O populismo, verdadeiro ovo da serpente neofascista, aí anda
pela TV, pela comunicação dita social. Comentadores assumem um papel
indignado, de revoltados contra a situação do país como grandes defensores dos
interesses do povo e do país.
Nada mais falso, criticam o governo, mas porque faz mal e faz
pouco. E o que devia fazer? Equilibrar as contas públicas cumprindo o “memorando
da troika”, isto é, criticam o governo, defendem a troika, branqueando todas
as medidas negativas deste pacto de agressão e ocupação do país.
O governo devia “reformar o estado social, mas só agora
começou a fazer". Mentindo sobre o facto de que vem sendo destruído intensamente
desde o governo Sócrates. Querem mais, trata-se de preparar a opinião pública
para “refundar o Estado”, omitindo que sem apoios sociais mais de 40% da
população portuguesa cairia na pobreza ou exclusão social.
Outra crítica é não atrair “investimento estrangeiro”. Nem
uma palavra para o investimento público, para a promoção da poupança interna,
evitando o recurso aos juros usurários dos especuladores estrangeiros. O argumento
para atrair investimento estrangeiro é reduzir salários e impostos ao grande
capital. Porém, em 2011 saíram do país,17 708 milhões de euros; o RN foi apenas
78,1% do PIB, isto é 21.9% da riqueza criada saíu do país. Pior só a Irlanda
(29,1%) a qual tomam como exemplo que devíamos seguir. Em 2010 a taxa efetiva
de IRC foi de 8,6%, perdendo-se relativamente à taxa legal de 25% 8 167 milhões
de euros. (ver O
falso dilema de Vitor Gaspar por Eugénio Rosa resistir.info – 27.jan.2013).
Gente que andou pelos governos e administrações de grandes empresas
(o PS escolhia-os bem…) vocifera contra o Estado social. São escutados como
oráculos, sem contraditório; os comentadores defendem estas receitas,
misturadas de críticas ao governo (devia fazer mais), críticas à incompetência
e burocracia do Estado, aliás dirigida pelos “boys” dos partidos da troika e,
por vezes, loas ao crescimento e à criação de emprego. Criticam-se os “políticos”,
a oposição que “não existe, nem apresenta alternativas, isto é, à esquerda do
PS nada existe; como já foi dito “essa gente não conta”.
O fascismo, para iludir as massas trabalhadoras criticava a
plutocracia, que os financiava; era pelo modernismo quando o seu ideal era uma
sociedade de valores medievais; criticava os defeitos da república
para a destruir.
Eis o que está em marcha e não tem sido dada a devida
atenção. Pelo contrário, vejo gente sinceramente progressista deixar-se iludir
por este pseudo radicalismo burguês de fachada democrática, na realidade
fascizante.
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