No passado dia 23 o sr. Draghi, declarou em Bruxelas que se
“os mercados” tiverem dúvidas sobre o prosseguimento da austeridade em Portugal
“as reacções podem ser brutais”. À austeridade a novilíngua chama “esforços de
consolidação orçamental” que como se sabe resulta no seu contrário.
Segundo os jornais declarou este ex - dirigente da megafruadulenta
Goldman Sachs: “A história recente mostra que mesmo o menor sinal de que os
progressos na consolidação orçamental podem ser postos em causa leva os
mercados a reagir de forma brutal. Viu-se com os juros da dívida: os juros
saltaram ao menor sinal de que algo poderia correr mal e depois recuaram tão
depressa quanto subiram.” Perguntamos: correr mal para quem?
O sr. Draghi também está contra o “alivio” da meta do défice.
Compreende-se. O Portas, Pires de Lima e cia. podem meter a viola no saco,
que com a finança cantar o resto da
música cala-se.
Em período eleitoral e de negociações com a troika, “os
mercados” sobem os juros para mais de 7%. É o equivalente a um ultimato, a
mover tropas ou navios com ameaça de ataque e invasão para obrigar o país a
submeter-se. Foi o que aconteceu no ultimato inglês em 1890. Mas Portugal já
está sob agressão e ocupação, desde os tratados de UE e sua consequência directa o “memorando da troika”. Agora trata-se de ameaçar o país com o ultimato dos juros, para
se submeter pela pobreza, como num cerco.
Desde a antiguidade, que o cerco às cidades era a forma de
obter a sua rendição pela fome e pela sede. O actual cerco da finança em que o
sr. Draghi, faz o papel de marechal de campo, procura reduzir os povos à
pobreza e exclusão social, absorvendo o máximo de riqueza possível. É um aspecto da "filosofia personalista da direita em que os pobres e desempregados são reduzidos à
condição de parias e tratados como tal. Já falta pouco para serem
criminalizados e há mesmo aspectos da sua condição que conduzem a isto:
fiscalizações, obrigações, apresentação nos centros de emprego, etc.
A finança, com o BCE e CE ao seu serviço, assume o
parasitismo em alternativa à agressão militar para garantir a tributação como
aos povos dependentes: extracção de rendas financeiras e a submissão dos povos
cada vez com menos direitos, em função dos seus exclusivos interesses, para
garantir o cumprimento dos novos tratados de Versailles, aos derrotados pelo
neoliberalismo.
Não faltam comentadores e professores universitários, para
justificarem tudo isto, falseando números, escamoteando outros, sobretudo
negando a realidade tanto passada como actual Defendem o indesmentível fracasso
económico, social, cultural, político do neoliberalismo.
Perante isto que faz o PS? Nem sequer altera os elogios que
proporcionou ao sr. Draghi por ter garantido que a especulação com as “dívidas
soberanas” seria sem riscos e ter institucionalizado a “economia de casino”
sem perdas para os batoteiros.
O PS cala-se. É a “regra de ouro” (para quem?).
Critica o PSD, da mesma forma que o PSD criticava o PS, sem mesmo mostrar
querer mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.
O bem escolhido líder parlamentar do PS, o gongórico, sr.
Zorrinho, disse querer “Portugal numa Europa viável”. O que quer isto dizer?
Está à espera que algum Messias Salvador, desça à UE e diga aos “pobrezinhos”
como no “Suave Milagre” de Eça de Queiroz: “Aqui estou…” Mas afinal para quê?
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