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19 de agosto de 2012

Recessão e Desemprego aprofundaram-se com a assinatura do Pacto de Agressão

Os dados divulgados esta semana pelo INE, sobre a evolução do PIB e do desemprego no 2º trimestre confirmam o aprofundamento da recessão e do desemprego, com o PIB a cair em cadeia à sete trimestres seguidos e em termos homólogos à seis trimestres e o desemprego a não parar de subir de trimestre para trimestre. A análise da evolução do PIB trimestral divulgada pelo Banco de Portugal desde 1977 mostra que nunca a nossa economia registou um tão longo período de queda trimestral do PIB.
Só nos últimos doze meses, período que decorreu entre o 2º trimestre de 2011 e o 2º trimestre de 2012 e que ocorreu após a assinatura do Pacto Agressão entre o PS/PSD/CDS e a Troika FMI/CE/BCE em 17 de Maio de 2011, o PIB caíu 2,7%, foram destruídos 204 800 empregos e como resultado disso pelo menos mais 151 900 trabalhadores foram para o desemprego. Se acrescentarmos a estes desempregados os inactivos que pretendem trabalhar, então a subida no último ano foi de 227 700 desempregados.
Não há memória de no período de um ano, alguma vez se ter registado queda tão grande do emprego e subida tão acentuada do desemprego em termos absolutos. A destruição de empregos foi tal neste período que só na indústria transformadora perderam-se 50 800 empregos, no sector da construção 80 800 e no sector dos serviços 70 600.
Neste mesmo período o nº de desempregados em sentido restrito atingiu os 826 900 (15% de taxa de desemprego), enquanto o desemprego real ultrapassa já um milhão e 252 mil desempregados (21,8% de taxa de desemprego real), incluindo os inactivos disponíveis e o subemprego visível.
Enquanto a taxa de desemprego total aumentou nos últimos doze meses 2,9 pontos percentuais, essa mesma taxa aumentou para os jovens trabalhadores 8,5 pontos percentuais passando de 27,0% para 35,5%.
Se à um ano atrás eram 115 500 os jovens que eram considerados desempregados, um ano depois são já 149 700 os jovens desempregados. Este foi o maior aumento registado no desemprego por faixas etárias no último ano (+29,6%).
Se ser jovem significa com grande probabilidade estar desempregado, ser jovem e mulher aumenta ainda mais essa probabilidade já que a subida do desemprego jovem feminino foi neste período ainda maior (+32,7%).
A análise do desemprego por nível de escolaridade mostra-nos que se por um lado o desemprego é tanto maior quanto menor é o nível de escolaridade dos trabalhadores – 63,1% dos trabalhadores desempregados têm apenas a escolaridade básica, 23,9% têm o ensino secundário e 13% são licenciados – por outro lado, no últimos doze meses o desemprego subiu menos para os trabalhadores com o ensino básico (+12,7%), do que para os trabalhadores licenciados (+33,5%) e para os trabalhadores com o ensino secundário (+50,3%).  Pela sua relevância vale a pena referir que o nº de desempregados licenciados era no final do 2º trimestre, 107 600, mais 27 mil do que em igual período do ano anterior, enquanto com o ensino secundário os desempregados eram 197 700, mais 66 200 do que há um ano atrás.
Por regiões verifica-se que a maior taxa de desemprego se regista na região de Lisboa, com 17,6%, seguida da região do Algarve com 17,4%, da região da Madeira com 16,8%, da região dos Açores com 15,6%, da região Norte com 15,2%, da região do Alentejo com 15,0% e da região Centro com 11,2% de taxa de desemprego. Nos últimos doze meses a maior subida regional da taxa de desemprego verificou-se na região dos Açores que aumentou 5,9 pontos percentuais, seguida da região de Lisboa com mais 4,1 pontos percentuais, da região da Madeira com mais 3,3 pontos percentuais. Duas regiões, a região Norte e a região de Lisboa registaram nos últimos 5 trimestres subidas contínuas das suas taxas de desemprego, enquanto nas outras regiões, por razões sazonais isso não aconteceu. De qualquer forma em todas as regiões a taxa de desemprego é hoje bem superior há um ano atrás.
Vale a pena ainda referir que a queda registada no emprego nos últimos doze meses (-204 800), entre o 2º trimestre de 2011 e o 2º trimestre de 2012, se deveu à redução do nº de trabalhadores por conta de outrem (- 194 000) e à redução do nº trabalhadores por conta própria como empregadores (-15 700), o que resultou naturalmente da falência de milhares e milhares de empresas, a que vimos assistindo nos últimos tempos.   
Por fim embora a subida do desemprego efecte sempre em maior grau os trabalhadores precários, quer eles se encontrem com contrato individual a termo ou a recibo verde e por isso mesmo a queda do emprego para estes trabalhadores foi nos últimos doze meses de 12,8%, enquanto para os trabalhadores efectivos foi de 2,7%, mesmo assim no final do 2º trimestre de 2012 cerca de 27,3% dos trabalhadores por conta de outrem, aproximadamente 1 milhão e 100 mil trabalhadores, eram trabalhadores precários.
Perante estes dados que provam inequivocamente que a política económica e social seguida nos vai conduzir a mais recessão, mais desemprego, maior desiquilibrio na distribuição do rendimento, mais miséria e pobreza,  e perante a inflexibilidade do Governo de direita, fica claro que nada do que está a acontecer é para eles surprendente. 
Por mais incrivel que possa parecer a verdade é que este é o resultado esperado e o acordo assinado com a Troika foi o chapéu de que necessitavam para implementar estas políticas e se poderem permanentemente desculpar.
A direita e aqueles que com as suas políticas a servem sempre foram cobardes e nunca assumiram frontalmente as políticas económicas e sociais que defendem, foi assim a seguir ao 25 de Abril quando colocaram nos seus programas a defesa do socialismo, quando o que pretendiam era travá-lo, foi assim quando defenderam as nacionalizações quando desde o início o que defendiam eram as privatizações, foi assim desde o início quando defenderam o salário mínimo, o subsídio de férias e de natal e muitas outras conquistas sociais, quando desde sempre sonharam com o dia em que todas estas conquistas pudessem ser postas em causa. 
Se alguém tem duvidas pensemos um pouco nos resultados das políticas que têm vindo a ser seguidas e a quem servem. 
Os trabalhadores, os pensionistas e reformados têm visto os seus salários cortados ou congelados, têm sofrido cortes nos apoios sociais, cortes no subsídio de desemprego e dificuldades no seu acesso, cortes nas indemnizações por despedimento, cortes nos dias de férias e feríados, cortes no valor das horas extraordinárias, aumento das horas de trabalho, redução das condições de protecção no emprego, em fim todas as medidas de política económica e social hoje aprovadas são um retrocesso em relação às conquistas socias obtidas após o 25 de Abril.  Ora a quem interessam estas políticas senão á direita e aos seus interesses, ávidos de aumentarem os seus lucros à custa de um mão de obra barata, desprotegida e servil?     

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