Podemos
dizer que a “Europa Connosco” foi um desses mitos, como se a
política internacional não fosse comandadada por interesses, neste
caso de financeiros corruptos e usuráriaos, mascarados com
“solidariedade europeia” e “direitos humanos”.
É
caso para perguntar onde estão a solidadriedade e os direritos
humanos dos pactos da troika, justamente de agressão, para as massas
trabalhadoras agora na insegurança do desemprego e da precariedade.
Ora,
o que acontece quando os mitos não funcionam, mas é preciso que no
essencial tudo continue na mesma? É fácil, cria-se um
enigma...Temos agora o “enigma europeu” do sr. Mário Soares
(Visão – 09.agosto.2012).
Onde
está afinal a “Europa Connosco” dos “amis”e dos
“freunde”?Diz-nos que “O problema grego podia ter sido
resolvido facilmente se houvesse solidariedade europeia. Mas não
houve.” Grande descoberta! O que nós perguntamos é se alguma vez
houve solidaridade europeia no desmantelar das nossas indústrias, no
abate da frota pesqueira, na degradação da agricultura, nas
privatizações ao desbarato, na livre circulação de capitais, na
concorrência fiscal – assumida sabotagem contra os orçamentos de
Estado dos países fragilizados economicamente - em que tão
ativamente colaboraram os ministros e deputados do PS e PSD.
Vem
agora o sr. Soares falar em enigmas, dizer que a austeridade não
leva a lugar nenhum, depois de apoiar o pacto da troika – sim, de
agressão à soberania e às liberdades constitucionais dos
portugueses. Um pacto que configura um autêntico manual de submissão
e destruição de um país para quem o quiser ler. Será algum enigma
sermos transformados em protetorado submetido à finança
especuladora de que o BCE é o principal e obediente mentor?
Face
a tudo isto o que se quer é que as pessoas se curvem – não aos
mistérios teológicos – mas ao “enigma europeu”. Como se fosse
um enigma esta Europa em que o BCE é posto ao serviço dos
ditos“mercados” da usura, para que Alemanha tenha juros
inferiores a 1% e países como Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda,
Itália, tenham juros entre 5 e 10% conforme os prazos.
Enigma
é haver quem acredite que com os tratados da UE, com os preços da
energia elétrica e combustíveis entregues a monopólios, alguma vez
o desemprego deixará de ser um problema e o país se vai
desenvolver.
No
entanto, parece que a questão do tal enigma está “na falta de
coragem para tomar decisões” - quais não diz...Mas mais uma vez
erra. A decisão está tomada:o importante na UE não é “lutar
contra a recessão e o flagelo do desemprego” é salvar a
especulação.
É
curiosa a comiseração pelo “flagelo” do desemprego quando se
apoiaram (por ex. UGT na “consertação social”) medidas que
favoreceram despedimentos e redução de direitos laborais – a
neoliberal “flexibilidade” que o PS adoptou. Lamentam-se os
flagelos, mas pretende-se que os desempregados esperem submissos que
o Baal da finança tenha piedade de nós...
De
forma redundante e gongórica confundem, mostrando-se confundidos,
mas apoioaram e ainda defendem os governos que estabeleceram os
superlucros das PPP, consideraram intocáveis as oligarquias alojadas
nos oligopólios com rendimentos de milhões de euros que vão –sem
pagar impostos – para paraísos fiscais. A “solidariedade
europeia” é isto – a das oligarquias – não há nenhum enigma
europeu...
Que
medidas se propõem? Nada que altere ou belisque a posição da
oligarquia dominante que leva a Europa de desastre em desastre.
Apenas guerras de alecrim e mangerona para disfarçar o consenso (e
conluio) neoliberal entre PS e PSD.
Parafraseando
Engels bem podemos dizer que para o PS e para o PSD (o CDS é o
atrelado reacionário e populista) os especuladores são
especuladores no interesses da classe trabalhadora...
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