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30 de janeiro de 2013

O OVO DA SERPENTE…


O populismo, verdadeiro ovo da serpente neofascista, aí anda pela TV, pela comunicação dita social. Comentadores assumem um papel indignado, de revoltados contra a situação do país como grandes defensores dos interesses do povo e do país.
Nada mais falso, criticam o governo, mas porque faz mal e faz pouco. E o que devia fazer? Equilibrar as contas públicas cumprindo o “memorando da troika”, isto é, criticam o governo, defendem a troika, branqueando todas as medidas negativas deste pacto de agressão e ocupação do país.
O governo devia “reformar o estado social, mas só agora começou a fazer". Mentindo sobre o facto de que vem sendo destruído intensamente desde o governo Sócrates. Querem mais, trata-se de preparar a opinião pública para “refundar o Estado”, omitindo que sem apoios sociais mais de 40% da população portuguesa cairia na pobreza ou exclusão social.
Outra crítica é não atrair “investimento estrangeiro”. Nem uma palavra para o investimento público, para a promoção da poupança interna, evitando o recurso aos juros usurários dos especuladores estrangeiros. O argumento para atrair investimento estrangeiro é reduzir salários e impostos ao grande capital. Porém, em 2011 saíram do país,17 708 milhões de euros; o RN foi apenas 78,1% do PIB, isto é 21.9% da riqueza criada saíu do país. Pior só a Irlanda (29,1%) a qual tomam como exemplo que devíamos seguir. Em 2010 a taxa efetiva de IRC foi de 8,6%, perdendo-se relativamente à taxa legal de 25% 8 167 milhões de euros. (ver O falso dilema de Vitor Gaspar por Eugénio Rosa resistir.info – 27.jan.2013).
Gente que andou pelos governos e administrações de grandes empresas (o PS escolhia-os bem…) vocifera contra o Estado social. São escutados como oráculos, sem contraditório; os comentadores defendem estas receitas, misturadas de críticas ao governo (devia fazer mais), críticas à incompetência e burocracia do Estado, aliás dirigida pelos “boys” dos partidos da troika e, por vezes, loas ao crescimento e à criação de emprego. Criticam-se os “políticos”, a oposição que “não existe, nem apresenta alternativas, isto é, à esquerda do PS nada existe; como já foi dito “essa gente não conta”.
O fascismo, para iludir as massas trabalhadoras criticava a plutocracia, que os financiava; era pelo modernismo quando o seu ideal era uma sociedade de valores medievais; criticava os defeitos da república para a destruir.
Eis o que está em marcha e não tem sido dada a devida atenção. Pelo contrário, vejo gente sinceramente progressista deixar-se iludir por este pseudo radicalismo burguês de fachada democrática, na realidade fascizante.

27 de janeiro de 2013

Quanto custa a banca privada aos contribuintes?

A traduzir : parte de artigo de Eric Toussaint

(...)Les banques ont perdu beaucoup de leur légitimité, mais elles peuvent
compter sur les gouvernants et les grands médias pour les soutenir
coûte que coûte. Les banques privées et les gouvernements qui ont
favorisé la dérèglementation financière radicale initiée dans les
années 1980-1990 sont responsables de la débâcle. Les décisions
actuelles prolongent et aggravent la situation. Il s’agit d’une
nouvelle crise majeure du système capitaliste, à côté de tant d’autres
comme la crise alimentaire ou la crise environnementale |55|.

La seule crise bancaire a représenté un coût colossal pour la société
et ce n’est pas fini. Luc Laeven et Fabian Valencia, deux économistes
du FMI, estiment que la perte de croissance du PIB due aux crises
bancaires pour la période 1970-2011 s’élève à 33% (23% pour la zone
euro, 31% pour les États-Unis). Selon eux, il est probable que le coût
final sera plus important encore.

Selon les mêmes auteurs, sur la période 1970-2011, l’augmentation de
la dette publique dans les économies avancées due aux crises bancaires
s’élève à 21% (20% dans la zone euro et 24% aux États-Unis) |56|. Bien
que ce ne soit pas du tout la conclusion des deux auteurs, on doit
considérer cette dette comme clairement illégitime et refuser de la
payer. Outre la nécessité de refuser le remboursement de la dette
publique causée par la crise et le sauvetage des banques comme il
s’effectue actuellement, il faut opter pour une réponse radicale à la
politique des banques. Vu qu’elles utilisent de l’argent public,
bénéficient de garanties de la part de l’État et doivent rendre un
service de base fondamental à la société, le secteur bancaire doit
être socialisé pour devenir un service public de l’épargne et du
crédit.(...)

24 de janeiro de 2013

SIRIA – IRAQUE – LÍBIA

É BOM LEMBRAR
É curioso como “bons espíritos” que se arrogam o direito de dar lições de direitos humanos, se limitem a caixa-de-ressonância do imperialismo – mesmo que alguns finjam distanciar-se…
Os falcões no Senado dos EUA, reclamando atacar a Síria - em nome dos "direitos humanos". Porém a Síria está a ser apoiada pela Rússia que forneceu sistemas de misseis considerados muito eficazes, como os hipersónicos Iskander de superfície a superfície e Pechora 2M terra ar, que levaram o Pentágono a por em causa a eficácia de “uma zona de exclusão aérea”, (que á semelhança da Líbia significaria bombardeamentos indiscriminados sobre as populações civis – para as proteger, claro!, a Inquisição com o lema “caridade e justiça” não fazia melhor). Entretanto uma dúzia de navios de guerra russos rumaram para o Mediterrâneo e golfo de Aden, para exercícios em larga escala.
EUA forneceram à Turquia misseis Patriot, que têm mais que ver com o Irão do que com a Síria. A oposição no interior da Síria que segundo o New York Times terá pedido aos EUA para não atacarem o país, é criticada por ser “rudimentar” e não ter uma componente armada.
As forças apoiadas pela NATO, são organizações antes classificadas de “terroristas”, ligadas à al-Qaeda, com apoio do Yemen, Arábia Saudita, Jordânia, Qatar, que lutam para fazer da Síria um califado islâmico à medida dos seus interesses.
Apesar disto as tropas sírias mantêm a a totalidade ou em grande parte todas as principais cidades e vilas da Síria. De acordo com a ONU 60 000 pessoas já terão morrido. A solução militar provou não ser viável, mas uma solução negociada não vai ocorrer tão cedo.
(texto completo em www.informationclearinghouse – 18.janeiro.2013 – segundo- http://www.china.org.cn/opinion/zhaojinglun.htm)
Em www.informationclearinghouse também é referida a situação no Iraque como “Um genocídio com 20 anos”, o primeiro genocídio do século XXI, refere Felicity Arbuthnot  (18 – 01-13- Iraq: A Twenty Two Year Genocide. - Felicity Arbuthnot is a journalist with special knowledge of Iraq)  “Pobre Iraque e iraquianos. O silêncio do mundo leva-me a perder a fé na Humanidade” – (diríamos que no imperialismo, nunca se pode ter confiança alguma, quanto mais fé!).
Há 22 anos, escreve Felicity Arbuthnot, o secretário de Estado. James Baker’s, fazia a promessa de reduzir o Iraque á época pré-industrial. Sobre o Iraque a aviação dos EUA fez 109 000 saídas lançando 88 000 toneladas de bombas, o equivalente a sete Hiroshimas (segundo Ramsey Clark).
O Dr Gideon Polya, autor de Body Count – Global Avoidable Mortality since 1950, documenta a morte evitável de 1 300 milhões de pessoas de responsabilidade do “primeiro mundo”. No que diz respeito ao genocídio no Iraque contam-se entre 1990 e 2011, 1,7 milhões de mortes violentas, 2,9 milhões de mortes não violentas - deste total, 2 milhões são crianças com menos de 5 anos – além de 5 a 6 milhões de refugiados. Dr Polya, apresentou uma queixa formal no Tribunal Criminal Internacional sobre “O genocídio iraquiano”, que continua, sob o comando do Nobel da Paz, B. Obama.
Quanto á Líbia, no mesmo site um artigo de 18.janeiro, diz que apesar da produção de petróleo ter retomado os níveis de antes da guerra, segundo a agência Bloomberg dada a instabilidade no país qualquer progresso real é impossível. Um estado petrolífero falhado (failed petro-state) permanece um possível resultado da revolução que começou há dois anos”. Apesar de ser impossível para a Blomberg entender o que seja uma Revolução, as suas preocupações são esclarecedoras.

A Ida aos mercados

Tradução.



A ÁRVORE QUE ESCONDE A FLORESTA, por François Leclrerc

Blog de P:J:


Mais do que qualquer outro país europeu, é a Itália que melhor ilustra a metáfora da árvore que esconde a floresta, nestes tempos de calma. O Tesouro italiano multiplica as emissões de obrigações para melhor aproveitar do abaixamento nas taxas. Já conseguiu financiar 10% das suas necessidades para o ano (420 biliões de euros) e esforça-se para prolongar o vencimento da sua dívida para a tornar menos vulnerável a tensões futuras, uma vez que já atingiu 126% do PIB. Mario Monti, em força na sua campanha eleitoral, usa o argumento para dizer que o pior da crise financeira já passou, reconhecendo que não é esse o caso da crise econômica. Tudo está lá!


A economia italiana mostra com efeito uma degradação lenta e irresistível, no contexto europeu recessivo actual e sob os efeitos das medidas de austeridade tomadas por Mario Monti. Para atingir os objectivos de redução do défice implicará ainda adoptar novas medidas, dado que estão em falta 9000 milhões a partir do orçamento deste ano. Desde Abril de 2008, a produção industrial caiu 24,9% e registou-se uma contração de 3,4% no crédito de Novembro de 2011 a 2012, afectando mais particularmente as empresas. O poder de compra dos italianos caiu 4,1% durante os primeiros nove meses de 2012 (em comparação com o mesmo período de 2011) e 1,9% em apenas três meses, devido ao aumento de impostos e taxas. A taxa de desemprego vai chegar a 12% em 2014, segundo o Banco da Itália. É certo que a situação social na Itália não é o da Espanha, Portugal e Grécia, mas isso deve-se à importância da sua economia informal, que faz de colchão.


Agora a palavra é dos líderes políticos, enquando se aguarda a dos eleitores no final de Fevereiro. Enquanto a campanha de Berlusconi cresce em força, recusando as medidas de austeridade e preconizando a intervenção do BCE para garantir a dívida europeia a de Mario Monti demoniza a perspectiva de um resgate e propõe um programa de reforma pondo o ênfase em medidas de privatização e liberalização, acompanhadas por uma maior flexibilidade do mercado de trabalho, mais cauteloso nas medidas de austeridade. O programa de Pier Luigi Bersani, o candidato de centro-esquerda, que vai à frente na corrida, parte de um grande acordo que trocaria poderes ao nível europeu e perda de soberania contra uma diminuição da austeridade e a adopção de medidas contra-cíclicas de relance. Um caminho estreito e rastreado, feito da continuação das reformas do Estado e de negociações entre sindicatos e líderes empresariais a favor de um crescimento moderado financiados pelo Banco Europeu de Investimento para apoiar o mercado interno. Mas é preciso dois para dançar o tango, como diz a velha expressão, e convencer o parceiro alemão …


Continua a recomposição da paisagem política italiana, mas ela não oferece uma solução para os problemas do país. O advento de um governo de centro-esquerda, que poderia assinar de uma forma ou de outra, um pacto com Mario Monti é esperado pelos meios dos negócios italianos e autoridades europeias. Mas ele não cria grande margem de manobra porque vai enfrentar a necessidade de uma desvalorização interna, á qual em breve terá de se resignar. Deste ponto de vista, o governo saído das eleições terá de enfrentar uma situação semelhante à do governo francês que foi levado a tomar medidas contrárias às inclinações do seu eleitorado.
O tempo que vai levar o desendividamento é uma questão que ultrapassa o destino da Itália e da Europa. A sua progressão está sujeita a percalços de percurso inevitáveis ​​e depende de conseguir um superávit orçamental primário, a menos que aceite que os balanços dos bancos centrais continuem a inchar demais, ou se envolva numa política de reestruturação da dívida. Este superávit fiscal está em vias de se tornar o índice para acompanhar melhor a crise, de que a frágil existência está sujeita aos efeitos negativos da recessão causada pelas medidas de austeridade. Em dez anos, a dívida global privada e pública aumentou de 80 para 200 mil milhões de dólares, o que representa um crescimento de 11% ao ano, muito maior do que o PIB mundial, que é actualmente de 70.000 biliões de dólares. Os balanços dos bancos centrais por sua vez aumentaram 16% no mesmo período, de acordo com Hayman Capital, um fundo de hedge dos EUA que se tornou famoso por apostar com sucesso no colapso do mercado subprime (*). Não é preciso procurar muito para compreender que o sistema se tornou numa máquina para produzir dívida e já foi longe demais. É que pegar na questão somente sob o ângulo da dívida pública é uma piada de mau gosto. A Itália não é excepção e continua ainda a representar a mais perigosa espada de Dâmocles sobre a zona euro.
Trad:
Margarida S.

(*) Com a ajuda de CDS (Credit-Default Swaps) "nus" (sem exposição real ao risco) em títulos lastreados em empréstimos subprime da pior qualidade.


23 de janeiro de 2013

VITÓRIA! do marketing


VITÓRIA!



Portugal teve acesso aos mercados a longo prazo (5 anos).
Isto deve-se segundo o governo ao facto de termos aceite os termos do resgate e de estarmos a cumprir... blá, blá, blá...
Mas se é assim , porque será que o mesmo se passou com a Itália que aproveitou o momento de acalmia no mercado obrigacionista em consequência da intervenção do BCE, para se financiar a médio e a longo prazo? Passou-se com a Itália, com a Irlanda, com a Espanha...
Mário Draghi, comunicou em Setembro a intervenção no mercado secundário das dívidas soberanas, com o nome de Outright Monetary Transactions (OMT). Este dispositivo prevê a possibilidade de recomprar ilimitadamente títulos de dívida soberana! Há quem afirme que este é o objectivo do governo....Desde que o BCE assumiu a função de guarda chuva, cortando o passo à especulação o mercado obrigacionista amainou!
Mas infelizmente para o nosso país, esta operação foi concretizada a uma taxa de juro muito mais elevada do que a da Irlanda. Uma taxa de juro inaceitável e incompatível com o a nossa taxa de crescimento do PIB.
Outra questão tem a ver com o facto do governo português ter pedido mais tempo para pagar a dívida à troika sem pagar mais É um facto importante embora venha tarde e seja ainda muito limitado.
Trata-se de uma renegociação da dívida que Passos Coelho e Gaspar tiveram de engolir depois de andarem a dizer o contrário Mas é preciso ir muito mais além..
A dívida continua impagável. Não se pode ficar por aqui.

Viva- Regressámos aos mercados

Os banqueiros e o governo disseram que foi um êxito .
O patrão do BES foi mais longe e disse que a operação foi "brilhantíssima"
Como se sabe o BES foi o único banco português que integrou o sindicato responsavel pela operação.
Quanto ganhou o BES?
Uma taxa de juro de quase 5% pode-se considerar aceitável quando a Irlanda se financiou a 3.5% e quando a taxa de referência de BCE é de 0,75%?
Os quase 5% de taxa é mais um elemento para tornar a dívida impagável. Mais à frente veremos!!!

Ajustamento Orçamental


Por favor, ajudem-me a perceber.
1. Ajustamento orçamental em 2011 e 2012:
“Toda” a gente diz que o ajustamento tem sido feito pela receita e não pela despesa e por isso é preciso cortar mais e definitivamente na despesa (leia-se, protecção social e salários), para cumprir a “regra” dos 1/3_2/3.
Ora bem, e tomando como boas as estimativas do Governo para o final de 2012:
em 2011, face ao ano anterior, as receitas ”normais” aumentaram 1.204 mil milhões e as “extraordinárias” (não repetíveis) 3.847, somando 5.051; as despesas, sem juros, reduziram-se em 5.978;
em 2012, as receitas ”normais” reduziram-se em 2.610; as “extraordinárias” (ANA) ainda se desconhecem, mas para atingir os 5% de défice serão da ordem dos 2.000; as despesas reduziram-se em 8.763.
Ou seja, no conjunto dos dois anos ouve um ajustamento das contas públicas no valor de 19.182:
a receita “normal” reduziu-se em 1.406 (-7% do total);
a receita “extraordinária” aumentou 5.847 (30%);
a despesa (excluindo os juros) reduziu-se 14.741(77%).
Afinal o dito ajustamento tem sido feito basicamente pela receita ou pela despesa?
2. Que futuro nos propõe o FMI (e, logo, o Governo)
No relatório sobre a 6ª avaliação do PAEF, o FMI prevê uma taxa de desemprego de 14,3% em 2017 (para 2012: 15,5%) – para o caso não interessa se está subavaliada ou não.
E na Box 2. How fast can Portugal growth (pag. 20) admite que seja alcançável um crescimento médio anual de 1,9% no período 2018-32. E que esse crescimento decorreria de um aumento da produtividade de 1%, do aumento da qualificação do capital humano de 0,4%, do aumento do capital de 0,5% e do emprego de 0,0%.
Será que isto significa o que parece? Que segundo eles não haverá criação de emprego durante 15 anos? Qual seria a taxa de desemprego em 2032? É para isto que querem fazer a sua reforma do Estado? E ainda há quem diga que não há alternativa?

HELP!
Octávio Teixeira

22 de janeiro de 2013

Até que enfim uma reestruturação da dívida . Tardia,limitada,  minimalista ,envergonhada, à boleia da Grécia ,mas uma reestruturação , a que nem o governo nem o PS a designarão...O governo português pediu o alongamento do prazo para o pagamento da dívida.... Para Já.
Agora anda a deitar foguetes por regressar aos mercados...como se isso se devesse à sua política...e não a mudança de atitude do BCE como há muito defendíamos. Regressamos com a economia em frangalhos.
Mais, se o BCe suspendesse a proibição de comprar dívida directamente aos Estados estaríamos hoje com um perfil da dívida muito mais aceitável.
Publicamos esta opinião sobre o regresso de alguns países aos mercados


 L’ARBRE QUI CACHE LA FORÊT, par François Leclrerc

Blog de P:J:
Plus que tout autre pays européen, l’Italie illustre au mieux la métaphore de l’arbre qui cache la forêt, en ces temps d’accalmie. Le Trésor italien multiplie les émissions obligataires, afin de profiter de la détente sur les taux. Il est déjà parvenu à financer 10% de ses besoins de l’année (420 milliards d’euros) et s’efforce d’allonger la maturité de sa dette pour la rendre moins vulnérable à des tensions ultérieures, car elle atteint désormais 126% du PIB. Mario Monti, tout à sa campagne électorale, en tire argument pour estimer que le pire de la crise financière est passée, reconnaissant que ce n’est pas le cas de la crise économique. Tout est là !
L’économie italienne témoigne en effet d’une lente et irrésistible dégradation, dans le contexte européen récessif actuel et sous les effets des mesures d’austérité prises par Mario Monti. Atteindre les objectifs de réduction du déficit va d’ailleurs impliquer d’en adopter de nouvelles, car 9 milliards d’euros manquent à l’appel du budget dès cette année. Depuis avril 2008, la production industrielle a chuté de 24,9% et une contraction de 3,4% du crédit a été enregistrée de novembre 2011 à 2012, affectant plus particulièrement les entreprises. Le pouvoir d’achat des Italiens a diminué de 4,1% durant les 9 premiers mois de 2012 (comparé à la même période en 2011), puis de 1,9% pour les seuls trois derniers mois, en raison de l’augmentation des impôts et taxes. Le taux du chômage devrait atteindre 12% en 2014, selon la Banque d’Italie. Certes, la situation sociale de l’Italie n’est pas celle de l’Espagne, du Portugal et de la Grèce, mais elle le doit à l’importance de son économie informelle, qui fait matelas.
La parole est aux dirigeants politiques, en attendant qu’elle soit donnée aux électeurs fin février prochain. Tandis que la campagne de Silvio Berlusconi monte en puissance, récusant les mesures d’austérité et préconisant l’intervention de la BCE pour garantir la dette européenne, celle de Mario Monti diabolise la perspective d’un plan de sauvetage et propose un programme de réformes mettant l’accent sur les mesures de privatisation et de libéralisation, assorties d’une flexibilité accrue du marché du travail, plus prudent sur les mesures de rigueur. Le programme de Pier Luigi Bersani, le candidat de centre-gauche qui mène la course en tête, s’inscrit dans le cadre d’une grande négociation qui échangerait pouvoirs accrus à l’échelle européenne et abandons de souveraineté contre une diminution de l’austérité et l’adoption de mesures contre-cycliques de relance. Un étroit chemin est tracé, fait de la poursuite des réformes de l’État et de négociations entre les syndicats et les chefs d’entreprises, en faveur d’une croissance modérée financée par la Banque européenne d’investissement, afin de s’appuyer sur le marché intérieur. Mais il faut être deux pour danser le tango, suivant la vieille expression, et convaincre le partenaire allemand…
La recomposition du paysage politique italien se poursuit, mais elle n’offre pas pour autant de solution aux problèmes du pays. L’avènement d’un gouvernement de centre-gauche, qui pourrait signer sous une forme ou sous une autre un pacte avec Mario Monti, est espéré par les milieux d’affaires italiens et les autorités européennes. Mais il ne crée pas de grandes marges de manœuvre car il va se heurter à la nécessité d’unedévaluation intérieure à laquelle il va vite falloir se résigner. De ce point de vue, le gouvernement issu des élections devra faire face à une situation similaire à celle du gouvernement français, conduit à prendre des mesures contraires aux inclinations de son électorat.
La durée que va prendre le désendettement est une question qui dépasse le sort de l’Italie et de l’Europe. Sa progression est soumise à d’inévitables accidents de parcours et dépend de la réalisation d’un excédent budgétaire primaire, à moins d’accepter que les bilans des banques centrales continuent à enfler démesurément, ou bien de s’engager dans une politique de restructuration de la dette. Cet excédent fiscal est en passe de devenir l’indice permettant de suivre au mieux la crise, dont la fragile existence est soumise aux effets négatifs de la récession engendrée par les mesures d’austérité. En dix ans, la dette mondiale publique et privée est passée de 80 à 200.000 milliards de dollars, ce qui représente une croissance de 11% annuelle, nettement plus élevée que celle du PIB mondial, qui est actuellement de 70.000 milliards de dollars. Les bilans des banques centrales ont pour leur part augmenté de 16% durant la même période, selon Hayman Capital, un hedge fund américain qui s’est rendu célèbre pour avoir parié avec succès sur l’effondrement du marché des subprimes (*). Il ne faut pas chercher plus loin pour comprendre que le système, devenu une machine à produire de la dette, a été trop loin. Et que prendre la question sous le seul angle de la dette publique est une mauvaise plaisanterie. L’Italie ne fera pas exception et représente toujours la plus dangereuse épée de Damoclès suspendue au dessus de la zone euro.
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(*) À l’aide de CDS (Credit-Default Swaps) « nus » (sans réelle exposition au risque) portant sur les titres adossés à des prêts subprimes de la pire qualité.

21 de janeiro de 2013

Notinhas !


Perguntas e afirmações




1ª. Se perguntar não ofende: quanto custa ao Estado manter a banca comercial privada, que viveu e tem vivido acima das suas possibilidades? Portugal pode dar-se ao luxo de ter uma banca privada comercial que cria moeda e vive á custa dos contribuintes , dos pequenos e médios empresários , das negociatas e da especulação?

2ª. O deflator da taxa de inflação no PIB já está negativo , confirmando o que afirmámos há mais de 6 meses.
O risco de entrarmos em deflação é real o que colocaria Portugal numa situação extremamente perigosa.
Aos que encolhem os ombros, é lembrar o caso do Japão!

3ª. Alguns dos que enterraram o país e respectivos comentadores de serviço andam a afirmar que os juros que estamos a pagar pelo empréstimo da troika são aceitáveis, que não são juros agiotas, procurando assim demonstrar ser desnecessário a
renegociação da dívida.

As melhorias já conseguidas na taxa do empréstimo em consequência do caso da Grécia, ainda nos coloca numa situação inaceitável e insustentável.
As taxas de juro têm que ser comparadas com  as que se praticam na actualidade. Ora a taxa directora do BCE já baixou de 1% para 0,75%. O empréstimo da troika tem uma taxa média superior a 3 % . A banca financia-se no BCE a 0,75 % !....

4 ͣ Conversa do Gaspar :Vejam como estamos a ir bem. Vamos antecipar a ida aos mercados!
Mas é verdade ou não que só conseguiremos ir aos mercados para nos financiarmos a juros aceitáveis com o apoio e a intervenção do BCE?

É ou não verdade que se o BCE há muito tivesse tido esta intervenção, como sempre afirmámos e defendemos, o perfil da nossa dívida seria hoje muito mais favorável?

É ou não verdade que o financiamento futuro não está assegurado e que estamos com a economia no charco?

É ou não verdade que se o BCE financiasse os estados directamente como faz à banca privada estaríamos hoje com taxas de 0,75% a três anos e com taxas muito mais baixas do que as que temos a mais longo prazo?

5 ͣ . Afirmam alguns, que a renegociação da dívida está dependente dos outros, da “sua boa vontade”, dando a ideia de que nós não contamos. Contamos e muito. A UE não está em condições de deixar um país cair em default (banca rota), seria o fim do euro.
Por isso, nós também temos força de negociação.

Se Portugal, sem arrogância, sem fazer bluf, nem chantagem, mas com firmeza na defesa dos interesses nacionais, colocasse a questão de diminuição das taxas de juro e o alongamento dos prazos, como vital que é para o País, relançar a actividade económica e amortizar a dívida – indo até às últimas consequências – a UE estaria em condições de não ceder?

18 de janeiro de 2013

REEINDUSTRIALIZAR…dizem eles

Primeiro destruíram a indústria: era a modernidade e a sociedade pós-industrial. Chegaram a propagandear como um êxito a redução do peso da indústria no PIB e o aumento dos serviços. Bastava olhar para os crescentes défices da BC para compreender o que representava esta modernidade, que era também uma fórmula ideológica: a velha ambição  do “fim da classe operária” e de criar capital sem trabalho produtivo. Não eram poucas as vozes do PS que faziam parte deste coro.
Agora os pirómanos vestem-se à pressa de bombeiros para apagar os fogos de crise que atearam, diz-se que em fevereiro o governo apresentará um documento sobre “política industrial” e no passado dia 13 o “Público” trouxe larga reportagem sobre o tema. Foram ouvidos ex-ministros, economistas, dirigentes empresariais e associativos. Tudo “farinha do mesmo saco” que levou o país para o desastre em que se encontra ou apoiou ativamente.
Não vamos aqui apresentar alternativas, que as há, deixaremos para outra ocasião, embora o “Público” obviamente faça por as ignorar – pluralismo, mas só para os do mesmo clube ideológico.
As ideias são mais que velhas: não vão muito mais longe do que em meados dos anos 60 os “liberais do regime” queriam: exportar mais, e incentivos para “atrair capital estrangeiro”.
Várias das luminárias respeitosamente escutadas querem que se siga o exemplo da Irlanda, nos anos noventa. Querem fazer omeletes sem partir os ovos, parecem esquecer o que esteve subjacente aos transitórios “êxitos” da Irlanda que continua sem sair da crise: o dumping fiscal e laboral, a livre transferência de capitais, o investimento estrangeiro nómada.
Quanto aos incentivos, basta ver as verbas que foram despejadas na economia nos EUA – 13 milhões de milhões para a finança, 800 mil milhões para empresas não financeiras, com o resultado apenas de salvar megaempresas na falência, que receberam dinheiros do Estado e despediram trabalhadores aos milhares. Apesar dos massivos incentivos, anémicas recuperações são seguidas de recaídas, a pobreza aumenta, os EUA são um Estado cada vez mais insolvente. A receita não funciona em lado algum, mas não têm outra: tirar mais dinheiro aos trabalhadores para entregar ao grande capital – sobretudo transnacional -  para fazer com ele o que bem entenda; reduzir salários e direitos do trabalho em nome duma competitividade dominada pela parte financeira e pelas rendas dos monopólios da energia, telecomunicações, etc.
Por muito que exporte, qualquer economia está dependente do consumo interno, aliás esta é uma condição para ganhar potencial no mercado externo. Os feiticeiros da tribo neoliberal querem recuperação económica sem emprego e sem aumento do consumo interno, - há mesmo quem diga que “os salários dos trabalhadores não qualificados são altíssimos e o dos qualificados baixíssimos” – o que é meia mentira e meia verdade…- devia referir os rendimentos de administraçdores e grandes acionistas, algo sempre escamoteado.
Ninguém fala dos condicionalismos dos tratados iníquos da EU, nem do mercado interno, e muito menos de um plano económico (que deve soar como uma blasfémia para esta gente).
O ministro da economia, para esconder as 500 falências por mês, anda pelas “empresas de sucesso” a perorar, prometendo o que será dado à custa de mais austeridade e mais crise.
Refira-se que este “reindustrializar” revela também as contradições no sector capitalista entre a esfera não monopolista e a os sectores monopolistas e financeiros, que continuarão a agudizar-se.

16 de janeiro de 2013

Projecções Macroeconómicas Boletim de Inverno Banco de Portugal

1.     Quinze dias após a entrada em vigor do Orçamento de Estado para 2013 o Banco de Portugal divulga as suas actuais previsões macroeconómicas para este ano, as quais arrasam literalmente as previsões do Governo que constam deste Orçamento de Estado e mostram que no corrente ano a espiral recessiva da nossa economia se vai aprofundar.
2.     Basta dizer que o Banco de Portugal estima para já uma queda do PIB (-1,9%), do Investimento de (-8,5%) e do Consumo Privado (-3,6%) que são praticamente o dobro das quedas previstas pelo Governo e uma subida das Exportações de 2% que é também quase metade da prevista pelo Governo.
3.      A acrescentar a tudo isto depois de uma queda do emprego de 2,8% em 2011, de 3,9% em 2012, o Banco de Portugal estima para 2013 uma queda de 1,9%. Ou seja depois de terem sido destruídos 141 mil postos de trabalho em 2011, 187 mil em 2012, o Banco de Portugal estima agora uma destruição de quase 100 mil postos de trabalho em 2013. A confirmar-se esta previsão o país terá perdido como resultado da assinatura do pacto de agressão e das políticas recessivas que têm vindo a ser prosseguidas mais de 400 mil postos de trabalho em 2 anos e meio.
4.      Tendo por base as actuais previsões do Banco de Portugal para 2013 os impactos recessivos do Pacto de Agressão assinado em 17 de Maio de 2011 reflectir-se-ão no final do ano numa queda acumulada do PIB de cerca de 7,2%, numa queda do investimento de 41%, do Consumo Privado de 14%, do Consumo Público de 11% e da Procura Interna de 17,5%.
5.      O Banco de Portugal tem ainda o cuidado de nos advertir para o facto de estas previsões terem por base os impactos previstos com as medidas de política aprovadas no OE 2013. Ou seja outras medidas recessivas que possam vir ainda a ser aprovadas ao longo do corrente ano não estão naturalmente incorporadas nestas previsões. Dito de outra forma é bem possível que a recessão possa ainda ser maior caso o Governo consiga implementar mais cortes no Orçamento de Estado como tem vindo a ameaçar.
6.      O quadro recessivo que vivemos não tem qualquer paralelo no período pós-25 de Abril e é bem possível que a taxa de desemprego, a não serem travadas estas políticas se possa aproximar dos 18% em sentido restrito, ou seja, no final de 2013 o País atingir o milhão de desempregados, com o desemprego em sentido lato a aproximar-se do milhão e meio e o número de portugueses abaixo do limiar de pobreza, com a redução dos apoios sociais, a atingir bem mais do que dois milhões de portugueses.
7.      A necessidade de se travarem estas políticas neoliberais e de se demitir este Governo emerge cada vez mais como um imperativo nacional, sob pena de se tal não se conseguir o País ver o seu tecido económico e social destruído e quem sabe o actual regime democrático poder mesmo ser posto em causa. 

14 de janeiro de 2013


A notícia de amanhã: uma divisão política que se amplia, por François Leclerc


11 Janeiro 2013 por FRANÇOIS LECLERC | 
Do blog de PJ.
Os líderes europeus mudaram as suas expectativas e, não mais esperando mais ver pequenos brotos verdes de crescimento, procuram sinais no céu. Acampados num terreno que eles conhecem e gerem melhor do que as finanças, porque é o deles, o terreno da política tal como eles a praticam.


Há dois marcos importantes pela frente: as legislativas italianas em Fevereiro precipitadas por causa de Silvio Berlusconi e as eleições alemãs agendada para o próximo Outono. Ambos são portadores de incerteza: a vitória do Partido Democrático italiano poderia levar a uma aliança com Mario Monti, enquanto Angela Merkel seria forçado a formar uma grande coligação com o SPD por causa da queda do FDP. As condições políticas estariam então reunidas, pelo menos no papel, para que uma mudança na estratégia actual de desendevidamento pudesse enfim ter lugar. A campanha eleitoral italiana já decorre sobre um fundo de acusações e promessas de alívios do sistema fiscal.


Estando fechada a pista de um relançamento com base em créditos novos - como evidenciado pela re-afectação estudada pelo último seminário do governo francês - que flexibilidades poderiam intervir? Em primeiro lugar aquelas que se impuseram de qualquer maneira, para começar, por exemplo como a extensão do cronograma de redução do défice em Portugal, desencadeando um movimento mais amplo. Em segundo lugar podia ser feito uma concessão à Irlanda, de que a Espanha em seguida poderia beneficiar e que Jean-Claude Juncker sugere, no testamento vingativo do até ontem líder do Eurogrupo: uma retroactividade de assistência financeira directa aos bancos aliviando os orçamentos dos Estados. A Irlanda também espera poder beneficiar do programa de compra de títulos do BCE (OMT). Mas está-se muito longe de tudo isto.


Enquanto isso, sinais de uma distensão frágil são declarados ou enviados pelo BCE: no mercado das obrigações, as taxas espanholas caem e multiplicam-se rumores de pagamentos antecipados por alguns bancos de empréstimos do BCE a três anos. Este também decidiu manter a sua taxa de juro a 0,75%, registando uma "melhoria significativa das condições nos mercados financeiros" e "uma estabilização geral de certos indicadores de conjuntura." Será que estamos no caminho para a normalização? Seria demasiado rápido dizer isso, porque as medidas já tomadas continuam a produzir os seus efeitos sobre o impulso. E se o governo espanhol aproveitou a calmaria que continua no mercado de títulos, ele não introduziu mais cláusulas de ação colectiva quando da emissão afim de facilitar qualquer posterior reestruturação de sua dívida.


O Banco de França acaba de confirmar que a França tinha entrado em recessão, uma redução de 0,1% do PIB foi registada nos dois últimos trimestres de 2012. A publicação na imprensa portuguesa das conclusões de um relatório encomendado pelo governo ao FMI, ao Banco Mundial e à Comissão Europeia produziu o efeito de um tiro de canhão no país. Aí se recomenda a redução do número de funcionários, bem como as suas reformas e salários no período de 2013-2014, de modo a fazer economias de 4.000.000.000 de euros. Isso no contexto da adopção de um orçamento de 2013 que já prevê 5,3 biliões em poupanças, daí que o Tribunal Constitucional a pedido do presidente Aníbal Cavaco Silva tenha sido convocado.



De acordo com a ESA, a autoridade estatística grega, o desemprego num ano passou de 19,7% a 26,8% da população activa (mais de 56% dos jovens), o que corresponde a 1,345 milhões de desempregados. Mas é a pedrinha cipriota que fere os líderes europeus, os bancos do país sofrem os efeitos do colapso dos seus colegas gregos. Resgatar o país é inevitável, mas tudo é apresentado para poderem arrastar no tempo. Nem o FDP nem o SDP estariam prontos para o adoptar no Bundestag, antes de verem com mais clareza as operações de branqueamento de que Chipre é uma placa geratória, o que torna impossível a sua adopção.

Em Espanha, finalmente, os bancos com resgate em curso continuam sempre a chamar a atenção sobre eles, mas de uma nova maneira: milhares de funcionários do bancos ameaçados por demissões massivas manifestam-se sobre o tema "não somos banqueiros, mas trabalhadores! ". Rodrigo Rato, ex-director-geral do FMI, ex-ministro e dirigente do Bankia, foi levado à justiça por fraude e desvio de fundos, enquanto o Banco de Espanha é duramente criticado num relatório dos inspectores do banco central citado pelo El País, segundo o qual os controladores tinham apanhado o hábito de não ver o que estava acontecendo no setor bancário, olhando para o lado.


No capítulo dos escândalos, os da Libor e Euribor fumegam. Ex-empregados têm questionado o Deutsche Bank pela especulação maciça no primeiro destes índices e o banco holandês Rabobank, que foi identificado como sendo alvo de uma investigação, decidiu retirar-se do painel de instituições que ainda continuam a fixar a Euribor. Aconteceu o mesmo com o banco alemão BayernLB. Espera-se uma comunicação da Comissão, que tarda, após a sua investigação.


A crise própriamente financeira estabilizou-se provisoriamente sob os auspícios do BCE, é a sua dimensão económica que prevalece, no contexto de um aprofundamento da sua dimensão social e política. A alternância não é mais promissora de mudança, instaurou-se uma desafecção da vida política, as negações são moeda corrente e a corrupção uma prática estabelecida, minando a credibilidade de um discurso político que coloca a sua inspiração nos recursos de comunicação. A fractura era social, tornou-se política. A margem de manobra que os dirigentes esperam encontrar não a reduzirá tão facilmente.
Tradução de Margarida Silva



11 de janeiro de 2013

Uma opinião sobre a U.E:

Um texto interessante a traduzir


L’actualité de demain : UNE FRACTURE POLITIQUE QUI S’ÉLARGIT, par François Leclerc

11 JANVIER 2013 par FRANÇOIS LECLERC | 
Do blog de PJ.
Les dirigeants européens ont déplacé leurs attentes et, n’espérant plus apercevoir les petites pousses vertes de la croissance, cherchent des lueurs dans le ciel. Campés sur un terrain qu’ils connaissent et maîtrisent mieux que la finance, puisqu’il s’agit du leur, celui de la politique telle qu’ils la pratiquent.
Deux grandes échéances s’annoncent : les législatives italiennes en février, précipitées à cause de Silvio Berlusconi, ainsi que les élections allemandes, prévues pour l’automne prochain. Toutes deux sont porteuses d’incertitude : la victoire du Parti Démocrate italien pourrait déboucher sur une alliance avec Mario Monti, tandis qu’Angela Merkel serait forcée de constituer une grande coalition avec le SPD en raison de la chute du FDP. Les conditions politiques seraient alors réunies, tout au moins sur le papier, pour qu’un infléchissement de la stratégie actuelle de désendettement puisse enfin avoir lieu. Déjà, la campagne électorale italienne se fait sur fond de mises en cause et de promesses d’allégements du système fiscal.
La piste d’une relance reposant sur de nouveaux crédits étant fermée – comme en témoigne leur réaffectation étudiée par le dernier séminaire gouvernemental français – quels assouplissements pourraient intervenir ? En premier lieu ceux qui s’imposeront de toute façon, comme un report du calendrier de réduction du déficit au Portugal pour commencer, par exemple, enclenchant un mouvement plus général. En second une concession pourrait être faite à l’Irlande, dont l’Espagne pourrait ensuite bénéficier et que suggère Jean-Claude Juncker dans son testament vengeur d’hier de chef de file de l’Eurogroupe : une rétroactivité de l’aide financière directe aux banques soulageant le budget des États. L’Irlande espère également pouvoir bénéficier du programme d’achat obligataire de la BCE (OMT). Mais il y a loin de la coupe aux lèvres !
En attendant, les signes d’une fragile détente sont relevés ou sont envoyés par la BCE : sur le marché obligataire, les taux espagnols baissent et les rumeurs se multiplient de remboursements anticipés par certaines banques des prêts de la BCE à trois ans. Celle-ci vient également de décider de maintenir son principal taux directeur à 0,75%, enregistrant une « amélioration significative des conditions sur les marchés financiers » et « une stabilisation générale de certains indicateurs de conjoncture ». Serions-nous sur la voie d’une normalisation ? Ce serait très vite dit, car les mesures déjà prises continuent de produire leurs effets sur leur lancée. Et si le gouvernement espagnol profite de l’accalmie qui se poursuit sur le marché obligataire, il n’en introduit pas moins des clauses d’action collective lors de ses émissions, afin de faciliter d’éventuelles restructurations ultérieures de sa dette.
La Banque de France vient de confirmer que la France était entrée en récession, une diminution de 0,1% du PIB étant enregistrée les deux derniers trimestres 2012. La publication dans la presse portugaise des conclusions d’un rapport commandé par le gouvernement au FMI, à la Banque Mondiale et à la Commission européenne a fait l’effet d’un coup de canon dans le pays. Il y est recommandé de réduire le nombre des fonctionnaires, ainsi que leur retraite et leur salaire dans la période 2013-2014, afin de faire 4 milliards d’euros d’économie. Ceci dans le contexte de l’adoption d’un budget 2013 prévoyant déjà 5,3 milliards d’économies, dont le Conseil constitutionnel a été saisi à la demande du président de la République, Anibal Cavaco Silva.
Selon l’ASE, l’autorité des statistiques grecque, le chômage est passé en un an du taux de 19,7% à celui de 26,8% de la population active (plus de 56% chez les jeunes), ce qui correspond à 1,345 million de chômeurs. Mais c’est le petit caillou cypriote qui blesse les dirigeants européens, les banques du pays subissant le contrecoup de l’effondrement de leurs consœurs grecques. Un sauvetage du pays est inévitable, mais il est annoncé pour devoir lui aussi traîner en longueur. Ni le FDP, ni le SDP ne seraient prêts à l’adopter au Bundestag avant d’y voir plus clair sur les opérations de blanchiment dont Chypre est une plaque tournante, rendant impossible son adoption.
En Espagne, enfin, les banques en cours de renflouement font toujours parler d’elles, mais d’une nouvelle façon : des milliers d’employés des banques menacés par des licenciements massifs manifestent sur le thème « nous ne sommes pas des banquiers, mais des travailleurs ! ». Rodrigo Rato, ancien directeur général du FMI, ex-ministre et dirigeant de la Bankia, est poursuivi devant la justice pour escroquerie et détournement de fonds, tandis que la Banque d’Espagne est durement critiquée dans un rapport d’inspecteurs de la banque centrale cité par El Pais, selon laquelle les contrôleurs avaient pris l’habitude de ne pas voir ce qui se passait dans le secteur bancaire en regardant à côté.
Au chapitre des scandales, celui du Libor et de l’Euribor couve. Des anciens salariés ont mis en cause la Deutsche Bank pour des spéculations massives sur le premier de ces indices, et la banque néerlandaise Rabobank, qui a été identifiée comme faisant l’objet d’une enquête, a décidé de se retirer du panel d’établissements continuant à la fixation de l’Euribor. C’était déjà le cas de la banque allemande BayernLB. On attend une communication de la Commission, qui tarde, faisant suite à son enquête.
La crise proprement financière provisoirement stabilisée sous l’égide de la BCE, c’est sa dimension économique qui prend le pas, dans le contexte d’un approfondissement de sa dimension sociale et politique. L’alternance n’est plus porteuse de changement, une désaffection s’est instaurée vis-à-vis de la vie politique, les reniements sont monnaie courante et la corruption un usage établi, minant la crédibilité d’un discours politique puisant son inspiration dans les ressources de la communication. La fracture était sociale, elle est devenue politique. Les marges de manœuvre que les dirigeants espèrent retrouver ne la réduiront pas si facilement.

9 de janeiro de 2013

CHINA, CUBA E PROFISSÕES DE FÉ.


Não deixa de causar perplexidade ver certas personagens apresentados como de esquerda tecer as suas críticas sempre que a oportunidade surge, à situação dos trabalhadores na China e dos direitos humanos em Cuba, como se tirando estes casos pouco mais houvesse a dizer   por esse mundo fora. Estão nestes caos muito mal acompanhados por gente que para neofascistas não lhes falta nada.

Isto faz lembrar a declaração que no tempo do fascismo se era obrigado a assinar para exercer funções públicas: “ com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”. Agora, aquelas críticas parecem ser uma espécie de fórmula para ser aceite pelo “sistema”, mesmo criticando-o, o que dá sempre um arzinho democrático.

Afinal limitam-se a repetir o que as centrais da desinformação divulgam. Quanto à América Latina não ouvimos falar dos direitos humanos nas Honduras entregue a golpistas, nem da Colômbia dos crimes dos paramilitares e dos presos políticos, classificados como “terroristas”. Da repressão e corrupção no México, ou Chile, da miséria cujo expoente é o Haiti, etc., das dezenas de jornalistas e sindicalistas assassinados todos os anos.

De facto para as ONG financiadas ou infiltradas pelo capital norte americano, como uma delas dizia, num relatório o ano passado (a HRW): o único país da América Latina não democrático era Cuba…Porém, o último jornalista assassinado pelo governo em Cuba, foi no tempo do ditador Batista, apoiado pelos EUA.

Estas lágrimas de crocodilo, podiam ser melhor destinadas às crianças de rua dessa AL, ao tráfico de seres humanos, às vítimas das máfias. Porém, com tanta preocupação com direitos humanos, mantêm a ilha heroica como cidadela sitiada pelo bloqueio imperial, ressabiado por perder uma colónia. Mas não se preocupem, Cuba progride, resolve as suas dificuldades em socialismo. Em 2012 o PIB cresceu 3,1%, para 2013, estão previstos 3,7%; o rendimento cresceu mais 2% que o previsto; as verbas para as prestações sociais serão também aumentadas, tal como o investimento produtivo. Compare-se com a situação dos países capitalistas submetidos ao FMI e quejandos da UE.

Quanto á China segundo relatório da OIT os salários reais triplicaram em 10 anos, estando previsto para 2013 um crescimento de 9%. Em 2011 o crescimento dos salários reais a nível mundial foi de 1,2%, porém sem o contributo da China teria sido apenas de 0,2%.
 
Além disto, os maiores aumentos de salários ocorrem nas empresas estatais! Diga-se ainda que os sindicatos estão ativos em reivindicações e proteção dos trabalhadores – conforme mostra o número de ações reivindicativas, geralmente apoiadas pelas autoridades.São estes factos, que os povos não podem saber! Por isso as cortinas de fumo a que assistimos.

Pode dizer-se que salários equivalentes a 300 e 540 euros são muito pouco comparados, os mínimos na Europa, esquecem que como país socialista a componente salarial indireta, de prestações, apoios e garantias sociais nada tem que ver com o que se passa nos países capitalistas.
Notas
Sobre Cuba: "Cuba: Dados sem lupa" por Omar Pérez Salomón - http://resistir.info/ . 06/01/2013
Sobre a China: L’économie chinoise a une responsabilité envers elle-même mais aussi envers le monde -Capitaine Martin - -http://www.legrandsoir.info – 30/12/2012.

Viva o FMI viva a BANCA !


As medidas do PSD/CDS
ditas do FMI!

Melhor dizendo, as medidas da oligarquia para que o povo pague as negociatas, a corrupção e o desendividamento das actividades especulativas da Banca, são agora apresentadas pelo FMI.
É mais uma operação de atirar o barro à parede para que se vá criando na opinião pública a aceitação de mais medidas de austeridade, agora através da denominação de “reforma do Estado”, “reforma do Estado Social”...!!!
É ver os comentadores de serviço a dizerem que a culpa não é do relatório do FMI, a culpa é do Estado que é grande, a culpa é da cultura do Estado, da eficiência do Estado...
O poder político (PSD,CDS,PS) está subordinado ao poder económico, depende deste.
Quem manda de facto no país são os grandes interesses (Banca, grupos económicos...) .São estes que têm ganho milhões e milhões c0m estes três partidos,  e não querem pagar nenhuma factura!!! Por isso há que ir criando a ideia que novas medidas de austeridade são necessárias   ...com a cobertura da troika e do FMI

Que credibilidade?


Os mitos

Vários comentadores da área governamental têm insistido que embora no plano interno o governo esteja muito desgastado, no plano externo graças ao Gaspar, a “percepção” que há é que o governo recupera a credibilidade, como se pode ver, dizem eles, nas taxa a 10 anos (Yeld) que está agora abaixo dos 7% (6,38%) e no custo de seguro da dívida nacional os famosos CDS (crédit default swap's).
Mas a ser assim, também o Ministro das finanças da Irlanda, da Espanha, da Itália e até da Grécia, melhoraram a “percepção” do risco destes países pois as taxas de juro (yeld's) também caíram!!!
A verdade é que a queda das taxas de juro  a curto e a longo prazo têm caído para todos estes países pela intervenção do BCE, comprando  títulos de dívida nos mercados secundários !.
Já antes designadamente com os empréstimos a três anos à banca e sobretudo a partir de 26 de Julho, em que Mário Draghi, (BCE) prometeu “fazer tudo dentro do seu mandato, para preservar o euro” que as taxas de juro têm descido. Os especuladores ficaram com o terreno muito mais limitado
O factor decisivo e determinante para esta situação não é  o de que das dúvidas face a Portugal, Irlanda, ou Espanha, tenham diminuído, mas sim a intervenção do BCE.
E, se o BCE comprasse directamente dívida pública aos Estados, acabava-se a especulação neste domínio.
Aliás, Portugal este ano só conseguirá ir aos mercados para se financiar a taxas de juro aceitáveis se houver o apoio e a intervenção do BCE. Esta é que é a questão.
Portugal ganhou credibilidade externa dizem os propagandistas do governo!
Que credibilidade?
Não atingiu o défice orçamental, teve uma quebra de produto maior do que a que estipulou com a troika e o o mesmo se passou com o desemprego!
Conseguiu equilibrar o comércio externo! Mas apenas com o aperto do cinto, pois no ponto de vista de actividade produtiva e de substituição de importações não se avançou. A situação em relação à actividade produtiva e industrial está pior
Logo que o cinto seja desapertado, mesmo que levemente o défice voltará num quadro económico, social e financeiro muito pior.
Estamos claramente na espiral das medidas de austeridade e de degradação económica financeira e económica. A dado momento até poderemos vir a ter algum crescimento mas  a partir de um nível muito mais baixo (2001) e muito incipiente . A estagnação e a recessão estão para ficar
A questão do montante de juros pagos pela dívida externa é um garrote insustentável! E a política de austeridade , leia-se de desendividamento da banca e do pagamento das negociatas - PPP,s , Submarinos , BPN , BPP, BANIF,... um desastre .!

6 de janeiro de 2013

Se perguntar não ofende!

1- De quem é a culpa?
Do governo que fez um Orçamento com questões manifestamente inconstitucionais-a contar com os juízes nomeados pelo PSD- ou um Tribunal Constitucional no caso de coerentemente declarar a inconstitucionalidade de várias normas?

2- De quem é a culpa ?
De uma Constituição que exige equidade na justiça fiscal , progressividade nos impostos  e que não permite despedimentos sem justa causa ou de um governo da oligarquia que quer anular tudo isto e rever a Constituição por que diz que esta não pode entravar a governação?

3-Quem aumenta o Estado e piora o Estado ?
Os que nacionalizaram o BPN , deram "garantias" ao BPP que não foram pagas, nacionalizaram encapotadamente o BANIF , enchem o governo de assessores pagos principescamente ou os que  exigem um sistema de saúde e de ensino condignos ?

4 de janeiro de 2013

MISÉRIA DE POLÍTICA, POLÍTICA DA MISÉRIA


O PS vota contra as propostas do PCP e do BE para aumentar o salário mínimo nacional. Diz que o assunto terá de ser visto em Concertação Social. Mas o governo não deveria levar para a Concertação, já uma proposta emanada da AR? Aliás as propostas estavam em conformidade com o acordado na “Concertação Social” justamente no tempo do PS, mas nunca posto em prática.
Eis o partido único neoliberal da troika em ação. Mais uma vez o PS dá uma mãozinha á direita nas mais desprezíveis atitudes desta, que é na situação de pobreza que alastra sem sequer se cumprir o que acordos internacionais exprimem: o salário mínimo não deve descer abaixo do nível de pobreza. Que é o que ocorre. Como é possível acreditar minimamente nas controvérsias do PS com o governo?
Disse Engels: “um socialista é cada vez mais um charlatão que quer com a ajuda de um monte de panaceias e com toda a espécie de remendos, suprimir as misérias sociais, sem fazer o mínimo dano ao capital e ao lucro”
Deixemos que dada um avalie por si em que medida isto se aplica ao PS, atendendo à sua prática no governo e na oposição.

Entretanto, o sr Proença da UGT, pede ao PR para ser mais interventivo (!) mas não  especifica em que sentido, enquanto se prepara para mais uma “concertação” acerca das indemnizações por despedimento. O governo diz 12 dias, passam lá para 15 e o sr Proença, concordará que é para criar emprego, como já fez de outras vezes, com os resultados à vista.
Se não fossemos de cá até dava para rir. O mais nos devia custar é continuamente tratarem-nos como atrasados mentais. Já não se trata apenas do aumento da exploração é a dignidade que nos roubam. esta gente trata-nos como atrasados mentais.
Neoliberalismo = neofascismo.
Em que medida é que o PS alinha com isto e até quando, eis a questão, tal como no Hamlet.