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31 de março de 2012

ONU DESMENTE E RETIRA CREDIBILIDADE ÀS EXIGÊNCIAS DA TROIKA

O “Report on the World Social Situation 2011 United Nations New York, 2011” (1) contraria totalmente as políticas da “troika”. As afirmações do governo e seus apoiantes em defesa da austeridade, das alterações às leis laborais, cortes nos apoios sociais, são positivamente arrasadas, a sua vacuidade desmontada. Tudo isto, foi no entanto omitido pela comunicação social controlada. Censura? Não, critério editorial…
Apesar da sua linguagem prudente, o relatório condena inequivocamente e por vezes de forma veemente todos, todos os aspetos das políticas do FMI, que estão a ser impostos por via da “troika” e que PSD, CDS e PS apresentam como” “responsáveis” e “realistas”, envolvidas na habitual litania das promessas sempre desmentidas.
O Relatório, acaba por mostrar que as políticas que a esquerda consequente defende, apelidadas, à falta de melhores argumentos, pelos partidos da “troika”, de “radicais”, “irrealistas”, “irresponsáveis”, são no essencial as políticas que a ONU defende e propõe como políticas social e economicamente eficazes, constituindo as verdadeira soluções para resolver a crise que avassala os países.
É de notar que o Relatório da ONU desmascara as gratuitas afirmações dos propagandistas neoliberais de que as suas teses se baseiam em “inúmeros estudos” ou mesmo em “todos os estudos internacionais”. O relatório, não só se serve das estatísticas, dados e informações do FMI e BM, como recorre a ampla cópia de citações e análises de economistas internacionalmente reputados, de uma forma geral críticos do sistema neoliberal, embora com amplo leque de posicionamentos. Este consciente silenciamento a que se procede é talvez o mais flagrante exemplo da sua falta de razão e não sendo por ignorância será, por que não, de falta de honestidade intelectual.
Salientamos apenas alguns dos aspetos evidenciados no Relatório:
- As previsões do FMI mostraram-se completamente erradas quanto ao desencadear e evoluir da crise
- As políticas do FMI estão erradas, são pró-cíclicas, isoladas das suas consequências sociais, tendendo a criar um circulo vicioso de reduzido crescimento económico e escasso progresso social. Tem sido provado repetidamente, diz a ONU, que estas políticas aumentam os níveis de pobreza, fome e desemprego que afectam milhares de milhões de pessoas em todo o mundo, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos.
- A ONU alerta para a patologia social da crise. A pobreza e o desemprego estão ligados ao aumento das doenças mentais, incluindo depressão e suicídio, dissolução das famílias e violência doméstica; abandono e abuso de crianças, aumento crime e da toxicodependência.
- Devido ao aumento do preço dos alimentos, inflacionados pelos biocombustíveis e pela especulação, considera-se imperativo que os governos resistam à pressão para cortar despesas sociais, devendo aplicar medidas contra-ciclícas.
- As causas fundamentais da crise não foram resolvidas, tal como insuficiente regulação financeira, compensações excessivas aos gestores, estagnação dos salários reais e crescentes desigualdades. Pelo contrário, a crença na eficiência dos mercados financeiros levou muitos políticos a acreditar que não eram necessárias políticas industriais, de investimento ou tecnologia. Esta complacência favoreceu a liberalização do comércio e finança, privatizações e desregulação, o que conduziu a crescentes desigualdades entre países.
- A “flexibilidade” laboral é duramente criticada, transferindo para os trabalhadores a insegurança dos empregadores especialmente na ausência de adequados mecanismos de proteção social. Esta visão descarta o valor de promover emprego com segurança. Os trabalhadores são induzidos a aceitar trabalhos de baixa produtividade e baixos salários, impulsionando a economia para uma armadilha de baixa produtividade e baixos salários.
- Necessidade de proteção social: sem esquemas que assegurem acesso a cuidados de saúde, níveis adequados de nutrição e estabilidade social, um país não pode desbloquear todo o seu potencial humano. O investimento social contribui invariavelmente para o crescimento a longo prazo.
- Verifica-se que períodos prolongados de declínio de salários reais nada auguram de bom para a economia real. Não só reduzem o consumo como não têm capacidade de pagar dívidas antes contraídas. Os salários perdidos desmotivam moralmente o trabalhador e aumentam o stress, fatores que estão ligados a abaixamento da produtividade
- A recuperação económica não será alcançada enquanto a situação do emprego não melhorar de forma sustentável. Restaurar o emprego à situação de pré-crise não é suficiente porque o período que a precedeu foi notado pelo “emprego pobre” e “crescimento sem emprego”.
O mercado livre é severamente criticado. A ideia é que se o governo se retirar o mercado resolverá os problemas da pobreza. Porém os mercados não podem atuar e não atuarão quando as pessoas nada têm. Se se tira a ajuda vai deixa-los morrer.
- A natureza global da atual crise limita a opinião que a crise possa ser ultrapassada através de recuperação baseada na exportação. Países que aplicaram políticas contra-ciclícas têm tido maior capacidade para ultrapassar os impactos da crise, designadamente com sistemas de proteção social e programas de emprego. Os designados “estabilizadores automáticos”, no seguimento de um abrandamento económico conduzem ao crescimento dos défices, redução dos rendimentos e crescimento das despesas sociais.

30 de março de 2012

Projecções macroeconómicas do Boletim de Primavera do Banco de Portugal

Algumas Notas

1. As sucessivas projecções macroeconómicas para 2012 efectuadas para a economia portuguesa nos últimos seis meses pelo Banco de Portugal, nos três últimos boletins económicos de Outono e Inverno de 2011 e Primavera de 2012, são bem elucidativas da situação que vivemos. De previsão em previsão o cenário macroeconómico é cada vez mais negro.
2. Nos últimos seis meses a previsão, por parte do Banco de Portugal de queda do PIB em 2012 agravou-se em 54,5%. Se em Setembro se previa que a recessão em 2012 atingisse os -2,2%, agora com a informação disponível no BP essa previsão de queda já é de -3,4%.
3. Para o agravamento nas previsões de recessão em 2012 contribui fundamentalmente o agravamento esperado na queda do Consumo Privado, na queda das importações, na queda do investimento e o menor crescimento que agora se estima para as exportações.
4. O impacto esperado das medidas do pacto de agressão em 2012, em que se destacam o corte, em termos reais, dos salários e das pensões de reforma em 17%, resultante da supressão do subsídio de férias e natal para a esmagadora maioria dos trabalhadores da Administração Pública e do Sector Empresarial do Estado e para grande parte dos reformados, o congelamento dos salários nominais dos restantes trabalhadores da Administração Pública e do sector privado, a redução de 50% nas retribuições por trabalho suplementar, a subida dos preços dos transportes públicos e da energia bem acima da inflação, o aumento do IVA e do IRS, os cortes nos apoios sociais às famílias e aos desempregados, o aumento das despesas com saúde e educação, leva a que a mais recente previsão do cenário macroeconómico (boletim da primavera do Banco de Portugal) preveja uma queda do PIB em 2012 que é praticamente o dobro da que era esperada antes da sua assinatura (de -1,6% passou para -3,4%), com o Consumo Privado a cair como nunca (-7,3%), o Consumo Público também em queda e o Investimento a continuar o seu já longo percurso de queda contínua, que faz com que o seu nível real actual se situe próximo dos níveis de 1996.
5. O impacto recessivo de todas estas medidas será de tal forma elevado em 2012 e 2013 que o próprio Banco de Portugal, neste seu último boletim económico da primavera, prevê uma queda do emprego de -3,6% em 2012 e de -0,7% em 2013, o que significa a destruição nestes dois anos de cerca de 207 mil empregos e a correspondente subida do desemprego. Não é por acaso que o próprio governo, sempre muito cauteloso no cálculo das previsões do desemprego, veio há muito pouco tempo corrigir as suas previsões da taxa de desemprego para 2012 e 2013, prevendo agora mais 60 mil e 40 mil desempregados do que quando da assinatura do pacto de agressão. Tudo leva a crer, que mesmo assim, uma vez mais peque por defeito nas suas previsões de cálculo da taxa de desemprego neste e no próximo ano.
6. O Boletim Económico do BP reconhece que o elevado nível de inflação esperado para 2012 (3,2%), depois de em 2011 ela se ter situado nos (3,7%) é reflexo do crescimento dos preços associado a decisões administrativas (subida dos preços dos transportes públicos, da electricidade e gás e dos cuidados de saúde) e dos aumentos da tributação indirecta (alterações introduzidas no IVA ) e conclui que estes aumentos não se vão transmitir aos salários, pelo que dizemos nós, eles vão contribuir para a queda considerável do poder de compra dos trabalhadores.
7. O Banco de Portugal reconhece ainda neste seu boletim de Primavera e à imagem do que fez em anteriores boletins, que são elevados os riscos de uma evolução mais desfavorável da actividade económica, quer isto dizer de a queda do PIB em 2012 ser superior ao que agora projectam, como resultado da degradação da envolvente externa.
8. Uma nota ainda para referir que o Banco de Portugal depois de no boletim de Inverno apresentado no passado dia 13 de janeiro ter projectado um crescimento em 2013 de 0,3%, vem agora na sua 1ª revisão do PIB para 2013 apontar para uma estagnação com uma variação nula do PIB 0,0%. A pergunta que não pode deixar de ser feita neste momento é esta. Na próxima revisão, qual vai ser a previsão de queda do PIB em 2013?

29 de março de 2012

Sinais inquietantes

A revisão em baixa  do PIB português para este ano e para 2013 segundo o Banco de Portugal , a baixa de notação de vários bancos portugueses pela Fitsh e o aumento da taxa a 10 anos de  5,6 pontos base para 11,37  esta quinta feira são dados que contrariam a propaganda do governo e que mostram a falência da política seguida .
Mas não é so´em Portugal.
Segundo a S&P uma nova reestruturação da dívida grega vai ser necessária. E a Irlanda que entrou de novo em recessão declarou não poder honrar o pagamento de 3,1 milhares de milhão em relação ao BCE
Lá se foi o exemplo da Irlanda...E os comentadores encartados caladinhos....


28 de março de 2012

Semear ilusões


A propaganda

Os juros caiem para Portugal e aumentam para a Espanha.
Vejam como os «mercados» já estão a ver Portugal de outra maneira repetem os
aldrabões encartados na comunicação social.

Os juros dos empréstimos a curto prazo têm caído para Portugal e para os outros
países embora com oscilações desde as operações do BCE que encheram os cofres dos bancos  da U.E:com empréstimos a três anos a 1% contra a garantia de títulos designadamente da dívida
pública.
Por isso, havendo mais liquidez e sendo atractivos e garantidos, os empréstimos públicos até três anos
têm tido taxas de juros menores. Até com a Grécia se verificou .

A colocação da dívida pública nacional tem sido praticamente adquirida pela banca
nacional (até 3 anos) e não pelos operadores internacionais. E tudo isto dentro do quadro
de mais liquidez da Banca e até do cálculo de que a operação BCE se possa vir a repetir.
E  se houver nova operação os títulos de dívida pública servirão de colaterais.,
Quanto ao mercado secundário (yelds) , tanto as diminuições como também os aumentos não
têm grande significado pois são transacções pequenas e apenas traduzem orientações
especulativas.E embora tendo descido a verdade é que continuam proibitivos.
Há uma menor tensão e especulação no mercado obrigacionista devido às operações do BCE, que nada tem a ver com o facto de Portugal estar a cumprir os acordos com a troika.
Não  seria de espantar que mais tempo menos tempo a s Agências de Rating viessem de novo a baixar as notações de diversos países incluindo Portugal

Concluindo: Em 2013 o País terá muita dificuldade em obter empréstimos a longo prazo em
condições satisfatórias e terá de recorrer a outra operação de resgate com novas
imposições e num quadro muito mais vulnerável.
Nessa altura dirão que isso já se sabia , mas que foi o bom comportamento do governo que permitiu ao governo novo empréstimo !!

27 de março de 2012

É BOM QUE SE SAIBA…O QUE ELES NÃO QUEREM QUE SE SAIBA

CALUNIADORES DESMASCARADOS)
A Unesco acaba de excluir a "ONG" Reporters Sem Fronteiras, ligada à CIA, pelos “seus métodos de trabalho” controversos. (1) Esta dita ONG especializou-se na calúnia em particular contra Cuba, Venezuela e outros países e movimentos progressistas. Há muito que tinha sido denunciado o seu financiamento pela CIA a quem servia como caixa de ressonância e como central de desinformação financiada. Muitas das suas calúnias eram depois pressurosamente difundidas comunicação social e comentadores. Claro que divulgar calúnias é participar nas mesmas…
1 - legrendsoir.info – 11.março.2012. Jean-Guy Allard - 11 mars 2012
PEDOFILIAS…
O custo das indemnizações da Igeja por abusos sexuais de padres supera os 2 mil milhões de dólares, para os cerca de 4 000 casos de pedofilia denunciados à Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Inquisição. (Google – Algarve noticias – 08-01-12)
O valor destas indemnizações não deve no entanto ser problema para o Vaticano pois “as 400 famílias mais ricas do mundo dão suporte político e financeiro ao Vaticano, o poder de intervenção da Igreja na área económica é enorme.” (Avante – 15-03-2012)
A CRISE SEM FIM À VISTA
Abarca do capitalismo está pior que a Nau Catrineta…o que quer que a propaganda PSD – CDS mistifique. Paul Craig Roberts – escreve: "A economia americana está morta" – "A ilusão da recuperação económica". Descontando o aumento de stocks, a taxa anualizada de crescimento real foi 0,8%. A produção industrial permanece abaixo do nível de Janeiro de 2000. Recuperação sem emprego é uma contradição em termos. Não pode haver recuperação sem um crescimento no emprego e do rendimento do consumidor. Os ganhos reais médios por semana (deflacionados pelos índices do governo) nunca se recuperaram desde o seu pico em 1973. A mediana do rendimento familiar real nunca recuperou o seu pico de 2001 e está abaixo do nível de 1969. (resistir.info)
Noutro texto, em counterpunch.org escreve que a América não é mais a terra de pessoas livres e independentes. É a terra dos 1% ultra ricos.
(Paul Craig Roberts was an editor of the Wall Street Journal and an Assistant Secretary of the U.S. Treasury.  His latest book, How The Economy Was Lost, has just been published by CounterPunch/AK Press. He can be reached through his website March 13, 2012)

No mesmo site Mike Whitney refere que neste momento permanecem ainda 1,6 milhões de propriedades com hipotecas que estão no inventário da cobrança duvidosa, cerca de metade já em processo de impedimento de resgate da hipoteca. Para aqueles que dizem “deixar o mercado resolver o problema” é preciso lembrar-lhes que critério diferente foi aplicado aos bancos, que não apenas são responsáveis pela crise como têm sido os seus principais beneficiários por via do apoio público ilimitado. É tempo que as vítimas tenham a mesma consideração.
(Mike Whitney lives in Washington state. He is a contributor to Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion, forthcoming from AK Press. He can be reached at fergiewhitney@msn.com)

Ainda em counterpunch.org  Joseph Grosso, no seu artigo “Trabalho e Pobreza” cita um  livro, intitulado “Prisioneiros do Sonho Americano” da autoria de Mike Davis. A atual pobreza nos EUA é uma espécie de insulto aos crentes do Sonho Americano. Afinal, para que serve um sistema baseado em classes na terra das oportunidades? A ralé excedente que fica de fora deste orgulho nacionalista é facilmente detestada. O que se vê são empréstimos predatórios, desprezíveis escolas públicas, e os americanos a terminarem a década mais pobres do que a iniciaram.
(January 10, 2012 Joseph Grosso-  is a writer and librarian in New York City)

Jack Random escreve em “A Guerra aos Trabalhadores”, que “as empresas não são os nossos donos”.  Se as pessoas se interrogarem por que é que os salários estagnaram enquanto os lucros das grandes empresas cresceram exponencialmente, reparem que a taxa de sindicalização desceu de 35% dos trabalhadores para os atuais 11,9%. A estratégia na guerra contra os trabalhadores segue o princípio de “dividir e conquistar”.
(Weekend Edition February 24-26, 2012 Jack Random is the author of Jazzman Chronicles (Crow Dog Press) and Ghost Dance Insurrection (Dry Bones Press.)

26 de março de 2012

O escândalo da Líbor



A manipulação da “libor”.

Tudo indica que a Libor taxa de referência para as centenas de milhares de produtos financeiros foi manipulada para que os bancos não aparecessem tão vulneráveis e para terem benefícios com “produtos” especulativos.
Já há quem considere este processo como  a «maior manipulação financeira da história».

A libor é a taxa interbancária de Londres tal como a tibor é a sua equivalente em Tóquio.
Esta taxa de referência foi  manipulada por alguns mega bancos em seu benefício, mantendo-a artificialmente baixa.na altura mais aguda da crise e depois nos anos seguintes embora de forma menos acentuada

Vários mega bancos estão a ser investigados e fazem parte dos dezoito grandes bancos internacionais que fornecem todas as manhãs a informação sobre a taxa de juro a que  estimam poder emprestar aos seus confrades, em diversas moedas Estes bancos terão feito acordos entre si .para a manter favorável aos seus interesses entre 2007 e 2011.
Esta notícia  encontra-se na imprensa inglesa e francesa e foi conhecida a partir do relatório de um dos bancos indiciados que  referia estar a ser objecto de investigação.
Empresas de corretagem consideram que  esses mega bancos – para já 11-  ganharam de forma ilícita muitos milhões de dólares . Resta saber , tratando-se de peixe graúdo se tudo não ficará ,mais uma vez, em águas de bacalhau !

Sugestão de leitura


l capitalismo por dentro (Parte I)
Por: Alejandro Teitelbaum (especial para ARGENPRESS.info)

El capitalismo por dentro (Parte II)
Por: Alejandro Teitelbaum (especial para ARGENPRESS.info)

El capitalismo por dentro (Parte III)
Por: Alejandro Teitelbaum (especial para ARGENPRESS.info)

El capitalismo por dentro (Parte IV)
Por: Alejandro Teitelbaum (especial para ARGENPRESS.info)

24 de março de 2012

A “MODERNIDADE” DO TRABALHO À PEÇA

Com as alterações que se pretendem introduzir na legislação laboral, o patronato passaria a dispor de poderosíssimos instrumentos legais, mas que podem ser classificados de odiosos (1) , pois violam direitos humanos fundamentais. Na realidade, o poder do capital passa a poder exercer-se de forma praticamente arbitrária.
As “mudanças estruturais” e as “reformas” foram e são uma espécie de exorcismos, palavras mágicas, alienatórias, para promover falsas promessas e encobrir as verdadeiras intenções das políticas neoliberais: o seu objetivo é conseguirem algo semelhante ao Estatuto Nacional do Trabalho fascista. A pressão a que os trabalhadores estão de forma crescente a ser sujeitos é intolerável e inqualificável em regime democrático.
Tornar-se despedimento “com justa causa” o não cumprimento de objetivos é permitir-se o retorno ao “salário à peça”. Algo a que a nascente ação sindical no século XIX quis desde logo por cobro.
Vejamos como são definidos os objetivos. O voto piedoso de resultarem de acordo não colhe. As imposições resultantes das encomendas e de contratos, mesmo da parte do Estado, impondo prazos e condições com exigências leoninas vão transmitir-se diretamente aos trabalhadores sob a égide da concorrência desenfreada – acentuada pela recessão - da desregulamentação dos mercados e finalmente pela ausência de planeamento e adequada regulação, melhor dizendo, coordenação económica, por parte do Estado. O neoliberalismo assim exige…em nome das “mudanças estruturais”. São as suas “reformas”.
No limiar da pobreza e da subsistência, sob a opressiva insegurança da precariedade os trabalhadores serão levados a tudo aceitarem - sob a ameaça de despedimento - para cumprir os objetivos traçados pelo patronato: ultrapassar horários de trabalho, trabalhar no limite da exaustão física e nervosa.
Antes do 25 de Abril, a classe operária lutou e conseguiu de uma forma geral acabar com o trabalho a prémio, forma indireta de “trabalho à peça” que conduzia à quase exaustão e a danos físicos, também pelo acréscimo de acidentes que provocava. Porém, agora o único prémio previsto é poderem continuar em precariedade, sem direitos, com salários de pobreza.
Note-se ainda que este gravíssimo problema se estende a todos os níveis de trabalhadores por conta de outrem – que constituem o proletariado, recordemos – incluindo os quadros técnicos, jovens licenciados e outros trabalhadores mesmo da esfera dos serviços submetidos a esta pressão. São exemplos, os objetivos determinados – sem qualquer acordo dos trabalhadores – nas áreas da saúde ou da educação.
O objetivo destas leis é estabelecer a concorrência entre trabalhadores procurando destruir a sua união consequentemente refletida na força sindical.
A clique neoliberal ao serviço da exploração desenfreada, com o álibi da “competitividade”, faz passar a imagem de um patronato de almas caridosas e patrióticas acima de qualquer suspeita face a um proletariado tendencialmente golpista, sorna, pouco honesto que deve ser tratado como tal, segundo o lema: todos são culpados até prova em contrário sujeitos à ditadura empresarial.
Este tipo de ideologia está também subjacente nas medidas contra o “despesismo” e os “abusos”, que servem de justificação para a redução das prestações sociais, como o escandaloso aumento das “taxas moderadoras”. Claro que na política de direita as rendas das PPP e dos monopólios não são “despesismo”.
A democracia não pode terminar à porta das empresas ou serviços como pretendem as políticas de direita. A única solução é promover a superação, deste modelo de sociedade. Como? Lutando por isso, tal como no passado.
1 . Segundo o direito internacional todo o pacto acordado em condições que imponham a aplicação de políticas violando os direitos humanos é odioso.

O Pinóquio de Massamá

Passos Coelho afirmou ontem no Congresso do PSD , sem se rir, que estava no governo a cumprir o que tinha prometido.
Mais á frente , também sem se rir  disse que o governo não privilegiava nenhum grupo económico !
Mas quem não deixou de rir ao ouvirem estas declarações foram o srs Ulrich , Ricardo Espírito Santo e outros beneméritos da economia portuguesa.

23 de março de 2012

A lotaria na economia de casino

A economia de casino
Segundo os últimos dados publicados  pelo Banco de Pagamentos Internacional (BRI) o montante nominal dos produtos derivados* OTC (over- the - counter ) ultrapassa os 708000 milhares de milhão de dólares, cerca de 16 vezes o produto mundial (PIB) , o que nós dá a ideia da colossal especulação e jogo de roleta impulsionado pelo sistema bancário .
Apesar da crise este sector financeiro continua a crescer exponencialmente em relação à  chamada economia real. E  é um autentico jogo de lotaria!
Quando rebentar lá virá de novo a factura para os povos e os trabalhadores
_________
Derivados (derivatives) são instrumentos financeiros cujo valor deriva do valor de outras coisas. Geralmente tomam a forma de contratos, que estabelecem trocas de dinheiro (cash flows) entre duas partes, numa data futura. O montante destas trocas, ou pagamentos, pode variar com base no valor de um activo subjacente (underlying asset). A duração dos contratos pode ir desde alguns meses a 20 ou mais anos.
Quando se negoceia um derivado estamos no mercado a prazo (forward market) já que se contrata hoje mas só se entrega amanhã. O seu principal uso é a cobertura do risco (hedging) de uma das partes do contrato, transferindo esse risco para acontraparte, que o aceita em troca de um retorno potencialmente substancial. Os derivados são também amplamente utilizados para especulação, nomeadamente quando se trata de derivados padronizados, cotados em mercados regulamentados.
A vasta gama de riscos que se pode pretender transferir, ou seja, de possíveis activos subjacentes e de alternativas de pagamento, deu lugar a que um número imenso de contratos de derivados estejam disponíveis para negociação nos mercados. Os principais tipos de derivados são os futuros (futures), os contratos a prazo (forwards), as opções (options) e os swaps. Os derivados podem ter como activos subjacentes mercadorias e matérias-primasacçõesobrigaçõestaxas de jurotaxas de câmbio, ou índices (tais como índices de acções, índices de preços no consumidor (inflação), índices sobre condições atmosféricas, ou até índices sobre outros derivados). É o desempenho destes activos e índices que determina tanto o montante como o ritmo dos pagamentos que resultam do derivado.
O uso de derivados ,  leva a grandes  endividamentos( alavancagens) cujos prejuízos podem exceder largamente o capital investido nestes instrumentos.

O exemplo da Irlanda

Quantas vezes nos citaram o bom exemplo da Irlanda ?  Portugal está mais próximo da Irlanda do que da Grécia diziam.
A Irlanda é a prova de que as medidas da troika  dão resultado, afirmavam.  A Irlanda Já está a crescer sustentadamente repetiam !
Os últimos dados agora publicados o que nos mostram?
Que a Irlanda entrou de novo em recessão e com o desemprego acima dos 14% !
Agora  comentadores encartados , membros do governo  e Comissão Europeia  remetem-se  ao conveniente silêncio

22 de março de 2012

A reestruturação da dívida

Quando a banca já ensaia a hipótese!
A economista chefe do banco do Sr Ulrich!, numa circular enviada a clientes ensaiou a hipótese da reestruturação da dívida pública portuguesa  com anulação de dívida, concluindo que uma perda de valor nominal de 50% por parte dos credores privados implicaria uma redução de valor da dívida de cerca de 36 mil milhões de euros e colocaria Portugal numa situação melhor que a Itália,Irlanda, ou a Bélgica !
Claro que na nota se acrescenta imediatamente que se confere "uma baixa probabilidade a esta hipótese ", mas a verdade  é que o BPI achou por bem ensaiá-la . Lá saberá porquê ...
E repare-se que ao afirmar que a hipótese  tem uma baixa probabilidade está a admitir-se que ela se verifique . Quem diria que o banco do sr Ulrich viria a admitir tal sacrilégio...
Ainda  ouviremos dizer  a alguns dos nossos comentadores encartados: se à Grécia foi anulada cera de 70 % da dívida detida pelos privados porque é que a Portugal está excluído ?

21 de março de 2012

O QUE É PRECISO PARA SER DE ESQUERDA?

“A direita europeia mimetiza os revolucionários do passado e postula a existência de amanhãs que cantam. Sob a destruição do presente, surgirá necessariamente um futuro radiante, próspero e redentor. Lenine não o diria melhor”
Este o final de um artigo do sr. João Galamba, no Le Monde Diplomatic – MARÇO 2012.
Penso que devemos desculpar o disparate - pois pode ter origem na má ou na falta de informação - gracinhas é que não.
No texto referido critica-se o recente "Tratado de Estabilidade e Governação" da UE e a economia da austeridade e suas consequências. Não podemos estar mais de acordo. Porém são críticas muito pouco consequentes com o que votou no passado e na forma como continua a votar atualmente.
É isto que me leva a questionar: o que é preciso para ser de esquerda? Criticar as políticas de direita, tal como a direita criticava como sendo de esquerda o que no essencial eram as mesmas políticas de austeridade e enfeudamento ao neoliberalismo da UE? Ser de esquerda tem que ser mais do que “mimetizar” os reacionários do presente…
Ser de esquerda terá que ver também com varrer as teias de aranhas ideológicas e procurar informar-se confrontando factos e opiniões não gerados e controlados pelas centrais de informação do sistema.
O autor do artigo que diga e vote como entender, mas não diga disparates nem gracinhas, tratando com sobranceria que me parece próxima do desprezo os revolucionários do passado que deram o melhor das suas vidas, a sua própria vida e sofrimentos inenarráveis em nome dos “amanhãs que cantam”. Expressão que esconde toda a tragédia dos “mortos sem sepultura” que lutaram por todos nós, por toda a Humanidade. Também por aquilo que neste país e em todo a Europa a direita está a destruir aceleradamente com a anuência ou com a cumplicidade de partidos que se dizem de “esquerda”.
Quanto à questão de Lenine ser uma espécie de vândalo, um huno, um chefe de bárbaros criminosos, está enganado. Quem destruiu a Rússia nos anos seguintes à Revolução de Outubro foi a intervenção estrangeira de países como a França, Reino Unido, Alemanha, EUA em aliança com tudo o que de mais reacionário e criminoso havia na Rússia de então. Lenine fez a revolução em Petersburgo sem derramar sangue e em Moscovo houve apenas uma pequena escaramuça. Quis no seu governo vários partidos e tendências, mas o que o malquistou com partidos que se diziam de esquerda foi querer por em prática aspetos que justamente faziam parte dos programas de vários desses partidos: foi a questão da paz – que todos diziam querer – foi a entrega da terra aos camponeses e liberta-los da opressão e arbitrariedade, foi o controlo operário nas fábricas e serviços para evitar a sabotagem e garantir a produção.  H.G.Wells classificou-o como “o sonhador do Kremlin”. Enquanto os fuzilamentos e massacres e a obra de terra queimada prosseguia sob o comando das potências capitalistas, Lenine protegia os tesouros artísticos da Rússia, fomentava-se a cultura, dava inicio a algo desconhecido até ali: ao que podemos talvez classificar como “estado social”, e ao planeamento económico nacional, com o GOELRO, pondo em prática a electrificação e o poder dos sovietes. Seria isto destruir? O chamado comunismo de guerra o recurso económico face à barbárie imperialista da democracia burguesa (isto é, dos grandes detentores de capital) e da fome que originou. Quando a guerra terminou este modelo foi desde logo abandonado. E quem quiser seriamente saber o que se passou sem ser informação controlada pela CIA e quejandos, consulte www.historia do socialismo .
Parece que para certas pessoas, ser esquerda “responsável” passa por ser tratado pela direita como animal doméstico de estimação – e disciplinado como tal – e por mostrar “ativo repúdio de todas as ideias comunistas e todas as formas de subversão”, à semelhança do que o fascismo obrigava os funcionários a assinarem.
Ter ativo repúdio dos monopólios e latifúndios (ou o seu sucedâneo os oligopólios da produção e distribuição agroalimentar) seria um bom princípio para se ser de esquerda, embora muito pouco, contra isto já eram os clássicos do liberalismo. Terá alguma lógica nem isto prezar e considerar-se de esquerda?
Afinal o que é preciso para entrar no reino dos céus? - perguntou o jovem a Jesus. Talvez convenha atentar no que Cristo recomendou.
Não basta para se considerar de esquerda criticar a direita. Na minha opinião, a esquerda terá  de defender que na sociedade vigore não a lei fundamental do capitalismo – a maximização do lucro – mas a maximização dos benefícios sociais. Tema que vale a pena abordar.

19 de março de 2012

Os Falsários


OS FALSÁRIOS
O presidente (CEO) de um grande Fundo de Investimentos (PIMCO) afirmou que Portugal vai necessitar de um segundo resgate e  que Lisboa poderá seguir o mesmo caminho de Atenas. Sobre esta notícia o comentador da antena1 para os assuntos económicos veio dizer que há muito tempo  se sabe (desde que se assinou o acordo de assistência) que Portugal não vai conseguir ir aos mercados e que terá um novo «plano de resgate»! E acrescentou ainda que o que é mau é que se fale disso cá dentro! Porquê? Porque
se está a dar indicações aos mercados!!!

Coitado! Como se os "mercados" se deixassem enganar pelo facto de não se falar no assunto!


Dizer  que toda a gente sabe desde o início que Portugal não vai ser capaz de ir aos mercados e que  vai precisar de  um novo plano de resgate é falso a começar por ele e é uma habilidade que os desonestos intelectualmente usam quando estão confrontados com a evidência.

Afirmar o que o governo de Sócrates também dizia: «que não precisava de ajuda» e que na altura não podia dizer outra coisa , para justificar a negação do actual governo português de que não vai precisar de um novo plano de resgate é outra desonestidade intelectual

Será que quando seguimos o caminho da Grécia tal comentador encartado também vai dizer que já se sabia? E quando tivermos que reestruturar a dívida também continuará a afirmar que era o ovo de Colombo?
 Grande aldrabão!

Como já foi afirmado , um dos arquitectos da reestruturação da dívida grega, o americano Mitu Gulati, numa entrevista a um jornal económico afirmou na semana passada que «Portugal devia aproveitar o exemplo grego e avançar já com uma reestruturação mais suave e voluntária da dívida pública». E acrescentava que o devia fazer já para não o fazer quando estiver totalmente nas mãos da troika.
 Nessa altura o nosso comentador de serviço vai dizer que toda a gente sabe que o Governo se atrasou !!!

17 de março de 2012

V IVA O “ESPIRITO POSITIVO”! ABAIXO A REALIDADE!

Esforcem-se mais, srs. comentadores de serviço! Quando todos os indicadores estão em queda é que é preciso mostrar o que valem e porque é que o tempo de antena – tão caro – está à vossa disposição.
O PIB cai em cada previsão, o desemprego aumenta em cada Boletim do INE, as falências crescem, no final da “ajuda externa” vamos estar pior que no início – com amigos destes quem precisa de inimigos…- é pois o momento de se mostrarem à altura do que de vós esperam os quem a gente sabe.
Eis alguns conselhos que a minha experiência como gestor e formador em gestão me permitem dar – gratuitamente, desinteressadamente e com toda a modéstia.
Primeiro que tudo: Espírito positivo: Neguem a realidade!
Quando os senhores apresentadores falarem das dificuldades das pessoas – cai bem, e não ofende – façam um ar preocupado, digam mesmo: “estamos preocupados”. Com ar compungido. Aproveitem, vão aos fados, como diz o Jorge Fernando. Porém, mudem logo de conversa, tem se ser por causa dos compromissos com a troika. E a troika é bom que se saiba, é como o Mistério da Santíssima Trindade ou a infalibilidade do Papa, não se discute: é inquestionável. E os portugueses – sem ninguém lhes perguntar nada do assunto – estão portanto obrigados a votos, quase sacerdotais, de obediência, pobreza e se não de castidade, pelo menos que se cuidem: evitem ter filhos, pois não vão ter condições para cria-los decentemente.
Depois do ar preocupado na circunstância, passem logo ao “espírito positivo”: em 2013, por agora meados, convém remeter as coisas sempre um pouco para mais tarde…Tudo de bom! Já disseram o mesmo em 2000, 2002, 2004, 2006, 2008, 2010, etc., é sempre a mesma “tanga” do sr. Durão Barroso de 2 em 2 anos, mas não tem importância, falem com a autoridade de mestres, que não está lá ninguém para o contraditório.
E quando se chegar a 2013 e continuar tudo a piorar, “espírito positivo", srs, comentadores. O desemprego cresce, ah! mas já aumentou mais, digam: está em “desaceleração”. As falências prosseguem, digam que é “racionalização”. As pessoas passam fome e dificuldades, a pobreza aumenta, o nível de vida desce, considerem que “as pessoas estão a aprender a consumir menos”. O investimento está ao nível de décadas atrás chamem-lhe: “contenção”. Espírito positivo! Se não vão para lá outros.
Além disto, nada de usar expressões que possam levar as pessoas a compreender as verdadeiras causas do que lhes acontece: tudo é culpa dos próprios. Gastaram de mais – embora os salários em 2010 fossem metade da média da UE (1) falta-lhes criatividade e mobilidade, flexibilidade, enfim peguem no arsenal da psicologia, melhor ainda da parapsicologia e zás, atirem para cima deles. Estão desempregados porque não são suficientemente bons, porque não querem trabalhar, peguem em casos isolados, argumentem com exceções  que convence. Digam: conheço mesmo um caso, casos é melhor, de pessoas que… E quanto aos salários, frisem bem: cada um “ganha o valor que produz avaliado pelo mercado.” Claro que isto não se aplica às PPP, aos monopólios, aos consultores do Estado, aos excelentíssimos administradores, etc. Só ao “Zé Ninguém” - na expressão de William Reich.
Nada de falar na saída de lucros e rendimentos do país nem nos impostos não pagos pelo grande capital. Tal como em tempos a Igreja não achava bem que o comum dos fiéis lesse a Bíblia, não é bom que o “bom povo” do neofascismo liberal saiba destas coisas.
Agora, srs. comentadores, palavras e ideias proibidas: greve, sindicatos, descontentamento, manifestações de protesto. Se tal ocorrer por imprevidência do sr(a) apresentador(a) – que não se repita! – fugir do assunto como o diabo da cruz e os vampiros dos dentes de alho e tratar de referir que Portugal é um grande país e já passou por momentos ainda mais difíceis (que grande orgulho ter tido governantes fanáticos e /ou incompetentes!). Dizer que “essas coisas” – com relativo desdém, os bons espíritos entendem – dão má imagem do país aos “mercados” e ser assertivo: “não servem para nada”. Sobretudo, não temer a contradição. Nunca! É tudo pela “boa causa” da especulação, e dos seus queridos lucros sem os quais, convém insistir, talvez nem a Terra não se movesse da mesma forma.
Espírito positivo! Mostrem sempre o lado bom (para quem?). Por exemplo: quando o consumo for zero a Balança de Transações será altamente positiva. Ah! E desta forma, (parafraseando o Chico Buarque) este país ainda vai transformar-se numa imensa Suiça!
Só mais um esforço srs. comentadores: Espírito Positivo! Abaixo a realidade!

1 - A produtividade por pessoa para o total da economia corresponde em Portugal a 77,3% da média da UE 27 (dados Eurostat – 2010). Porém, os “custos salariais”, também para o total da economia eram 59,2% da média da UE 27 (Comissão Europeia – base de dados AMECO – 2011). Sendo os “custos salariais” definidos como a relação entre os salários mais encargos e a produtividade, os salários (com encargos) são apenas 45,6% da média da UE 27!

15 de março de 2012

A NOVA ECONOMIA PARAPSICOLÓGICA

Já aqui falamos da “Economia Política Alquímica”, cuja pretensão consistiu e consiste em transformar o programa de agressão da “troika” num programa de estabilidade e desenvolvimento. Agora na TV pululam pregadores propagando uma espécie de “Economia Parapsicologica”. O que era domínio de gente pouco credível – videntes, adivinhos, bruxos – tem antena aberta em todos os canais.
Em 2010 segundo a Eurostat a pobreza e exclusão social (1) atingia em Portugal 25,3% da população. O desemprego oficial era no final desse ano de 10,8% sendo em janeiro de 2012, 14,8%;  segundo dados do INE entre o 1º trimestre de 2011 e janeiro de 2012 o desemprego aumentou de 12,4% para 14,8%. Aquele indicador portanto ter-se-á agravado radicalmente. Como resolver este crescente e gravíssimo problema já que em 2011 os apoios sociais foram reduzidos de 574 milhões de euros?
Ora, os srs. comentadores e outros convidados têm receitas simples: tudo se passa no domínio da psicologia. Deve-se ser criativo, flexível, aceitar a mobilidade! Aliás aceite-se tudo… E dão-se bons conselhos: que cada um aprenda a elaborar o seu curriculum e saiba gerir informação. Ah! E adapte-se, adapte-se…a tudo!
Sim, adapte-se a uma sociedade decadente, aceite a mobilidade mesmo com ordenado abaixo do limiar de pobreza, tendo de se deslocar da sua residência (e pagar a estada!). Que importam também as questões familiares a estas boas almas?
Mas, e se mesmo assim as pessoas continuarem no desemprego? O que é importante é que cada um pense que o problema é dos próprios desempregados, nunca do sistema em que se vive – ou vegeta. Continua-se assim a iludir incautos e voltar contra os pobres e desempregados, culpabilizando-os, as pessoas mais afastadas da esfera produtiva.
É espantoso que os senhores professores desta nova “economia parapsicológica” não entendam – ou tenham esquecido - que o emprego é uma variável complexa que depende do investimento, do crescimento económico, da repartição do rendimento, do desenvolvimento regional, da intensidade tecnológica, da estrutura produtiva. E, é evidente, de um plano que procure coordenar e maximizar estas variáveis do ponto de vista social.   Sem isto, o esforço individual apenas será fonte de maior frustração.
Mas não há dúvida que os adoradores do deus “mercados”, e do dinheirinho que corre por detrás, mantêm a sua fé: é que com menos apoios sociais e entregando os cuidados de saúde ao sector privado – ou aos santinhos da devoção de cada um – a mortalidade tem tendência a aumentar, como é de norma nos países sujeitos a estes processos, e o Estado sempre irá poupar no rendimento social de inserção (média de 90€ por mês), no “complemento solidário” (média 104,6€ por mês) (2), etc.
Dizem-nos então ao estilo do frei Tomás, que para “dar confiança aos mercados todos temos de fazer sacrifícios”. Mas todos, quem? É que de facto, as prioridades são para pagar as rendas das PPP, dos demais monopólios e dos seus lucros “excessivos” e juros inadmissivelmente especulativos  Dizia Keynes que no longo prazo o mercado resolveria os problemas económicos, acrescentando, porém no longo prazo estamos todos mortos.
Por agora, aqui estamos numa sociedade decadente que se refugia em domínios ínvios da psicologia para tergiversar sobre problemas sociais. Uma sociedade que não vai a caminho do abismo: caminha no abismo.

1 - O Eurostat define o indicador AROPE como a percentagem da população que vive pelo menos numa destas condições: 1) em risco de pobreza, significando abaixo do limiar de pobreza, 2) numa situação de privação material, 3) vivendo numa família com baixa intensidade laboral (trabalho a tempo parcial)
2 – Dados de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos

13 de março de 2012

Contas Nacionais Trimestrais 4ºTrm 2011

1. No passado dia 14 de fevereiro o INE divulgou as suas estimativas rápidas para a evolução do PIB no último trimestre de 2011 e no próprio ano de 2011. Nessa nota o INE estimava para o 4º trimestre de 2011, uma queda do PIB de -2,7% em termos homólogos e uma queda de -1,3% em relação ao trimestre anterior. Já para 2011 a sua 1ª estimativa apontava para uma queda do PIB de -1,5%.
2. Tal com estava previsto, 24 dias depois o INE procede à divulgação das suas estimativas correntes para as Contas Nacionais Trimestrais do 4º Trimestre de 2011. Nestas estimativas e tendo por base a informação estatística conhecida até agora, o INE estima não apenas a evolução do PIB no 4º trimestre de 2011 e no próprio ano, como desagrega essa análise pelas várias componentes da Despesa Nacional (Consumo Privado, Consumo Público, Investimento, Exportações e Importações).
3. Como já era previsível e tem vindo a suceder nos últimos tempos, a estimativa corrigida para o PIB de 2011 e do 4º trimestre agrava a estimativa anterior. O INE estima agora uma queda do PIB em 2011 de -1,6% e no 4º trimestre do ano, comparativamente ao homólogo do ano anterior uma queda de -2,8%.
4. Os dados agora divulgados pelo INE permitem-nos concluir que o ano de 2011 sendo mais um ano de recessão da nossa economia, é também um ano em que do 1º para o 2º semestre se verifica um agravamento claro dessa recessão, o qual resulta obviamente do impacto das medidas recessivas que o Pacto de Agressão assinado passado mês de Maio contem.
5. Esse impacto é tal que praticamente todas as variáveis macroeconómicas viram a sua evolução agravada do 1º para o 2º semestre de 2011. Vejamos alguns exemplos bem elucidativos. O PIB do 1º para o 2º semestre caiu de -0,8% para -2,4%; o consumo das Famílias caiu de -2,8% para -5,0%; o investimento caiu de -9,2% para -18,9%; a Procura Interna (que inclui o Consumo das Famílias, o Consumo Público e o Investimento) caiu de -4,2% para -7,2%; as exportações desaceleraram do 1º para o 2º semestre, tendo crescido no 1º semestre 8,6% e no 2º 6,3% e finalmente as importações, fruto do afundanço da Procura Interna caíram no 1º semestre -2,8% e no 2º semestre -8,2%.
6. O efeito recessivo do Pacto de Agressão sobre a vida das famílias e das empresas é tal que, no caso das famílias o consumo em bens alimentares caiu no 2º semestre de 2011 (-0,7%) pela 1ª vez desde 1996 (1º ano de informação trimestralizada das contas nacionais), que o consumo de bens duradouros por parte das famílias caiu no 2º semestre - 24,4% (e só no último trimestre essa queda foi de -31,3%), que o consumo de bens correntes não alimentares e serviços caiu neste último semestre -3,4%. Já no caso das empresas refira-se que o investimento caiu no 2º semestre -18,9% (só no último trimestre essa queda foi de -24,3%).
7. Como resultado de tudo isto, a informação sobre a evolução do emprego em termos trimestrais e anuais na óptica das Contas Nacionais, divulgada pelo INE, diz-nos que a queda no emprego foi de -1,5% em 2011 e que só no último trimestre de 2011 perderam-se em Portugal 132 000 empregos. A situação é hoje de tal forma grave que o nº de empregados na óptica das Contas Nacionais estava no final de 2011 ao nível de 1998.

6 de março de 2012

Um caso exemplar

O escândalo do Eurparque da Vila da Feira
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Para aqueles que dizem que os privados não controem elefantes brancos , para aqueles que só vêm eficiência  no sector privado e desperdício no público , para aqueles que dizem que todos somos culpados da crise e procuram desculpabilizar o PSD e Cavaco, vejam  a falência do projecto megalómano do Europarque  na Feira   .cujo impulsionador foi o empresário Ludgero Martques figura grada do PSD.
A banca accionou o aval do Estado de 35 milhões de euros para recuperar dinheiro do financiamento.
Mais um buraco privado a ser pago pelos contribuintes.E ninguém é responsabilizado .
O Europarque  é um complexo de 150 hectares que tem um heliporto e foi inaugurado em 1985.
O Centro de Congressos custou 71 milhões financiado da seguinte forma: 6 milhões de euros de capital próprio, 35 milhões de empréstimo avalizado pelo Estado e 30 milhões de fundos comunitários 1
 Neste caso como se trata de grandes empresários, ainda por cima ligados ao PSD e apoiantes de Cavaco , e de uma Associação patronal ,a AEP , a culpa vai  mais uma vez morrer solteira e a factura será endossada ao ZÉ !

Quem finacia a industria de armas nucleares ?

Os principais bancos que financiam a
industria de armas nucleares são: Bank of America, BlackRock y JP Morgan Chase en Estados Unidos, BNP Paribas en Francia, Allianz y Deutsche Bank en Alemania, Mistubishi UJF Financial en Japón, BBVA y Banco Santander en España, Credit Suisse y UBS en Suiza, y Barclays, HSBC, Lloyds y Royal Bank of Scotland en Gran Bretaña.
Clicar :
http://www.ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=100277

5 de março de 2012

As máfias ,os padrinhos e o poder económico em Portugal

Zangam se as comadres conhece-se a verdade.

Ongoing e o grupo Balsemão têm estado  há muito em rota de colisão.
Publicamos uma interessante peça demonstrativa de como o poder económico actua no país.
Mas esta é apenas uma peça
Publicamos artigo de Nicolau Santos no ùltimo Expresso
«A excelente investigação da jornalista Cristina Ferreira do "Público" sobre a Ongoing permite chegar a algumas conclusões. 
1) A Heidrich & Struggles foi o cavalo de Troia, através do qual a dupla Nuninho-Rafa (como se tratam) passou a gerir as carreiras de milhares de quadros médios e superiores; 
2) o Compromisso Portugal, que teve Rafael Mora por trás, visou a ligação à geração de empresários, gestores, políticos e jornalistas na casa dos 40 anos; 
3) em 2003, o ex-ministro Pina Moura passa a consultor da H&S e transita depois para a Ongoing. Será presidente não-executivo da Media Capital e ascende a presidente da Iberdrola Portugal;
4) António Mexia, enquanto ministro, foi decisivo para abrir à H&S o acesso às grandes empresas públicas - e Mário Lino fundamental a alargar esse acesso: TAP, ANA, PT, EDP, Águas de Portugal, CTT, Carris, Estradas de Portugal;
5) foram essas avenças de empresas públicas (algumas escandalosas e outras sem justificação), que permitiram à dupla ganhar estofo financeiro para se abalançar a outros voos;
6) o salto em frente é dado com a OPA da Sonaecom sobre a PT, em que Ricardo Salgado utiliza Nuno Vasconcellos (a quem financia) como testa de ferro para ajudar a travar a operação;
7) Mora elabora o novo modelo de governação do BCP, que vai conduzir à rutura entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;
8) quando PTP abandona o banco e a solução Pinhal falha, é Mexia quem mexe os cordelinhos para colocar a administração da CGD à frente do BCP; 9) o BCP vai tornar-se em seguida o princi¬pal financiador da Ongoing;
10) o sistema de remunerações da administração da EDP, que tem proporcionado enormes bónus a Mexia, foi elaborado por Mora;
11) a estratégia exige uma imprensa submissa: o primeiro passo é a compra do "Económico", por €27 milhões. O controlo da TVI falha, o domínio sobre a Impresa também;
12) a estratégia exige uma enorme alavancagem financeira. A Ongoing lança fundos de investimento de alto risco, no qual investem PT (75 milhões), BES (180 milhões) e Montepio Geral (30 milhões);
13) a escalada exige também acesso a informações privilegiadas (a Ongoing contrata quatro espiões);
14) ... e ligações ao PSD e PS (vários ex-políticos trabalham para o grupo).
Avenças de empresas públicas, financiamento de bancos amigos, influência empresarial e política, ligações à maçonaria e às secretas: assim se construiu o império daquele que ia ser o maior empresário português do século XXI.»

[Anatomia da Ongoing, Nicolau Santos, no Expresso]

GANÂNCIA E/OU ESTUPIDEZ?

A política dita de “incentivos” às empresas a ser posta em prática resulta da conhecida doutrina neoliberal – monetarista do “supply side economics”, ou seja, a economia pelo lado da oferta. Até então as crises iam sendo melhor ou pior ultrapassadas pelo lado da procura melhorando as condições dos consumidores e pelo investimento público (dinamizando a chamada procura agregada) a que se seguia uma retoma da produção e do investimento. No essencial, isto representava, mais salários, mais garantias laborais e sociais, intervenção do Estado na esfera produtiva, dando confiança aos agentes económicos. Eram as medidas contraciclícas. Medidas que em termos de outras técnicas se podiam considerar correctivas e paliativas, mas não preventivas, o que implicaria mudar de sistema económico.
Quando os neoliberais se apossaram do poder - em consequência precisamente da ausência das tais medidas preventivas e do oportunismo de certa esquerda ou considerada como tal – os dados foram invertidos. Agora, a solução consistia em melhorar a oferta, o que na prática se traduziu principalmente em: redução de salários e direitos (reduzir os chamados “custos do trabalho”) e dádivas ao capital, os tais incentivos, sob a forma de redução de impostos, subsídios, outras facilidades, etc. de que apenas aproveitam as grandes empresas enquanto as MPME fecham cerca de 100 por dia (40 000 em 2011). Eis o resultado da política de “incentivos”. Para quem? – é legítimo perguntar.
O lema era e ainda é: “que os ricos sejam mais ricos para os pobres serem menos pobres”. John Keneth Galbraith traduziu isto muito bem, dizendo que nesta política: “os ricos nunca são demasiado ricos para investir mais, os pobres nunca são demasiado pobres para trabalhar mais.”
Ouro sobre azul para o grande capital que paga menos, tem mais lucros, e ainda por cima recebe dinheiro dos contribuintes, isto é, dos trabalhadores que entretanto ganham menos.
A inutilidade, o absurdo, o prejudicial destas “medidas” está mais que provado na prática. Michael Hudson referia que “O governo norte-americano gastou 13 biliões de dólares em resgates financeiros desde a falência da Lehman Brothers em Setembro de 2008. No entanto o sr. Obama alerta-nos para o facto de que, daqui a 30 anos, o défice da Segurança Social pode chegar a 1000 milhões de dólares, e é para prevenir esse mesmo défice que ele procura cortar nos pagamentos hoje.” (www.reistir.info 29.julho.2011)
Em 2009 “o governo dos (EUA)  gastou US$ 3 milhões de milhões para uma pequena recuperação avaliada em 3% do PIB, cerca de 400 mil milhões de dólares em crescimento económico. Pois bem, gastar 3 milhões de milhões de dólares para obter 400 mil milhões é um péssimo negócio…” (www.reistir.info – Atílio Boron - 29.julho.2011
Ou seja, como refere Atílo Borón 16 milhões de milhões de 2007 a 2009.
Valeu a pena? Para esta gente tudo vale a pena quando a ganância não é pequena…
“Nicholas Kristof, del New York Times, recuerda que "Los directivos de las mayores empresas norteamericanas ganaban una media de 42 veces más que el trabajador promedio en 1980, y 531 veces más en 2001. Quizás la estadística más asombrosa es esta: entre 1980 y 2005, más de cuatro quintos del aumento total de las rentas estadounidenses fueron a parar al 1% más rico." (www.rebelion org - 15-01-2011 Cuando el sueño americano se transforma en pesadilla - Aram Aharonian Alainet).
Nos EUA como na UE, lá como cá todos estes “incentivos” tiveram como resultado mais desemprego, mais pobreza, estagnação ou recessão económica.
Porquê? Por que de acordo com as leis do capitalismo o capital não se movimenta no sentido das necessidades sociais, mas do maior lucro e isto requer, como é evidente, uma procura solvente. Daí refugiar-se na especulação e na usura.
Em Portugal não têm faltado medidas de “incentivo” – nas quais se incluem as alterações às leis laborais – por parte dos últimos governos. Qual o resultado? A situação em que o país se encontra.
Este governo agrava a mesma via de desastre, submetendo-se à Inquisição de Bruxelas e ao papado de Berlim.
O priorado desta teologia está diariamente na TV a ensinar as pessoas a serem pobres e estarem satisfeitas. A promover o “pensamento positivo” e a “criatividade”, enquanto o B de P anunciava no final de 2011 que o consumo privado recuaria 6% (9,6 em 2 anos) e o público 2,9% (6,1% em 2 anos). Previsões que já se confirma serem piores.
Ganância e /ou estupidez? Eis a questão.