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1 de novembro de 2017

Para os defensores de menos Estado


A Europa enfrenta um problema sério. Embora a actividade económica tenha melhorado recentemente, a Zona Euro perdeu a sua capacidade para responder à próxima recessão quando esta inevitavelmente acontecer.
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Qualquer que seja a causa da próxima recessão, as políticas do BCE, que ajudaram no passado, já não vão estar disponíveis. A resposta convencional – redução das taxas de juro – é impossível, porque as actuais taxas de juro de curto prazo nos países da Zona Euro já estão próximas de zero ou negativas.

Para ser claro, o BCE pode expandir as suas compras de obrigações de longo prazo. Mas ao fazê-lo, isso não terá o mesmo efeito que teve no passado. Um dos objectivos das compras de obrigações de larga escala – o chamado quantitative easing – era baixar as taxas de juro de longo prazo de forma a estimular o investimento empresarial e a construção de casas. Mas com as taxas de juro de longo prazo próximas agora de zero, as compras de obrigações não vão fazer com que as taxas de juro baixem mais.


Outro objectivo de baixar as yields das obrigações de longo prazo era estimular a procura por acções. Os preços mais altos das acções iriam baixar o custo do investimento em empresas que são financiadas através do mercado de capitais e iriam aumentar a riqueza das famílias e, por conseguinte, estimular o consumo. Isto nunca teve tanto sucesso na Europa como nos Estados Unidos, onde a quota de propriedade está mais generalizada. Mas agora, com as yields das obrigações de longo prazo próximas de zero, isso não pode nem sequer ser tentado.

Uma resposta apropriada a este dilema pode ser uma política de expansão orçamental coordenada. Cada país teria de concordar com uma combinação de cortes de impostos e aumento de gastos do governo à escala da recessão económica. Esperar que esta recessão aconteça para planear esta resposta coordenada será um erro. Todos os governos da Zona Euro deviam colocar a coordenação orçamental, com os seus parceiros europeus, no topo das suas agendas, antes que seja demasiado tarde.

Martin Feldstein, é professor de Economia na Universidade de Harvard e presidente emérito do Departamento Nacional de Investigação Económica, e presidiu ao Conselho de Assessores Económicos do Presidente Ronald Reagan de 1982 a 1984.

Copyright: Project Syndicate, 2017

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