Linha de separação


31 de maio de 2016

O 1% tem mais que os restantes 99%.

O relatório da OXFAM relativo a 2015, confirma que os mais ricos estão cada vez mais ricos. As desigualdades aumentaram de tal forma que 62 bilionários detêm tanto como metade da população do planeta: 3,6 mil milhões de pessoas. Desde 2010 a riqueza daqueles 62 aumentou 500 mil milhões de dólares, passando para um total de 1,76 milhões de milhões. Enquanto isto ocorre metade da população do planeta vive na pobreza como menos de 2 dólares por dia e 22.000 crianças morrem todos os dias por causas imputáveis à pobreza. (UNICEF).
Note-se ainda que em 2010, 388 bilionários possuíam metade da riqueza mundial. Em 2013 já eram só 85. Agora são 62, cujo “valor” em termos capitalistas é equivalente – na realidade superior - ao de 3 600 000 seres humanos.
Na origem do agravamento desta situação está a perda do controlo público sobre a economia e a finança, a incapacidade do Estado adotar uma estratégia decididamente antimonopolista.
Entretanto as camadas trabalhadoras são espoliadas, o grande capital goza de liberdade sem limites, legal ou ilegalmente deixa de pagar impostos e escondem as suas fortunas em paraísos fiscais, os Estados endividam-se.
Em 2008, a dívida mundial era de cerca de 30 milhões de milhões de dólares. Atualmente está em cerca de 60 milhões de milhões. Mais de 32% pertence aos EUA. Portugal representa neste total 0,40%.
O sistema não é sustentável e tem como solução impor ainda mais austeridade aos mais pobres. Sete em cada 10 pessoas vivem em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30 anos. Nos EUA  o 1% dos mais ricos confiscou 95% do crescimento económico após a crise de 2008, enquanto 90% da população empobreceu.
Que o aumento das desigualdades não é compatível com a democracia, parece ser  indiscutível. Errado. Quando trabalhadores espoliados pela chantagem da austeridade reivindicam os seus direitos, nível de vida, contratação coletiva, tais ações “são sistemas inaceitáveis numa economia moderna e desenvolvida” (Lobo Xavier em a Quadratura do Círculo) E podia-se acrescentar: moderna e desenvolvida graças ao investimento das transnacionais…como no Bangladesh.
Para que este idílico cenário se concretize, como pretendia o governo PSD-CDS, o comentador CDS acrescenta que o atual governo está sujeito a pressões de “clientelas inaceitáveis”. Não, não se trata do capital monopolista e financeiro, nem de ser parasitado pelas sociedades de advogados e PPP, mas pelo movimento sindical contra a austeridade e na defesa das funções públicas. Eis o que significa para a direita uma “sociedade moderna e desenvolvida”: que os que têm tudo, tenham ainda mais…

Sem comentários: