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31 de agosto de 2015

Notas Soltas- Os farsantes

1 ) O pantomineiro do primeiro ministro anda a procurar impingir aos portugueses a farsa que o governo nada tem a ver com a venda do Novo Banco, que tudo se passa entre o Governador do Banco de Portugal e os compradores... como  se Carlos Costa não tivesse sido reconduzido por este governo precisamente por ter dado cobertura  à desculpa e desresponsabilização  do governo de que nada teve a ver com o processo da falência do BES e a criação do Novo Banco .

2) Ao mesmo tempo Passos Coelho vai dizendo que se houver prejuízo com a venda do Novo Banco não serão os contribuintes que pagam mas os Bancos através do Fundo criado  para o efeito !
Simplesmente nada nos diz que taxa de juro pagam os banqueiros visto que tal " Fundo" foi constituído fundamentalmente por dinheiros públicos  a titulo de avanço  . O que já afirmou é que o prazo para o pagamento desse "avanço " seria alargado.... Tudo isto claro à custa dos contribuintes...

3 ) O cândido Rangel afirmou publicamente que há uma justiça com o PS e outra com o PSD... Um escândalo...
A ministra da Justiça não comenta . Coelho e o ministro dos submarinos também...
Talvez com mais acerto e menos escândalo Rangel pudesse afirmar que numa sociedade de classes a justiça é uma justiça de classe tendencialmente favorável ás classes e partidos dominantes apesar da Constituição que temos e da seriedade dos magistrados...

4) O caso BES /GES ajuda nos a perceber as posições tomadas por certos comentadores como é o caso de Sousa Tavares , com o seu visceral anti- comunismo e o seu enfado quando se acusava " O Grande Capital "!
E por hoje ficamos por aqui !!!




28 de agosto de 2015

A"santa ignorância" de um comentador económico

António Costa é jornalista, ex-director do Diário Económico e comentador de assuntos económicos nas rádios e na televisão.

Nesta condição e perante um tema da máxima actualidade política e económica como é o nível insuportável atingido pela nossa dívida pública e a defesa que cada vez mais portugueses de vários quadrantes políticos (já não são só os comunistas) fazem da necessidade da sua renegociação, espera-se que um jornalista que trata assuntos económicos, conheça não só a dimensão da nossa dívida pública, como a sua distribuição por tipo de dívida (empréstimos e títulos de dívida) e por detentores (residentes, não residentes, particulares, empresas, sector financeiro e troika).

Surpreendentemente assistimos ontem na TVI24 ao lamentável espectáculo de vermos este jornalista questionar o Secretário-Geral do PCP sobre a forma como iria o PCP implementar uma das principais propostas do seu programa eleitoral – a renegociação da dívida pública – já que dizia ele, 60% da nossa dívida pública são aplicações de pequenas poupanças das famílias portuguesas.

O Secretário-Geral do PCP surpreendido com a afirmação, repetida mais do que uma vez, respondeu, vamos ver, vamos ver e avançou na discussão explicando que a dívida pública atingiu um nível insuportável e que é do interesse dos próprios credores proceder a essa renegociação para que o país possa crescer e a partir daí libertar recursos para pagamento da dívida pública.

Ora o jornalista António Costa com aquela sua afirmação deu mostras de uma ignorância na matéria que não é aceitável e que é bem demonstrativa da forma ligeira e mentirosa como ele faz comentário económico.

Basta-lhe a consulta do capítulo K do Boletim Estatístico do Banco de Portugal do presente mês de Agosto, para verificar a dimensão do disparate que disse.

A dívida pública detida por particulares no passado mês de Junho (última informação disponível), dívida constituída por certificados de aforro e do tesouro na posse das famílias, empresários em nome individual e instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias representava 7,1% do total da dívida da Administração Pública consolidada, montante que está a anos luz dos 60% de que fala este jornalista.

Mas os dados do Banco de Portugal dizem-nos mais, dizem-nos por exemplo que a divida pública na posse de nacionais representa 32,4% do total e que a dívida pública na posse do estrangeiro representa 67,6% do total. Ou seja exactamente o contrário daquilo que insinuou o senhor jornalista.


Se fossemos ingénuos diríamos, santa ignorância, mas como não somos dizemos, quando faltam os argumentos avança a mentira. E como as eleições se aproximam a todo o gás cada vez mais vamos ser confrontados com estratégias deste tipo. 

27 de agosto de 2015

A Europa e os emigrantes

Quem semeia ventos colhe tempestades. É bem sabido. O que também é sabido é a retórica dos comentadores avençados. Choram lágrimas de crocodilo pelas “vítimas dos direitos humanos”, quando apoiaram sem hesitação as guerras, as conspirações, o financiamento de intervenções militares, o fabrico de oposições controladas por provocadores.
Onde estão os que aclamavam a “nova ordem” que os EUA iam levar para o Médio Oriente e espalharia a democracia. Como se não soubéssemos que para eles “democracia” é o poder do grande capital transnacional, em suma, do dólar.
Agora dizem que a “Europa” tem de “salvaguardar os seus valores”. Mas quais valores?! Os da austeridade, os da chantagem do euro e dos tratados europeus, que reduzem os povos à miséria. Os valores da estagnação e recessão económica, do desemprego (1), da pobreza, da apropriação dos bens públicos a favor do capital monopolista?
Tudo isto é mascarado atribuindo o que ocorre à “primavera árabe”: “a primavera árabe resultou num acréscimo de violência em países como a Líbia e a Síria” (RTP-2, Sr. Manuel Carvalho, 23/08). Bela Primavera que a Nato montou na Líbia com 60 mil mortos, a maioria civis, e destruiu um país.
Em nome dos "direitos humanos" do grande capital, contra o governo progressista no Afeganistão, foram criados núcleos de terroristas, extremismo islâmico patrocinado pelos EUA e pelo seu aliado saudita que invadiu o país a partir do Paquistão, os “combatentes da liberdade” de Reagan e Bush – mas também dos PS…
A Europa está a pagar a sua submissão aos interesses dos EUA. Onde estão os “valores europeus” perante os milhões de mortos nestas guerras do Iraque à Síria, não esquecendo a Jugoslávia, a Somália, o Iémen, e o mártir povo palestiniano? Mais de quatro milhões de mortos é a estimativa destas guerras. (2) É o que Blair e Madeline Albright diziam “ter valido a pena”.
O capitalismo da UE ficou a nu: aí estão os egoísmos, os ódios racistas, os dogmas ideológicos a que todos têm de se submeter, a ditadura do euro.
Para dominar os povos é fomentada não apenas a conspiração e a intervenção armada de terroristas, mas também vagas de refugiados sob o controlo de máfias, em estados completamente desestruturados, graças às “democracias" que os EUA e a UE instauram.
Mas que aponta o comentador acima mencionado como solução: “a estabilização desses países implica o recurso ao poder militar”. Faltava juntar aos “valores europeus” a tradição das guerras imperialistas. É bom não esquecer o passado…
 
1 - Segundo a Eurostat em 2014, a taxa de emprego UE (força de trabalho até aos 64 anos) 64, era de 64,9%. Na zona euro 63,9%. Em Portugal 62,6%. Números que desmascaram as falsificadas contas do desemprego.

13 de agosto de 2015

A propósito de um editorial no Jornal de NEGÓGIOS de 13 de Agosto de 2015

Escreve Nuno Carregueiro 
«O perigo da queda dos BRIC»
«Se a pujança dos BRIC serviu no passado para atenuar o efeito do crescimento decepcionante nas principais potências mundiais, como os EUA e a Alemanha, a sua queda pode ter consequências imprevisíveis na economia global.»

É verdade, aquilo pode ter «consequências imprevisíveis na economia global.» Ou talvez não sejam tão imprevisíveis assim...
A ver se eu consigo explicar isto em «meia-dúzia» de parágrafos...
1. A economia global - o planeta como um todo - entrou em estagnação mais ou menos há uns 40 anos.
2. Durante uns primeiros anos houve baldúrdia e confusão mas depois inventaram o consumo generalizado a crédito (nos países do «centro») e a «coisa» disfarçou...
Ou seja, «empurraram o problema com a barriga»... Ou varreram o «lixo» para debaixo do tapete.
3. Entretanto os países da «periferia» de maior dimensão - muito em particular a China - com tradição («institucionalizada»...) de «dirigismo estatal», os que vieram a ser chamados de BRICS, começaram a crescer e, durante uns anos, reanimaram a dita cuja «economia global».
4. A «economia global» é um sistema fechado (não exporta nada para Marte nem importa nada de Vénus...). Ou seja, está tudo interligado. O que se exporta para um lado tem que ser importado por outro lado qualquer. E todos os países querem uma impossibilidade matemática (terem todos excedentes na respectiva balança de transacções).
5. Com o rebentar da crise da bolha financeira dos «subprime» - exemplo máximo do consumo a crédito - e sua propagação ao resto do planeta, tornou-se mais visível a estagnação relativa (há uns tantos que continuam a «engordar» dando a ilusão de que o sistema não está estagnado) da economia global.
6. A economia de comando estatal chinesa, também já foi - de há uns anos a esta parte - «infectada» pela lógica intrínseca do sistema capitalista.
E, como tal, mais tarde ou mais cedo teria que entrar em estagnação «local».
A menos que o Estado chinês - por via do Partido Comunista Chinês - tome decisões adequadas (orientadas para o mercado interno) e que sejam contrárias àquela lógica intrínseca do sistema capitalista, estamos todos bem encaminhados para o desastre global.
7. Tudo isto - toda esta «lógica intrínseca» - está dependente (de modo crucial e incontornável) de uma coisa chamada «lei da queda tendencial da taxa de lucro».
Algo que ando a procurar explicar (a quem me quer ouvir, claro...) desde há uns 35 anos anos a esta parte.
Entretanto, e como diria Keynes, «prefiro estar vagamente certo do que exactamente errado»...

10 de agosto de 2015

O “projeto europeu” e os números

Estagnação, recessão, endividamento, desemprego, pobreza

 
PIB (1)
variação em % em 7 anos  2008-2014
Dívida pública
variação %
2008-2014
Dívida pública
2014 em % do PIB
Variação emprego (milhares)
2008-2014
 
Pobreza
2013
UE 28
+0,2
+ 55,8
88,6
- 4 412,7
24,5
Zona Euro
- 1,4
+ 44,4
94,3
- 4 591,3
23,1
Alemanha
 +3,9
+ 30,2
74,7
+1 793
20,3
França
+ 2,0
+ 15
95,1
+11
18,1
Itália
- 8,0
+ 27,8
132,1
- 1 043,8
25,8
Espanha
- 6,0
+ 135,1
97,7
- 3 906,1
27,3
Irlanda
+ 0,4
+ 155,4
109,6
- 214,9
29,5
Grécia
- 25,5
+ 19,8
177,1
- 950,3
35,7
Portugal
- 7,5
+ 75,7
130,2
- 581,8
25,8
Segundo dados AMECO. Pobreza, dados Eurostat.
1 - PIB a preços constantes, base 2010
 
Entre 2008 e 2014 os juros da dívida pública tiveram um crescimento de 54,4%, atingindo um total de 48 759 milhões de euros, quase 30% do PIB (em termos reais) em 2014.
O endividamento constitui o aspeto central da política da UE. O montante da dívida externa e do serviço de dívida constituiem um índice do grau de exploração suportado pelos povos estabelecendo-se uma hierarquia na qual os países com dívidas insustentáveis perdem direitos de soberania e democráticos em benefício dos credores por via de processos imperialistas.
O impacto do endividamento leva à recessão e ao aumento das distorções e desequilíbrios existentes. Assim na UE e muito particularmente na zona euro as economias nacionais tomaram comportamentos divergentes.
A UE é um falhanço, como os números mostram, independentemente de algumas variações cíclicas que não atenuam o andamento geral.  Uma  recuperação consistente não é possível com os níveis atuais de endividamento e serviço de dívida que não permitem o investimento necessário nem os défices da BC que se produziriam com os critérios da UE (sem possibilidade de políticas públicas e de defesa da produção nacional).
Por muito que a propaganda  "europeísta" proclame não há saída para a crise sem a resolução dos constrangimentos e bloqueios fundamentais em que o país está envolvido: a questão do euro e dos tratados da UE.

3 de agosto de 2015

O EURO e a dita ESQUERDA

UMA OPINIÃo

PAR  · 1 AOÛT 2015
Interview pour le De Groene Amsterdammer (Journal d’Amsterdam)
Texte intégral d’un entretien accordé à un magazine d’Amsterdam, qui sera publié (traduit en néerlandais) au début du mois de septembre. Je publie ici la version « longue » de cet entretient.
  • Dans une pièce publiée sur le site du Monde Diplomatique, l’économiste français Frédéric Lordon appelle à une stratégie de “liquidation et reconstruction” pour la gauche européenne par rapport à  la question de l`euro.
Sur le processus que la gauche européenne devra subir je suis entièrement d’accord avec Fréderic Lordon. La gauche européenne ne sortira pas intacte de la crise grecque. Il est clair que nous en passerons par un triple processus. Ce processus comprendra une par de liquidation, car une fraction de la « gauche » va abandonner ses principes et ses objectifs et se transformer, si ce n’est déjà fait (comme en France), en une droite modérée. Il y aura, aussi, un processus de reconstruction avec l’émergence de nouvelles forces de gauche, qui ne seront pas nécessairement issues de l’aire politique dite « de gauche » et qui pourraient provenir de l’espace aujourd’hui occupé par le populisme. Enfin, nous connaîtront un processus d’évolution qui concernera la « Gauche Radicale », et qui est déjà en train de se produire en France avec la Parti de Gauche, qui a radicalisé sa position sur l’Euro[1], mais aussi en Allemagne avec des prises de position au sein de Die Linke[2], voir en Italie et en Espagne. Cette recomposition de la gauche sera aussi importante que celle que nous avons connue, en France, entre 1939 et 1945, quand des courants «chrétiens» ont commencé à basculer vers la gauche, ou que celle qui eut lieu sous le gaullisme historique (1958-1969) avec la fin de la SFIO et la naissance du Parti Socialiste actuel. Cette recomposition, néanmoins, sera un processus relativement long. Il ne faut pas s’attendre à ce que se développent de nouveaux partis ou des associations de partis en quelques mois.

  • Êtes-vous d’accord avec ce processus de “contention” proposé par Lordon, ou croyez-vous qu’un Lexit radicale ne soit pas préférable?
L’analyse de Fréderic Lordon, qui oppose une « contention » de l’Euro à une sortie « de gauche » (ou « Lexit »), ne correspond pas à la réalité. Ou, plus précisément, elle ne pose pas la question qui sera réellement celle de la période. En fait, le choix sera entre soit un processus désordonné, chaotique, de sortie de l’Euro soit un processus plus ordonné, qui aboutirait à une dissolution de la zone Euro. C’est cela la question qui sera réellement importante.
Après, il est évident que, quelque soit la solution qui prévaudra, il faudra une large unité, alliant tant des courants de la gauche reconstruite que des courants de droite et des courants populistes pour que cette sortie de l’Euro puisse être menée à bien, mais aussi pour que des mesures importantes, permettant en particulier à la France de tirer les plus de bénéfices en matière d’emploi et de croissance, soient possibles. Il faut savoir que les européistes de « gauche » et de droite opposeront une résistance farouche, et joueront – très probablement – la politique du pire. On ne peut exclure, de la part de personne comme François Hollande ou comme Alain Juppé, une politique « de la terre brûlée » afin de laisser croire que la sortie de l’Euro ne pouvait engendrer qu’un désastre. Il importera de réaliser l’unité la plus large possible afin de les désarmer.
C’est pour cela que je pense que toute sortie de l’Euro, qu’elle soit chaotique ou qu’elle soit ordonnée, impliquera des mesures qui en feront une mesure de gauche. Nous nous trouvons devant une situation qui, comme lors de la Résistance et de la Libération, impliquera que les français s’unissent, mais autour d’un programme clair. L’unité nationale pour l’unité nationale n’a pas de sens. Il faudra donc lui donner un contenu. Et ce programme ne pourra être, quelque soit le gouvernement qui le mettra en œuvre, qu’un programme de gauche. Car, il faut savoir que si une sortie de l’Euro est incontestablement une condition nécessaire à la mise en œuvre d’un programme ramenant le plein emploi et la croissance, elle ne sera pas une condition suffisante. Si nous nous donnons pour objectif une sortie ou un démantèlement de l’Euro qui permette aux pays d’Europe du Sud de retrouver une forte croissance et le plein-emploi, cela impliquera, quelle que soit les forces qui le porteront, un programme économique que l’on pourrait considérer comme « de gauche ».

2 de agosto de 2015

Para a António Vitorino “a Alemanha” é …bué d’estúpida

Sim, o sr. AV considera que “temos de ajudar a Alemanha a ultrapassar o seu momento unipolar. A Alemanha tem razão, falta-lhe aprender a ter razão”, contudo (quem havia de dizer…) “cheguei à conclusão que o processo de aprendizagem é mais lento do que eu esperava.”. É como quem diz: os rapazes têm qualidades, mas são tão burros…
O sr. AV, como a Constança, não há festa nem festança a que não seja chamado. Aqui é a festança neoliberal, que tem como nas touradas os “inteligentes”. Sabem tudo e a sua missão principal é ensinar aos portugueses a serem pobres e aceitarem tudo o que venha da UE. São soluções para a “convergência” (?!) para “relançar o investimento”, para “reformas” (?!) para a “qualidade das instituições europeias”. Parecem alquimistas à procura da pedra filosofal.
Como? Não dizem, o que é curioso é que nisto não há povo nem interesses nacionais. É a nova “cidade de Deus”, perfeita desde que o povo não se meta e com exclusão dos hereges que não alinham no neoliberalismo.
O que é preciso? “Mais integração” – federalismo – com “legitimidade democrática”. Uma legitimidade que morre na praia “europeísta”. Repare-se: “o governo grego prestou um mau serviço à causa europeia (?) ao tentar criar a ideia que poderia usar a democracia nacional contra a UE"! E esta hein!Legitimidade só a garantida por partidos que defendem o mesmo e povos sujeitos às chantagens de Bruxelas e ao totalitarismo de Berlim. E vota-se tantas vezes quantas as necessárias para ficar tudo como a oligarquia tiver decidido.
O sr. AV não tem dúvidas que “Schauble é um europeísta convicto”. Pelo que se tem visto: tão europeísta como Goering. Mas é injustiça criticar-se a Alemanha. “Somos por vezes demasiado precipitados nas críticas que fazemos”.
“Estamos de acordo em novas partilhas de soberania na zona euro, mas também de riscos”. Pois, pois, o sr. Schauble, o sr. Trichet e outros já disseram que riscos eram: quem não cumprir o pacto orçamental – e não é possível cumprir – torna-se colónia governada por Berlim e Bruxelas.
Quanto aos “problemas reais” o sr. AV faz uma descoberta: são “os desequilíbrios competitivos”. Compreendemos que não faça a mínima ideia do que concretamente está a dizer. A quem já deve ter perdido a conta a quantos lugares teve em administrações não sobra tempo para estas coisas. O “equilíbrio competitivo”, dogma neoliberal, é talvez a ideia mais estúpida e perversa alguma vez formulada em economia. Como disse Keynes (para não ir mais longe) não tem qualquer validade real, “a sua doutrina é enganadora e desastrosa em termos de aplica-la aos factos da experiência”. Há ainda o “desfio das desigualdades”, mas “não é fácil” vencer. Ou seja, é como quem diz aos “pobrezinhos” tenham paciência ou mais ao seu estilo: “habituem-se”, até a Alemanha aprender e entretanto “preste-se homenagem a essa chanceler.”
Quanto à Grécia, a culpa é sua. Os negociadores “tinham um elefante na sala chamado Grécia”. Bem este “elefante” é 1,9% da zona euro, 1,4% da UE.! Porém, no horizonte veem ameaças ao euro e ao “projeto europeu” (o deles!). Diz a sra. Teresa de Sousa: ”A Europa acabava” (!!) (será que as placas tectónicas se moviam?) e para a AV : “uma catástrofe a nível global”. E ainda há que se preocupe com as alterações climáticas… Consta que Reagan disse de Mário Sores “destes socialistas eu gosto”. O mesmo poderão Schauble e Merkel dizerem do sr. AV e comparsas.
1 - Jornal Público de 26/772015. Entrevista de Teresa de Sousa a António Vitorino.