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21 de setembro de 2015

Lembrar Ana Belén Montés e a «justiça» nos EUA

Ana Belén Montés, entrou em 1985 com 28 anos de idade para a Agência de Informações para a Defesa, pertencente ao Pentágono (DIA), vindo a tornar-se analista de primeira categoria. Esteve em Cuba na representação diplomática para « estudar » os militares cubanos. Mais tarde para “observar a visita do Papa João Paulo II.”
Era membro do muito secreto “grupo de trabalho interagências sobre Cuba” da qual faz parte por exemplo a CIA, tendo acesso a praticamente toda a informação que os EUA colhem sobre Cuba.
Em 2001 foi presa por espionagem e condenada a 25 anos de prisão, por passar – aliás sem contrapartida financeira – informações que permitiam conhecer os planos de agressão dos EUA contra Cuba.
Na sua defesa Ana Belén Montés declarou ter-se guiado pelo princípio das relações harmoniosas entre os diferentes países. Princípio que implica tolerância e compreensão “Implica que tratemos as outras nações como se gostaria de ser tratado: com respeito e consideração. Este, um princípio que nunca foi aplicado a Cuba.”
“Obedeci á minha consciência mais que à lei. Acredito que a política do nosso governo em relação a Cuba é cruel e injusta, profundamente agressiva e senti-me na obrigação moral de ajudar a ilha a defender-se contra os nossos esforços de lhe impormos os nossos valores e o nosso sistema político”.
Ana Belén disse ter sido motivada por acreditar no direito de Cuba existir livre de toda a pressão política ou económica tendo-lhe passado informações para se defender.
“Meu maior desejo é ver relações de amizade estabelecidas entre os Estados Unidos e Cuba. Espero que o meu caso seja uma forma de encorajar o nosso governo a abandonar sua política hostil em relação a Cuba e a colaborar com Havana, num espírito de tolerância, respeito mútuo, compreensão... »
Ana Belén, a prisioneira 25037-016 da prisão de Carswell, um anexo do FBI na base aeronaval da Marinha de Estados Unidos, está internada na seção de psiquiatria, com consequências graves sobre o seu estado de saúde mental.
Apenas recuperará a liberdade em 2027. Está há 13 anos sujeita a um regime de isolamento extremo: não tem visitas de amigos, só os de seu pai e seus irmãos. Não tem acesso a meios de informação, jornais, revistas, livros ou telefone. Não pode ver televisão, não pode receber encomendas, não pode ter qualquer contacto com outros presos. As autoridades prisionais não dão nenhuma informação sobre sua saúde ou tratamento médico que receba.
O sistema a que está submetida viola os direitos humanos e é muito mais grave do que o aplicado a criminosos considerados perigosos. Foi feito um teste enviando-lhe uma carta que foi devolvida. O departamento federal de prisões afirmou que ela não poderia ter contatos sequer com seus parentes mais próximos,
Temos que ajudar esta mulher corajosa. Temos de dar a conhecer a sua história e desenvolver campanhas na prisão onde ela resiste à sua sentença, para pelo menos poder ter um tratamento mais humano.

 

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