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14 de janeiro de 2012

“CRÓNICA DE UMA MORTE ANUNCIADA”

Poderia ser o título de um livro sobre o euro e a UE (se já não fosse o título de outro), pelo menos nas suas formas atuais. Podemos recordar as declarações de governantes, dirigentes europeus, subservientes tecnocratas, comentadores avençados, escolásticos universitários, sobre a decisão de manter e reforçar o euro. Parafraseando Almada Negreiros diríamos: sabiam tudo para salvar o euro, só faltava uma coisa, salvar o euro.
O Sr. Sarkozy, dizia - no final de mais uma reunião “para salvar o euro” - que o seu fim seria uma catástrofe para o mundo inteiro. Este eurocentrismo – qual sistema de Ptolomeu na política – mereceu dos chamados BRICS e dos idolatrados mercados a merecida risada.
Uma moeda que se coloca nas mãos da “confiança dos mercados”, mais apostados em afunda-lo para tentar salvar o dólar, com o qual têm muito mais a perder. Uma moeda e uma confiança que vacila porque há greves ou manifestações, (ouçam-se as preocupações dos srs. comentadores nestas alturas). Uma moeda que vive da permanente mentira eleitoral, da crescente abstenção, do descrédito de governantes, da fuga ao escrutínio das decisões, dos que a mantêm, da recessão e da austeridade que futuro poderá ter?
Sempre me pareceu o anterior Ministro das Finanças o piloto de um barco que sabe que vai naufragar, pretendendo apenas abandoná-lo logo que lhe seja possível. Especializou-se em cozinhar argumentos para tentar baralhar oposições. O atual parece-me um piloto a quem entregaram uma carta (em termos náuticos não há mapas) errada, mas que mesmo confrontado com a realidade dos alinhamemntos não é capaz de descobrir os erros. Já aqui dissemos que justifica as absurdas medidas tomadas sem entender as consequências. Tudo se passa como se nos explicasse que estrelas e planetas existem porque estão ali.
Voluntarismo, é a teoria na qual a vontade é o constituinte fundamental da realidade. Voluntarismo é a arma mais usada pelos chefes militares face à eminente derrota. De declarações em declarações, voluntarismo é o que resta aos dirigentes europeus tentando enganar os povos e safarem-se da melhor maneira. Dizia D. Merkel que o que era bom para a Europa era bom para a Alemanha, dito por quem é – e vistos os factos – o que quer dizer é: o que é bom para a Alemanha tem de ser bom – ou mau, tanto faz – para a Europa.
Até quando ao povos vão continuar a ser iludidos com falsas promessas e chantageados com inevitabilidades?

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