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10 de outubro de 2021

A Paz e a Informação - 1

O Prémio Nobel da Paz de 2021 foi entregue a dois jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, considerados “representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", afirmou Berit Reiss-Anderson, presidente do comité do Prêmio Nobel da Paz.

Maria Ressa, ajudou a fundar um site de jornalismo independente nas Filipinas. Dmitry Muratov, faz parte "Novaya Gazeta" “um jornal em que desde 1993, quando foi fundado, até hoje, seis pessoas da redação da foram mortas”, afirmou Reiss-Anderson.

Como curiosidade podemos apontar algumas coincidências. As Filipinas não são hoje um aliado confiável de Washington no confronto contra a China, muito pelo contrário. Quanto à Rússia é simplesmente um “regime” dirigido por um “criminoso” como disse o sr. Biden.

Claro que não ocorre àquelas fervorosas mentes democráticas ao serviço do império, recordar Julian Assange a ser assassinado lentamente numa prisão inglesa – como ocorreu com militantes comunistas na PIDE para morrerem “libertados” – ou a outros perseguidos como Chelsea Maning, Edward Swowdown, ou aos jornalistas, sindicalistas, democratas em geral, assassinados por exemplo na Colômbia.

Os media escamoteiam estes acontecimentos, a Amnistia Internacional, a Human Riggts Watch ou a UE nunca classificaram a Colômbia de ditadura - mas Cuba sim - tal como Israel, que despreza resoluções da ONU, ocupa, destrói e mata o povo palestiniano perto do que pode ser considerado genocídio. Temas que a “imprensa livre” capitalista se recusa a tratar.

Não admira, seis agências de notícias (4 EUA, 1 França, 1 Reino Unido) controlam o que se lê, ouve e vê no "mundo livre". A CIA controla os principais media dos EUA desde 1950. Os media não fornecem notícias, fornecem explicações de acordo com a oligarquia, garantindo que notícias reais não interferem nos seus objetivos. O livro “Jornalistas Comprados” (Gekaufte Journalisten) do jornalista alemão Udo Ulfkotte mostra que a CIA também controla a imprensa europeia. (http://www.informationclearinghouse.info/55571.htm)

Os media tornaram-se o principal organizador, ou melhor, desorganizador do proletariado e da sua consciência de classe. Já que, para o sistema se manter são necessários cidadãos passivos, sem memória política, isto é, sem perspetiva do passado, que não compreendam o presente e não antecipem a realidade futura, como se tivessem perdido a cidadania, como a abstenção eleitoral comprova, simplesmente "público" de uma propagandeada sociedade de consumo – apenas para alguns.

Qualquer mentira, falsa notícia, acusação absurda, desde que tenha origem nas centrais de informação do império ou entidades ao seu serviço – como certas ONG – passa por verdade absoluta, sem provas, sem investigação, sem contraditório, é promovida a caso mediático. A deontologia jornalística é posta em "quarentena" nestes casos. Quanto maior a mentira mais gente acredita nela, dizia Goebbels. A calúnia transforma-se, quando muito, em "polémica", conferindo-lhe credibilidade. É uma espécie de terrorismo informativo que este Prémio Nobel ajuda a tornar credível.

Os media assumiram o papel de difusores da alienação. Subprodutos do jornalismo são disponíbilizados gratuitamente em locais públicos como cafés nos mais recônditos lugares (com a pandemia situação suspensa) servindo de suporte à ideologia da direita e extrema-direita. Nas redes sociais proliferam pró-fascistas expressando o ódio, deturpando, mentindo sem escrúpulos, atacando a democracia e os democratas.

O controlo da opinião pública é assim garantido pelos principais media, veiculando falsas notícias e calúnias com que o império procura diabolizar os que não se lhe submetem como se fosse verdade absoluta e comprovada, abdicando de confirmar factos ou veicular o contraditório, tornando-se assim agentes da conspiração e da subversão.

São estes os “valores” arrogantemente proclamados, mas que que morrem nos muros para deter mexicanos, em resultado do “comércio livre” NAFTA ou nas tragédias dos que fogem do Médio Oriente ou África em resultado das agressões e das misérias provocadas pelo chamado Ocidente.

No Ocidente, o jornalismo praticamente morreu. Milhares de escribas são destacados pelos grandes media, em busca dos “segredos mais sombrios” dentro da China, Rússia e outros países não ocidentais. As histórias positivas só podem ser destacadas se ocorrerem no Ocidente ou nas neocolónias do Império Ocidental. Tudo isso porque o regime luta desesperadamente pela sua sobrevivência. Porque não pode mais inspirar ninguém. Não pode oferecer otimismo ou motivar com ideais entusiásticos. Manchar os seus oponentes é o melhor que pode fazer". (https://resistir.info/crise/histeria_jun20.html Andre Vitchek)


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