Linha de separação


7 de junho de 2022

Acerca da avaliação de Scott Ritter sobre a situação na Ucrânia (2)

 Embora se pudesse argumentar que uma ameaça continuaria a existir enquanto as forças ucranianas possuíssem poder de combate suficiente para retomar a região de Donbass, tal argumento não pode ser feito hoje, devido aos sucessos russos no campo de batalha. Mas a Rússia tem vários objetivos políticos não atingidos, como a desnazificação, desmilitarização, neutralidade ucraniana e a concordância da NATO com uma nova estrutura de segurança europeia nos moldes das propostas russas de dezembro de 2021.

O desafio que a Rússia enfrenta daqui para frente é, portanto, como definir a escalada e o âmbito da Fase Três e manter o tipo de autoridade legal que afirmou nas duas primeiras fases, reunindo poder de combate suficiente para essas tarefas, incluindo derrubar o governo Zelensky e substituí-lo por outro disposto e capaz de banir a ideologia de nazi Bandeirista. Também pode envolver o lançamento de uma operação militar na Ucrânia central e ocidental para destruir completamente reconstituídas forças armadas ucranianas, juntamente com as forças neonazis sobreviventes.

Qualquer expansão em larga escala das operações militares russas na Ucrânia, procurando ir além do território anteriormente conquistado, exigirá recursos adicionais que a Rússia pode ter dificuldade em reunir sob as restrições impostas por uma postura em tempo de paz. Essa tarefa seria virtualmente impossível se o conflito ucraniano se espalhasse para a Polônia, Transnístria, Finlândia e Suécia.

Uma expansão massiva do âmbito e da escala das operações de combate, que poderia incluir um ou mais membros da NATO, aponta para uma necessidade absoluta da Rússia articular a missão da Fase Três com a razão por que ela precisa de uma. Não fazer isso abre a porta para a possibilidade da Rússia colocar-se numa posição em que não consiga concluir com sucesso o conflito que optou por iniciar no final de fevereiro. (RITTER: Phase Three in Ukraine – Consortium News)

Conforme S. Ritter salienta, a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia implica uma radical mudança de poder em Kiev, aliás totalmente protegido como milhares de milhões de dólares da NATO e UE, e total apoio político, militar e mediático branqueando os desmandos e crimes nazis a origem e consequências da guerra. Para se atingir aquele objetivo haverá um caminho muito doloroso para todos os povos do mundo, para uns mais do que outros, a começar pelo povo da Ucrânia.

Portanto, finalizando a operação especial no Donbass, em princípio alargada a Odessa e Krakov:

- ou a Rússia prossegue a ofensiva até Kiev, o que implica uma mobilização de meios humanos e materiais muito maior, mesmo uma mobilização alargada, precisando de autorização da Duma além de que aqui a invocação da Carta da ONU terá pouca ou nenhuma sustentação.

- ou a Rússia coloca-se numa posição defensiva nas regiões tomadas, aguardando as ações que a outra parte possa tomar.

Em qualquer dos casos a guerra prosseguirá com cada vez maior envolvimento da NATO, dado que Ucrânia não tem capacidade em meios humanos e materiais para lançar qualquer ofensiva ou sequer aguentar económica e politicamente a guerra.

Todos os dados estão já lançados. Os EUA vão fornecer misseis e respetivos meios de lançamento que poderão atingir o território russo, treinando há meses ucranianos e mercenários na sua utilização.

Os EUA declararam que a guerra era para durar largos meses, assim tendo a Ucrânia esgotado a capacidade de mobilizar efetivos devidamente treinados para continuar a lutar, este papel vai caber cada vez mais à NATO através de mercenários e mesmo seus efetivos de forma mais ou menos secreta. Na Azovstal e noutros locais foram feitos prisioneiros militares de vários países da NATO.

Portanto, em qualquer dos cenários o confronto Rússia x NATO ou NATO x Rússia vai intensificar-se, não sendo de excluir que se estenda a outros países quer por iniciativa da NATO quer da Rússia desde que se sinta ameaçada ou em termos de retaliação por ataque direto.

É extremamente preocupante sabendo o que se passa na cabeça dos que decidem em Washington, os fanáticos dos grupos nazis, soprados pelos belicistas neocons e outros russofóbicos, disporem de misseis que podem atingir território russo.

A Rússia tem capacidade para destruir a NATO europeia e os próprios EUA. As forças nucleares russas foram mobilizadas, sabe-se que submarinos russos capazes de lançarem os mísseis-torpedo Poseidon se movimentam podendo atingir os EUA. Os mísseis Sarmat completaram os testes finais, entraram em produção e estarão disponíveis para as forças russas dentro de 4 a 5 meses.

Temos uma guerra em grande escala, mesmo nuclear, no horizonte, coisa que ao fim de 3 meses e meio de guerra nenhum dos grande media se lembrou de colocar aos "comentadores" que debitam baboseiras sobre a derrota militar, económica e política da Rússia.

Sem comentários: