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2 de setembro de 2022

Efeméride: Gorbatchov e o fim da URSS num texto de D. Rogozin – 2

 As consequências da ação de Gorbatchov, são também descritas por Dimitri Rogozin. https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_2.html

Veja-se também o importante testemunho de Aleksandr Dudchak em Gorbachev. Instead of an Obituary – Сталкер Zone (stalkerzone.org)

Os acontecimentos, particularmente os de agosto de 1991 (ataque ao Soviete Supremo), provam a cobardia de Gorbachov e a natureza manhosa de Yeltsin, a sua prontidão para sacrificar o futuro do país e as vidas do seu povo pela disputa do seu próprio poder. (63)

No início dos anos 90, Yeltsin despediu cerca de 900 quadros diplomáticos altamente qualificados enfraquecendo a posição da Rússia na arena da política global. O mesmo aconteceu no Ministério da Defesa e no KGB. O Soviete Supremo da Federação Russa era o último obstáculo no caminho deste gangue, mas o Soviete Supremo tinha apenas mais dois anos de vida. (67) Tanques dispararam sobre o Parlamento Russo que não tinha nem armas nem defensores. Centenas foram mortos ou esmagados pelos tanques. (133) Foram realizados disparos do telhado da embaixada dos EUA sobre manifestantes. O exército estava proibido de intervir. (135)

Yeltsin e o seu governo liberal de poder absoluto quis eliminar o Soviete Supremo porque podia opor-se aos planos de usurpação dos ativos do Estado e sua livre distribuição por oligarcas. (135) Yeltsin tudo fez para que sob o seu poder não pudesse haver nem Constituição, nem lei, nem honra, nem moral na Rússia. (134) Encorajou as Republicas nacionais a “tomarem tanta soberania quanto pudessem absorver”. (145) Entregou os interesses Russos, terra, propriedades, capital, populações, aos apetites dos novos Estados independentes através da escalada de agressões fascistas. (83)

Esqueceu-se” de negociar um corredor de trânsito para 1 milhão de cidadãos de Kalininegrado, deixando-os sujeitos à arbitrariedade das autoridades dos Estados Bálticos, que elaboraram “listas negras” de cidadãos russos que não podiam entrar na “Europa”. (265)

Yeltsin criou um Estado imerso no roubo e na caça ao poder. A gente de Yeltsin não se importava com o destino das diferentes nações dentro da Federação Russa, desprezavam a memória histórica. A ganância criminosa do Governo de Yeltsin e o geral declínio da moralidade foram os ingredientes da tragédia da Chechénia. (144)

Yeltsin traiu os interesses russos de novo, quando assinou uma concessão de 20 anos pela base naval de Sebastopol, que nunca tinha sido entregue à Ucrânia, nem 1948, nem em 1954, nem em 1991. Sebastopol sempre foi parte integrante da esquadra do Mar Negro. (97)

Quisessem os dirigentes do PCUS preservar o grande império e não teria havido lugar para Yeltsin. O seu poder pessoal só existiu devido à criminosa solidariedade para com as suas ações por parte da nomenclatura entrincheirada nos governos locais e no Partido. (64)

Conceitos que eram meras hipóteses no Ocidente foram aceites com toda a fé e indiscutíveis na Rússia. Cada teoria europeia era primeiro transformada em axioma, depois em dogma e então em nova realidade política. (44)

Em resultado das privatizações um pequeno grupo de aventureiros que formavam o círculo de “reformadores” de Yeltsin, arrebatou recursos naturais e indústrias. Estes “heróis” eram regularmente convidados para conferências em Londres, Davos, etc., quando o mais apropriado seria ouvi-los no gabinete do procurador e mandá-los para a Sibéria, não para a Suíça. (116)

Os liberais depois de destruírem a URSS provocaram a guerra da Chechénia e empurraram os povos da Rússia uns contra os outros. Destruíram a moral e a ética públicas e corromperam o poder das Forças Armadas. Devido às suas atividades criminosas o conceito de liberalismo, tornou-se sinónimo de traição nacional. (119) Devido aos seus esforços a palavra patriota estava a ser considerada uma palavra suja: “o patriotismo é o último refúgio de um patife.” (260)

Os liberais não representavam uma ideologia definida. Os seus apologistas eram jovens e diligentes mediocridades dos anos 80. Doutorados de fresca data que atacavam com toda a segurança a economia-política do socialismo e estudos do Comunismo. Estavam simplesmente a ser solicitados pelo regime de Yeltsin. (288)

A imprensa liberal tornou-se um envenenador. No início dos anos 90, a anterior imprensa soviética foi deixada sem meios de existência acabando nas mãos dos oligarcas. (104) Jornalistas em privado não deixavam de lamentar a sua triste sorte, escravizados pelos patrões. Tal é a “liberdade de opinião”, formula adotada pelos média globais como ferramenta para distorcer os factos. Tal era o jornalismo liberal. A verdade passou a ser uma mentira multiplicada inúmeras vezes pelos pasquins. Desta forma nações inteiras foram sujeitas a abusos e insultos (105) Os cavaleiros sem vergonha do jornalismo exploraram trágicos acontecimentos e conceberam o seu próprio ritual de guerra no qual um agressor se torna vítima e uma vítima o agressor. (108) 

Os nossos liberais vivem sob as instruções de Washington e juntam-se com “ideias originais” à caça de votos.

Em 1998 a Duma formou um Comité para a destituição de Yeltsin alegando negligência, traição e corrupção que tinham levado à guerra na Chechénia. Tal não se verificou por escassa margem de votos. A Rússia enfrentava então o colapso financeiro. Em agosto de 1999 o então chefe do FSB (sucessor do KGB) Vladimir Putin torna-se primeiro-ministro. Em dezembro Yeltsin demite-se e Putin torna-se Presidente três meses depois. (10)  75% da população russa vivia na pobreza.



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