Linha de separação


24 de outubro de 2022

Brasil

olhares sobre o Brasil

https://aterraeredonda.com.br/o-desafio-do-bolsonarismo/

" Os resultados do 1º turno das eleições presidenciais, realizado no dia 2 de outubro, revelam processos que estão em curso na sociedade brasileira há algum tempo e indicam tendências políticas e ideológicas extremamente preocupantes para as classes trabalhadoras, os movimentos sociais e as organizações de esquerda, particularmente aquelas da esquerda socialista.

1 O maior realce vem da votação maciça dos candidatos de extrema direita em todas as esferas de disputa, conquistando espaço político e institucional maior do que nas eleições anteriores, com grande peso na disputa para o segundo turno e na luta política futura. Apesar do descalabro econômico, político e moral do governo de Jair Bolsonaro, este conquistou uma votação surpreendente na disputa presidencial, particularmente junto aos setores proletarizados, enquanto o bolsonarismo e seus aliados avançaram de maneira expressiva nos governos estaduais, na Câmara dos Deputados e no Senado."

Portanto, não se trata apenas de eleger Lula e assim evitar a vitória de Jair Bolsonaro e impedir a continuidade de um governo desastroso e absolutamente hostil aos mais comezinhos interesses dos trabalhadores. Trata-se também de reconquistar a iniciativa política, retomar a mobilização de massas e avançar na organização de base, para que a crise capitalista e o golpe de 2016 sejam superados pela ampliação das liberdades democráticas e direitos sociais e pelo controle dos bens e recursos públicos pelos trabalhadores. As forças da esquerda socialista e os movimentos sociais estão chamados a cumprir esta tarefa histórica sem demora nem tergiversação.

*David Maciel é professor de história. Autor de História, política e revolução em Marx e Engels (edições Gárgula).

2    https://aterraeredonda.com.br/entre-o-primeiro-e-o-segundo-turno/                                                                  Assim como as candidaturas anteriores do PSDB, Jair Bolsonaro tem mais apoio do que Lula entre as classes média e alta em todo o país. Além disso, Jair Bolsonaro recebe apoio da maioria dos evangélicos brasileiros – um segmento religioso dividido entre diferentes igrejas que tem crescido consistentemente nas últimas quatro décadas no Brasil. Ao contrário do primeiro grupo, o último é composto principalmente por pessoas renda mais baixa. Pelas mãos de pastores alinhados com Jair Bolsonaro, as igrejas evangélicas têm funcionado como correntes de transmissão do bolsonarismo entre os mais pobres, embora esse grupo de renda vote predominantemente em Lula.

A propaganda bolsonarista baseada no afeto do medo ressoa particularmente entre esses grupos. Esse sentimento é, antes de tudo, um medo fabricado em relação ao triunfo do ‘mal’. Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, a questão da imigração, frequentemente mobilizada pela propaganda de direita, é praticamente inexistente no Brasil, o que significa que as ameaças à integridade da nação são consideradas, acima de tudo, como sendo internas. Esse ‘mal’ é representado pelo conceito guarda-chuva de ‘comunismo’ propagado pelo bolsonarismo.

Sem comentários: