dados do desemprego divulgados pelo Eurostat –
taxa de desemprego em Maio de 2014
1.
Nos primeiros
dias de cada mês o Eurostat divulga as suas estimativas mensais sobre o
desemprego e as taxas de desemprego referentes ao mês n-2 em cada um dos países
da União Europeia. Ontem 1º dia do mês de Julho divulgou as suas estimativas
referentes a Maio passado próximo.
2.
Embora a
Comunicação Social faça sistematicamente um grande alarido em torno destes
dados como se eles fossem algo de novo e com credibilidade acrescida, com origem
em informação recolhida e tratada pelo próprio Eurostat, a verdade é que estas
estimativas mensais têm sempre por base os
resultados do último Inquérito Trimestral ao Emprego combinados com os dados
dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego através de um modelo de
previsão (modelo de CHOW LIN). Diga-se aliás que actualmente, apenas no caso
português, se calcula esta estimativa da taxa de desemprego recorrendo para
além dos resultados do último Inquérito Trimestral ao Emprego aos dados mensais
dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego. É o próprio Eurostat
nos seus últimos documentos metodológicos sobre o cálculo destas estimativas
que manifesta o seu desejo de que haja uma uniformização entre todos os países
no cálculo destas estimativas mensais da taxa de desemprego. Não por acaso o
próprio Instituto Nacional de Estatística no seu plano de actividades para este
ano prometeu: “.. o início da disponibilização de estimativas mensais nacionais
para a taxa de desemprego, em articulação com o Eurostat, com base numa
metodologia mais adequada, pretendendo-se, assim, dar resposta a uma
necessidade há muito sentida pelos utilizadores e que permitirá um
acompanhamento da evolução do mercado de trabalho com base em informação mais
frequente e estável”. De uma forma muito delicada percebe-se a desconfiança do
INE em relação à qualidade dos dados divulgados mensalmente pelo Instituto de
Emprego e Formação Profissional (IEFP) referentes ao nº de desempregados
inscritos nos Centros de Emprego. Esperamos pois que ainda este ano o INE
procede à divulgação das estimativas mensais sobre a taxa de desemprego e a
partir daí passemos a ter como uma única fonte informativa para o cálculo da
taxa de desemprego mensal a entidade estatística nacional, deixando o Governo
através da manipulação do número de desempregados inscritos nos Centros de
Emprego de influenciar o seu cálculo.
3.
Posto isto e
tendo em conta que hoje, quase de certeza, no debate da Nação, o PM e os
partidos do Governo se vão vangloriar dos resultados do desemprego ontem
divulgados pelo Eurostat. Teremos que lhes responder da seguinte forma:
3.1. De acordo com os dados mensais do Eurostat ontem divulgados estavam
desempregados em Maio do ano passado 881 mil portugueses, o que correspondia a
uma taxa de desemprego de 16,9% e estavam em Maio deste ano 736 mil
desempregados, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 14,3%. Entre Maio
do ano passado e Maio deste ano desapareceram dos dados do desemprego do
Eurostat 145 mil portugueses, mas o emprego criado neste período é praticamente
nulo.
3.2. Entretanto dados divulgados no passado dia 16 de Junho referentes à
população residente no nosso país dizem-nos que nos últimos 3 anos saíram do
país 350 504 portugueses, um dos maiores êxodos de sempre, e que em termos
anuais assistimos no ano passado ao maior volume de emigração, saíram 128 108
portugueses.
3.3. Entretanto dados divulgados pelo IEFP referentes ao passado mês de Maio
dizem-nos que neste mês estavam colocados em programas de emprego e formação
profissional 174 031 trabalhadores, o mais elevado nº de sempre de colocados
nestes programas e, mais 67 048 do que em Maio do ano passado.
3.4. Somando aqueles que foram forçados a emigrar neste período com o acréscimo
do nº daqueles que foram enviados para os programas de emprego e formação
profissional, facilmente se percebe como se fez este milagre da taxa de
desemprego baixar. Mais grave ainda o somatório destes nºs prova-nos que ao
contrário daquilo que este Governo (PSD/CDS) e os partidos que o suportam afirmam
a taxa de desemprego real é hoje mais elevada do que há um ano atrás.
3.5. No limite se a sangria de trabalhadores portugueses
para o estrangeiro se mantiver e se aqueles que caírem no desemprego
continuarem a ser enviados para programas de emprego e formação profissional, o
nosso País passará a ser um caso de estudo mundial. Portugal será um exemplo
concreto de como é possível fazer baixar a taxa de desemprego, sem que o
emprego suba. Um verdadeiro milagre da multiplicação dos pães, que não dá de
comer aos trabalhadores desempregados mas enche a barriga aos patrões.
4.
Anexo 2 gráficos
que contêm a informação em que me baseio na análise que faço e complementam o
que atrás foi referido:
Fonte: Dados mensais
do IEFP;
Fonte: Estimativas da
População Residente em Portugal em 2013 (INE);
CAE, 2 de Julho de 2014
José Alberto Lourenço
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