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12 de janeiro de 2014

Delegação do Parlamento Europeu faz o papel de “pide bom”

A delegação do PE visitou Portugal, para avaliar o desempenho do programa da troika. Criticou o seu “desenho” e os resultados obtidos, dizendo que de futuro (?) teriam de ser revistas metas e critérios de austeridade.
Os partidos da troika interna (PS, PSD, CDS) apressaram-se a soltar o habitual foguetório europeísta, excedendo-se até no que é a sua “normal” hipocrisia política.
Os da maioria apoiaram as críticas, os mesmos que só viam virtudes no programa, que disseram que era o seu programa de governo, que iriam e foram até mais além. O PS que negociou o programa inicial e nem sequer votou contra o primeiro orçamento inconstitucional deste governo, veio pôr-se em bicos dos pés e reivindicar louros pelas críticas. É o seu habitual contorcionismo político.
Alguma coisa mudou? Nada. O governo usou estes argumentos para negociar com a troika? Não. Procurou alterar as metas do défice e reduzir a austeridade? Não. À troika nem sequer se exige uma margem de 0,2 pontos percentuais do défice para evitar a agressão aos rendimentos e direitos de cidadãos, que afinal nada valem ao pé dos interesses dos “mercados”.
As cenas seriam picarescas se não representassem a destruição do país, cessaram rápido e duas semanas depois, já a ministra das finanças, publicamente elogiava a troika, para lembrar aos seus deputados que estão ali e são o que são, ao serviço da troika.
A visita da delegação do PE, que se insere na campanha eleitoral deste ano, veio fazer o papel do “médico da pide” e do “pide bom”.
O médico vinha ver se podiam prosseguir os “interrogatórios”. Não era do interesse da pide que os detidos lhes morressem nas mãos. Também o PE não quer que o euro fragilize tanto os países que a pressão para a saída ou a própria sobrevivência do euro seja posta em causa. De resto, procederam como o “pide bom”, que criticava os outros, tentando manipular a vontade do resistente.
Lá ia dizendo: “pois é, ele há aí agentes muito brutos, também não estou de acordo, mas que se há de fazer. São assim. Mas olhe, colabore, que vejo o que posso fazer por si. Não é preciso muito, basta dizer uns nomes. Afinal, você é boa pessoa, deixe lá aqueles gajos com quem andou metido e vá descansado à sua vida, afinal até tem uma boa posição, Francamente, não compreendo por se meteu nisto.”
Eis a resposta que um amigo deu então:
- Pois, de facto se você percebesse não estava aí onde está. Estava onde eu estou.
Voltando ao PE e á troika. A delegação foi-se, a troika fica, prossegue a agressão com a cumplicidade dos seus agentes internos, o governo mais os consensos do PS.
Nada de novo, pauperização, endividamento, atraso económico e social, tentativas de supressão da atividade política independente.
Chama-se a isto “europeísmo” e “defender a moeda única”.

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