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2 de novembro de 2017

O gás

Putin no clube VALDAI
(...)Todas as disputas devem ser resolvidas de forma civilizada. A Rússia favoreceu sempre esta abordagem. Estamos firmemente convencidos de que até mesmo os nós mais intrincados - seja na crise da Síria ou da Líbia, na península coreana ou, digamos, na Ucrânia - devem ser desembaraçados, em vez de ser cortados.
A situação em Espanha mostra claramente como a frágil estabilidade pode acontecer, mesmo num Estado próspero e estabelecido. Quem poderia ter esperado, mesmo recentemente, que a discussão sobre o estatuto da Catalunha, que tem uma longa História, resultaria numa crise política aguda?
A posição da Rússia sobre este assunto, é conhecida. Tudo o que está a acontecer é uma questão interna da Espanha e deve ser resolvida com base na lei espanhola, de acordo com as tradições democráticas. Estamos conscientes de que a liderança do país está a dar passos para esse fim.
Como sabem, a este respeito, não posso deixar de notar que deveria ter sido usado mais reflexão sobre o mesmo. Ou será que, ninguém estava ciente destes desentendimentos centenários na Europa? Estavam ou não estavam? Claro, que estavam. No entanto, numa dada altura, eles realmente acolheram a desintegração de vários Estados da Europa, sem esconder a sua alegria.
Por que foram tão irreflectidos, levados por considerações políticas fugazes e pelo desejo de agradar - vou dizer sem rodeios - ao Big Brother, em Washington, fornecendo apoio incondicional à desintegração do Kosovo, provocando processos semelhantes noutras regiões da Europa e do mundo?
Podeis recordar que, quando a Crimeia também declarou a sua independência, e depois - após o referendo - a decisão de se tornar parte da Rússia, o mesmo não foi bem-vindo por algum motivo. Agora temos a Catalunha. Há algo semelhante noutra região, o Curdistão. Talvez esta lista esteja longe de ser exaustiva. Mas temos de questionar: O que vamos fazer? O que devemos pensar sobre isto?
Acontece que alguns dos nossos colegas pensam que há "bons" lutadores pela independência e pela liberdade e que existem "separatistas" que não têm o direito de defender os seus direitos, mesmo com o uso de mecanismos democráticos.
Como sempre dizemos em casos semelhantes, tais padrões duplos - e este é um exemplo vivo de duas medidas - representam um sério perigo para o desenvolvimento estável da Europa e de outros continentes e para o avanço dos processos de integração em todo o mundo.
Ao mesmo tempo, os apologistas da globalização tentavam convencer-nos de que a interdependência económica universal era uma garantia contra os conflitos e as rivalidades geopolíticas. Infelizmente, tal não aconteceu. A natureza das contradições também ficou mais complicada, tornando-se facetadas e não lineares.
De facto, enquanto a interligação é um factor restritivo e estabilizador, também estamos a testemunhar um número cada vez maior de exemplos de política que interferem grosseiramente nas relações económicas e de mercado. Recentemente, houve avisos de que era inaceitável, contraproducente e que deve ser acautelado. Agora, os que fizeram tais advertências estão a fazê-lo. Alguns nem sequer escondem que estão a usar pretextos políticos para promover os seus interesses estritamente comerciais. Por exemplo, o recente pacote de sanções adoptado pelo Congresso dos EUA tem como objectivo directo, expulsar a Rússia dos mercados de energia europeus e obrigar a Europa a comprar gás liquefeito mais caro, produzido nos Estados Unidos, embora a escala da sua produção ainda seja demasiado pequena.
Estão a ser feitas tentativas para criar obstáculos no caminho dos nossos esforços para forjar novas rotas de energia - South Stream e Nord Stream – se bem que a diversificação da logística seja economicamente eficiente, benéfica para a Europa e promova a sua segurança.
Deixem-me repetir: é natural que cada estado tenha os seus próprios interesses políticos, económicos e outros. A questão é o meio pelo qual os mesmos são protegidos e promovidos.

1 comentário:

cid simoes disse...

E O SUDÃO QUE AINDA ONTEM (2011) EM 'DEMOCRÁTICO' REFERENDO SEPAROU O SUDÃO DO SUL COM MILHÕES DE FAMINTOS. E TODOS TÊM ESQUECIDO ESTE CRIME. CLARO, É UM PROBLEMA DE PRETOS...