Vejamos o que considera a medida prioritária: ver os impostos
que cobramos e limitar a despesa ao que existe. O Estado limitado “à educação”
(qual e como?) “saúde” (qual e como?) e “segurança nas ruas” (a repressão
escondida no lema securitário, em lugar de se cuidar das causas). Quanto ao
resto, cortar no Estado, “fechar departamentos que não servem para nada.” Tal
como explicou no canal ETV. Como se percebe, é fácil, é barato e dá milhões…Tão simples
e evidente, como o Sol girar à volta da Terra.
Mas a despesa pública são só salários e pensões? E os juros,
que atingem 100% do défice? E os benefícios e “incentivos” ao grande
capital? E as perdas da banca? E as PPP, e os SWAP, e o BPN, e o BANIF? Nisto
não se toca. Então o que sobrar lá vai a educação, para a saúde, que cada qual
terá conforme poder pagar. E não há investimento público? nem para conservação das estradas? Privatisa-se tudo? Então quem paga aos privados?
Tudo isto está mal explicado, pois com juros ao nível do que o BCE
faz à banca privada, sem benefícios e isenções ao grande capital, tributando
(nem que fosse como “contribuição especial”) os lucros acima de determinado
valor, como proposto pela CGTP e também pelo PCP, as contas públicas seriam
largamente excedentárias.
Quer dizer, o povo sacrifica-se, o país regride, para 0,1%
encherem os bolsos.
Está mais que provado (até pela presente crise capitalista) que
quando o Estado abandona as suas funções de regulação e controlo democrático
(não burocrático, frise-se bem), se o Estado abandona ao mercado as suas
funções a corrupção instala-se, os povos vivem sob a lei do mais forte, isto é,
dos que têm mais dinheiro.
Mas o que faria o “governo” do sr. JGF aos departamentos que
fecham? Há departamentos que funcionam mal os não funcionam de todo, mas o que
se quer fazer não é reorganizar, coordenar e dinamizar as funções económicas e
sociais do Estado, é fecha-los, como se fossem caixas vazias ou repletas de
lixo, neste caso pessoas tratadas como tal. Mas as pessoas não contam, pois como
disse P. Coelho “o país não precisa de gente que quer que os países do norte paguem as nossas dívidas”, isto é, "gente" que não quer
submeter-se à especulação. Gente que comete o "crime" de pôr os minteresses nacionais acima dos da finança..
Então e os negócios estrangeiros, as finanças, e a segurança
social, as funções económicas e sociais do Estado? Não importa, se não houver
dinheiro, fecham, passam para o sector privado, é o que for. Primeiro a banca,
o capitalismo rentista da usura e dos monopólios. Poderá isto provocar contestação social? Não há que ter medo,
diz o sr., é fazer o que é preciso. Mas preciso o quê e para quem?
Para a
direita, Portugal já deixou de ser um Estado soberano. É uma mera colónia cujo
objetivo é satisfazer as exigências tributárias a prestar à finança
internacional.
Por último, o sr. JGF e demais gurus da treta neoliberal,
omitem que Portugal tem das mais baixas percentagens de funcionários públicos no emprego total da UE,
mesmo da OCDE, e que os países mais ricos são os que têm maior percentagem.
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