Linha de separação


17 de novembro de 2019

Bolivia. Mais uma dura lição.

Evo Morales, garantiu crescimento, redistribuição, fluxo de investimentos e que se melhorem todos os indicadores macro e microeconómicos? Sim
Porta-vozes disfarçados de académicos ou comentadores autoproclamados como "jornalistas independentes" procederam a uma ofensiva contra Evo Morales, procurando destruir o seu carácter qualificando-o de ladrão, corrupto, ditador ou ignorante, difamações, acompanhadas por mensagens de ódio contra os povos indígenas e os pobres em geral? Sim.
Dirigentes políticos e as elites económicas do país e estrangeiros reclamaram "uma mudança", para por fim à "ditadura" de Evo Morales? Sim.
As "forças de segurança" bolivianas são controladas agências, militares e civis, dos EUA, que as treinam, armam-nas, fazem exercícios conjuntos e educam-nas politicamente? Sim.
Estas "forças de segurança" deixaram o campo livre para a atuação das hordas fascistas – como as que atuaram na Ucrânia, na Líbia, no Iraque, na Síria para derrubar, ou tentar fazê-lo neste último caso, líderes incómodos para o império – intimidando a população, a militância e membros do governo legítimo? Sim.
Bandos reacionários, recrutados e financiados pela direita, impuseram a sua lei. hordas fascistas saquearam, incendiaram, acorrentaram jornalistas a um poste, atacaram uma mulher presidente de municipalidade pintando-a de vermelhos e destruírem as atas da eleição passada, tudo isto para libertar a Bolívia da “ditadura”? Sim.
Emitiu a UE dos “valores” - daqueles em paraísos fiscais, recorde-se - ou algum partido do “socialismo democrático” (“democracia liberal” como garante Augusto S Silva), alguma ONG como a Amnistia Internacional, protestou pelas atrocidades e pelo golpe de Estado? Não.
Lição primeira a tirar - que já vem do sr. V. Ilitch Lenine - num governo popular as forças de segurança, polícia e exército, não podem ser colonizadas pelo imperialismo e seus lacaios da direita no país.
Evo Morales optou por uma política de apaziguamento, de não responder às provocações dos fascistas. Isto serviu para encoraja-los e aumentar a aposta: primeiro, exigiram eleições; depois, fraude e novas eleições; a seguir, eleições mas sem Evo (como no Brasil, sem Lula); mais tarde, renúncia de Evo; finalmente, perante a relutância popular em aceitar a chantagem, semear o terror com a cumplicidade de polícias e militares e forçar Evo a renunciar. É de manual, tudo de manual. Aprenderemos estas lições? (ver Atilio Boron https://resistir.info/bolivia/boron_10nov19.html)
 
Note-se que a OEA (controlada pelos EUA) disse ter encontrado irregularidades em 78 atas, de um total de 34.555, 0,22% do total ! Mas a própria OEA, admite que o seu trabalho se concentrou apenas nas regiões onde Evo tinha saído vitorioso. O que não retirava a vitória a Evo Morales.

 

Sem comentários: