros, foi igualmente debatido para responder às necessidades da Grécia até 2014.

Segundo a edição alemã do Financial Times, os bancos centrais da zona euro estão prontos a abrandar a sua posição sobre a maturidade da dívida grega, na condição de os investidores fazerem voluntariamente o mesmo.

O jornal acrescenta que os bancos centrais não afastam a possibilidade de uma extensão dos vencimentos da dívida grega mas ignora-se se são unânimes neste ponto.

Por seu lado o Handelsblatt relata que as discussões são igualmente sobre a formação de uma agência de privatização independente do governo.

O quotidiano financeiro alemão, que não cita as suas fontes, ajunta que não está ainda decidido se o FMI, a UE ou o BCE estariam implicados no funcionamento desta nova instituição.

A Grécia prevê entre outras, fundir ou fechar 75 instituições públicas que actualmente recebem 2,7 mil milhões de euros de subvenções por ano, anunciou o vice-Primeiro-ministro Theodoros Pangalos.
O risco de contágio da crise grega na zona euro mantém-se em contrapartida presente nos espíritos.

Na Qurta-feira, uma adjudicação de 850 milhões de euros de dívida portuguesa a quatro meses foi marcada por uma forte alta das taxas de juros, a 4,967%, ou seja mais 30 pontos de base do que para uma adjudicação de obrigações a três meses efectuada em Maio. Les E.