Nota sobre os dados do Comércio Externo do 1º semestre do ano
1. O INE divulgou informação sobre o comércio
externo de mercadorias no 1º semestre de 2013 e a partir destes dados é
possível tirar algumas conclusões importantes:
1.1. As nossas exportações de mercadorias
feita, a correcção por dias úteis de trabalho, neste 1º semestre do ano e no 1º
semestre do ano passado, cresceram em termos homólogos 4,8% no 1º trimestre e
4,7% no 2º trimestre, enquanto em cadeia cresceram 7% no 1º trimestre em
relação ao 4º trimestre de 2012 e 4,5% no 2º trimestre do ano em relação ao 1º
trimestre. Pode pois concluir-se que as nossas exportações globalmente
evoluíram a bom ritmo nos 1ºs seis meses do ano, com uma ligeira desaceleração
ao longo do semestre.
1.2. As nossas importações de mercadorias
usando a mesma metodologia, isto é, procedendo à correcção dos úteis, depois de
terem caído em termos homólogos 2% no 1º trimestre do ano, já cresceram 0,7% no
2º trimestre. Em cadeia verifica-se o mesmo no 1º trimestre cresceram 0,7%,
enquanto no 2º cresceram 3,8%. Pode no caso das importações de mercadorias
afirmar-se que ao contrário das exportações, estas registam uma tendência
crescente ao longo do 1º semestre do ano.
1.3. Uma leitura mais fina da evolução das
nossas exportações e importações de mercadorias, isto é, analisando a sua
evolução de forma mais desagregada através da chamada Nomenclatura Combinada e
pela desagregação dos seus 99 capítulos a conclusão a que chegamos é ainda mais
clara: as exportações e importações de
mercadorias são fortemente influenciadas pela exportação de petróleo refinado e
pela importação do crude. A evolução destas actividades tem sido de tal forma
influenciada pela abertura de uma nova refinaria da Petrogal em Sines que as
exportações de combustíveis refinados representavam em 2008 5,6% das nossas
exportações de mercadorias e nos 1ºs seis meses do corrente ano ela representa
já 10,6%, isto é quase duplicou a sua importância nas nossas exportações. Em
seis meses a exportação de refinados de petróleo cresceu em termos homólogos 30,3%
corrigidos dos dias úteis, isto é, exportaram-se neste período mais 553 milhões
de euros do que em igual período de 2012. A influência desta evolução nas
nossas exportações é tal que expurgando o seu impacto nas exportações, as
nossas exportações teriam crescido apenas 0,7% no 1º semestre do ano, o que
significa na prática que as nossas exportações sem a refinação de petróleo
teriam estagnado neste período. Enquanto isto acontece do lado das
exportações, do lado das importações, a importação de crude baixou no 1º semestre
do ano 8% porque o consumo de combustíveis caíu devido à quebra do Consumo das
Famílias e à queda da actividade económica das empresas. É claro que logo que
se verifique uma efectiva retoma da actividade económica, a importação de crude
crescerá e a nossa balança comercial energética será mais deficitária. Esta é
do meu ponto de vista a nota mais importante a retirar da evolução verificada
no Comércio Externo de Mercadorias no 1º semestre do ano, a nossa balança de
mercadorias está fortemente dependente da actividade de refinação de petróleo e
qualquer agravamento no preço do barril de petróleo, quer ele resulte da
desvalorização do euro em relação ao dólar ou de qualquer outro factor que
conduza à subida do preço do barril de petróleo, imediatamente as importações
da matéria-prima crude encarecem e a actividade de refinação se torna menos
rentável para o nosso país.
CAE, 9 de Agosto de 2013
José Alberto Lourenço
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