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6 de agosto de 2019

A caminho da deflagração

A crise espreita e as medidas dos bancos centrais só o confirmam.Em 2007 também rebentou em Agosto. As bolsas estão nervosas.Vitor Constâncio  parece descobrir agora o que querem os ditos mercados...

" Há  uma verdadeira vaga de corte nos juros pelos bancos centrais. Desde 1 de julho, 15 autoridades monetárias, nas economias desenvolvidas e emergentes, desceram as taxas diretoras.
O corte mais importante, com repercussões mundiais, foi decidido na quarta-feira pela Reserva Federal norte-americana (Fed), o mais importante banco central do mundo, que baixou o custo do dinheiro em um quarto de ponto percentual.
A Fed tinha-se abstido de cortar taxas desde dezembro de 2008 e havia iniciado até um ciclo de encarecimento do dinheiro entre dezembro de 2015 e dezembro de 2018. Nesses três anos subiu, pela mão de Janet Yellen e depois de Jerome Powell, as taxas de perto de 0% para 2,5%. Subitamente, no início de 2019, começou a mudar de agulha. Passou a uma atitude de paciência e de pausa e, depois, a um temor crescente sobre o impacto dos riscos globais (leia-se a estratégia geopolítica de Donald Trump).
A mais recente descida anunciada por um banco central registou-se em Hong Kong na quinta-feira, onde a autoridade monetária também cortou a taxa em 25 pontos-base (0,25 pontos percentuais), seguindo as pisadas da Fed. Entre os bancos centrais que cortaram as taxas desde 1 de julho contam-se o da Austrália, do Brasil, da Rússia e da Turquia.
AINDA NÃO FOI UM TSUNAMI DE CORTES
Os analistas esperavam um verdadeiro tsunami com a decisão da Fed, mas acabou por saber a “poucochinho” a redução de apenas 25 pontos-base. Jerome Powell, o presidente do banco central dos EUA, avisou, depois de muito pressionado pelas perguntas dos jornalistas, que o corte tomado não significava necessariamente o começo de um ciclo prolongado de descida das taxas, o que frustrou os mercados, com as bolsas em Nova Iorque a caírem 1% na quarta-feira.
Vítor Constâncio, o ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), comentou, na ocasião, no Twitter, que “os mercados nunca estão satisfeitos, queriam mais uma corrida açucarada”. Por outro lado, a prudência de Powell irritou uma vez mais o Presidente Trump, que havia publicamente pressionado para um corte significativo.
DRAGHI, CARNEY E KURODA ADIAM DECISÕES
No entanto, a onda gigante de corte nas taxas de juro ainda não varreu todo o planeta. Três importantes bancos das economias desenvolvidas, o BCE, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterra, por razões diferentes, não seguiram a tendência.
O BCE adiou para a reunião de 12 de setembro a discussão de um pacote de estímulos monetários, apesar do seu presidente, Mario Draghi, ter prometido no Fórum de Sintra em meados de junho que as medidas estariam para “as próximas semanas”, o que levou muitos investidores a julgar que seriam tomadas já na reunião de 25 de julho".Expresso

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