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20 de agosto de 2013

ERA DE ESPERAR…

O governo diz que iniciámos a retoma. Nada mais falso. A austeridade foi adiada com a conivência da troika (o tal “exame regular”) para depois das eleições, entretanto apenas minorada por algumas medidas anticonstitucionais terem ficado sem efeito, permitindo um certo aumento do consumo.
Na vizinhança das eleições o foguetório da propaganda apregoa “êxitos” do governo. A recessão continua…mas está a diminuir. O investimento cai…mas menos. O desemprego cresceu…mas não tanto. Tudo isto esconde fatores sazonais, emigração massiva, pobreza crescente, confundem-se valores em cadeia com valores homólogos.
A apregoada “consolidação orçamental primária”, esconde que com os cortes nas prestações sociais e no investimento público, a austeridade serve apenas para pagar juros. Como Marx referiu  nenhuma força produtiva pode satisfazer as exigências dos juros compostos sendo os juros uma forma de acumulação capitalista, o juro reconvertido em capital e portanto uma forma de extração de mais-valia. (Teorias da Mais Valia)
A questão que surge é a seguinte: se a austeridade cessasse, haveria “crescimento e emprego”? “Crescimento e emprego” tem sido a frase feita para a direita procurar convencer as pessoas que está muito preocupada com os seus problemas. É também o “argumento” da UGT para todas as cedências nos direitos laborais. A frase esconde: Que crescimento? Que emprego?
No fascismo houve, períodos de crescimento económico, acompanhado de miséria generalizada, fome, analfabetismo, mortalidade ao nível do “terceiro mundo”, intensa repressão. Mesmo nos anos 60, mesmo com melhorias em algumas cidades a miséria nos campos era intensa, a emigração atingia mais da centena de milhar por ano, o atraso do país era abissal. É este o período que na TV propagandistas do sistema mostram como exemplo de equilíbrio das contas públicas…
O INE refere a criação de emprego, porém emprego precário, mal pago, baixa produtividade, em grande parte sazonal. Há também um retorno para nichos do sector alimentar que inclusivamente se dedica à exportação. São micro empresas que devendo ser apoiadas, pouco peso têm a nível macroeconómico e estrutural.
A política de direita erige a exportação (a par do “investimento estrangeiro) como salvação nacional. Mias outra ilusão. Durante a II Guerra Mundial Portugal teve uma BC positiva. Serviu: para o enriquecimento de uns poucos e a miséria crescente do povo. Um homem do regime, Daniel Barbosa, evidenciava em 1949 que os salários estavam abaixo do mínimo de sobrevivência.
Tal como Marx refere o comércio externo determina a forma social das nações atrasadas, ao transformar os produtos simples exportados em artigos de luxo para certas camadas. (Teorias da Mais Valia) Foi o que aconteceu, é o que a direita pretende.
A austeridade esteja suspensa até às eleições, depois teremos o orçamento para 2014 e as exigências da troika. A recessão irá prosseguir para pagar juros e amortizações.
Porém, independentemente destas situações importa distinguir entre “crescimento” e desenvolvimento” e avaliar a qualidade do emprego: com que produtividade, direitos, nível salarial.

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