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5 de setembro de 2022

A "guerra dos outros" e o estilhaçar da Europa

 Saiba o que os media não dizem!

Jacques Baud, é um ex-analista estratégico suíço, do serviço de informações que acompanhou informações sobre terrorismo, forças do Pacto de Varsóvia, etc. É autor de vários livros designadamente: Operation Z, Gouverner par les fake news: Conflits internationaux : 30 ans d'intox utilisées par les pays occidentaux, Terrorisme: Mensonges politiques et stratégies fatales de l'Occident, L’Affaire Navalny: Le complotisme au service de la politique étrangère - Essais – documents.

A propósito do seu último livro, Operação Z, deu uma entrevista à estação de rádio francesa Sud Radio, disponível em Jacques Baud - "L'économie russe n'est pas affaiblie, bien au contraire !" - YouTube

Desta entrevista eis alguns passos significativos:

- É falso dizer-se que é uma guerra dos russos. É uma guerra, de um dos lados de uma coligação russófona. No Leste no terreno estão sobretudo as milícias populares de Lugansk e de Donetsk, os russos apoiam com meios e artilharia russa. As tropas russas estão sobretudo no Sul.

- Estas milícias batem-se em zonas onde têm amigos, familiares, num avanço prudente, mas constante, porque querem proteger civis. Note-se que não há atos de resistência ou hostilidade das populações contra as ditas tropas de ocupação. Eles fazem parte dessa população. Em Mariupol, o exército ucraniano rendeu-se rapidamente na cidade. Quem resistiu foram as forças fanatizadas na Azovstal.

- O que se observa hoje foi descrito em 2019, num plano elaborado por especialistas do Pentágono. Há também um livro escrito pelo responsável pelas sanções de Obama, “A Arte das Sanções”, onde descreve o que devia ser feito à Rússia, e é o que temos agora.

- Assim, foi definido que os EUA não querem que a Rússia no seu formato atual faça parte da comunidade internacional. Deve ser desmembrada.

- Os EUA estavam convencidos – e convenceram os aliados – que a massa de sanções levaria ao afundamento quase imediato da Rússia. Tanto disseram que a economia russa era do tamanho da italiana que acreditaram. Vocês (a Ucrânia) provocam a Rússia, eles atacam, nós aplicamos sanções e daqui a derrota da Rússia, a mudança de regime e a demissão de Putin.

- Tudo deu errado, a começar por terem aumentado as sanções quando o petróleo e o gás estava em alta, o que provocou ainda mais o seu aumento. Veja-se que até a Arábia Saudita compra petróleo à Rússia vendendo mais caro aos ocidentais! Com isto, a economia russa está florescente, segundo a Blomberg. O rublo é a divisa com melhor desempenho internacional e enquanto no ocidente aumentam as taxas de juro, na Rússia estão a baixa-las. Note-se ainda que ao contrário do ocidente a Rússia não é um país endividado e a popularidade de Putin é superior a 80%.

- A má informação no ocidente levou a encontrarmo-nos numa armadilha. Os dirigentes dos países não questionaram a informação, não refletiram sobre ela, o que nos leva a questionar sobre o seu QI.

- A opinião pública é condicionada pelos media. O que seja contrário ao que os media apontam ou criticar a Ucrânia é ser “putinista”. Na Europa vive-se imerso na propaganda total. Nos EUA há contudo um jornalismo mais consistente, mesmo defendendo os EUA, sabem reconhecer os factos.

- A nível mundial 40% do enriquecimento nuclear para as centrais, é produzido na Rússia! É mais uma dependência energética. Além disto acresce a produção de néon, gás indispensável para gravar os microprocessadores. Logicamente, deveríamos ter boas relações com essa gente.

- Cereais. Os media nada disseram sobre os acordos obtidos pela Rússia. A Ucrânia foi obrigada a retirar as minas. A Loyds teve de recuar no seguros aos navios russos.

- O objetivo dos EUA é não terem concorrentes, contrariarem a ascensão da China e da Rússia. E também de um Europa independente e de uma Alemanha demasiado ligada à Rússia.

- Não há qualquer organismo de controlo sobre o destino do dinheiro e armas entregues à Ucrânia.

- Em abril Biden assinou uma ordem que autoriza o uso em primeiro lugar da arma nuclear. Putin responde “nós também”. Os media silenciaram uma questão desta importância.

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Nota final – Enquanto isto, as contraofensivas ucranianas saldam-se pelo acumular de desastres humanos e materiais; o euro continua a cair; a Alemanha prepara-se para dar mais 200 milhões de euros à Ucrânia; Biden vai propor ao Congresso mais 11 000 milhões de dólares a adicionar aos 53 600 milhões já entregues. E nas “democracias liberais” os políticos e propagandistas só têm a oferecer para as camadas populares: mais sacrifícios. Aliás o termo correto para austeridade, agora acrescida.

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