Linha de separação


31 de março de 2016

Silêncio mediático sobre a vitória Síria em Palmira

Os telejornais de hora e meia não tiveram mais que escassos segundos para noticiar a derrota do ISIS e a vitória do exército Sírio, melhor dizendo, do povo sírio. As centrais de informação determinam e a “liberdade de informação” vigente cumpre…
Mas compreende-se o desconforto na UE e EUA. Meses de retórica contra o terrorismo, apelos sentimentais chocantes, imagens das barbaridade dos ditos fundamentalistas, na realidade mercenários pagos por aliados do chamado Ocidente, como a Turquia, Arábia Saudita, Qatar, etc., e o “estado Islâmico” prosperava.
Os bombardeamentos de países da NATO ou mostravam um total estado de impreparação (improvável) ou não passavam de uma estratégia para manipular a opinião pública enquanto prosseguia o objetivo prioritário: derrubar o governo sírio para destruir o país, como a Líbia, repartindo-a pela Turquia e em zonas rivais ocupadas pelos atuais “terroristas” e os “moderados” - tão criminosos como os outros.
Um exemplo: nem sequer eliminaram as rotas de abastecimento – que se faziam em zona desértica - rotas que aliás tinham origem em países aliados ou controlados por países da NATO. Nem mesmo fizeram cessar a obtenção de dinheiro com a venda do petróleo roubado.
A manipulação e censura que percorre a comunicação social ignorou as declarações do secretário-geral da ONU, que felicitou o governo sírio pelo seu sucesso. Numa conferência de imprensa na Jordânia, Ban Ki Moon disse que se sentia "encorajado" pelo facto de que as ruínas romanas de Palmira, Património Mundial da UNESCO não estava mais nas mãos dos extremistas e que o governo sírio "agora é capaz de preservar e proteger o património cultural comum da humanidade".
Mas esta vitória mostra-nos algo mais. O exército sírio – e aliados - que há dois anos comentadores e governantes dos EUA e UE com sobranceria e satisfação davam como liquidado, tem a iniciativa e obtém decisivos sucessos militares.
Mostra a capacidade de intervenção das forças armadas russas e a eficácia insuspeitada até aqui dos seus equipamentos. Mostra como a Turquia que fazia tudo para intervir ainda mais diretamente no conflito foi obrigada a recuar.
Mostra que a guerra eletrónica não é domínio reservado dos EUA. As ruinas de Palmira estavam armadilhadas com explosivos para serem detonadas à distância pelo ISIS, os equipamentos russos bloquearam os sinais eletrónicos e as ruínas não foram destruídas. Também a guerra eletrónica da Turquia (NATO…) que perturbava as comunicações do exército sírio foi anulada.
Mostra toda uma série de mentiras – da panóplia da propaganda habitual – a caírem pela base. É caso dos russos atacarem população civil e “moderados”; o exército sírio a braços com deserções e abandonando cidades – como Palmira em que ao contrário do noticiado resistiram em inferioridade 13 dias face aos mercenários pagos pelos que queriam destruir a Síria.
A guerra na Síria não acaba com a vitória em Palmira, mas evidencia a derrota da agressão comandada e financiada do exterior.
 

24 de março de 2016

O assalto ao erário público

PRIVATIZAÇÃO DO SECTOR FINANCEIRO E RECONSTITUIÇÃO DO CAPITALISMO MONOPOLISTA

1. Não foi certamente por acaso, que as privatizações iniciadas em 1989 privilegiam até 1996, o sector bancário e segurador. Operações, que tinham sido antecedidas da abertura do sector financeiro ao capital privado, com as sociedades parabancárias primeiro e depois bancos privados. Privatizações que vão ser os núcleos de “cristalização” de 5 Grupos Económicos Monopolistas. Os Grupos Champalimaud, Espírito Santo, BCP/Jardim Gonçalves, Mello e BPI. Um objectivo nuclear da política de direita do PS, PSD e CDS, rigorosamente definida pelo PCP, como Recuperação Capitalista e Monopolista, estava concretizado. Correspondia à estratégia e modelo económicos defendidos por essas forças políticas. Correspondia ao que Ernâni Lopes definia como “núcleos de racionalidade económica” e que depois numa fórmula mais explícita, para o 1º Ministro António Guterres, seriam “os elementos racionalizadores das transformações económicas do País, da modernização e de um novo modelo de especialização”. Hoje sabemos bem, e dolorosamente, onde acabou essa “racionalização”…
Grupos, que com outros já constituídos ou em constituição, vão ser a base da condução e desenvolvimento do processo de privatizações de outros sectores e áreas. Negócios de privatização onde intervêm como consultores, intermediários, e…clientes, arrecadando grossas quantias, e garantindo a sua presença nos núcleos de accionistas de referência das novas empresas privatizadas. Crescem e alargam as suas actividades, e funcionam como bases de acumulação – centralização e concentração – de capital. E na sua articulação com o poder político assumem um papel central na intervenção/direcção da política (económica) do País.
Desempenham igualmente um papel fulcral na “financeirização” da economia portuguesa. Como escrevemos no Congresso de 2012 (depois de abordagens anteriores, ainda na Conferência Económica e Social de 2007), “A financeirização da economia desenvolveu-se em intensa articulação com a reconstituição dos grupos monopolistas e em particular com o papel que, após a privatização do sector bancário e segurador público, o sector financeiro privado voltou a ter na condução da economia nacional.

2. Há ou não razões para questionarmos as privatizações face ao afundamento da banca nacional, em geral arrastando o subsector segurador?
Na nossa opinião há, e por duas razões. Para inscrevermos na factura das privatizações os custos privados e públicos do desastre do sector financeiro ainda por fechar. Para pormos a nu a fraudulenta argumentação de alguns dos seus promotores e advogados. Que, de caminho, encontraram justificações, explicações para o afundamento bancário, sem pôr em causa o capitalismo, a banca privada e a política de direita de RCM.
O mais sofisticado dos argumentos é que as nacionalizações foram uma fonte de destruição de valor, que as indemnizações não foram as razoáveis/adequadas, e logo que os capitalistas que adquiriram ou readquiriram as empresas a privatizar, o fizeram numa situação de elevados défices de capital, tendo de recorrer a elevados endividamentos, pecado original, de que as empresas já privatizadas, nomeadamente as do sector financeiro, nunca recuperaram. Argumento presente, por exemplo, nos textos da Associação Missão Crescimento. O que essas inteligências não querem alcançar, é que muito da capital/valor das empresas nacionalizadas, nomeadamente da banca, foi “ratado”, numa gestão danosa posta ao serviço, das entidades financeiras privadas, exactamente como fase preparatória das privatizações.
O que essas inteligências não alcançam é que as empresas nacionalizadas foram vendidas, em geral a preços de saldo.
O que essas inteligências não alcançam é que, após as privatizações, o sector financeiro afixou durante anos lucros fabulosos e distribuíram 8 mil milhões de dividendos – uma proporção de quase um terço! Como disse alguém, não eram lucros que se distribuíam pelos accionistas, era capital!
O que essas inteligências não querem alcançar é que a banca portuguesa reproduzindo mimeticamente o sistémico comportamento de toda a banca privada do mundo capitalista, alavancou depósitos e endividou-se para lá de todos os limites prudenciais, concedendo créditos de elevado risco, aplicando fundos desregradamente no imobiliário e na especulação bolsista, destruindo valor, pela transformação de poupança e activos em produtos tóxicos. A que se devem juntar as práticas irregulares, ilegais e de pura ladroagem…Segundo o BdP, desde 2008, foram quase 40 mil milhões de “imparidades”…

23 de março de 2016

O desastre de Assunção Cristas no governo (1)

Para não haver qualquer dúvida sobre a fidelidade das fontes, informa-se que os factos seguintes estão expostos no insuspeito jornal Expresso, de 27 de fevereiro, em local escondido ( p. 10, à esquerda, ao fundo ).
1. A Cristas deixou um "buraco" de 340 milhões de euros, no Ministério da Agricultura ;
2. A Cristas assume que deixou uma herança que incluía o pagamento futuro de 200 milhões, mas que Passos Coelho e a Maria Luís Swaps  sabiam;
3. A Cristas esgotou num ano (de eleições, recordemos ) os milhões de verbas da UE para cinco anos e até excedeu as verbas em 296 milhões de euros ;
4. Da dotação global de 576 milhões para ajudas "agroalimentares", a gastar entre 2015 e 2019 , a Cristas "comprometeu" 872 milhões, logo em  2015!
A saga poderia continuar ( 20 milhões de euros de seguros por pagar; 24  milhões de obras no Alqueva... ) mas basta isto para medirmos a irresponsabilidade de quem distribuiu milhões em ano de votos, enchendo os bolsos dos amiguinhos da CAP e não só.
Afinal, andamos a ser aldrabados por quem esbanjou num dia o que fará falta nos anos seguintes.
Esta senhora , refinadamente aldrabona, quer agora dar lições de moral e de boa gestão...E até quer chefiar o CDS !....
1 - Postado no facebook de Vítor Tito Gonçalves  

Notas breves

Descaramento !
Passos Coelho no exercício da sua habitual hipocrisia diz que o Estado não deve interferir nos negócios privados , só lhe faltou acrescentar , tal como fiz com o banco Efisa et mon ami Relvas , ou por contraste , tal como fiz com os Estaleiros de Viana do Castelo.

Terrorismo
A todas as vitimas  da barbárie terrorista  e às suas famílias , o nosso pesar , a nossa vénia ,  a nossa solidariedade.
Condenamos toda e  qualquer forma de terrorismo. 
Ontem como hoje . 
Nem aceitamos que um terrorismo legitime outro  .
Posto isto e sem confundir explicação com justificação , qual a razão porque os mesmos que condenam e bem os atentados de Paris Bruxelas , Mali ... nunca falam , nem condenam o terrorismo de Estado ?

Sistema financeiro ao serviço do povo

O sistema financeiro mundial,
a banca nacional e a soberania

O sistema financeiro internacional foi o epicentro da crise iniciada em Agosto de 2007, com as suas toneladas de lixo tóxico e as fantásticas pirâmides Ponzi (D. Branca). Sabe-se hoje que esteve à beira da hecatombe.
A crise das dívidas públicas, que se lhe seguiu, com aspectos dramáticos e graves consequências económicas, financeiras e sociais, que estão longe de ser superadas, verificou-se no essencial na zona euro, porque ao BCE está vedado o financiamento directo aos Estados, e estes ficaram prisioneiros dos mercados, que especularam desenfreadamente, perante a passividade do sr. Trichet e o apoio e pressão do então denominado «mercozi» – Merckel e Sarkozi.
Com o agudizar da situação ficou demonstrado, com Draghi, que a especulação sobre a dívida pública dos países periféricos (bastou a ameaça aos mercados de que tudo seria feito para salvar o euro) poderia ter sido travada logo de início, pelo que o custo de toda a especulação (juros e aumento da dívida) deve ser endossado ao BCE e aos países que se opuseram à intervenção. É de recordar que em plena crise o BCE ainda aumentou as taxas de juro, em Junho de 2008 e de 2011, e que só no Verão de 2012 Draghi alterou a sua política. Foram quatro anos de especulação sobre as dívidas públicas, que não são da responsabilidade dos «países da periferia».
Sustentámos, desde o início, que a aceleração do aumento das dívidas públicas foi uma consequência da crise e, no essencial, das medidas tomadas de apoio à Banca, à sua capitalização e desendividamento, e não a consequência do aumento dos gastos com saúde, ensino, investigação, trabalhadores da função pública, o tal «despesismo» que a direita e os seus comentadores de serviço atribuíram todas as responsabilidades.
Sobre esta questão estamos agora muito mais acompanhados.
Há hoje um reconhecimento geral dos factores que levaram ao significativo aumento da dívida. A opinião pública tem agora uma melhor percepção para onde foram, e continuam a ser, canalizados os cortes, nas pensões, reformas, vencimentos dos trabalhadores da função pública, … e o tal «enorme aumento de impostos»!
Até Braga de Macedo o reconheceu recentemente, ao subscrever o «Manifesto para uma nova narrativa da zona euro», «Rebooting the eurozone: agreeing a crisis narrative», iniciativa de um conjunto de economistas de vários países (CEPR. Policy insight n.º 85).
Tivemos a dívida pública ao serviço da dívida privada.
Chegou-se ao desplante de se ver a mesma imprensa que propagandeou durante anos seguidos a tese do «despesismo», e de que a banca portuguesa estava sólida, a publicar agora, em títulos garrafais: «Dívida pública salva lucros da banca. CGD, BCP, BPI e Santander ganharam 1,4 mil milhões de euros com operações financeiras em 2015» (Expresso de 6 de Fevereiro de 2016)!
O sistema financeiro mundial, passado o pânico do auge da crise, voltou às mesmas práticas de sempre.
O seu poder é tal que tem travado, ou adiado, o essencial da regulamentação proposta pelos poderes públicos e pelo Comité de Basileia.
Christine Lagarde, numa conferência sobre o «capitalismo inclusivo», foi obrigada a condenar o sector por «bloquear as reformas necessárias» ao seu restabelecimento (Christine Lagarde fustige les hobbies bancaires», Le Figaro de 27 de Maio de 2014).
Em 2011, o G20, reunido em Cannes, acabou por reconhecer a responsabilidade do sistema bancário na crise, e definiu 29 bancos como sistémicos, depois reduzidos a 28 pela falência do DEXIS, franco-belga.
Da lista desses 28 faz parte o Santander e nenhum banco português. Dos 9 bancos da zona euro a Espanha tem 2, Santander e BBVA.
Estes bancos detêm nos seus balanços uma boa parte da dívida dos Estados e o seu poder não é comparável com a fraqueza dos Estados. O accionista e ex-banqueiro Edgar Morin chama-lhes a «hidra mundial» que domina os grandes mercados monetários e financeiros e o poder político.
São eles os principais criadores e proponentes dos produtos derivados altamente especulativos, e a sua posição dominante confere-lhes poderes análogos aos das grandes instituições públicas, designadamente a capacidade de fixar o preço do dinheiro.
São os «so big to fail» e os seus responsáveis os «so big to jail». Como se tem visto no caso da manipulação das taxas de referência (Libor, Euribor), branqueamento de capitais, falsificação de balanços.
Os produtos «derivados» foram o combustível da propagação sistémica nas crises de 1990 e 2007, e atingem hoje um volume várias vezes o produto mundial.
A montanha dos produtos derivados, capital fictício, os activos da «shadow bank», banca paralela que, segundo o Finantial Stability Board, representa 120% do PIB mundial e cujo controlo é ainda muito menor do que a generalidade da banca, bem como a «bolha» das dívidas públicas, são material explosivo cuja deflagração terá consequências muito mais devastadoras do que as anteriores crises.
Em relação à «bolha» das dívidas públicas, como já alguém disse, «ou ela se resolve a frio ou ela rebentará a quente», com repercussões em todo o planeta, dada a globalização dos mercados financeiros impulsionada pela grande conquista do capital que foi a livre circulação de capitais. E afirmamos que o potencial explosivo é muito superior ao das anteriores crises porque, para acudir ao sistema financeiro, todos os bancos centrais, sendo o BCE o mais tardio, se lançaram na política de quantitativ easing (QE), injecções de liquidez com o objectivo de, através da política monetária, impulsionaram a actividade económica, combateram a deflação, ajudaram a banca (veja-se o caso do Deutsche Bank).
Se, no quadro do sistema, estas medidas foram positivas, a sua continuação, sem alteração do quadro económico global, criaram um volume de massa monetária (ver «La folie des banques centrales», de Patrick Artus) que se dirige para este e para aquele produto especulativo, aumentando o capital fictício e a sua volatilidade, sem dar resposta aos problemas da chamada economia real, à procura global e ao desemprego, que se acentua pela crise, pela robotização e novas tecnologias e aumento das jornadas de trabalho!
Se tivéssemos que sugerir algumas reivindicações e objectivos de luta e de combate à crise e que fossem comuns e transversais às diversas forças políticas e sociais progressistas dos países mais desenvolvidos, apontaríamos: o aumento do poder de compra das massas trabalhadoras e a melhoria do rendimento nacional; a redução generalizada do horário de trabalho sem perda de rendimentos e direitos; o controlo da circulação de capitais e a nacionalização ou controlo público do sistema financeiro.

A banca nacional e a soberania
No nosso país a privatização da banca, apresentada como um factor de modernização e de desenvolvimento, foi comandada pelo poder político, e constituiu uma das maiores transferências de dinheiro público para mãos privadas. Um autêntico roubo ao erário público, formalmente legal, mas que uma séria e não golpista operação «mãos limpas» ou «lava jato», aos envolvidos nos processos de privatização da banca poucos deixaria de fora. Foi a época da criação de fulgurantes fortunas, de «novos banqueiros», de novos bancos, de um novo-riquismo que se assenhoreou do poder económico, da comunicação social e do poder político.
Um «barão» socialista chegou a afirmar na altura que bebia uma taça de champanhe por cada privatização que se fazia! (Penedos, Visão)
Hoje podemos perguntar o que é que Portugal, o povo português, os trabalhadores, os pequenos e médios empresários ganharam com a privatização da banca?

18 de março de 2016

A questão fundamental

A questão fundamental da filosofia, segundo o marxismo, é o das relações entre o ser e o pensamento. Segundo o modo de resolver esta questão as correntes filosóficas dividem-se em: materialismo e idealismo (ou “ideialismo”). A filosofia materialista representou ao longo da História a luta do campo progressista contra o campo reacionário.
Porém, uma questão fundamental se põe às forças progressistas: que leva grandes massas populares a identificarem os seus interesses individuais e coletivos com os dos seus exploradores, com os que efetivamente estão na origem dos problemas com que se defrontam?
É aqui que entram os processos de alienação que os reacionários dominam hoje totalmente, graças também à conciliação com o neoliberalismo – um neofascismo.
Que fazem ou pensam agora os que saíram à rua em Kiev contra a corrupção e pela democracia, face ao novo poder nazi-fascista – apoiado pelos EUA e UE? Do mesmo modo nos podemos questionar quanto às “revoluções laranja” no leste europeu, ou na Venezuela contra a revolução bolivariana.
Vemos multidões no Brasil contra o governo do PT. Quem convenceu aquelas multidões que a corrupção era uma questão do governo PT? Que ilusão os leva a não se questionaram sobre os benefícios que a oligarquia obtém das privatizações e dessa mesma corrupção?
É aqui que entram os mecanismos de alienação e o que parece ser a questão fundamental: como é que as forças progressistas, patrióticas e populares perderam a batalha ideológica.
Entre nós, TV, rádios, imprensa, promovem intensivamente mecanismos de alienação nos programas de “entretenimento” – alguns mero embrutecimento. Os telejornais são orientados pelos conceitos da direita pela ocultação de factos e de opiniões divergentes ou sua distorção por “comentadores”.
As entrevistas a gente de esquerda e mesmo do PS, assemelham-se a interrogatórios a delinquentes se atingem de forma mais incisiva os dogmas da direita. As “antenas abertas” exibem preocupantes exemplos de ódio ao regime democrático e aos princípios constitucionais. As próprias rádios e TV estatais em nada contribuem para a defesa destes princípios.
A censura prévia do fascismo chama-se hoje “critério editorial” dominado direta ou indiretamente pelos oligarcas.
Contra o governo PS apoiado á sua esquerda está a ser orquestrada uma campanha de descrédito para instilar animosidade junto da população ao mesmo tempo que se procede à reciclagem de gente da direita. Não por acaso, Pires de Lima toma agora conta da Média capital (TVI, etc.)
Compare-se a forma, que chega a ser agressiva, como são tratados governantes do PS face à tolerância, mesmo cumplicidade, da comunicação social com o governo PSD-CDS. Veja-se a forma como Passos Coelho mentia tranquila e repetidamente sem ser minimamente questionado pelos jornalistas; veja-se como era tratada a austeridade anterior justificada pelo “não há alternativa” com as críticas ao atual OE.
É sem dúvida a altura de todos os democratas e anti neoliberais, colocarem a questão de sempre: Que fazer.

15 de março de 2016

Bazuca arma de infantaria ou tiro de pólvora seca ?


BCE – resultados da reunião de 10 de Março de 2016
1.     O Conselho de governadores do Banco Central Europeu na sua reunião do passado dia 10 de Março tomou um conjunto de decisões que vale a pena enunciar:
1.1.  A principal taxa de juro de refinanciamento do Banco Central, aplicada quando os Bancos da zona euro recorrem ao crédito do BCE através das suas operações de financiamento, foi reduzida de 0,5% para 0,0%, novo mínimo histórico;
1.2.  A taxa de juro que se aplica à facilidade permanente de cedência de liquidez é reduzida de 0,3% para 0,25%;
1.3.  A taxa de juro de depósitos do BCE, cobrada aos Bancos pelas reservas que têm paradas no Banco Central, passa de -0,3% para -0,4%. Como está em valores negativos, significa que os Bancos neste caso pagam ao BCE para ter lá estes depósitos;
1.4.  As compras de títulos da dívida pública e privada que o BCE tem vindo a fazer passam de 60 mil milhões euros/mês para 80 mil milhões euros/mês. São mais 240 mil milhões de euros/ano que o BCE vai imprimir;
1.5.  O BCE vai passar a adquirir também títulos de dívida de empresas não financeiras com rating acima de “lixo”, o que aumenta o espaço de manobra para encontrar activos que garantam compras mensais de 80 mil milhões de euros;
1.6.  O BCE irá realizar quatro empréstimos de longo prazo (a 4 anos) a partir de Junho às instituições financeiras da zona euro. A taxa normal será a de refinanciamento, que é actualmente de 0,0%. No entanto, as taxas de juro ainda podem ir mais abaixo, até ao valor da taxa de depósito (que é de -0,4%), nos casos em que os bancos emprestem uma parte significativa do dinheiro a empresas e famílias.
2.     Este conjunto de medidas por parte do BCE pretende ser a resposta das autoridades monetárias europeias a um longo período que se arrasta desde 2008 de muito fraco crescimento na União Europeia, pouco mais de 1% em média anual, e de um crescimento dos preços muito próximo de 0,0%, o que faz pairar o risco de deflacção, quando o mandato do BCE estabelece como objectivo um crescimento médio da inflação de 2% ao ano no espaço europeu.
3.     O seu impacto em cada um dos países da União Europeia não vai ser certamente o mesmo. Países em que as famílias e as empresas se encontram mais endividadas e o sistema bancário se encontra em maiores dificuldades pouco beneficiarão com este pacote de medidas do BCE, é este o caso do nosso país.
4.     Se é verdade que com esta intervenção do BCE, de reforço da compra da dívida pública, a pressão sobre os juros da dívida pública portuguesa irá diminuir podendo o serviço da dívida aliviar um pouco, também é verdade que ao nível das empresas e das famílias o impacto será muito diminuto.
5.     De acordo com as regras do BCE, o banco central europeu pode deter 1/3 dos títulos elegíveis da dívida pública de cada país. No caso português os títulos da divida que o BCE pode comprar são os títulos com um prazo entre 2 e 30 anos e com taxa fixa. O que na prática se restringe às obrigações do tesouro emitidas pelo nosso país, ficando de fora o total da dívida detida pela Troika e a dívida de curto prazo. Estão pois em causa 1/3 de 107 mil milhões de euros de obrigações já emitidas, ou seja, 35,5 mil milhões de euros. Como neste momento o BCE, de acordo com os dados disponíveis no final de 2015 detém cerca de 26 mil milhões de euros de obrigações do tesouro português, restam cerca de 10 mil milhões de euros que poderão ser adquiridos até Março de 2017.
6.     As famílias portuguesas com estas medidas do BCE continuarão a beneficiar de baixas taxas de juro nos empréstimos em vigor já que a Euribor a três, seis, nove e doze meses é agora negativa, mas continuarão a ter dificuldade em aceder a novo crédito bancário dado o seu elevado nível de endividamento (80% do PIB no final de 2015) e a exigência de garantias bancárias de que a esmagadora maioria dos bancos não pode abdicar.
7.     As empresas portuguesas, também elas fortemente endividadas (145% do PIB no final de 2015) tal como as famílias, dificilmente reúnem condições para poderem beneficiar deste forte reforço de liquidez que o BCE agora disponibiliza. Por um lado apenas 3 empresas têm rating acima de “lixo”: a EDP, a REN e a BRISA e por isso só elas poderão beneficiar da possível compra de ativos por parte do BCE e por outro a banca nacional tem hoje um rácio de crédito concedido em incumprimento que representa quase um quarto do crédito concedido, o que a obriga a constituir um volume de provisões para incumprimento que lhe absorve grande parte do capital. Por esta mesma razão a concessão de crédito às empresas é hoje objecto de uma análise muito rigorosa e são exigidas cada vez mais garantias reais para a sua concessão.
8.     Os bons clientes empresariais são poucos e são disputados mais do que nunca entre os principais bancos com vantagem para os maiores bancos, caso do Santander Totta, que tem capital disponível e tem um muito menor peso da carteira de crédito à habitação, com baixas taxas de juro e de muito longo prazo. Dada a actual estrutura da carteira de crédito dos maiores bancos nacionais a não serem tomadas medidas adicionais que apoiem a concessão de crédito pela maioria dos bancos e falo concretamente de um grande reforço por parte do Estado da garantia de crédito mútuo acompanhada de muito perto pelo IAPMEI, este grande reforço de liquidez apenas irá beneficiar o Santander Totta, menos sufocado com crédito mal parado e empréstimos de baixa rentabilidade e por isso mesmo, com capital disponível para poder emprestar a empresas e famílias, reforçando assim cada vez mais a sua presença no mercado financeiro nacional. Esta é pois mais uma forma de se reforçar a união bancária criando-se condições para que os maiores bancos cimentem as suas posições atraindo as melhores empresas, enquanto os outros bancos atolados em crédito mal parado e com baixas rentabilidades têm cada vez mais dificuldade em sobreviver. 
9.     Por fim uma última nota para referir que um estudo recente feito pelo IAPMEI mostra que em cerca de 2500 PME´s Leader, 1500 não são solventes e como tal não vão conseguir pagar os empréstimos que têm e a curto prazo irão à falência. Para estas e outras PME o que é fundamental é o reforço de capitais próprios e não de mais capitais alheios (empréstimos) que não irão conseguir pagar por falta de solvabilidade.
15 de Março de 2016

José Alberto Lourenço (CAE)    

13 de março de 2016

Coitado

O governador do Banco de Portugal disse à revista Expresso da semana passada que se sentia como um polícia que chega atrasado ao local do crime !
Com esta afirmação jeitosa o Governador quer  fazer crer que apenas tem tido pouca sorte .
Não se interroga por que razão chegou a todos os crimes e não a um só sempre atrasado !
Não terá sido por a sua subserviência em relação aos banqueiros tal como agora a Bruxelas ser a sua constante .

11 de março de 2016

Viva a Banca privada vivam os banqueiros !

Os serviçais da banca privada

Perante a cascata dos sucessivos casos da banca privada portuguesa, a opinião publica tomou conhecimento das falcatruas, das negociatas e dos fantásticos ordenados e pornográficas reformas que beneficiaram, e continuam a beneficiar, diversos gestores da banca, os banqueiros e suas famílias.
 Os trabalhadores e o povo tiveram a confirmação que uma boa parte dos «sacrifícios» que lhes foram impostos (salários, pensões, deterioração do serviço nacional de saúde, serviços públicos, cultura...), se ficaram e ficam a dever ao descalabro da banca.
Ficou evidente que têm estado a financiar a capitalização, o desendividamento da banca e os custos das diversas resoluções.
Apesar de todo o marketing feito a enaltecer a banca privada durante todos estes anos, desde a sua privatização, a verdade é que os portugueses têm hoje, na sua maioria, um olhar de reprovação e de desconfiança em relação ao sistema financeiro.
Conhecendo esta realidade, os comentadores serviçais da banca privada, não podendo negar o evidente, procuram evitar que se tira a conclusão de que a banca devia ser nacionalizada, ou que o Estado devia ter a maioria na banca comercial,isto é o controlo público da banca.
Nesse sentido, argumentam com a Caixa Geral de Depósitos, que nestes últimos cinco anos deu prejuízo, etc., etc..
 Miguel Sousa Tavares é um desses expoentes. 
Mostra-se muito indignado com o que a banca tem custado ao erário público, mas procura desviar as atenções dos principais responsáveis: os banqueiros e os governos de direita. E sobre o Espírito Santo nem um suspiro
Quanto à Caixa, é preciso que se saiba que, de 2004 a 2015, ela deu de lucro, já depois de pagos os impostos , mais de1500 milhões de euros . Neste valor estão descontando os prejuízos destes últimos cinco anos . Lucros que, em boa parte, foram para o Estado juntamente com os impostos.
E todo o seu património continua a pertencer ao erário público, apesar de os seus gestores terem sido os boys do PSD, CDS e PS...
Façamos uma  outra comparação.
 De 2004 a 2013, último ano do Espírito Santo, o total dos lucros da Caixa e do Espírito Santo é praticamente igual.
Mas enquanto no Espírito Santo boa parte desses lucros foram para a dita família, na Caixa ficaram no Estado!
Estes são os factos.
Quanto ao resultado das privatizações , o BPP, o BPN , o Banif , o BCP e o Espírito Santo falam por si.
Em relação à privatizado do Totta este, como se sabe, ficou nas mãos do Santander, que arrecadou, de 2004 a 2015, 3 mil e tal milhões de euros, que não ficaram no erário público nem em mãos portuguesas .

Esta, infelizmente, é a realidade da banca portuguesa , melhor dizendo dita portuguesa e cada vez mais nas mãos do estrangeiro

10 de março de 2016

A UE vista pelo antigo governador do Banco de Inglaterra

Não deixam de vir a propósito as declarações de Mervyn Allister King (MAK) ex-governador do Banco de Inglaterra, acerca da UE e do euro. Claro que com a “liberdade de informação” vigente por cá foram totalmente ignoradas. De facto, as “medidas” agora tomadas pela CE não passam da continuação da tragicomédia em que a UE se tornou: como as medidas anteriores não resultaram – tudo pioraram, aumentam a dose! É como insuflar um balão furado. E lá vão mais 80 mil milhões de euros por mês (em vez dos 60) para capital fictício…
Diz MAK que os problemas estruturais que criaram a crise financeira permanecem intocados. Mas isto não acontece por acaso "é o resultado de escolhas políticas "deliberadas " feitas pelas elites da UE. “O que acontece é revoltante mas trata-se como que um ato político deliberado o que torna ainda pior.”
(diga-se que com o objetivo de aumentar o controlo sobre os povos e aprofundar um "governo económico europeu" dominado pela Alemanha, o reconhecido líder das oligarquias europeias – como nos anos 30 do nazi-fascismo…)
Para MAK o destino da Grécia foi um "terrível" exemplo do fracasso da política económica da UE. A União Económica e monetária da Europa, precisará ser desagregada para libertar os membros mais fracos da austeridade permanente e graves níveis de desemprego.
"Na área do euro, os países da periferia nada têm para compensar a austeridade. Apenas lhes pedem para cortar despesas, sem qualquer forma de procura para compensar. Acho que isso é um problema sério” - afirmou.
“Os membros mais fracos da zona euro enfrentam pouca escolha para além de voltar para as suas moedas nacionais” " única maneira de voltar ao crescimento econômico e pleno emprego". "Os benefícios a longo prazo compensam os custos a curto prazo".
O ex-governador afirmou ainda que a desilusão popular com políticas económicas da UE é suscetíveis de levar à desintegração da moeda única, ao invés de uma mudança no sentido de "completar" a União Monetária.
A Comissão Europeia defende-se das alegações contra as medidas de austeridade considerando que é preciso punir regimes europeus incumpridores, argumentando que a política económica de Bruxelas representa um "triângulo virtuoso" de austeridade, reformas estruturais e investimento.
Entretanto, a política do BCE para aumentar os níveis de procura e encorajar despesas não são suficientes trata-se de "comprar tempo" para os responsáveis políticos. Esse tempo teria de ser usado para “tirar as economias de seu desequilíbrio presente para um adequado novo equilíbrio entre despesas e poupança, exportações e consumo," disse.
Sabemos o que comentadores e apresentadores diriam - e fariam - (como já tem acontecido) perante afirmações destas, produzidas por exemplo por um deputado do PCP...

9 de março de 2016

Tudo normal tudo natural





Entre 2012 e 2014, as empresas adquiridas pelo grupo britânico que contratou Maria Luís Albuquerque, tiveram benefícios fiscais de 381,7 mil euros. DN hoje
Quem paga os benefícios fiscais ? Os contribuintes  Quem são os contribuintes que não fogem ao fisco?  Os assalariados .

6 de março de 2016

O povo que pague os bons empregos dos ex ministros

MLALBUQUERQUE

Descaramento , arrogância e falta de escrúpulos

 Maria Luís. Maria Luís Albuquerque, ...que tomou conta das Finanças do país entre 2013 e 2015 decidiu-se pela carreira no privado (mas por enquanto ainda é deputada do PSD). Aceitou ir trabalhar para uma consultora especialista em compra de carteiras de créditos. Como administradora não executiva.
Qual o problema? A referida empresa fez em 2014 avultados negócios com o Banif. Banco em que à época (do negócio e da Sra. ser ministra das Finanças) o Estado tinha uma pequena participação... De 60%.

(....)A própria Maria Luís se queixou do aproveitamento político-partidário da situação. Devia estar, obviamente, a falar de Paulo Rangel e Manuela Ferreira Leite, companheiros de partido (que a criticaram de forma aberta e clara)  In,Expresso diário.
No entanto como se sabe Passos Coelho ,o mesmo que se esqueceu de declarar rendimentos ,o mesmo do caso Banco Efisa , o mesmo ex sócio de Relvas , o mesmo que mente descaradamente com cara séria , entende que o procedimento de Maria Luis  não merece qualquer reparo, que é legal normal e natural !
Legal até pode ser , mas o que não deixa de ser é uma manifesta "pouca vergonha".
No D.N. o seu director comenta o caso  num (p.s.) com a maior brevidade possível  :

"P.S. Maria Luís Albuquerque denunciou, em 2013, os contratos swaps assinados com o Santander entre 2005 e 2007 e o Estado Português foi condenado a pagar 1,8 mil milhões de euros. Durante meses o banco procurou uma solução extrajudicial, e insistiu no assunto, mas Maria Luís recusou e agora terá de explicar-se com detalhe no Parlamento, antes de renunciar ao mandato de deputada. Depois dos desastres no Novo Banco e no Banif, o Santander confirma definitivamente a impreparação de Maria Luís para o cargo que exerceu."

Para o director do DN a dita senhora  revelou impreparação…(Coitada !) . Será só impreparação?
 O ministro dos submarinos e da Moderna teve a mesma percepção quando se demitiu irrevogavelmente , mas depois verificou que descaramento e afirmação não  faltavam  á dita  , portanto boa para cumplicidades e mentirolas…
Passos Coelho comentou o caso dizendo que os swaps são do tempo de Sócrates , o que é verdade mas não acrescenta duas verdades
1-ºQue na altura Maria Luís AL.. foi também responsável pelos swaps na C.P. e que nem ele nem o seu partido alguma vez manifestaram desacordo com estes .
2- Que a sua ministra das Finanças e ele próprio nunca explicaram por que é que recusaram negociar a proposta extrajudicial  apresentada pelo Santander .
Mais uma vez  “ que pague o pagode “ e que ninguém vá preso! 
Valha-nos Santa Bárbara…embora o país precisasse de uma boa trovoada.