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15 de abril de 2018

Macron não apresenta provas , mas diz que as tem , tal como o outro na guerra do Iraque

Em 5 de Fevereiro de 2003, o secretário de Estado Colin Powell fez um discurso perante o Conselho de Segurança da ONU, em que empreendeu demonstrar a existência de armas de destruição massiva nas mãos do líder iraquiano Saddam Hussein. A certeza de Powell era tanta que ele agitou mesmo perante o Conselho um frasquinho com o que dizia ser uma amostra de armas iraquianas proibidas. Mais tarde, quando os EUA reconheceram a inexistência de tais armas, Powell reconheceu também que o discurso ficara como uma "nódoa duradoura" no seu curriculum


No discurso perante o Conselho de Segurança, Powell afirmou
nomeadamente que "não pode haver dúvida" de que
 Saddam Hussein tinha tais armas "e a capacidade de
produzir mais, muitas mais". E acrescentou que o ditador
 iraquiano estava a trabalhar para criar o seu próprio arsenal nuclear.
O discurso de Powell foi considerado uma hábil peça
de propaganda da Administração Bush, mas em breve
a imprensa britânica descobriu que ele consistia em larga medida
no plágio de uma dissertação apresentada pelo
estudante norte-americano Ibrahim al-Marashi.


Aparentemente, segundo um relatório posterior sobre os vários fiascos dos serviços de informações que antecederam a invasão do Iraque, Powell já antes tinha alguma noção da fragilidade do discurso que ia fazer. E, quando manifestou algumas dúvidas no seio da Administração, o vice-presidente Dick Cheney ter-lhe-á dito: "Você tem um elevado índice de aprovação nas sondagens, pode permitir-se perder alguns pontos".




Dois anos e meio depois, em Setembro de 2005, Powell foi entrevistado sobre o tema, quando já era oficial que não existiam, afinal, armas de destruição massiva iraquianas - ou que só tinham existido durante a guerra contra o Irão e só a luz verde transmitida por Donald Rumsfeld a Saddam o decidira a utilizá-las.




Na entrevista, concedida à ABC News, Powell admitiu que o discurso perante o Conselho de Segurança ficara como uma "nódoa duradoura" na sua biografia. E acrescentou que fora "doloroso" e "terrível" fazer aquele discurso, e que ficara horrorizado ao saber que as numerosas falsidades em se baseara no discurso lhe haviam sido fornecidas pelos serviços secretos com plena consciência de que não se tratava de erros, mas de mentiras.




No entanto, ao contrário de um seu notório percursor - o secretário de Estado Robert McNamara, corresponsável pelos bombardeamentos do Vietname com substâncias proibidas como o "agente laranja" -, a vergonha de Powell sobre o discurso não ia ao ponto de o fazer envergonhar-se também da guerra. Na entrevista de 2005, ele continuava a dizer: "Estou contente Saddam Hussein ter desaparecido", vendo nisso o principal resultado da invasão do Iraque.


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