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11 de novembro de 2014

Os 25 anos do derrube do “muro de Berlim”

Durante uma semana, foram passadas imagens e contada a história oficial do chamado “muro de Berlim”. A indiferença do público contrastou com a excitação dos propagandistas do costume. Tal não foi assim há 25 anos. Então muitos exultaram e foram na conversa de que “eramos todos berlinenses”. Foi mais uma cena da “pedagogia anticomunista” que junta a direita, extrema-direita, e a social-democracia/socialismo reformista.
Vale a pena recordar o final de um livro de Sartre, “Le Sourcis” quando Daladier, primeiro-ministro da França, regressa de Munique, após a assinatura do respetivo Tratado com Hitler, Mussolini e Chamberlain. Daladier é recebido com uma manifestação de regozijo: “a paz foi salva”. Pára na escada do avião e comenta: “Les cons!” – Os idiotas!
Pois bem, foi isto que aconteceu em 1989. Os “idiotas úteis” necessários à política de direita que festejavam o fim da RDA, mal sabiam para o que estavam guardados: desemprego, empobrecimento, aumento das desigualdades, trabalho cada vez mais precário, jovens qualificados com salários de miséria, despedimentos massivos de trabalhadores experientes. Hoje na UE, é voz corrente, a começar pelo sr. Draghi, que o “modelo social europeu” está esgotado, não pode ser mantido. “Comentadores” repetem-no com ar compenetrado, como se falassem de alguma praga a que urge pôr fim.
A exploração dos países mais pobres aumentou mais 35% de 1990 para 2012. (PNUD). Segundo a OIT as diferenças entre o aumento da produtividade e dos salários são cada vez mais importantes.
Em 2013, 0,7% da população mundial, os multimilionários, detinham 41% da riqueza mundial e não cessa de aumentar a proporção. Para isso a pobreza aumenta na UE, nos EUA, nos países dominados. Nos EUA há 30 anos 1% da população detinha 12% do rendimento, atualmente quase de 35%. Em dia e meio, 0,1% dos mais ricos ganha mais que 90% da população num ano inteiro. É fácil ver os que tinham e têm razões para festejar.
Egon Krenz foi o último primeiro-ministro da RDA, foi preso pelo revanchismo alemão, os mesmos que lhe prestavam honras de Estado meses antes. Vive hoje retirado, isolado, não está ao abrigo das provocações e insultos da direita. Mas, é estimado pelos operários que o reconhecem. Krenz reconhece erros na condução da RDA e que ele próprio falhou, mas sente vergonha quando o comparam a Gorbatchov. Fiel aos seus ideais afirma : A ideia socialista, os valores socialistas, vivem e viverão. Continuo convencido de que o futuro será o socialismo ou a barbárie. (ver entrevista em http://www.legrandsoir.info/la-chute-du-mur-de-berlin-la-version-d-egon-krenz.html).
Será obrigatório ler em http://www.hist-socialismo.net/ as “Notas da prisão” e “Honecker acusa”, relato do seu testemunho perante o tribunal após o fim da RDA. Pensavam encontrar um homem debilitado, vergado ao peso da derrota, subjugado pelo capitalismo triunfante. Da prisão onde já tinha estado no tempos do nazismo, Honecker transforma-se em acusador, não renegando os seus ideais desde a adolescência. Os acusadores preferiram silencia-lo e anulam o julgamento, alegando motivos de doença do réu, como se tal não fosse evidente desde o início. Honecker morreu no Chile na companhia da esposa, da filha e do genro, um chileno.
Entretanto, lembremos as vítimas dos muros do ghetto de Gaza, dos EUA-México em que perecem por ano mais vítimas que em quase três décadas em Berlim. Ou ainda os muros da UE perante os povos levados à miséria pelo imperialismo e neocolonialismo.

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