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31 de maio de 2022

As sanções à Rússia e o trigo da Ucrânia

 Os masoquistas da UE estão em grande, deliram com mais sanções à Rússia, embora o embargo ao gás da russo não tenha sido discutido, nem se sabe se será; não seremos envolvidos em sanções contra a Rússia e não permitiremos que isso seja feito através de nós (Ministro das Relações Exteriores da Turquia); a Hungria, a Eslovénia e a Rep. Checa não deixarão de importar petróleo russo e Borrel admitiu que a UE não pode impedir a Rússia de vender petróleo a países terceiros. Pois não...

Quanto à questão do trigo, que terá dado aos representantes do grande capital para estarem preocupados com a fome em África? Então nunca tiveram tempo para ler os relatórios da FAO, nem os documentos da OXFAM? Onde estavam os propagandistas do sistema, quando em 2021 a FAO alertava que a fome atingia 811 milhões de pessoas? Coitadinhos, andavam muito ocupados a acumular milhares de milhões.

Agora choram com pena da fome... que eles próprios provocam com o "mundo baseado em regras" que com a tese do "exportar mais" (isto é, serem mais explorados) aniquilaram as produções locais para importarem bens com preços do "mercado livre" controlado pelas transnacionais. Claro que pouco os comove as consequências do aumento das taxas de juro.

Mas não é a fome nos outros continentes que os preocupa, pelo contrário, é daí que também tiram os seus lucros. Aliás a Rússia não parou de exportar trigo e cereais e os EUA podiam, em vez de destinar 40 mil milhões de dólares para a guerra na Ucrânia, enviar os seus cereais a um preço mais baixo ou permitir que as dívidas desses país fossem canceladas mesmo parcialmente e sobretudo que o FMI permitisse desenvolver as produções locais.

O problema é que aquele trigo se destina à Europa do ocidente e eles estão aflitos pela consequências económicas e sociais. O trigo está armazenado nos portos de Odessa bloqueados pela Rússia. Scholz e Macron telefonaram a Putin para permitir a saída do trigo. Mas a Rússia tem condições. Então aplicam sanções, enviam armas e mercenários para matar soldados russos e agora pedem por favor ao famigerado Putin - que nomes já lhe chamaram? - tendo até sido oferecida uma recompensa pela seu assassinato?

O secretário geral da ONU disse que "é impossível resolver a crise alimentar sem a reintegração nos mercados mundiais dos produtos e fertilizantes da Federação Russa, Bielorússia e Ucrânia." Coitadinho, esqueceu-se dos documentos da FAO.

Nos media uns castiços continuam a falar na "arma das sanções" para ganhar a guerra. O ministério das finanças russo diz que espera receber este ano até 1 milhão de milhões de vendas adicionais de petróleo e gás. Graças às sanções em abril a Rússia recebeu 1,8 milhões de milhões de rublos da venda de petróleo e gás. (o euro estava a 60 rublos)

No ocidente já deviam ter percebido que as sanções nem sequer para a pequena e heroica Cuba ou Coreia do Norte funcionam no sentido que pretendem, mas aplica-las ao maior país em extensão terrestre do mundo, ultrapassa o que possa haver de sanidade mental, ofuscada pela ganância e preconceitos colonialistas.

É impossível remover a Rússia dos mercados mundiais em particular de petróleo e gás sem que os preços subam. Mas como as sanções só são seguidas por uma minoria de países que dizem ser a "comunidade internacional" (julgam-se em 1885) começam a ver que estão a ficar sozinhos: o Japão não pretende retirar-se do projeto de petróleo e gás Sakhalin-2 (Ministro da Economia, Comércio e Indústria). O ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, acusa Zelensky de ser responsável pelo início da guerra. "Se ele prometesse à Rússia não se aliar à NATO nem permitir que a NATO estacionasse tropas junto das suas fronteiras, os acontecimentos atuais podiam ter sido evitados. Abe salientou que Zelensky devia ter garantido autonomia a RPD e RPL em vez de escolher o conflito. Enfim, coisas que a censura proíbe.

A tal unidade da UE e da NATO que os propagandistas dizem ser uma derrota da Rússia, vai-se dissipando - unidade aliás entre governos, já que a democracia da UE é contra consultar a opinião das pessoas sobre assuntos concretos. A sua democracia consiste em fazer ganhar os que mais mentem.

Na Alemanha o vice- chanceler Robert Habek, disse que não vai satisfazer os pedidos de armamento da Ucrânia. Quanto à questão dos refugiados ucranianos: mais de 6,6 milhões para países vizinhos, começando a haver rejeição por parte das populações, além de 15 milhões de pessoas na Ucrânia que precisam de ajuda humanitária. (LUSA - 26/5) A UE tem de os sustentar... e cara alegre.

Entretanto a reconstrução das áreas tomadas a Kiev prossegue. O porto de Mariupol começou a funcionar, foram embarcadas 25 ton de bobinas de aço da Azovstal num valor estimado em 170 milhões de dólares e recebidos materiais para a restauração da cidade.

Acerca de sanções vale a pena citar o que o deputado Mislav Kolakusic da Croácia propôs: a UE deveria aplicar sanções aos EUA e à Arábia Saudita. "A incrível mentira e hipocrisia de que as sanções ao petróleo e gás da Rússia fariam parar a guerra. Se quisessem realmente lutar pela paz então deveriam imediatamente aplicar sanções à Arábia Saudita que tem fomentado a guerra no Iémen desde há anos. E seria necessário impor um embargo ao petróleo e gás dos EUA que tomou parte em mais guerras que qualquer país europeu." 

(Informações segundo https://t.me/s/intelslava)

29 de maio de 2022

Leituras recomendadas aos srs. comentadores dos media

 Os srs. comentadores andam distraídos e desatualizados nas versões que dão da guerra. Cuidado, vejam se mantêm lá a sinecura que sempre vai ajudando a combater a inflação provocada por aquele malvado Putin... Claro que a acreditar (há quem acredite?) no sr. Milhazes ou no Rogeiro (!!!) falta pouco para o Putin ser corrido do Kremlin.

Um artigo do Artigo do Washington Post de 26/5, relatava que contrariamente às narrativas triunfantes que têm sido difundidas muitas tropas ucraniana têm sobrevivido com uma batata por dia e desertado dos seus postos sentindo que os seus líderes lhes voltaram as costas e os enviaram para uma morte certa. Anichados em trincheiras, sujeitos a artilharia e mísseis na linha da frente, os homens rezavam para que a barragem de fogo parasse, citava o W. Post citando múltiplas fontes. Enquanto isto, "os líderes ucranianos, projetam uma imagem de invulnerabilidade militar das suas forças, aguentando triunfantes os ataques."

Numa companhia de 120 homens restavam 54 devido a mortes, feridos e deserções, relataram sobreviventes, que se sentem abandonados pelos superiores e enviados para uma morte certa. "Não somos os únicos a estar assim, somos muitos." A catastrófica condição das forças ucranianas e o colapso moral na frente" foi comentado por outros jornalistas. Foi também salientado que "dois comandantes foram presos depois de terem falado pata o W. Post."

Em contrate a Newsweek escrevia que "os soldados de elite de Putin têm estado a ser varridos à medida que a Rússia comete erros", isto segundo o ministro da defesa britânico, cuja fonte era um Institute for the Study of War... Diz Cathlin Johnstone que é assim que "os bravos guerreiros de sofá continuam a pedir nos media para os ucranianos lutarem... desperdiçando vidas nas engrenagens da máquina de guerra imperial, numa guerra por encomenda, entre potências nucleares, que ameaça a vida de todos." (1)

O New York Times também mudou a sua versão anterior. Em março declarava-se que a Ucrânia seria vencedora, não importava quanto tempo levasse. (!?) Em 11 de maio um artigo documentava que tudo não ia bem para os EUA na Ucrânia salientando que uma mudança de orientação era necessária. Em 19 de maio em Editorial, era declarado que uma "vitória total" sobre a Rússia não era possível e que a Ucrânia tinha que negociar a paz de forma que refletisse uma "avaliação realista" da situação e os "limites" do comprometimento dos EUA. O NWT reflete normalmente a opinião das elites.

Agora considera-se que o objetivo delineado não pode ser alcançado, e que "não é do melhor interesse da América mergulhar numa guerra de total esforço com a Rússia, mesmo que negociar a paz possa exigir aos ucranianos tomarem decisões difíceis". "Uma vitória decisiva para a Ucrânia na qual retome todo o território que a Rússia tomou desde 2014 não é um objetivo realista, a Rússia permanece muito forte..." O NYT prossegue: "Os Estados Unidos e a NATO estão profundamente envolvidos, militar e economicamente. Expectativas irreais podem arrastá-los ainda mais para uma guerra cara e demorada"

Após sete anos de carnificina no Donbas e três meses de guerra no sul da Ucrânia, o conselho editorial do NYT de repente teve uma onda de compaixão por todas as vítimas da guerra e da destruição da Ucrânia e mudou de opinião? Claro que não, primeiro a Rússia lidou com a situação inesperadamente bem, apesar do que os estrategas do ocidente previam. O apoio a Putin, excede 80%. Das 195 nações da ONU, 165, incluindo Índia e China, recusaram-se a aderir a sanções contra a Rússia, deixando os EUA, não a Rússia, relativamente isolados do mundo.

O rublo, que Biden disse que ficaria em "escombros", está em alta. A Rússia espera uma colheita abundante e o mundo está ansioso pelo seu trigo, fertilizantes, petróleo e gás. A UE sucumbiu em grande parte à exigência da Rússia de ser paga pelo gás em rublos. Nos EUA, há quem alerte os europeus suicidas que um embargo ao petróleo russo prejudicará ainda mais as economias do Ocidente. As forças russas fazem um progresso lento, mas constante, na Ucrânia depois de vencer em Mariupol, uma derrota desmoralizante para a Ucrânia. Nos EUA, a inflação atingiu mais de 8%, com o FED lutando para controlá-la aumentando as taxas de juro. O mercado de ações está em baixa. Prevê-se um período de alto desemprego, alta inflação e baixo crescimento - estagflação

Internamente, há sinais de deterioração do apoio à guerra: 57 republicanos da Câmara e 11 do Senado votaram contra o mais recente pacote de armamento e "auxílio à Ucrânia".  A opinião pública dos EUA permanece a favor do envolvimento na Ucrânia, mas diminuiu de março a maio. À medida que mais estagflação se instala o descontentamento crescerá. Finalmente, à medida que a guerra se torna menos popular e cobra seu preço, um desastre eleitoral aproxima-se em 2022 e 2024 para o Partido Democrata e para Biden.

Como vários jornalistas observaram, falcões como o Secretário de Estado Antony Blinken, a Subsecretária Victoria Nuland e o Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan, não atendem aos interesses da humanidade nem atendem aos interesses do povo americano. Eles devem ser expostos, desacreditados e deixados de lado. Nossa sobrevivência depende disso. (2)

1 - Caitlin Johnstone: WaPo’s Glimpse of the Battlefield – Consortium News
2 - The New York Times’ Shift on Victory in Ukraine – Consortium News

28 de maio de 2022

O Dólar . O sistema monetário Internacional

 O sistema  monetário Internacional.

Carlos Carvalhas

 Como se sabe em   Bretton  Woods  Keynes procurou que fosse adoptada uma moeda composta de várias moedas com diversas ponderações , o “Bancor “  para as transacções internacionais. Tal não veio a acontecer . Os americanos impuseram o dólar

 

Esta imposição é nos historicamente explicada pelo facto de ,terminada a guerra , os EUA serem os maiores detentores de ouro e  também o país que tendo sido dos menos afectados pelo conflito , era o que se encontrava em melhores condições económicas.

Mas há um outro aspecto de grande relevância que não é mencionado.

Os EUA possuíam a bomba atómica .

Ora na história da humanidade , nas relações internacionais , a superioridade no armamento militar desempenhou sempre o papel determinante , na relação de forças , dominação , imposição.

Desde o sílex , o bronze , o ferro , as armas de repetição , a bomba atómica  e , nos nossos dias , os drones e os mísseis hipersónicos.

Isto para dizer  que a situação da guerra que estamos  a viver na Europa seria diferente se a Federação Russa não tivesse  actualmente superioridade militar neste tipo de armamento decisivo.  E é esta relação de forças no plano do armamento  militar conjugado com o poderio económico da Republica Popular da China que também torna muito mais efectiva a ameaça aos privilégios do dólar.

Pela primeira vez no quadro internacional, nomeadamente depois do desaparecimento da União Soviética,  há uma grande potência económica , a fábrica do mundo e uma potência militar , a Federação Russa que põem em causa  a hegemonia americana e o sistema monetário internacional tal como o temos conhecido . E tudo leva a crer que terão força para o fazer.

Da mesma maneira que em Bretton Woods o resultado foi a lei do mais forte também na nova relação de forças mundial a China e a Rússia estão em condições de pôr em causa  o domínio absoluto dos EUA e do dólar e inclusivamente poderem vir a ser um pólo de atracção para países que  querem garantir a sua independência

As sanções à Federação Russa e a captura das reservas de dólares, euros e títulos de tesouro pertencentes ao Banco Central da Rússia, tal como já o tinham feito a outros países, mostraram ao mundo que a detenção de reservas em dólares e divisas dos países da NATO, não dá nenhuma segurança.

Recorda-se que o fizeram contra o Irão, o Iraque, a Jugoslávia, o Zimbabwe, a Birmânia, a Venezuela, a Síria, a Líbia e o Afeganistão...

Até agora, a questão esteve em como romper a hegemonia americana que assenta a sua força no poderio militar-complexo militar-  industrial-(1), no dólar, no domínio das agências internacionais e das agências de informação, nas leis extra territoriais , tribunais arbitrais privados (2)-  e até na indústria do entretenimento (Hollywood, Netflix) .

Mas desta vez, o quadro internacional é diferente. Há a China, há a Federação Russa e há outros grandes países que desejam também ter a sua liberdade de movimentos como é o caso da Índia e até da Arábia Saudita, que neste momento sofre a pressão dos Estados Unidos da América para que não venda o seu petróleo à China aceitando yuans. *

 

A força militar dos Estados Unidos permitiu que as matérias primas e designadamente os produtos petrolíferos  fossem negociados em dólares desde o acordo de Nixon com a Arábia Saudita, conferindo a esta moeda o estatuto de reserva mundial e um estatuto de confiança e solidez que não corresponde sequer à realidade.

Esta confiança (fidúcia) permite-lhes  até usar a rotativa na impressão de dólares para os usarem conjunturalmente nas revoluções coloridas e na destabilização deste ou daquele país que não se submeta.

O dólar é o maior sistema Ponzi-D. Branca- da história. No seu tempo De Gaulle já tinha chegado à conclusão que se os dólares que circulavam na Europa regressassem aos Estados Unidos da América não havia ouro no Fort Knox para a sua troca, tal como estabelecido nos acordos de Bretton Woods. Na actualidade se os dólares que circulam no mundo regressassem aos Estados Unidos não haveria nem ouro, nem património, nem bens e serviços que lhes correspondessem.

O dólar está enraizado por decénios de domínio norte-americano e é aceite normalmente nas transacções internacionais o que não significa que não tenha pés de barro.

O confisco das reservas em dólares em títulos de divisas americanas à Federação Russa levou  a que esta viesse a exigir  o pagamento das suas exportações de gás  em rublos defendendo assim a sua moeda que em vez de se ter afundado se tem apreciado até agora.(3)

Para alguns economistas e comentadores internacionais, a ligação do rublo ao gás e ao ouro deu lugar a uma nova moeda “gásrublo”, que pode marcar o início de uma nova relação de forças no sistema financeiro internacional conjuntamente com outras moedas  no quadro de um mundo multipolar ou bipolar 

Os Estados Unidos e os falcões ocidentais impuseram sanções a um pais que possui matérias primas fundamentais e em quantidade para abalar os mercados mundiais e que , no plano militar, está em condições de lhes fazer frente. 

Acresce que a Federação Russa conta com a China até por necessidade objectiva deste país , que tem vindo a ser diabolizado , de se defender de uma futura agressão que já se desenha nos Estados Unidos .

Esta operação de pagamento de gás em rublos, para já, tem resultado e se a evolução da guerra for favorável à Federação Russa, as sanções podem vir a estimular um bom número de países a repensar a sua estratégia em matéria das suas reservas num processo de afastamento do dólar.

Por enquanto o peso das moedas chinesa e russa nas reservas dos bancos centrais é ainda relativamente pequeno, mas esta situação pode vir a alterar-se. (4)A China já foi directamente e indirectamente ameaçada. Em 2017 o secretário do Tesouro norte-americano Steven Mnuchin  admitiu cortar o acesso da China ao sistema de pagamento em dólares  se não aplicasse as  sanções da ONU contra a Coreia do Norte para a dissuadir de prosseguir com o desenvolvimento de mísseis e armas nucleares. 

A China tem vindo a tomar, paulatinamente, medidas no plano monetário e financeiro para defender a sua independência.

Por exemplo ,sendo hoje o primeiro importador mundial de petróleo bruto, a China tem procurado utilizar esta posição para conseguir que, pelo menos , uma fracção significativa das suas importações seja paga com a sua moeda. 

Está a procurar consegui-lo com a Arábia Saudita, como já foi dito, e tem contratos a prazo com a Rússia e com o Irão.

A cooperação entre a China e a Rússia no domínio energético , no domínio financeiro, monetário e no sistema de pagamentos reforçou-se ainda mais nos últimos anos o que é um dado importante na actual relação de forças mundiais.

A China para o Ocidente foi parceira , hoje é  rival e os seus dirigentes sabem também que por vontade   dos americanos  já seria inimiga .

 

 A União Europeia e o Euro

 

 A posição da UE de total seguidismo em relação à política americana veio também demonstrar que a detenção de reservas em euros não dá quaisquer garantias.

Para além das fragilidades evidenciadas pelo sistema de pagamentos entre bancos centrais do euro , sistema (Target 2), os países do Euro, ao seguirem as posições americanas , liquidaram também qualquer veleidade desta moeda poder constituir-se como uma reserva fiável e segura para os países emergentes. (5)

A persistência e até agravamento dos desequilíbrios entre a maioria dos países da zona euro com a Alemanha indiciam que uma nova crise do euro não é de excluir  o que torna o  euro   ainda menos confiável . Esta perspectiva real é também impulsionada pela situação da inflação pelo COVID e agora pela guerra na Ucrânia que vai levar ao aumento das taxas de juro o que será extremamente negativo para os países mais endividados como é o caso de Portugal.

As baixas taxas de juro e as taxas de juro negativas desempenharam na prática a função de reestruturação das dívidas dos países endividados. Diminuição das taxas de juro, alongamento dos prazos e até Haircut quando as taxas se apresentaram negativas.

Mas esta reestruturação, sem ser nomeada, pode ser interrompida pelo aumento das taxas de juro que já está em perspectiva e este aumento pode nem sequer ser suave. A “euribor” tem vindo a aumentar e os últimos empréstimos da Republica têm se realizado em condições mais onerosas.

 A Alemanha reviu a sua  previsão de taxa de inflação para  este ano para 6,17 %  quando previa  3,3% em Janeiro e não vai deixar de pressionar para o aumento das taxas de juro.

O prolongamento desta guerra em solo europeu, estratégia dos Estados Unidos da América, para confessadamente enfraquecer a Rússia, vai levar ao agravamento substancial da situação social, financeira e económica em toda a Europa com consequências políticas e facturas mais pesadas para os países endividados que  as procurarão endossar aos trabalhadores e aos povos. 

As afirmações dos dirigentes europeus têm sido no mínimo pouco prudentes e não têm ido na direcção de uma solução negociada do conflito.

A senhora Van der Leyn  declarou  que “se trata de uma guerra económica total”contra a Rússia  Mas as sanções têm também o seu reverso como já estamos a verificar. 

Quanto ao rublo, a Rússia aprendeu com as sanções que lhe foram impostas em 2014. Foi tomando medidas. Criou um embrião de um sistema de transferência de dinheiro para contornar a exclusão do SWIFT e tem contado com o sistema chinês ; foi acumulando ouro – estima se mais de duas mil toneladas nestes anos - , estabeleceu um preço fixo para a sua compra em rublos e tem reforçado ano após ano as trocas financeiros bilaterais com os seus principais parceiros nas suas respectivas moedas. Isto sem subestimar os efeitos sociais ,económicos , financeiros e políticos das pesadas sanções cuja extensão vai também depender da duração do conflito e do apoio que a China dê. (6)

 Há muitas variáveis em jogo. Uma previsão é difícil. Qual a evolução e o desfecho desta guerra? Mesmo sabendo se que a verdade é a primeira vítima da guerra , a mentira continua a fazer o seu caminho.

Recordamos também que Mike Pompeu, ex director da CIA, afirmou com clareza: “ mentimos, enganamos, roubamos”.

De um lado e do outro, a contra-informação é diária.  Mas, como já foi dito, a verdade existe o que não existe é a mentira.

Se a Federação Russa atingir os seus objectivos, o Ocidente e em particular a União Europeia vai herdar uma Ucrânia  com as suas infra-estruturas destruídas, sem o seu coração industrial, e com acesso ao mar limitado. De qualquer maneira  esta guerra em solo europeu , para alem das tragédias humanas é já um manto de destruição . Do que a humanidade mais precisava e a Europa em particular não era de mais lenha para a fogueira mas de um urgente fim das hostilidades e de um acordo de paz negociado.

Com os compromissos que a UE assumiu a factura, só para a Ucrânia se manter à tona de água, vai ser pesada . Isto conjugado com a tendência para a estagno-inflação – baixa tendencial da taxa de lucro - , a ficção da economia de casino e a perspectiva de um novo krash – estima se que só o mercado de produtos derivados seja 10 vezes o PIB mundial ; o castelo de cartas em que assenta o sistema bancário e financeiro ; a crise energética e a crise alimentar perspectivam um quadro que, o mínimo que se pode dizer,  não é esperançoso.(7).

A Globo , a SIC e Bildeberg tudo junto

 Brasil 247

O jornal O Globo, que apoiou o golpe de estado de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff, que teve como finalidade aplicar um choque neoliberal na economia e retirar dos brasileiros a renda do petróleo, aponta, em editorial publicado neste sábado, que irá lutar contra a eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em primeiro turno.

"A pesquisa Datafolha divulgada nesta semana confirmou a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência, com 48% das intenções de voto, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro, do PL (27%). O resultado deu a Lula 54% dos votos válidos e levou os mais apressados a especular se a eleição estaria definida já no primeiro turno, no dia 2 de outubro. É, claro, um cenário possível. Mas longe de ser provável, muito menos certo. Faltando mais de quatro meses para o pleito, ainda antes do início oficial da campanha, é impossível fazer qualquer aposta com base numa única pesquisa. Pesquisa não é previsão. Representa apenas um retrato do momento em que ela é feita. Os dados e fatos disponíveis até aqui sugerem justamente o contrário: o cenário mais provável é haver segundo turno em 30 de outubro para definir o vencedor. E é melhor que seja assim", escreve o editorialista.

O que o Globo cobra, aparentemente, é a entrega da agenda econômica a economistas neoliberais. "Para evitar deserções e liquidar a fatura no primeiro turno, Lula precisa fazer acenos ao centro. Seu movimento tem de ir além da mera indicação de um ex-tucano como vice. Até agora, porém, ele tem sido ambivalente e preferido eletrizar sua base à esquerda. Bolsonaro também tem mantido a estratégia de pregar para o público fiel. Só que ele, em contrapartida, tem interesse na ascensão de Tebet para garantir que haja segundo turno. O terreno ainda é movediço, e o jogo que parece consolidado pode trazer surpresas", finaliza o editorialista."

A censura pró NATO

 

“A GRAVAÇÃO NULAND-PYATT” 

DIALOGO  QUE 

FOI  RETIRADO DO

 YOUTUBE .ISTO 

 APÓS 8 ANOS DA SUA PRESENÇA. 

GUARDE A TRANSCRIÇÃO.

Uma versão popular desta fita, com legendas, ficou

 repentinamente indisponível na quarta-feira.

 O video fornece provas irrefutáveis ​​do envolvimento 

dos Estados Unidos no golpe de kyiv em 2014. (Leia o

 transcrição).

Por  Joe Lauria
Especial para Notícias do Consórcio



Provas irrefutáveis ​​que comprovem o envolvimento 
dos Estados Unidos no 
Golpe de Estado de 2014 em Kyiv 
foi removido do YouTube após oito anos.

Foi um dos videos mais vistos sobre essa 
conversa  A conversa interceptada e divulgada entre 
o Secretário de Estado Adjunto 
da época, Victoria Nuland, e Geoffrey Pyatt, então embaixador americano 
na Ucrânia. Nesta gravação eles discutem a composição do novo 
governo algumas semanas antes das eleições democráticas que 
elegeram
 o presidente ucraniano, Viktor Yanukovych,  e que foi deposto 
durante um golpe violento em 21 de fevereiro de 2014.

Os dois americanos falam sobre “dar  luz verde” para mudar 
governo  e fazerem "tudo isso  juntos 
mostrando   o papel que o então vice-presidente Joe Biden
 devia ter  bem como as reuniões a  organizar com políticos ucranianos.

O Departamento de Estado dos EUA nunca negou a autenticidade do vídeo
 e até pediu desculpas à União Europeia depois de Nuland ter
 sido ouvida na fita dizendo: "Foda-se a UE".
Os EUA pediram desculpa pelo fock  mas
 ignoraram a parte mais  importante , a interferência americana
 nos assuntos internos da Ucrânia.

Davos e Ucrânia

 


UCRÂNIA: PARA O OCIDENTE É MELHOR ACEITAR A PERDA DO QUE SOFRER UMA DERROTA. A PARTIDA DOS VELHOS OLIGARCAS DO OCIDENTE EM DAVOS.


Nunca pensei que viveria o suficiente para ver o dia em que os "velhos demais para governar o mundo, mas jovens demais para morrer" se encontrariam em Davos e discutiriam sobre o que fazer com a Rússia.

No espaço de vinte e quatro horas, dois dos homens mais influentes do planeta falaram sobre o curso de ação que a máfia de Davos deve tomar na Ucrânia.

Os primeiros golpes foram desferidos pelo Sr. Realpolitik, Henry Kissinger, que a maioria das pessoas ficou surpresa ao descobrir que ainda estava vivo. Kissinger, como sempre, disse a todos que era hora de começarem breve as negociações para um acordo com a Rússia.


"As negociações de paz devem começar nos próximos dois meses, [antes do conflito] criar agitação e tensão que não serão facilmente superadas", disse o diplomata veterano de 98 anos sobre a crise. O resultado determinará o resto do relacionamento da Europa com a Rússia e a Ucrânia, disse ele. “Idealmente, a linha divisória deve retornar ao status quo ante”, disse ele.

“Acredito que continuar a guerra além deste ponto a transformaria não em uma guerra pela liberdade da Ucrânia, que foi empreendida com grande coesão pela OTAN, mas em uma guerra contra a própria Rússia.

Kissinger está apenas falando de bom senso, sabendo muito bem que a situação na Ucrânia está chegando muito perto de ser militarmente irrecuperável para a Ucrânia. Você sabe que as coisas estão ruins quando a imprensa britânica agora reconhece isso , mesmo que o Telegraph tenha sido solicitado a mudar a manchete original (siga o link acima):

27 de maio de 2022

Enquanto os comentadores comentam, a caravana passa...

 Segundo o comando russo, a julgar pela velocidade com que as Forças Armadas da Ucrânia estão a fugir no Donbass, especificamente na região de Donetsk, é evidente que ocorre um colapso moral das tropas ucranianas. Esta certamente não é a vitória final, mas um importante sucesso das forças russas. Entretanto foi estabelecido o controlo total sobre Liman.

A tática da Ucrânia de concentrar tropas nas cidades, tinha origem em tornar os civis escudos humanos e tornar muito difícil para os atacantes invadirem áreas urbanas. Note-se que a investigação dos jornalistas norte-americanos Max Blumental e Esha Krishnaswamy mostrou como os grupos nazis em conluio com os serviços de segurança ucranianos do "democrata" Zelensky, o SBU, assassinaram presidentes de câmara que entraram em negociações com os russos para permitir a saída de civis em corredores humanitários. (1)

A Rússia tem utilizado normalmente efetivos em número inferior aos defensores, o que deve ser tido em consideração, dado ser contra todas as regras estabelecidas neste domínio, só se justificando pela grande superioridade em meios e capacidade profissional dos combatentes. Mesmo assim, convém refletir sobre a tomada de Mariupol, uma cidade enorme, com mais de 400 000 habitantes, preparada, com a colaboração da NATO, para uma longa defesa com os efetivos mais aguerridos que a Ucrânia tinha, os fanáticos nazis Azov. Esta batalha deveria merecer dos especialistas na matéria uma análise séria. Mas é relevante, que - tal como no Afeganistão - os exércitos preparados pela NATO, CIA, etc., desfazem-se logo que têm de enfrentar as realidades no terreno. 

As mães e mulheres de soldados protestam em Kiev - os media são surdos à sua angústia - pelo facto de filhos e maridos serem enviados para a frente sem preparação, sem vontade de lutar. Um comandante de tropas da Chechénia afirmava que os nazis ucranianos "literalmente sequestram moradores locais e os forçam a pegar em armas. Além disso, levam não apenas jovens, mas até mesmo moradores idosos." Moradores de uma vila libertada falaram sobre as atrocidades dos nazis ucranianos e agradeceram a ajuda e cuidados das tropas russas.

Não é segredo para ninguém que escolas, jardins de infância, hospitais e igrejas são locais preferidos pela tropa ucraniana. Ainda há batalhas, mas os russos avançam imparáveis no Donbass. Soldados ucranianos continuam a recusar-se a lutar, há diariamente relatos de rendições em massa e a estratégia russa de cercos parciais mostra-se incrivelmente eficaz. É uma guerra sangrenta exacerbada pelas chefias ucranianas que se recusam a dar ordens para retiradas sensatas - nisto também copiam os nazis de Hitler.

Para os "comentadores" vai sendo difícil dizer que a Rússia perdeu a guerra, mas insistem, foi logo... em março. Assim, a versão é que perdeu a guerra da comunicação e a económica. Bem é muito difícil ganhar qualquer prélio ao "império das mentiras" (Andrei Martyanov) e aos "presstitutos" (Paul Craig Roberts). Quanto à parte económica, vejamos o que Putin disse no Fórum de Davos. Em resumo:

- A Rússia está a ficar mais forte em alguns aspetos por causa das sanções.
- Nenhum "gendarme mundial" pode parar os países do mundo que querem seguir uma política independente.
- A Rússia continua sendo o maior exportador de trigo do mundo.
- A saída de algumas empresas estrangeiras da Federação Russa pode ser para melhor, o seu nicho é ocupado por empresas nacionais.
- A parcela de liquidações em moedas nacionais na EAEU (União económica Euroasiática) já atingiu 75%, e vamos aumentá-la. A "Grande Eurásia" torna-se um centro que interessará a muitos.
- A Rússia fez todo o necessário na substituição de importações em áreas-chave que garantem a sua soberania (2)

Ah! Mas a comunidade internacional... Mas qual "comunidade internacional"? Delegações de mais de 90 países confirmaram a sua participação na 25ª edição do Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, agendada para junho... (3)

1 - https://thegrayzone.com/2022/04/17/traitor-zelensky-assassination-kidnapping-arrest-political-opposition/
2 - https://t.me/s/intelslava 26/5
3 -  Sitrep Operation Z: + consequences = petty Tabaquis howling | The Vineyard of the Saker

Zelensky

 

Repressão, censura, neoliberalismo à la Pinochet… A face oculta de Zelensky

Desde o início da guerra na Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky é adorado no Ocidente, sendo aplaudido de pé em todos os parlamentos onde intervém. É verdade que Zelensky lidera um país que enfrenta uma invasão militar. Mas a partir disso  transformaram no   herói de uma luta do Bem contra o Mal… Doutora em filosofia pela Universidade do Colorado, Olga Baysha, originária de Kharkov, revela o rosto oculto do presidente ucraniano. Uma entrevista fascinante sobre a ascensão do comediante à presidência da República, uma entrevista que também nos ensina muito sobre a sociedade ucraniana e as origens do conflito. (IGA)

Comediante que chegou ao cargo mais alto do país em 2019, Volodymyr Zelensky era praticamente desconhecido para o americano médio – exceto talvez como figurante no programa de impeachment de Trump. Mas quando a Rússia atacou a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, Zelensky de repente se transformou em uma proeminente celebridade da mídia da UE. Os consumidores de notícias americanos foram bombardeados com imagens de um homem que parecia oprimido pelos trágicos acontecimentos, talvez oprimido pela situação, mas no final das contas parecia simpático. Não demorou muito para essa imagem evoluir para a de um herói incansável, vestido de cáqui, governando uma pequena democracia e afastando sozinho os bárbaros autocráticos do Oriente.