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11 de agosto de 2012

EUROPA CONNOSCO – diziam eles…- OU PINÓQUIO REVISITADO

Europa com quem? Afinal o “connosco” referia-se a banqueiros fraudulentos, a políticos corruptos, a monopolistas gananciosos para os quais as “rendas excessivas” são sempre curtas e os impostos sempre exagerados desde que não se apliquem ao consumo ou aos trabalhadores.
A “Europa Connosco” não era afinal a Europa dos que trabalham – ou desejariam poder fazê-lo – é a Europa dos especuladores que recebem empréstimos a 0,75 ou 1% e pelos quais os trabalhadores têm de pagar 6, 7 ou mais por cento.
“Europa Connosco”, foi com este lema que se iludiu o povo para o afastar da construção de uma sociedade socialista, sem desemprego, sem insegurança social, uma sociedade de direitos sociais e democracia participativa. A este “horror”, pois pressupunha conforme os princípios do 25 de ABRIL, uma estratégia antimonopolista, antilatifundiária e antiimperialista, foi contraposto o mito da “Europa Connosco” para dar cobertura às políticas que destroem o pais.
A história do Pinóquio é conhecida pelo nariz que cresce com as mentiras, mas não é só este o facto relevante. Há outro que merece ser recordado. Uns cavalheiros bem falantes, convenceram as crianças com bolos e divertimentos a seguirem-nos. Iriam para um sítio onde não haveria nem obrigações nem deveres, o reino da liberdade onde havia guloseimas à discrição, cada um se divertia como quisesse e fazia o queria sem que ninguém o incomodasse. Nada de obedecer aos pais nem aos mestres.
Tudo isto se parece com a publicidade ao consumo pelo crédito – com juros usurários: “quanto mais gastar mais descontos ganha” ou “compre agora pague depois”. O salário e direitos laborais seriam irrelevantes e os sindicatos burocracias: as pessoas eram induzidas a viverem do crédito, era fácil, era barato e dava milhões – como o totobola de outros tempos. No socialismo não haveria nada disto…
Tal como na história do Pinóquio em que as crianças em vez do prometido se encontraram transformadas em animais de trabalho e de circo, na “Europa Connosco” o que os trabalhadores encontraram foi austeridade e um pacto dito de ajuda, na realidade de agressão aos seus direitos e à soberania do país.
A treta da “Europa Connosco” foi isto. A Europa do desemprego, da precariedade e da pobreza, apenas para que especuladores e monopolistas acumulem milhares de milhões.
O sr. Medina Carreira classifica o que está a acontecer porque os portugueses foram ou são “indisciplinados” e – sadicamente ou inquisitorialmente, diga-se – têm de pagar por isso.
Curiosamente, “indisciplinados” - e apagar por isso – não foram nem são os banqueiros corruptos e fraudulentos, nem os monopolistas gananciosos que levam milhões da riqueza aqui criada – pelos “indisciplinados” – para paraísos fiscais na “Europa Connosco”. Indisciplinados, não foram os políticos que negociaram contratos de PPP e concessões sempre em prejuízo do Estado, para encher a bolsa de uma opulenta camarilha. Não, quem paga por estes “indisciplinados” são os portugueses que trabalharam e descontaram toda a vida para serem despedidos quase sem indemnização e quase, sem direito a subsídio, porque noutros locais ou noutras aplicações dá mais lucro. Claro que o socialismo real se opunha e opõe a estas situações, por isso era preciso a história do Pinóquio para arregimentar mão de obra barata e sem direitos a bem da tal “Europa Connosco”.
“Europa Connosco” é afinal a Europa do desemprego, da exploração e opressão de quem trabalha ou trabalhou conforme vertido no novo código laboral. É a Europa da crise, da estagnação, da destruição da indústria, agricultura, das pescas, da emigração em massa – como no fascismo.
“Europa Connosco” é afinal a Europa do pacto da troika de agressão aos portugueses e de destruição do país.
A “Europa Connosco” do sr. Mário Soares afinal é a dos políticos que são eleitos mentindo e para os quais a democracia consiste em pensar nos eleitores de 4 em 4 anos, mas nos especuladores e monopolistas todos os dias.
Porém, há alternativa que terá de ser, e será, concretizada por forças consequentemente patrióticas e progressistas, com os ideais de ABRIL.

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