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26 de agosto de 2011

O PEQUENO DICIONÁRIO CRÍTICO –26.3 - LINGUAGEM I I I

“10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO COLECTIVA” (1)
Um aspecto bem conseguido das falácias, são as boas intenções que não incomodam ninguém e fazem parte da estratégia de adormecimento. Podemos recordar as falácias, a vacuidade do discurso, a linguagem “redonda”  que ocupa os políticos do “arco neoliberal” (ver “Visão e Visões”-Maio.2011).
Sylvain Timsit (1) refere “10 Estratégias de Manipulação Colectiva” que passamos a resumir:
1 – Estratégia de diversão com o objectivo de desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio de distracções e informações insignificantes.
2 – Deixar criar os problemas para oferecer soluções. É o caso de criar (ou deixar criar) uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos (ver “Repartição do Rendimento”- Julho.2011).
3 – Estratégia da degradação, para fazer aceitar uma medida inaceitável basta aplica-la progressivamente. Desemprego massivo, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, quebra dos salários, mudanças que teriam provocado uma revolução se fossem aplicadas subitamente. (Refira - se as sucessivas revisões das leis laborais e lembremos o que a CIP ia reivindicando desde o final dos anos 70).
4 – Estratégia do diferido, forma de fazer aceitar decisões impopulares apresentando-as como “dolorosas mas necessárias”. Com isto vai-se deixando tempo para o público se habituar á ideia de mudança com resignação.
5 – Dirigir-se ao público como a crianças, utilizando um discurso com tons de infantilidade. O público terá tendência a reagir com reduzido espírito crítico como se de facto tivesse essa idade.
6 – Fazer apelo ao emocional mais que à reflexão
7 – Manter o público na ignorância, de forma que seja incapaz de entender os métodos usados para se estabelecer o seu controlo. Degradação da qualidade da educação de forma que se torne incompreensível a exploração e a opressão que as políticas e os processos sociais estabelecem.
8 – Encorajar o público a contentar-se com a mediocridade. Promover a vulgaridade, o estúpido a falta de cultura. Tornar a cultura inacessível e não apelativa para a generalidade das pessoas.
9 – Substituir a revolta pela culpabilidade. O indivíduo deve acreditar ser o único responsável pelas suas infelicidades, devido à sua falta de capacidade ou esforços.
10 – Conhecer os indivíduos melhor que eles próprios. Os progressos da psicologia aplicada, da biologia e neurobiologia, permitem exercer um controlo e um maior poder sobre as pessoas e sobre as suas motivações sem que estas se apercebam.

REGRAS INFALÍVEIS PARA PUBLICAR NOTÍCIAS EM PROVENIÊNCIA DA PALESTINA NOS GRANDES MEIOS DE COMUNICAÇÃO (2)
1 – No Médio Oriente são sempre os Árabes que atacam primeiro e é sempre Israel que se defende. Esta defesa chama-se “represálias”.
2 – Nem os Árabes, nem os Palestinianos, nem os Libaneses têm o direito de matar civis. Chama-se a isto “terrorismo”.
3 – Israel tem o direito de matar civis. Chama-se a isto “legítima defesa”.
4 – Quando Israel mata civis em massa, as potencias ocidentais pedem que o faça com mais contenção. Chama-se a isto: “reacções da comunidade internacional”.
5 – Nem os Palestinianos nem os Libaneses têm o direito de capturar soldados israelitas no interior de instalações militares equipadas com sentinelas e postos de combate. Chama-se a isto “sequestro de pessoas sem defesa”.
6 – Israel tem o direito de sequestrar quem quer que seja não importa onde, tantos Palestinianos ou Libaneses quanto quiser. O número actual (em 2008) anda à volta de dez mil, entre os quais 300 crianças e um milhar de mulheres. Não é necessário fornecer a menor prova de culpabilidade. Israel tem o direito manter em detenção indefinidamente os prisioneiros, mesmo se estes forem personalidades eleitas democraticamente pelos palestinianos. Chama-se a isto “prisão de terroristas”
7 – Quando se menciona o nome “Hezbollah” é obrigatório acrescentar na mesma frase”mantido e financiado pela Síria e pelo Irão”.
8 – Quando se menciona “Israel” é categoricamente interdito de acrescentar “mantido e financiado pelos Estados Unidos”. Isto poderia dar a impressão que o conflito é desigual e que a existência de Israel não corre nenhum perigo.
9 – Nas informações respeitantes a Israel é preciso sempre evitar que apareçam as locuções seguintes: “Territórios ocupados”, “Resoluções da ONU”, “Violações dos Direitos Humanos” e “Convenção de Genebra”.
10 – Os Palestinianos como os Libaneses são sempre cobardes que se escondem no meio duma população civil que não os ama. Se dormem nas suas casas, com a sua família, isso tem um nome: “cobardia”. Israel tem o direito de esmagar com bombas e mísseis os bairros onde dormem. Isso chama-se: “golpes cirúrgicos de alta precisão”.
11 – Os Israelitas falam melhor o inglês, o francês, o espanhol ou o português que os Árabes. É esta a razão pela qual merecem ser entrevistados mais frequentemente e portanto de ter com mais frequência que os Árabes ocasião de explicarem à opinião pública as regras acima indicadas. Chama-se a isso “neutralidade jornalística”.
12 – Todas as pessoas que não estejam de acordo com as citadas regras são, e é preciso que isso se saiba: “terroristas anti-semitas altamente perigosos”.

2 – Publicado em www.legrand.soir.info 09.Janeiro. 2009, com a seguinte indicação: “o nosso amigo Emir Sader fez-nos chegar este texto anónimo enviado em francês para o blog que Emir tem na publicação brasileira “Carta Maior”. Título original: “Regras infalíveis para publicar notícias em proveniência do Médio Oriente nos grandes meios de comunicação”.

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