PALMINHAS, OLARÉ, PALMINHAS...
Rui Pereira
Nenhum
dos deputados na foto -a que volto- do lado esquerdo do parlamento
português, aplaudindo há algumas semanas uma delegação de
"parlamentares" ucranianos, poderia desconhecer o que se escrevia há
menos de um ano -e que tanta gente tem dito e demonstrado- no artigo do
repórter brasileiro, Eduardo Vasco, acerca da ditadura dos "vassalos
democráticos" do império na Ucrânia.
Transcrevo abaixo um destaque do texto (que pode ler-se na íntegra aqui: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/o-que-falta-para-chamar-zelensky-de-ditador/ )
e avanço um comentário sobre os deputados que (nunca por oportunismo
mas sempre) em nome da liberdade e da democracia, batem palminhas a quem
ilegalizou os partidos seus correspondentes em Kiev, bem como estações
de televisão, rádio e jornais, mantendo os presos políticos que não
juntou ainda à lista de 15 mil mortos que os batalhões neonazis fizeram
no leste do país. O comentário não pode ser outro que não o de criticar
quem quis e quer não saber que não é verdade a mentira que defende. Para
não terem de pagar o preço em moeda televisiva à José Rodrigues dos
Santos, como sucede aos que efectivamente em nome da liberdade e da
democracia, ficaram corajosamente sentados, não se prestando a tal tal
jogo. Refiro-me aos comunistas, claro. A palavra a Eduardo Vasco:
"Quando
Zelensky subiu ao poder, a ditadura já estava consolidada. Os partidos
de oposição, como o Partido das Regiões (o maior do país até o golpe) e o
Partido Comunista (o segundo maior) não podiam se organizar livremente
nem participar das eleições. Os cidadãos do Donbass que se recusavam a
reconhecer o novo regime já eram considerados oficialmente terroristas e
os que caíam prisioneiros eram torturados e mortos. Alexander
Kharitonov foi preso. Lyubov Korsakova teve de fugir para a Rússia, onde
mesmo assim foi vítima de um atentado. Conversei com os dois em 2022.
São apenas dois entre milhares de vítimas da repressão no Donbass. Cerca
de 15 mil pessoas morreram devido à agressão de Kiev desde 2014.
Os
batalhões neonazistas, como o Azov, Aidar e Tornado, além de
organizações de extrema-direita como o Praviy Sektor e o Svoboda,
atuavam livremente e foram até incorporados ao Estado ucraniano – ao
exército e à política oficial, com membros no parlamento. Enquanto isso,
a oposição foi absolutamente exterminada. Em 2021, três grandes canais
de TV opositores (112 Ukraina, NewsOne e ZIK) foram fechados. A censura
afeta emissoras de rádio e TV, jornais impressos, sites e redes sociais,
incluindo canais de Youtube. A censura é “digna dos piores regimes
autoritários”, denunciou em 2023 a Federação Europeia de Jornalistas. A
maior comunidade religiosa do país, a Igreja Ortodoxa Ucraniana, foi
posta na ilegalidade pelo parlamento em outubro do ano passado.
Hoje,
além do Partido das Regiões e do Partido Comunista, estão na
ilegalidade o Partido Socialista, o Partido Socialista Progressista (de
Kharitonov e Korsakova), a União de Forças de Esquerda, os Socialistas,
Bloco de Oposição, Justiça e Desenvolvimento, Estado, OURS e o Bloco de
Vladimir Saldo, entre outros. O SBU (a polícia política ucraniana)
justifica os banimentos acusando esses partidos de terem “executado
atividades anti-ucranianas, promovido a guerra e criado ameaças reais à
soberania e à integridade territorial da Ucrânia”. Numerosos opositores
ao regime e à guerra estão presos, como o pacifista Bogdan Syrotiuk e os
irmãos comunistas Mikhail e Alexander Kononovich.
Apesar
de todas essas medidas ditatoriais, da censura, da perseguição e prisão
de opositores, da ilegalização de partidos políticos e de entidades
religiosas e do predomínio de forças abertamente nazistas, a Ucrânia é
considerada uma democracia pelos líderes imperialistas e pelo monopólio
comunicacional do Ocidente. Todas essas evidentes violações às
liberdades democráticas têm sido ocultadas ou, no máximo, minimizadas ao
longo dos últimos dez anos".
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