Linha de separação


23 de fevereiro de 2011

Vale a pena lembrar, agora que tanto se questiona o euro!

Num momento em que cada vez mais economistas e outros opinadores, questionam a nossa adesão ao euro, responsabilizando-a pela longo período de estagnação e recessão que vivemos desde o início deste novo século, vale a pena lembrar aqueles que desde o início se bateram contra ela, numa altura em que muitos daqueles que hoje falam de cátedra sobre este assunto, com o seu silêncio aceitaram de bom grado essa decisão, aprovada com os votos do PS e da direita (PSD/CDS).  

Esta revista que aqui publicamos, foi editada no 1º semestre de 1997, pelos deputados eleitos pelo PCP no Parlamento Europeu, Joaquim Miranda e Sérgio Ribeiro e fez parte de uma campanha do PCP em defesa de um referendo sobre a adesão à moeda única.

Nessa altura poucos foram os economistas portugueses, que para além do Prof. João Ferreira do Amaral, juntaram a sua voz ao Joaquim Miranda, ao Sérgio Ribeiro, ao Carlos Carvalhas, ao Octávio Teixeira, à Ilda Figueiredo, ao Lino de Carvalho, para chamar à atenção para as repercussões negativas que essa adesão teria sobre a economia portuguesa.

Aconselho vivamente os leitores deste blogue a lerem as 15 perguntas e as consequentes respostas que na altura foram feitas na campanha de esclarecimento contra a adesão ao euro e pela realização de um referendo.

Passados 14 anos, ao olharmos para a nossa situação económica e social, facilmente se percebe quem mentia e quem falava verdade. 

Não foi por acaso que o então ministro das Finanças António Sousa Franco, à falta de argumentos afirmou, nessa altura, perante as críticas fundamentadas contra esta adesão que "...a decisão de encaminhar a Europa para a moeda única é uma decisão política... que não pode ser substituída por uma decisão técnica, tecnocrática ou académica". 

Este documento ganha hoje, talvez mais do que nunca, uma nova actualidade.


 
Nº 26/27 - Jan./Jun 1997

Nota do Director
Editorial
Seriedade Política e Propaganda
O Caminho para a Moeda Única

Perguntas com resposta

Nota: Alguns dos textos de Perguntas e Respostas correspondem a traduções e adaptações livres de artigos produzidos pelo jornal «Humanité» e pela revista «Economie et Politique».

O PCP Contra a Moeda Única
Os «amigos» do Euro

O que significa a existência de taxas de câmbio? Ou, porque é que as moedas têm valores relativos) diferentes? Como é que um marco se troca por cerca de 100$00 e um franco por cerca de 30$00?
O que vai significar o estabelecimento da moeda única face às diferenças de produtividades existentes entre Portugal e os outros países aderentes à moeda única?
A moeda única vai promover o crescimento económico e o emprego em Portugal?
Mas a moeda única não vai permitir baixar as taxas de juro em Portugal e assim facilitar o investimento criador de empresas e empregos?
A moeda única vai permitir que os portugueses tenham salários e pensões iguais aos dos outros países Europeus?
As empresas e os consumidores vão beneficiar com a moeda única?
A moeda única vai limitar/acabar com a especulação monetária e financeira? Vai permitir uma moeda estável, o EURO?
Portugal não tem alternativa à moeda única?
Porque defendem a moeda única os governos de direita e da social democracia, a maioria do grande capital Europeu, do capital transnacional?
Qual foi o resultado de outras «uniões monetárias»?
O que são os critérios de convergência do Tratado de Maastricht? E o que é o Pacto de Estabilidade?
É possível conciliar os critérios de convergência (de Maastricht) para a moeda única e o Pacto de Estabilidade com a prioridade ao emprego e a coesão económica e social?
As instituições e os órgãos da União Europeia (Comissão, Conselho de Ministros, Parlamento, Comité das Regiões, Sistema Bancário Europeu, e Banco Central Europeu) vão permitir corrigir os efeitos negativos da moeda única?
A moeda única vai permitir à Europa opor-se à hegemonia do dólar?
A mundialização não impõe progressivos abandonos de soberania? O Euro não é uma vantagem nesse processo?

Sem comentários: