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26 de janeiro de 2015

Draghi, um dia nas corridas – ao euro

Draghi recebe uma chamada do (seu) patrão da hiperfraudulenta Goldman Sachs.
- Então, já estás a fazer o que mandámos?
- A Alemanha não deixa.
- Quero lá saber dos alemães. Perderam a guerra e se não fossemos nós eram todos comunistas.
- Mas há as regras do BCE…
- Pusemos-te aí para garantir o nosso dinheiro e essa coisa a que chamam UE está cada vez pior.
- Vou ver o que posso fazer.
- Qual quê? Andas há dois anos a dizer o mesmo e não fazes nada. Resolve como quiseres, senão ainda a “esquerda radical” toma conta disso com a mania do "modelo social europeu" e depois que fazemos? Mandamos os marines ou apoiamos os neonazis como na Ucrânia?!
E foi assim. Draghi, anuncia então o chamado “quantitative easing” (QE) de 60 mil milhões de euros por mês, num total de 1,1 milhões de milhões até setembro de 2016.
Trata-se de imprimir euros para salvar o lixo especulativo que ao fim de 7 anos não desaparece, pelo contrário é como os cogumelos no outono, cresce por “geração espontânea” pela especulação.
Mas é mais dívida, 20% são à conta do BCE, 80% à conta dos Estados ao prorata da sua quota no BCE. Isto depois de um conjunto de medidas falhadas, sempre apresentadas como salvadoras, desde taxas de juro próximas de zero para a banca privada, à compra de ativos tóxicos e á transformação de dívida privada em dívida pública.
Agora o BCE põe a funcionar a impressora de notas como último recurso e a propaganda desatou a elogiar o comportamento da economia dos EUA, - de que isto é uma cópia imperfeita - quando 93% da ténue recuperação económica beneficiou os 10% mais ricos, os mais pobres continuaram a ficar mais pobres e o desemprego voltou a aumentar.
Trata-se de encher de liquidez a finança e os monopólios da concorrência "livre e não falseada" da UE, os tais que com o petróleo a menos de metade, os combustíveis na bomba descem apenas alguns cêntimos.
Quanto á queda do euro para as exportações os efeitos serão praticamente nulos, já que o comércio se faz 70% na UE e mesmo fora do euro as outras moedas alinham. Por outro lado no comércio para fora da UE temos a concorrência das desvalorizações dos outros países europeus.
A implosão da união monetária está – continua – na ordem do dia, independentemente do Siriza, que é apenas o síndroma.
O que Draghi, vai fazer é subsidiar a especulação deixando cair as taxas de juro a zero injetando dinheiro no mercado financeiro. O que Draghi não diz é que QE nunca conseguiu atingir a meta de inflação de 2% pretendida, nem nos EUA, nem no Reino Unido, nem  no Japão e quando terminar o QE as cotações voltarão aos valores baixos iniciais, tal como ocorreu nos EUA com o QE3.  (Mike Whitney)
Nada está previsto para aumentar a procura,os erros da “economia do lado da oferta” permanecem, agravam-se. O sistema bancário da UE está seriamente descapitalizado. A sua reestruturação só é possível anulando as dívidas existentes e a partir daqui aumentar a procura com base no aumento dos salários e dos impostos ao grande capital para acabar com a especulação .

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