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22 de setembro de 2022

Como a guerra na Ucrânia vai mudar

 A pós o referendo e as quatro regiões – como é expectável – se juntarem à Rússia, este país adicionará 5 a 6 milhões de novos cidadãos e quando os refugiados começarem a voltar a população total das novas regiões pode crescer para 8-9 milhões de pessoas. A área dos territórios onde os referendos serão realizados é de cerca de 113 000 quilómetros quadrados.

A guerra irá mudar drasticamente. Já não se trata de uma “operação militar especial” para acabar com indiscriminados ataques às regiões russófonas do Donbass, nos quais, recordemos, foram mortas 14 000 pessoas, mas de defender territórios da Rússia de ataques da Nato/Ucrânia. Uma guerra informalmente declarada entre a Nato e a Rússia.

O anúncio perante o mundo inteiro que a Rússia defenderia seu próprio território com armas nucleares, se necessário, não é novidade. Reitera a doutrina militar estratégica da Rússia, desde há anos divulgada pelos próprios. Isto é muito diferente do que os “comentadores” e políticos da Nato propagam, que Putin ameaçou o ocidente com uma guerra nuclear.

Se este aviso fará com que em Washington se pense duas vezes, sobre a elaboração de grandes ofensivas para recapturar o território ucraniano da Rússia, não é certo. Quanto aos pincher da UE obedecendo aos donos do outro lado do Atlântico, como aqueles cachorros, ladram, são imprudentes, incomodam os vizinhos e são atrevidos para quem lhes mostra medo. Mas não mordem.

A Rússia ignora-os, visto estarem vazios de poder. O pedido de Macron para uma conversação telefónica com Putin foi negado – alegadamente adiada por alguns dias.

No entanto, pelo mundo as campainhas de alarme, começaram a ouvir-se. O presidente mexicano Lopez Obrador pedirá na AG da ONU para ser criado uma comissão internacional destinada a promover o diálogo entre Biden, Putin e Zelensky com convites ao Papa Francisco, ao primeiro-ministro da Índia e ao secretário-geral da ONU, para atuarem como mediadores, para acabar com a guerra na Ucrânia.

A incapacidade dos políticos UE/Nato terem uma atitude consistente sobre o que ocorre atinge formas de estupidez funcional, comprometidos com uma agenda que nada tem que ver com os interesses não apenas das camadas populares, mas de vastos sectores da burguesia. Prevalecem os interesses do capital monopolista e financeiro, imbricado no dólar.

Esta guerra já custou à Ucrânia, segundo o ministro da defesa russo, baixas de metade
do seu exército. Só nas últimas três semanas, nas tentativas de prosseguir a ofensiva, mais de 7 000 efetivos ucranianos foram mortos, 970 peças de material destruídas, incluindo 208 tanques. No total, a Rússia reconhece ter perdido 5.937 combatentes.

Milhares de mercenários do ocidente morreram. Centenas de “conselheiros” militares da Nato estão em Kiev e espalhados pelo país ou trabalhando em informações e planos militares, treino de tropas, nos países da Nato. Reservistas há muito que foram incorporados e a saída do país está fechada para todos os homens. Agora está a ser discutida uma lei que permite recrutar mulheres 

A operação militar da Ucrânia na região de Kharkiv apanhando de surpresa tropas russas e aliados, tem servido exclusivamente para propaganda e incentivar as tropas… a continuar a morrerem. O facto é que a Ucrânia perdeu milhares de soldados e ficou numa situação muito mais vulneráveis a contra-ataques.

Segundo o American Conservative, os Estados Unidos pediram a Zelensky que deixasse a Crimeia em paz. "Com as forças disponíveis, não será fácil para Kiev recuperar até o Donbass. Perseguir a Crimeia seria uma tarefa muito mais difícil, um potencial salto para uma guerra total." Telegram: Contact @intelslava

Em suma, parece que finalmente começam a ouvir o que Putin diz. O próprio discurso de Biden na ONU não é de um vencedor. Por seu lado, o New York Times escreve que Putin é mais perigoso do que nunca. Ao integrar os territórios do referendo, as contraofensivas ucranianas no leste e no sul para tomar o território libertado pela Rússia serão vistas como ataques ao território russo que justifiquem qualquer nível de retaliação, até e incluindo uma resposta nuclear. O discurso de Putin sobre o uso de armas nucleares exacerbou um dilema para o Ocidente que existe desde o início da guerra: até onde o apoio militar intensivo para a Ucrânia pode ir. Telegram: Contact @intelslava

Por seu lado, Volodymyr Rogov, membro da Comissão Autónoma Administrativa de Zaporozhye, diz que as tropas ucranianas devem deixar imediatamente o resto da região, caso contrário, após o referendo, serão consideradas ocupantes.

A questão subsiste desde o primeiro dia, senão antes: Como terminará então a guerra na Ucrânia? Com aniquilação nuclear de 60% da raça humana, uma guerra de atrito durante décadas enquanto a UE se afunda, um acordo – com que forma? 

O ocidente (Nato/UE) antes de se meter em aventuras de “revoluções coloridas” contra a Rússia, devia pensar nas consequências de desafiar um pais que detém mais de 5 000 ogivas nucleares. Tanto como os EUA. Mas parece que nos media os “comentadores” só agora o perceberam… e mal.

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