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4 de abril de 2025

 PALMINHAS, OLARÉ, PALMINHAS...

                        


Rui Pereira
Nenhum dos deputados na foto -a que volto- do lado esquerdo do parlamento português, aplaudindo há algumas semanas uma delegação de "parlamentares" ucranianos, poderia desconhecer o que se escrevia há menos de um ano -e que tanta gente tem dito e demonstrado- no artigo do repórter brasileiro, Eduardo Vasco,  acerca da ditadura dos "vassalos democráticos" do império na Ucrânia. 
Transcrevo abaixo um destaque do texto (que pode ler-se na íntegra aqui: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/o-que-falta-para-chamar-zelensky-de-ditador/) e avanço um comentário sobre os deputados que (nunca por oportunismo mas sempre) em nome da liberdade e da democracia, batem palminhas a quem ilegalizou os partidos  seus correspondentes em Kiev, bem como estações de televisão, rádio e jornais, mantendo os presos políticos que não juntou ainda à lista de 15 mil mortos que os batalhões neonazis fizeram no leste do país. O comentário não pode ser outro que não o de criticar quem quis e quer não saber que não é verdade a mentira que defende. Para não terem de pagar o preço em moeda televisiva à José Rodrigues dos Santos, como sucede aos que efectivamente em nome da liberdade e da democracia, ficaram corajosamente sentados, não se prestando a tal tal jogo. Refiro-me aos comunistas, claro. A palavra a Eduardo Vasco: 
"Quando Zelensky subiu ao poder, a ditadura já estava consolidada. Os partidos de oposição, como o Partido das Regiões (o maior do país até o golpe) e o Partido Comunista (o segundo maior) não podiam se organizar livremente nem participar das eleições. Os cidadãos do Donbass que se recusavam a reconhecer o novo regime já eram considerados oficialmente terroristas e os que caíam prisioneiros eram torturados e mortos. Alexander Kharitonov foi preso. Lyubov Korsakova teve de fugir para a Rússia, onde mesmo assim foi vítima de um atentado. Conversei com os dois em 2022. São apenas dois entre milhares de vítimas da repressão no Donbass. Cerca de 15 mil pessoas morreram devido à agressão de Kiev desde 2014.
Os batalhões neonazistas, como o Azov, Aidar e Tornado, além de organizações de extrema-direita como o Praviy Sektor e o Svoboda, atuavam livremente e foram até incorporados ao Estado ucraniano – ao exército e à política oficial, com membros no parlamento. Enquanto isso, a oposição foi absolutamente exterminada. Em 2021, três grandes canais de TV opositores (112 Ukraina, NewsOne e ZIK) foram fechados. A censura afeta emissoras de rádio e TV, jornais impressos, sites e redes sociais, incluindo canais de Youtube. A censura é “digna dos piores regimes autoritários”, denunciou em 2023 a Federação Europeia de Jornalistas. A maior comunidade religiosa do país, a Igreja Ortodoxa Ucraniana, foi posta na ilegalidade pelo parlamento em outubro do ano passado.
Hoje, além do Partido das Regiões e do Partido Comunista, estão na ilegalidade o Partido Socialista, o Partido Socialista Progressista (de Kharitonov e Korsakova), a União de Forças de Esquerda, os Socialistas, Bloco de Oposição, Justiça e Desenvolvimento, Estado, OURS e o Bloco de Vladimir Saldo, entre outros. O SBU (a polícia política ucraniana) justifica os banimentos acusando esses partidos de terem “executado atividades anti-ucranianas, promovido a guerra e criado ameaças reais à soberania e à integridade territorial da Ucrânia”. Numerosos opositores ao regime e à guerra estão presos, como o pacifista Bogdan Syrotiuk e os irmãos comunistas Mikhail e Alexander Kononovich.
Apesar de todas essas medidas ditatoriais, da censura, da perseguição e prisão de opositores, da ilegalização de partidos políticos e de entidades religiosas e do predomínio de forças abertamente nazistas, a Ucrânia é considerada uma democracia pelos líderes imperialistas e pelo monopólio comunicacional do Ocidente. Todas essas evidentes violações às liberdades democráticas têm sido ocultadas ou, no máximo, minimizadas ao longo dos últimos dez anos".

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