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8 de fevereiro de 2012

O INCUMPRIMENTO

Os noticiários sempre referem “o incumprimento grego”. Deviam saber que não houve qualquer incumprimento por parte da Grécia. Governos que não passaram e não passam de títeres da verdadeira guerra de extermínio social a que o país foi submetido puseram em prática todas as drásticas, injustas e inadmissíveis condições impostas.
Resultado: a situação agravou-se e agora (pela 3ª vez) impõem-se novos sacrifícios que estão a levar o pais à destruição.
Pelo caminho ignora-se a corrupção a nível internacional de que beneficiaram em primeiro lugar firmas alemãs e francesas. São os casos dos Jogos Olímpicos e outros contratos públicos; são as desproporcionadas compras de material militar (como vários submarinos…) para a Grécia se defender da Turquia (!) que também é um país da NATO (!!); foram as manigâncias da especulação financeira especuladora, em que alguns responsáveis ocupam hoje elevados cargos designadamente no BCE; foi a fuga de capitais e rendimentos do país permitida e incentivada pelas políticas postas em prática na UE.
O que se passa com os memorandos da “troika” é como se comprássemos um equipamento, seguíssemos as instruções e no final o aparelho além de não funcionar como estipulado provocou elevados danos no local de instalação. Ora bem, garantia e responsabilidade do fornecedor? No caso da “troika” isso não existe. O fornecedor obriga-nos a comprar outro equipamento idêntico, sem garantia e com preço mais elevado. Chamam a isto: “os mercados”. E há quem acredite…
O sr. primeiro-ministro diz que não nos assemelhamos à Grécia e queremos assemelhar-nos à Irlanda. É espantosa a velocidade com que este primeiro-ministro diz disparates. Dá a ideia de um mau actor repetindo um guião escrito por outros, com um mau enredo que não domina nem dá mostras de entender. De facto assim parece ser, pois o sr. Filipe La Féria já uma vez revelou que lhe fizera uma audição para o lugar de actor, mas que não fora aceite.
“Queremos cumprir os nossos compromissos com a troika” – repete o primeiro.ministro. Mas entretanto apesar de toda a submissão e dita austeridade a divida do Estado sobe para 120% do PIB, quando em 2009 – antes dos PEC e da chamada “ajuda” da “troika” – não atingia os 100%!
Dizem os “inefáveis” comentadores do que “irá baixar com as privatizações”. No mínimo é pouco sério se olharem para o passado veriam que quanto mais o Estado privatizou mais o país se endividou
Mas diz o sr. primeiro-ministro que quer assemelhar-se à Irlanda. Má escolha
Vejamos: Desemprego oficial: 14,4%; desemprego jovem atinge 50%. Isto apesar do elevado nível de emigração. O défice público em 2011 foi de 9,2% do PIB. O PIB e o investimento estão em retracção desde 2008. A dívida pública cresceu entre 2009 e 2011 66,7%, prevendo-se que continue a crescer em 2012. O PIB reduziu-se 1,5% em 2011 a preços constantes. (fonte AMECO – base da dados da Comissão Europeia – nov.2011). Com tudo isto, um novo pacote de medidas de austeridade foi negociado com a “troika” no último trimestre de 2011.
Os  exemplos da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, países do leste europeu, para não falar da França ou da Bélgica, bastariam para provar que o que prejudica a generalidade do povo, prejudica por completo um país.
Qual a solução que a UE quer impor aos países estrangulados pela dívida? Aplicação de penalizações e sujeitos na prática (querem colocar em tratado) à administração por uma espécie de “gauleiters” (isto é: governadores de província) indiferentes aos interesses e ao sofrimento dos povos.
Na pior tradição germânica, o sr. ministro das finanças alemão diz que: “seria fatal suprimir por completo os efeitos disciplinadores das taxas de juro que aumentam” (Le Monde Diplomatic – jan.2012 – Serge Halimi). Palavras que nada destoariam na boca de qualquer dirigente nazi.
Eis ao que estamos condenados se a resistência dos povos não se mobilizar.

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