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26 de setembro de 2021

Não estamos numa nova guerra fria, mas nos preparativos para uma guerra total

 Enquanto as crianças brincam às manifestações pelo clima, e dizemos brincam porque não fazem uma pequena ideia do que está em causa quanto a soluções, está em preparação uma nova guerra total. Os media ignoram-no ou debitam a agenda de omissões e mentiras, cozinhada pelos belicistas fazedores de opinião do império.

Em 2021 o Senado dos EUA aprovou a Lei da Concorrência Estratégica que visa mobilizar todos os meios estratégicos, económicos e diplomáticos que permitiam aos EUA enfrentar "os desafios que a China coloca à segurança nacional e económica dos Estados Unidos." Atribuir-se esta estratégia a Trump, foi mais uma maneira de desviar atenções.

A lei também pretende fortalecer a ligação dos Estados Unidos à América Latina e à África para impedir a cooperação da China nessas duas regiões. O segundo objetivo é envolver os seus aliados na cruzada anti chinesa, especialmente a UE.

O Conselho do Atlântico, emitiu já três relatórios estratégicos sobre como promover a constituição em Pequim de uma equipe moderada, pró-liberal, conciliada com os interesses dos EUA, “permitindo ao povo chinês emancipar-se da tutela do Partido Comunista e de seu líder maoísta Xi Jiping.”

O caminho ficou aberto para a interferência direta dos EUA em disputas territoriais e marítimas envolvendo a China, bem como a presença norte-americana nos territórios e mares sob a soberania de Pequim.

Além das numerosas bases americanas em forma de “cordão sanitário” em torno da China e da existente concentração naval dos EUA, será agora reforçada por uma projetada frota de submarinos nucleares da Austrália pelo acordo AUKUS entre os EUA, RU e Austrália, em clara violação do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Com o AUKUS, a agenda é americana, unilateral e obrigatória para todos os seus aliados. A questão de independência multilateralismo e da igualdade nas relações internacionais, é algo posto de parte pelos EUA para os seus aliados, sobre os quais exercem um poder de suserania feudal.

Depois do fracasso geopolítico no Afeganistão e na Eurásia, o AUKUS mostra a vontade dos Estados Unidos em avançar para uma nova etapa da sua ofensiva contra a China. Será interessante ver como a China, a Rússia e o Irão vão reagir! Tudo indica que, diante da agitação e do entusiasmo dos EUA, eles seguirão com determinação e criatividade os rumos que se propuseram, cujos resultados são indiscutíveis. Ver: La Chine est plus que jamais dans le périscope de Washington ! -- Jean-Pierre PAGE

Os "estrategistas" americanos e australianos dizem que os submarinos são necessários para proteger as rotas comerciais marítimas da Austrália até ao seu principal parceiro comercial... que é a China. Não faz sentido, a única razão pela qual a Austrália se voltou política e militarmente contra a China foi a chantagem dos EUA. Há dois anos, o polítólogo americano John Mearsheimer foi à Austrália para explicar aos australianos como funciona o império.

Caitlin Johnstone resume: “Algumas pessoas dizem que você pode seguir com a China”, disse Mearsheimer. "Certo, você tem uma escolha: pode andar com a China em vez dos Estados Unidos. Primeiro, se você andar com a China, precisa entender que será nosso inimigo. Você então decide se tornar um inimigo dos Estados Unidos. Porque, estamos falando sobre intensa competição de segurança." "Você ou está connosco ou contra nós", continuou ele. "E se você faz um comércio significativo com a China e é amigável com ela, você prejudica os EUA nesta competição de segurança. E isso não vai deixar-nos felizes. E quando não estamos felizes, você não pode subestimar o quão desagradáveis (nasty) podemos ser." Isto é, a Austrália não alinha com os Estados Unidos para se proteger da China. A  Austrália alinha com os Estados Unidos para se proteger...dos Estados Unidos.

Poucos se lembram disto, mas em 1975, os EUA e o Reino Unido lançaram um golpe contra o primeiro-ministro australiano Gough Whitlam, que levava o seu país para uma via independente. Desde então, o país sempre fez o que lhe foi mandado fazer. Ver: Voici la raison pour laquelle l'Australie a annulé son contrat d'achat de sous-marins français

Enquanto a China estabelece reações de investimento e trocas comerciais, os EUA aumentam a corrida armamentista, desenvolvem estratégias de confrontação, desprezam e condicionam os aliados. A França, a própria UE, não podiam ser mais menorizados nestas últimas ações dos EUA. Mas as contradições existem, os EUA só as aumentam. Que vai acontecer à prevista assinatura do acordo de investimentos entre Pequim e Bruxelas, já negociado por Xi Jiping, Angela Merkel e Emmanuel Macron: o China Investment Agreement. O comércio entre a China e a Europa é superior ao da Europa com os Estados Unidos. Diga-se que as trocas da China com países africanos são três vezes superiores às do EUA.

Como por fim os povos terão a última palavra, a estratégia da desinformação dos media sobre estes temas é agora total. 

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