SERGEI LAVROV: “Somos pessoas honestas. Assinámos contratos de longo prazo com a Europa. Honramos sempre os nossos compromissos, ao contrário da Europa ou dos Estados Unidos.
Durante décadas, na época soviética, a partir da década de 1970, trabalhámos para desenvolver uma cooperação mutuamente benéfica no domínio do fornecimento de gás. Era em boa parte graças ao gás russo acessível que os sectores energéticos europeus, e especialmente os alemães, e as suas economias como um todo estavam a ter um bom desempenho .
O chanceler Olaf Scholz disse numa entrevista que foi a Rússia quem cortou as exportações de gás para a Europa. Por que um adulto deverá mentir? Todo mundo sabe o que aconteceu . No tempo de Angela Merkel, os Estados Unidos pressionaram a Alemanha a não lançar os gasodutos Nord Stream 1 e 2 e a utilizar o GNL americano, mais caro, muito mais caro.
Hoje, a Europa satisfaz as suas necessidades energéticas básicas com gás natural liquefeito, incluindo o GNL americano. Mas se alguém quiser comprar o nosso gás, não voltaremos atrás nos nossos acordos. Somos vizinhos . Existem gasodutos . Embora três secções do gasoduto Nord Stream tenham sido explodidas, existem outras rotas de gasoduto, incluindo através da Ucrânia e da Turquia, através do Mar Negro.
Se a cooperação é mutuamente benéfica, por que dar um tiro no próprio pé? Deixemos que a bela Europa dê um tiro no próprio pé .
Há um ano, li uma declaração do Ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, que dizia que as indústrias na Europa, incluindo a França, estavam a pagar quatro vezes mais pela electricidade do que nos Estados Unidos. Isto é exactamente o que os Estados Unidos queriam . Eles estão sempre tentando se livrar de seus rivais.
Quando viram a Rússia como rival, criaram um regime anti-russo, russofóbico e nazi na Ucrânia e lançaram-no contra o nosso país . A UE também era rival dos Estados Unidos . Já não é um rival e nunca será, se interpretar correctamente as tendências de desenvolvimento na Europa . A Europa está a desindustrializar-se .
Quando um dos melhores activos da Alemanha – a indústria automóvel – começa a transferir a produção para outros países e a Volkswagen fecha fábricas e despediu milhares de pessoas, isso é revelador.
A burocracia europeia segue obedientemente o caminho traçado pelos Estados Unidos . Mas cada vez mais países da UE estão a aperceber-se de que isto não é do seu interesse, mas sim do seu parceiro transatlântico.
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