Nota sobre a
população residente em Portugal em 2014
O INE divulgou no dia 16 de Junho
a estimativa da população residente em Portugal em 2014. Em termos líquidos
Portugal continua a perder População. A população residente em Portugal em 2014
foi estimada em 10 374 822, menos 52 479 habitantes do que em 2013.
Para além destes dados referentes
à população residente, em que se verifica desde 2009 uma quebra contínua
(residem em Portugal em 2014 cerca de menos 200 000 portugueses do que em
2009), o mais relevante é sem dúvida a evolução da emigração permanente e
temporária.
Os dados agora divulgados permitem-nos afirmar que nos últimos 4 anos
abandonaram o país cerca de meio milhão de portugueses. Dirá certamente o
Governo que grande parte destes emigrantes são temporários e que os emigrantes
permanentes são muito menos. Ora a definição de emigrante temporário é a de uma
pessoa que sai do país com a intenção de permanecer noutro país por um período
inferior a um ano e é exactamente nestas condições que centenas de milhares de
portugueses têm ultimamente emigrado para outros países da União Europeia,
tanto mais que para estes países a circulação e permanência se faz sem qualquer
obstáculo e por esta mesma razão a esmagadora maioria daqueles que hoje emigram
fá-lo para países da União Europeia e partem sem qualquer contrato de trabalho
já assinado.
Os dados da emigração em 2014, os
maiores de sempre, mesmo comparando com os nºs dos anos 60, justificam também
em parte a aparente redução do desemprego neste ano. Ou será que alguém duvida
que a esmagadora maioria dos cerca de 135 mil portugueses que o INE estima
terem emigrado neste ano, eram trabalhadores desempregados ou jovens que há
muito procuravam um emprego digno e não o encontravam?
Nesta como noutras matérias a
verdade vem sempre ao de cima e aí estão estes dados a desmentir aqueles que
veem nos ténues resultados económicos actuais, a retoma económica que salvará o
país.
O que estes dados provam
indiscutivelmente é que milhares e milhares de portugueses em quem o país
investiu milhares de milhões de euros ao longo das últimas décadas, partem hoje
em especial para outros países da União Europeia e vão ser estes países que a
prazo vão beneficiar do investimento feito no nosso país, ao mesmo tempo que
Portugal é cada vez um país mais pobre e desertificado.
CAE, 17 de Junho de 2015
José Alberto Lourenço
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