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7 de outubro de 2013

OS ESCRAVOS DO EURO

Os escravos do euro vivem sob o chicote da austeridade. Dizia um ministro do PS num tom fanfarrão, perante as críticas às consequências do euro: Queriam crédito barato e não queriam assumir as responsabilidades…Crédito barato ?! Mas que graçola de mau gosto.
A cena do euro faz lembrar a história dos náufragos recebidos numa ilha por acolhedores nativos que trataram deles, os alimentaram e depois comeram. Eram antropófagos.
Os governantes fazem o papel de capatazes, cujo objetivo é manter o pessoal sob a canga neoliberal e azorrague dos mercados. Quem não cumpre vai para o cepo dos “ajustamentos estruturais”.
O PR faz o (mau) papel dos pregadores de outrora propalando o conformismo e a sujeição aos sacrifícios nesta vida para gozar delícias noutra. Sujeitar-se e implorar a bênção dos “mercados” é o seu breviário, debitando banalidades e contradizendo-se constantemente.
Não há muito falava nos 18 000 milhões de euros de serviço de dívida em média nos próximos anos; repetidamente afirmou que a dívida tornava-se insustentável – para as gentes aceitarem caladinhas a “austeridade”. Agora acusa de “masoquismo” que afirmar que a dívida era insustentável.
O PR (só mesmo por “masoquismo” de uma parte da população o pôde ser) dá a ideia de um títere que vai “dizendo coisas” sem coerência nem nexo, curiosamente na peugada do que o sr. João Salgueiro diz antes.
Mas os “europeístas” – isto é, os defensores do federalismo custe o que custar - devem estar felizes. Aí têm a “disciplina” orçamental imposta pelos burocratas da UE; uma clique com currículo na finança causadora da crise, que não responde senão perante as oligarquias europeias e dos EUA.
Foram eles que ordenaram que antes de 15 de outubro todos os países da zona euro têm de apresentar os seus orçamentos para serem controlados. Trata-se de garantir que prossegue o desmantelamento das funções sociais do Estado e que este está inteiramente colocado ao serviço dos interesses financeiros e monopolistas.
Como as boas palavras de religiosos que conformavam a escravatura, na UE pretende-se que as regras que regulam o trabalho devem ser “modernizadas e reatualizadas” e o “Estado Social” “restruturado” ou “reformado”, com vista à competitividade, ao "crescimento e ao emprego”. Quando esta gente diz isto (e a UGT repete…) já sabemos que haverá mais recessão, mais desemprego, mais precariedade, mais chantagem sobre os trabalhadores, com o argumento que "mais vale isso que nada."
É espantoso que gente que tanto declamava loas à democracia pluralista e representativa e perante críticas à política de direita enchia o peito de ar dizendo que não recebia lições de democracia de ninguém, hoje meta a viola no saco perante os desmandos escravocratas da UE, do euro e dos "mercados".
Gente do partidos da troika, como recentemente o sr. António Costa, dizem que a solução para os nossos problemas tem que vir da Europa. Mas qual Europa? Pretende-se com isto que o povo fique de joelhos a rezar à UE, à espera de um milagre e a carpir mágoas nos “muros das lamentações” que a rádio e TV promovem?

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