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29 de julho de 2022

Eis como a China olha para os EUA

 A questão de Taiwan não desapareceu. A conversa entre Biden e Xi foi muito curiosamente apresentada nos media como: "Os Estados Unidos opõem-se firmemente aos esforços unilaterais para alterar o estatuto ou ameaçar a paz e estabilidade no estreito de Taiwan." Um belo exemplo de como os media dão a volta às questões.

O estatuto de Taiwan foi acordado entre os EUA e a China nos anos 1970, acordando-se que a ilha, que os portugueses chamaram de Formosa, faz parte da China. Quem agora quer alterar este estatuto são os EUA, não a China. E quer alterar como?

- A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, anunciou que visitaria Taiwan
- Os EUA querem a participação de Taiwan nas Nações Unidas;
- Os EUA aumentam a venda de armas para Taiwan;
- O número de delegações dos EUA em Taiwan aumentou;
- Os EUA aumentaram sua implantação militar no Mar do Sul da China e enviam regularmente navios de guerra através do Estreito de Taiwan;
- Forças especiais dos EUA treinam secretamente tropas de Taiwan”

Os EUA estão plenamente cientes de que a política “Uma Só China” envolve os interesses nacionais mais importantes da China e é a base das relações entre os dois países. Abandonar a política de “Uma Só China” é cruzar a linha vermelha da China, ainda mais perigoso do que tentar incorporar a Ucrânia na NATO. Assim, é claro que os EUA tentam esvaziar a política de “Uma Só China” de forma provocatória, tal como deliberadamente decidiram cruzar a linha vermelha da Rússia sobre a Ucrânia.” (Texto de Luo Siyi é investigador principal do Instituto Chongyang de Investigação Financeira, Universidade Renmin, China)

Diz ainda Luo Siyi: “A ameaça dos EUA de trazer a Ucrânia para a NATO, desencadeando uma guerra, mostra que a política militar dos EUA não se limita a atacar países em desenvolvimento muito mais fracos. Embora os EUA soubessem antecipadamente que a sua expansão para o Leste com a Ucrânia afetaria os interesses mais importantes da Rússia (um movimento que claramente cruzou a linha vermelha da Rússia, um país com capacidades militares e nucleares extremamente poderosas), mas os EUA decidiram que estavam preparados para assumir o risco.

Infelizmente, a única visão realista da situação global é que se deve esperar um aumento das ações agressivas dos EUA contra a China e outros países, não apenas no âmbito económico, mas especialmente em áreas onde os EUA podem usar direta ou indiretamente o poder militar.

Os EUA só vacilam quando sofrem uma derrota. É claro que todas as oportunidades devem ser aproveitadas para que os EUA se tornem "pacíficos". Mas também deve ser reconhecido que quando encontrarem a derrota, tentarão recarregar as baterias, e quando recuperarem, implementarão uma nova ronda de políticas de agressão.”

Derrotar a agressão dos EUA depende, antes de tudo, do desenvolvimento global da China: económico, militar e em todas as outras áreas. O aumento do poder da China também beneficia outros países que sofreram com a agressão dos EUA. Após o desenvolvimento do próprio poder da China, a força mais importante na prevenção da agressão dos EUA é a maioria da população mundial contra a agressão dos EUA nos países que são prejudicados pela política dos EUA.”
A escalada da agressão militar dos EUA, direta ou indireta, depende do quanto ela é derrotada em lutas específicas: quanto mais bem sucedidos são os EUA, mais agressivos se tornarão; quanto mais fracos se tornam, mais "amantes da paz" se tornarão. A curto prazo, portanto, o resultado da guerra ucraniana será crucial. Se os EUA tiverem sucesso nesta guerra, tornar-se-ão mais agressivos com a China. Caso contrário, seu ataque à China enfraquecerá.”

A China não deve depositar muita esperança do lado dos EUA para restringir o comportamento de Pelosi, já que os EUA provaram muitas vezes que não podem manter a sua palavra, mesmo quando fizeram abertamente promessas à China uma e outra vez. A preparação militar, é a melhor maneira da China prevenir ou impedir que a situação se agrave. Mas se ela (N. Pelosi) insistir em seguir em frente com o plano, isso traria enormes danos às relações China-EUA e trará grande incerteza para as situações políticas e económicas globais." (Yang Xiyu, pesquisador sénior no Instituto de Estudos Internacionais da China).

O Exército de Libertação Popular (EPL) afirma não tolerar nenhum movimento de "independência de Taiwan" ou interferência de forças externas e interromperá resolutamente tais tentativas, disse Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa, em entrevista coletiva. A causa raiz de turbulência no Estreito de Taiwan é o conluio entre as forças da "independência de Taiwan" e as forças externas de interferência. A China insta as partes relevantes a aprender a se adaptarem à nova realidade (operações do ELP perto do Estreito), refletir sobre suas próprias ações e, o mais importante, recuar do precipício.

Será que os EUA/NATO estão a comprar mais uma guerra? Estamos tramados com esta gente...

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